Notas Iniciais:
Esta história se passa durante a primeira fase, mais ou menos enquanto elas tentavam reunir os cristais arco-íris. Sailor Moon não pertence a mim, mas eu também não estou ganhando nada com esta produção, não me processem!
E antes da fic, queria fazer um convite aos leitores que quiserem mudar um pouco de lado e escrever para um desafio lançado pela comu da qual faço parte. Ele se chama Coculto, uma troca multifandom de fics que está entrando na quinta edição. Falo mais um pouco dele nas notas finais, mas já dão uma olhada no meu perfil! (mensagem de fevereiro de 2012, mas se tudo deu certo o evento continua semestralmente, então o convite ainda tá de pé!) Passem no meu perfil para um link com os pedidos já feitos para a edição!
Capítulo 1 – A Grande Descoberta de Serena
"Eu te encontrar significou
o fim de mim mesma."
(aiko, Zutto)
Eu estava na parte de computadores da biblioteca quando o vi passar. É estranho você dizer que viu alguém passar? Pode soar, mas pare para pensar, não há vezes em que mesmo você está distraído e algo o trás de volta à consciência e, nesse momento, você fica mais alerta que nunca? Normalmente, esse algo não faz muito sentido pra mim. Uma conversa mais alta, uma palavra em especial... Mas, naquele momento, fora ele. Era já final de dezembro e seu casaco longo esvoaçou pela janela de vidro da sala.
Era uma sala fechada onde podíamos usar os computadores para pesquisa, fazer trabalhos... Só que ela dava para um corredor e havia enormes janelas de vidro que nos permitia ver tudo do lado de fora. As portas também possuíam uma janela quadrada de vidro. Quando despertei de meu devaneio, o que vi foi o sobretudo negro balançando a cada passo ligeiro na janela e seu rosto de perfil na porta. Eu estava letárgica após tanto tempo de estudo e ele estava com pressa.
Levantei-me tão rápido que a amiga que me trouxera à biblioteca me olhou preocupada, talvez por temer que eu estivesse me sentindo mal. Fiz um sinal, enquanto corria, de que estava tudo bem. Mas a verdade era que meu coração batia rápido demais, meu estômago tentava saltar pela minha boca. Eu não estava nada bem, mas tinha certeza de que o vira passar.
Tuxedo Mask havia passado pela sala de computadores da biblioteca na qual eu estava.
Durante minha saída dali, pensei no que era mais inconcebível: Serena Tsukino, boba convicta, estudando na biblioteca ou Tuxedo Mask passeando por seus corredores.
Certo, eu não estava estudando, estava devaneando enquanto Molly terminava o trabalho de história. Meu plano era fingir ser boa menina e assim que ela terminasse, fazer cara de choro e esperar por ajuda. Sair de casa num dia tão frio era já esforço o bastante, né? Eu merecia uma ajuda...! Mas o Tuxedo Mask estava lá! Não era sua capa de sempre, mas apenas um sobretudo preto, não havia chapéu, mas sedosos cabelos negros. Só que era meu Tuxedo Mask ali. Apenas sem seu disfarce.
Voltando ao mapa de onde eu estava. Ao lado da sala havia um corredor, né? Seguindo-o pela direção em que o vi ir, ele cairia em um segundo corredor com apenas três direções possíveis: os dois banheiros ou a biblioteca propriamente dita. Olhei para os dois lados. E lá estava o sobretudo negro que me havia trazido de volta do mundo da fadinha do sono. Ele ia para o salão principal da biblioteca. Suspirei. Ao menos, não teria que entrar no banheiro masculino.
Ou vê-lo entrar no feminino...
Lancei meu corpo a ele com toda a força a fim de agarrar o casaco com minha mão direita e segurá-lo ali. Eu podia ser a Sailor Moon, mas estava longe de poder correr tanto quando já tinha feito demais para alcançá-lo.
E levei um choque.
- Cabecinha de vento? Está querendo arrancar a minha roupa, é?
A voz daquele homem saía de seus lábios, mas minha mente demorava para processar seu rosto. Por alguma razão, eu esperava ver o Tuxedo Mask com a sua máscara. Eu o imaginava virando-se para mim e mostrando-me alguma rosa, ou coisa assim. Era óbvio que isso não aconteceria; Tuxedo Mask não estava desfilando fantasiado pela biblioteca e sim com sua identidade secreta, a qual eu descobriria assim que ele se virasse.
O não óbvio era o homem que agora me encarava estranho.
Claro, eu devia estar vermelha e ofegante após sair correndo sem nem dar um pré-aviso para meus músculos.
Por que ele não entrou no banheiro feminino, simplesmente? Até meu Tuxedo Mask ser uma mulher era melhor que o que eu acabara de descobrir...
- Eu realmente estou com pressa, então... - Tuxedo Mask, ou melhor, Darien Chiba disse, aproveitando a minha surpresa, para voltar a andar com os mesmos passos largos de havia pouco.
- Espera!
- A gente se troca xingamentos depois, cabecinha de vento! - gritou-me com um esboço de sorriso malvado.
Eu assenti ainda parada ali, com a mão estendida que usara para segurar o grosso casaco que voltara a balançar.
- Impossível, - disse, enfim abaixando o braço. Mas Tuxedo Mask havia acabado de me provocar e ido embora me chamando de "cabecinha de vento". - Não pode ser... - Mas era Tuxedo Mask.
Inclinei-me mais um pouco.
Silêncio.
Não podia nem respirar. Tinha que ficar bem quieta. Silêncio. Ele estava já saindo, se eu me mexesse um centímetro, minha missão teria falhado. E eu não falharia, não mesmo. Eu conseguiria.
Quando eu contei às meninas sobre minha descoberta, ainda estava em estado de choque. Tentava negar para mim mesma o que agora não passava do óbvio. Não conseguia mais voltar à época em que o Darien não era o Tuxedo Mask. Em que ele estava longe de sequer se parecer com ele.
- E de onde você tirou isso? – perguntou a Rei, assim que expliquei o que me deixara naquele estado que "beirava a depressão", como Lita havia descrito.
Estávamos no quarto da própria Rei e, mesmo assim, eu não queria ler nenhuma revista. A verdade é que minha intenção inicial era a de ocultar minha descoberta, talvez se eu não pudesse em palavras, poderia me convencer um dia de que o que vira não passara de mentira, ilusão de ótica. Mas não pude me manter assim por muito tempo, elas notaram pela minha expressão de "mosca morta", nas palavras da Rei, que algo estava errado.
Exceto que não quiseram acreditar. Digo, elas acreditavam em mim, só não que o Tuxedo Mask fosse o Darien.
- Você, pelo menos, viu alguma coisa nele que te lembrasse o Tuxedo Mask? – perguntou a Ami, que desistira da reunião e já abrira um livro de vocabulário para estudar.
- Foi só ver o sobretudo e eu tive certeza.
- Exceto que o Tuxedo Mask usa uma capa e um smoking. Não um sobretudo. – Rei virou os olhos. – Pra mim, você ainda tá com isso de o Tuxedo Mask declarar ser nosso inimigo...
- Mas não faz sentido, Rei! – implorei.
- Quando eu te disse que os dois eram parecidos, você respondeu que era delírio. Pois é a minha vez: para de delirar, Serena. Vamos ao que é mais importante e concreto.
- Rei, sua malvada! Até você já disse que eles se parecem! Por que não acredita em mim?
- Por que uma coisa não tem a ver com a outra.
- Lita! – chorei para a mais alta do grupo, - Diz se não tem sentido o que estou dizendo!
- Serena, é só que você não trouxe nada de novo, entende? – Lita me sorriu, sempre conciliadora. - Você só está dizendo que percebeu que o Darien se parece com o Tuxedo Mask. Não discordamos, mas daí a eles serem a mesma pessoa... Pra isso, precisamos de alguma prova.
Sorri, ainda tentando não me mexer. Mas era impossível conter o sorriso.
Provas. Era o que eu conseguiria. Uma hora, o Darien teria que deixar escapulir alguma coisa. E, mesmo assim, eu ainda continuava a observá-lo desde o meu esconderijo perfeito tomar apenas um cafezinho naquela lanchonete enquanto lia algum livro empoeirado.
Pensando bem, como as meninas não percebiam que tinha algo errado com aquele sujeito? Quem consegue ficar tanto tempo lendo aqueles livros velhos sem ir parar no hospital em choque anafilático? Só de observá-lo, eu já estava espirrando. Mas continuava ali, sem me mexer. Alguma prova definitiva surgiria algum dia. E eu esfregaria na cara da Rei!
- O que está fazendo aí, cabecinha de vento?
FLASH! Com o susto que levei, a minha câmera acabou por disparar.
Como ele me vira ali atrás do arbusto do lado de fora da lanchonete? É o que estou dizendo, esse cara tem superpoderes! Aliás, agora mesmo ele não estava tranquilamente sentado? Olhei de volta para a mesa que eu atentamente observara até então e um casal conversava calmamente no lugar que fora de Darien. Por quanto tempo eu me distraíra em meus pensamentos...? Ai, Serena, você precisa tomar jeito e se concentrar melhor nas suas tarefas. Só assim você superará a inteligência daquela pessoa.
- Só pensando se tô a fim de lanchar ou não... E você?
- Bem, pelo tempo que ficou me olhando, achei que já saberia.
Sim, somente o grande Tuxedo Mask para ter uma percepção tão aguçada a ponto de me desmascarar.
- Você está agindo muito estranho ultimamente. Não vá me dizer que finalmente não consegue mais resistir ao meu charme? - Com um sorriso cínico, ele ajustou os livros que carregava e começou a andar, deixando-me muda ali.
Suspirei. Quando ele dissera "finalmente" eu estava certa de que havia percebido que eu sabia, que eu havia descoberto seu segredo. Ou a piada fora apenas para disfarçar? Tuxedo Mask nunca deveria ser subestimado e agora eu tinha certeza disso.
Liguei minha câmera para apagar a foto acidental e, por um segundo, eu o vi. Tuxedo Mask. A semelhança era imensa demais, voltei a imaginar como as meninas não a percebiam. Com aquela foto como resultado único daquele meu primeiro dia de investigação, eu decidi fazer nova tentativa de convencê-las.
Continuará...
Anita
Notas da Autora:
Esta fic foi começada em outro contexto, em um momento de tédio e não era para ter sido nada demais, apenas uma história rápida com meu casal favorito. Tempos depois eu a retomei e acabei transformando-a em algo mais longo sem fazer ideia do que faria dali em diante.
Espero que estejam gostando... Fazia algum tempo que eu não escrevia algo longo com meu casal amado e idolatrado e não apenas isso, deve fazer uma eternidade desde que fiz uma fic em primeira pessoa com narradores alternados. Mas foi bom retomar a prática, não sei se minha próxima será assim, mas alternar é bastante divertido. Sei que histórias em primeira pessoa nem sempre são bem vistas, mas eu as acho muito difíceis de escrever e com duas primeiras pessoas dos personagens principais fica ainda pior de manter tudo empolgante. Aliás, eu sou péssima nisso de qualquer jeito, só consigo guardar segredo porque eu esqueço. Pena que enredo não é algo que dê para esquecer...
Agradecimentos especiais à Vane por ser a primeira pessoa a ler isto e meio que não ter me deixado esquecer disto. E claro, muito obrigada você por chegar até aqui. Não se preocupem que logo o próximo capítulo estará aí!
Um aviso aos que também escrevem fics: as inscrições pro quinto Coculto já estão abertas! Vejam meu perfil para links caso estejam interessados em participar de uma troca de fics. :D Nunca o fez? Não se preocupem, tem sempre muita gente que nunca o fez, eu mesma iniciei nesse evento! E é você quem escolhe que história quer dar de presente, sabia? Não tem coisa melhor que escolher seu desafio e seu presente, não acham? Participem, vamos! E peçam Serena e Darien :x
Comentários, sugestões e críticas são bem-vindos, deixem uma review e para mais histórias minhas visitem o Olho Azul, o endereço se encontra no meu perfil!
Até mais!
