Disclaimer: Inuyasha & CIA não me pertencem, e sim a Rumiko-sensei.

Behind Your Eyes

Capítulo Um: O acidente

Rin acordou com o som do despertador, em sua mesa-de-cabeceira. Ela levantou a mão e parou o apito irritante, apertando o botão do relógio. Continuou deitada em sua cama, com a cabeça mergulhada nos travesseiros. Poderia ficar assim por um bom tempo, não poderia sair mesmo naquela manhã pra lugar nenhum, mesmo que insistisse em dizer a sua irmã que poderia ir trabalhar sozinha, mas Kagome não deixara de maneira alguma, mesmo com seus vinte anos de experiência. Sim, ela tinha vinte anos de idade. Era simplesmente tedioso ter que ficar naquele apartamento sem fazer nada de nada. Bom, de um modo ou de outro, planejou ficar ali dormindo por uma boa parte da manhã, até que seus planos foram contrariados pela voz de sua irmã que abria a porta com estrondo.

– Ohayo Rin-chan! – disse Kagome ao abrir a porta, e ir à direção da cama da irmã, passando direto até as cortinas e abrindo estas. – O dia está lindo hoje!

– É, suponho que sim. – disse ela ainda com os olhos fechados, deitada em sua cama. – E ficaria bem melhor se você me deixasse ir para o trabalho. Sabe que não gosto de ficar em casa, K-chan!

– De maneira alguma, anime-se Rin-chan, você é a única pessoa que eu conheço que gosta de ir para o trabalho. Mas é só um dia. – disse Kagome indo até a cama da irmã e sentando-se no canto dela. – Eu tenho uma boa notícia pra você. Eu vou buscar o Senshi hoje no veterinário.

-- Que bom K-chan! – disse Rin ainda sem ânimo.

– Ah, não fica assim! É só um dia Rin-chan, que mal pode fazer? – disse Kagome.

– Você tem razão, que mal pode fazer? – disse Rin se animando mais um pouco. – Mas mesmo assim, sabe que odeio ficar sozinha em casa.

– Olha, se eu pudesse, eu te levava lá, mas eu tô atrasada já. – disse Kagome. – Você não vai morrer desse jeito. É só um dia.

– Ok, ok… – disse Rin com uma voz derrotada. – Você venceu. É só um dia mesmo. Não fará mal não ir à biblioteca só hoje.

– É assim que se fala imoto-chan! – disse Kagome mais conformada com a aceitação da irmã. – Agora, levante-se daí já que o café da manhã está pronto, não me deixe sozinha.

– Hai, hai.

Rin finalmente levantou da cama e abriu os olhos, estes estavam completamente sem vida, quase brancos por completo. Sim, a garota era cega desde que nascera. Kagome saiu do quarto, indo para a cozinha, enquanto Rin ia se trocar e lavar o rosto.

Kagome vivia com a irmã mais nova desde que os pais morreram, Rin costumava viver com eles, morava em Tokyo desde que nascera, e praticamente conhecia a cidade com a palma da mão, mas mesmo assim andava sendo guiada por um cão, Senshi. Kagome era três anos mais velha que ela, e desde que voltara para sua cidade natal após ter terminado seus estudos fora do país, se impressionara com a independência da irmã mais nova, mesmo ela sendo uma deficiente visual. Rin fazia de tudo, dentro e fora de casa, mas para fora de casa precisava sempre de seu guia, dificilmente aceitava a ajuda de Kagome, dizia que atrapalharia a vida da irmã. Rin trabalhava em dois lugares diferentes, ela lia para crianças também cegas numa biblioteca pública no centro da cidade e, além disso, trabalhava numa escola para crianças deficientes visuais, também na biblioteca. Ela sempre adorara ler, mesmo não podendo ver as imagens ou letras, desde que aprendera braile nunca mais parara, e nos dias atuais se mostrava bem mais independente que qualquer outra pessoa que Kagome conhecesse.

Ela era muito independente e não gostava nem um pouco quando as pessoas faziam pouco caso dela por causa de sua deficiência. Não gostava de ser chamada de incapaz ou de ser aconselhada a ter mais cuidado ou não sair muito de casa, todas as pessoas que a conheciam prezavam essa característica da garota.

Estava sendo difícil para Kagome convencer Rin a ficar dentro de casa pelo menos naquela segunda. Ela sabia que Rin não gostava de ficar em casa, era como dizer que ela era incapaz de fazer as coisas sozinha, e realmente era, ela não poderia andar por Tokyo sozinha daquele jeito. O seu cachorro ficara doente e Kagome o levara para o veterinário, ira trazê-lo para casa naquele dia. Ela poderia se oferecer para levar Rin para o trabalho, mas sabia que a irmã abominaria essa idéia, dizendo que estava atrapalhando a vida de Kagome. Então, a única solução fora proibir Rin de sair até que o seu cão estivesse recuperado.

Kagome esperou sentada na mesa do café da manhã por cerca de dez minutos até Rin chegar para servir-se também.

– Ah, finalmente! – disse Kagome ao avistar a irmã.

– Ohayo, onee-chan. – cumprimentou Rin sentando-se numa cadeira de frente para a irmã.

– Olha só Rin-chan, eu estou indo para o trabalho agora de manhã e na hora do almoço o Inu-kun já prometeu me levar pra buscar o Senshi no veterinário, tudo bem? – disse ela. – Hoje de tarde mesmo eu trago ele.

– Tudo bem K-chan. – disse Rin servindo-se de chá.

– Hey, você não está planejando nada não, não é? – disse Kagome desconfiada do espírito aventureiro da irmã.

– Do que você está falando? – perguntou Rin confusa.

– Nada não. – disse Kagome convencida que Rin não estava tentando fazer nada.

– Tá… – disse Rin começando a pensar do mesmo jeito que a irmã.

– Ah, eu contei pra você? O irmão mais velho do Inuyasha chega hoje! – disse Kagome.

– Eu não sabia que o Inuyasha tinha um irmão. – disse Rin.

– Eu também não. – disse Kagome. – Na verdade, pelo que ele me disse eles são só meio-irmãos. Ele é filho do primeiro casamento do pai do Inu. Ele está vindo pra assumir o cargo de presidente das empresas do pai aqui no Japão. Ele estava tomando conta das filiais da Inglaterra se eu não me engano.

– Mas o Inuyasha não pode ficar na presidência aqui? – perguntou Rin.

– Pra falar a verdade, o Inuyasha diz que não quer isso, só toma conta das empresas por dever, mas ele está agora cursando direito, no que ele quer seguir carreira mesmo. – explicou Kagome. – Ou seja, ele desperdiçou cinco anos em administração só pra tomar conta de tudo isso enquanto o irmão ajeitava tudo na Europa.

– Ah… – Rin fez-se de entendida.

– Bom o que eu sei é que ele chega hoje, e pelo que o Inuyasha fala dele, ele deve ser muito chato. – disse Kagome. – Aí depois que ele for comigo ao veterinário buscar o Senshi ele vai pra uma reunião com o irmão dele.

– De que horas você chega hoje? – perguntou Rin.

– Acho que na hora do jantar só. – disse Kagome. – Vou aproveitar a hora do almoço pra trazer o Senshi com o Inu e vou almoçar com ele também, depois eu volto pro trabalho.

– Tudo bem então. – disse Rin.

– Bom, eu tenho que ir agora, já está na minha hora. – disse se levantando e pegando a chave de casa em cima da mesa. – Ja ne Rin-chan!

– Ja ne K-chan. – disse Rin seguindo o som das passadas da irmã pela casa até ouvir o som da porta se fechando.

Ela levantou-se, colocando os pratos sujos na pia, indo logo em seguida para a sala, ao sentar-se no sofá, ouviu o relógio apitar.

"Oito horas"

Às vezes era bom ter esse tipo de relógio, ela parou por um tempo, pensando sobre o que Kagome dissera algum tempo atrás. "Hey, você não está planejando nada não, não é?". Talvez não fosse uma má idéia. Ela conhecia o caminho até a biblioteca como a palma da mão, tinha marcado de estar lá às dez. Não podia deixar as crianças esperando por causa de um cão. Talvez não fizesse nenhum mal, a biblioteca era perto de sua casa, não teria que pegar metrô ou ônibus, poderia ir andando como fazia todas às vezes na companhia de Senshi.

– Vamos lá Rin, não pode ser tão difícil, você sabe o caminho de cor. – disse ela a si mesma.

Ela levantou-se do sofá e seguiu para o quarto, trocou de roupa, pegou a bolsa, calçou os sapatos, pegou os óculos escuros que estava em cima da mesa e seguiu na direção da porta de entrada. Ela saiu e fechou a porta atrás de si com a sua chave, respirou fundo e começou a andar pelo caminho já conhecido.

Estava indo tudo bem até a metade do caminho, ela escutava os passos das pessoas ao seu redor, escutava os carros e outros veículos passando pela rua, conseguia associar cada som a sua volta, e contava os passos lembrando-se onde ficava cada esquina que devia virar. Tudo estava saindo bem, até que precisou parar para atravessar a rua, pelo sinal, só quando ele estivesse fechado. Respirou fundo e lembrou-se do sinal de pedestres, sempre que estava aberto escutava um apito constante, era só esperar por ele mais uma vez.

Depois de uns segundos parada, escutou o som que lhe era tão familiar todas as semanas, e não esperou duas vezes para pensar, colocou-se a andar tendo certeza que o sinal de pedestres estava aberto. Não tendo dado nem sequer cinco passos direito pode ouvir o rangido de freios, e depois apenas pode sentir um impacto, muito de leve felizmente. Ela caiu de costas no chão, de cabeça baixa, seus óculos tinham ido parar em algum lugar que ela não conseguiu localizar.

– Você por acaso é louca? – ela escutou uma voz masculina vindo da direção do carro.

– Eu sinto muito… – respondeu ela ressentida, ainda com a cabeça baixa. – Acabei me guiando por um outro som pensando ser o do sinal de pedestres, sinto muito.

– Não viu que o sinal estava fechado? – exclamou ele neutro e frio, abaixando-se a altura dela.

– Eu poderia ter visto, mas meus olhos não permitiram… – disse ela levantando a cabeça e ele pode ver seus olhos brancos, indicando sua deficiência.

Ele ficou sem reação.

– Desculpe por atrapalhar. – disse ela se levantando, mas ao tentar fazer isso percebeu que machucou a perna direita, e acabou cedendo e caindo novamente, mas antes de alcançar o chão se sente segura por dois braços fortes.

– Uma deficiente visual não deveria andar sozinha pela rua, tem que andar devidamente acompanhada… – disse ele enquanto segurava-a impedindo que ela caísse no chão.

Rin se enfureceu ao ouvir aquilo, todas às vezes as pessoas que não a conheciam a repreendiam por tentar ter sua vida, ser sua própria responsável, mas isso ficava realmente enchendo, e agora um completo estranho que quase a atropelara estava julgando-a.

– Não preciso estar acompanhada… – disse visivelmente enfurecida. – Sinto por ter lhe dado trabalho, mas não me julgue por não poder enxergar, às vezes os cegos vêem bem melhor que os outros. Eu posso muito bem me cuidar sozinha, obrigada pela ajuda…

Ela conseguiu com esforço apoiar-se nas pernas, mesmo com a direita machucada, e quando estava voltando para a calçada de onde viera, teve de apoiar-se no carro que quase a atropelara segundos atrás para poder ficar em pé. Mais uma vez mãos protetoras a seguraram, ela não podia acreditar que ele ainda estava ajudando-a, seu tom de voz se mostrara irônico e frio, dificilmente uma pessoa desse tipo se importaria com alguém como ela, mas ele estava sendo insistente.

– Eu quase a atropelei, tenho pelo menos que oferecer ajuda, a levarei para um hospital para ver seu pé. – disse ele.

– A descuidada fui eu… não prestei atenção aos sons do carro. – disse ela. – Não preciso da ajuda de alguém que acha que sou incapacitada de andar sozinha por uma cidade que conheço de ponta a cabeça…

– Não seja teimosa, só quero ajudá-la. – disse ele ainda segurando-a e impedindo que ela andasse mais.

– O que me garante que quer mesmo me ajudar e não está só tentando se aproveitar de mim. – era impressionante como ele demonstrava preocupação e mesmo assim mostrava sua voz fria e indiferente.

– Se o quisesse não estaria mais aqui. – disse num tom definitivo. – Só quero reparar o acidente que quase causei, não quero ficar em debito com uma…

– Cega… – ela completou. – Acho que é a palavra certa para seu vocabulário, deficiente visual fica muito pomposo para seu tom… como eu posso dizer?

– Indiferente. – dessa vez ele completou.

– Aceitarei sua ajuda. – disse Rin. – Não estou conseguindo andar direito…

– Venha, vou levá-la ao hospital.

Ele a guiou para dentro do carro no banco do carona, passou um dos braços dela por trás de seu pescoço e levou-a até a porta, diante disso ela pode perceber que ele tinha cabelos longos e lisos.

Depois de colocá-la sentada foi até o outro lado para poder dirigir, era só isso que estava lhe faltando, quase atropelara uma garota. Já devia ter chegado em seu apartamento uma hora atrás, mas tivera alguns problemas para recuperar sua bagagem no aeroporto, e queria estar devidamente descansado para poder ir para a reunião que teria mais tarde.

– "Era só isso que me faltava agora!" – reclamou em seus pensamentos.

– "Isso tinha que ter acontecido logo comigo! Eu devia ter ficado em casa como kagome mandou!" – pensava Rin, repreendendo-se.

– Você está tentando fugir de alguém ou de algum lugar? – ela ouviu a voz grave dele perguntar.

– Como assim? – perguntou Rin sem entender o sentido da pergunta, até que finalmente associou. – Ah, entendi, você está querendo dizer que como cega eu não deveria estar sozinha, então, a única explicação lógica para isso era eu estar fugindo.

– … – ele não consentiu.

– Vou ter seu silêncio como um sim. – disse Rin. – Saiba que eu moro aqui desde que eu nasci, há vinte anos, e sempre fui cega, se esse acidente aconteceu foi apenas um descuido de minha parte, não gosto que as pessoas sintam pena de mim e queiram me ajudar por isso, só aceito ajuda do Senshi.

– Senshi? – ele questionou.

– Meu cão-guia. – esclareceu ela.

– E onde estava ele agora? – perguntou o homem.

– No veterinário. – disse ela.

– Então deveria ter ficado em casa até ele voltar. – disse o outro. – Uma cega não deveria andar sozinha, desacompanhada, viu como é perigoso.

– É, eu vi. – disse ela ironicamente. – Se você me ofereceu ajuda para ficar questionando meus modos de viver, sugiro que me deixe sair do carro, ou não tivesse ao menos se oferecido para ajudar. Não preciso de seus conselhos.

– Eu só estou pretendendo ajudar… – disse ele com um leve tom de irritação na voz.

– Poderia começar parando de me julgar pelos meus olhos. – rebateu Rin. – E me dizendo seu nome, ainda não se apresentou.

– Você também não. – disse ele e o tom irritado de sua voz havia desaparecido, agora estava apenas frio.

– Rin, Higurashi Rin. – disse a garota. – Sua vez.

– Sesshoumaru, Taisho Sesshoumaru. – apresentou-se ele.

Naquele momento nenhum dos dois pode se dar conta que os sobrenomes de cada um era familiar. Rin podia jurar que já ouvira o sobrenome dele em algum lugar, só não lembrava de onde. Quanto a Sesshoumaru achava aquele nome ligeiramente familiar, devia tê-lo escutado uma vez que fosse, mas também não lembrava de onde.

O resto do caminho foi silêncio total. Sesshoumaru observava apenas o caminho à sua frente e Rin mantinha a cabeça erguida, apenas pensando na aula que não daria hoje e na explicação que teria que dar a Kagome.

Não demorou muito mais até que chegaram finalmente no hospital, assim que o carro parou anunciando a chegada deles, Rin abriu a porta para descer, mas antes que pudesse fazê-lo sozinha, sentiu o rapaz segurar sua mão e ajudá-la a sair. Ela não falou nada e ao menos recusou a ajuda, aceitou de bom grado, já que não poderia andar num lugar desconhecido sozinha. Mais uma vez Sesshoumaru passou o braço dela pelo seu pescoço para apoiá-la melhor, e em seguida passou um de seus braços pela fina cintura dela, ao fazer isso pode perceber as curvas bem definidas da mulher, por baixo daquela camisa folgada.

Rin estremeceu com o toque dele, e sem perceber enrubesceu.

– Venha. – ela pode ouvir a voz dele perto do ouvido dela.

Andou sendo guiada por ele, até o interior do hospital, lá dentro, ele deixou-a sentada numa das cadeiras da sala de espera e foi ter com uma enfermeira. Pouco tempo depois ele voltava até Rin, na sala de espera.

– Um médico já virá atendê-la. – disse Sesshoumaru ao lado dela.

– Hai. – ela disse em resposta. – Obrigada pela ajuda, agora pode ir.

– Não até me certificar que ficará bem. – disse Sesshoumaru sentando-se numa das cadeiras para esperar pelo doutor.

– Não precisa ficar aqui. Eu já estou bem. – disse Rin contrariada, não queria ter a companhia dele por mais tempo.

– Não é problema nenhum para mim. – mentiu ele. Queria estar já no seu novo apartamento, longe de qualquer tipo de confusão, mas se continuasse assim pelo visto iria dali direto para a empresa, para a reunião.

– Eu insisto que vá, tem mais coisas pra fazer do que ficar aqui. – disse Rin.

– Não, não tenho nada de importante. – disse Sesshoumaru em resposta. – Já disse que focarei até me certificar de que estará bem.

– Ai, como você é chato! – disse ela emburrada.

Ele arqueou uma sobrancelha diante da reação dela, minutos atrás parecia tão madura e entendida, agora reagira como uma criança mimada.

– Por que quer tanto que eu vá? – perguntou ele.

– Não gosto da sua companhia. – disse Rin cruzando os braços.

– Por que não? – perguntou Sesshoumaru.

– Não gosto da companhia de ninguém que me ache uma incapaz. – disse irritada. – Esse tipo de pessoa eu dispenso.

– Mas eu estou certo… – ele disse.

– Eu não sou incapaz! – disse Rin parecendo mais irritada, mas conseguindo se conter.

– Se não fosse, teria conseguido chegar ao seu destino sem ser quase atropelada. – provocou Sesshoumaru.

Ela ficou calada diante do que ele dissera, ele tinha certa razão diante daquilo tudo, mas mesmo assim, fora apenas um erro e nada mais, estava grata que era só ela ser dispensada pelo doutor e certamente nunca mais o veria, ficaria aliviada. Estava cansada desse tipo de pessoa insensível.

Ambos se calaram e um segundo depois o médico chegou para poder chamar Rin.

– Então a senhorita machucou a perna direita, não? Pode andar para ir até o quarto? – perguntou o médico. – Eu posso chamar um enfermeiro com uma cadeira de rodas.

– Não, eu posso sim andar. – disse Rin se levantando, e apoiando todo o seu peso na perna esquerda. – Só terá que me guiar até o quarto.

– Tem certeza? – perguntou o doutor.

– Eu a ajudarei. – disse Sesshoumaru já levantando e amparando Rin antes que ela caísse, ou tentasse algo do gênero.

– Então pode me seguir, sim? – disse o médico tomando a dianteira no corredor.

Você está conseguindo me tirar a paciência. – sussurrou Rin para Sesshoumaru.

Então acabei de ganhar meu dia. – ele retrucou sarcástico, guiando-a pelo corredor.

Eles chegaram até a sala, Sesshoumaru deixou Rin sentada sobre uma maca, enquanto o médico analisava o pé direito dela. Depois de um tempo ele finalmente falou.

– Você é parente dela? – perguntou a Sesshoumaru. – Ou namorado, noivo?

Rin ficou vermelha com o comentário do médico, mas Sesshoumaru permaneceu indiferente.

– Não. – respondeu Sesshoumaru.

– Bom, então terei de contatar algum parente seu para poder vir buscá-la. – disse o médico. – Não precisa se preocupar senhorita…?

– Higurashi. – respondeu Rin.

– Ah, Higurashi-san, não se preocupe, foi apenas uma torção, nada demais, mas receio que seja melhor ficar em repouso por hoje, sim? Até que o inchaço melhore. Aconselho a usar um bolsa térmica. Fará melhor e amanhã já estará andando normalmente. – disse o médico.

– Hai. – disse Rin.

– Agora preciso que me dê o número de contato de algum parente seu para que ele possa vir buscá-la aqui. – disse o doutor.

– Hã, er que… a minha irmã não pode vir aqui, não quero incomodá-la no trabalho, eu posso voltar para casa sozinha. – disse Rin.

– Eu sugiro que não subestime a si mesma Higurashi-san. – disse o médico. – Não acho que conseguirá voltar para casa sozinha.

– Claro que posso voltar, só preciso de um táxi. – disse Rin.

– Acho melhor chamar a sua irmã. – propôs o médico.

– Eu posso levá-la para casa. – de repente Rin pode ouvir a voz de Sesshoumaru se pronunciar na sala.

– Pode mesmo? – perguntou o doutor.

– Hai. – disse Sesshoumaru indiferente.

– Então acho que está tudo certo por aqui. – disse o médico. – Cuide bem dela rapaz.

Sesshoumaru apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.

– Bom, eu tenho que ir, tenho outros pacientes a atender. – disse o médico. – Se me dão licença…

E saiu da sala.

– Por que se ofereceu? – perguntou Rin.

– Por que você não poderia voltar para casa sozinha. – disse Sesshoumaru.

– Olha, você já ajudou o suficiente. Não precisa fazer mais nada, já viu que estou bem, agora pode ir. – disse Rin. – Eu me viro.

– Por que não chamou a sua irmã? – perguntou ele.

– Eu não gosto de depender dos outros, muito menos da minha irmã. Desde que ela voltou, eu prometi que nunca iria aborrecê-la. Iria mostrar para ela que não precisa se preocupar comigo. – disse Rin. – Não posso fazê-la sair do trabalho por uma imprudência minha.

– Ela provavelmente mandou você ficar em casa não foi? – disse Sesshoumaru.

– Eu tenho que voltar agora, se me dá licença. – disse Rin se levantando da cama.

– Não dou. – disse Sesshoumaru.

– Hã…? – ela confundiu-se com o que ele dissera.

– Eu disse que a levaria para casa. – disse Sesshoumaru. – Além do que, não vejo como uma cega pode chamar um táxi no meio da rua, acabaria sendo atropelada de novo.

Rin enfureceu-se com o tom que ele usou, como ele podia falar daquele jeito com ela? Não vejo como uma cega pode chamar um táxi… quanto desrespeito da parte dele. Ela sabia que não iria gostar dele desde o primeiro momento que o ouvira chamando-a de louca no meio da rua, e agora tinha mais certeza que nunca.

– Eu começo a achar que você estaria mais feliz se uma cega como eu tivesse morrido mesmo, atropelada. – disse ela irônica, agora jaziam lágrimas em seus olhos.

– Venha, vou levá-la para casa. – disse ele indo até ela e segurando a sua mão, ainda não percebera as lágrimas que enchiam os olhos dela.

– Não me toque! – disse ela desvencilhando dele. – Não quero a ajuda de alguém desprezível como você!

Dessa vez, ambas as sobrancelhas de Sesshoumaru ficaram arqueadas diante do comentário dela, realmente ele pegara muito pesado, não deveria tê-la tratado daquela forma, mas agora já era tarde, ele estava querendo oferecer sua ajuda pacificamente e ela insistia em ignorá-lo. Mas pela primeira vez, ele vira raiva nos olhos inexpressivos e mortos dela, e finalmente notara as lágrimas que ele insistia em segurar, não queria de maneira alguma chorar na frente dele.

Vendo aquelas lágrimas brilhando nos olhos dela ele sentiu uma pontada forte no peito, mas não conseguiu descobrir o que era exatamente, queria que aquilo não tivesse acontecido, agora rezava para que ela não chorasse ali diante dele, afinal, seria por sua culpa, e ele odiaria vê-la chorando.

– Eu apenas a levarei para casa, e nunca mais me verá. – disse ele.

– Pelo menos eu tenho certeza que nunca mais o verei. Mas também quero ter certeza que nunca mais ouvirei sua voz falando desse jeito comigo. – disse ela ainda enfurecida, passou as mãos pelos olhos e ergueu a cabeça decidida, não seria um ser como aquele que a faria chorar, ela já não chorava pelo desprezo das pessoas havia anos, e não voltaria a chorar agora, mas tudo pareceu tão diferente com ele, e ela ao menos o conhecia.

– Por mim não terá problema. – disse Sesshoumaru brigando consigo mesmo para poder desculpar-se pela grosseria que cometera com ela, mas isso ia contra os seus princípios, nunca se desculpara com ninguém antes, não começaria agora.

Ela finalmente cedeu à ajuda dele e seguiu-o para fora do hospital até o carro dele. Deu o endereço de sua casa e eles foram dessa vez em completo silêncio. Demorou cerca de trinta minutos para chegarem em casa, Rin desceu do carro sozinha, sem esperar por qualquer tipo de cortesia da parte dele, e dirigiu-se até a porta de sua casa.

Ela estava buscando pela chave da porta dentro de sua bolsa, Sesshoumaru ainda observava-a de dentro do carro. Estava indeciso sobre o que fazer, poderia ir pedir desculpas, pela primeira vez em sua vida, ou então poderia simplesmente ignorar, afinal, nunca mais a veria, mesmo que algo em seu interior implicasse dizendo que essa não seria a última vez que a encontraria.

Antes mesmo de se decidir, ela tinha achado a sua chave e tinha entrado em casa fechando a porta atrás de si.

Ele suspirou pesadamente e logo em seguida ligou o carro, acelerando e saindo dali o mais rápido que podia.

Rin fechara a porta e encostara-se do outro lado dela, finalmente se permitiu chorar ali, segura e longe da vista de todos.

Baka. – sussurrou consigo mesma.

Ele a fizera lembrar de tempos de infância, onde ela era desprezada, por não poder enxergar. Por que algumas pessoas tinham que ser desse jeito? Por que precisavam ser tão cruéis com quem não conheciam? Ele ao menos a conhecia e ficava falando daquele jeito grosseiro com ela. Era um idiota, isso sim.

Ela limpou o rosto e seguiu até o seu quarto, dentro de casa não havia perigo contra nada. Jogou a bolsa em algum lugar e se deitou, ela tinha que descansar, só isso, e depois do que o médico dissera, era preciso repousar para seu pé ficar melhor. Aquele certamente fora o pior dia de sua vida.

Ela não conseguiu ficar daquele jeito por muito tempo, a voz daquele grosso estava invadindo sua mente a cada segundo, deixando-a com mais raiva do que podia. Pra tentar se livrar ela debruçou-se sobre a mesa ao lado da cama e apanhou um livro em braile para poder ter com o que se ocupar.

Depois de passar algum tempo lendo, pode ouvir o som da porta se abrindo e fechando, e o som de vozes vindo do corredor, não imaginava que já fosse tão tarde.

– Rin-chan! Nós chegamos! Trouxemos o Senshi. – ela pode ouvir a voz de Kagome vindo da sala.

– Estou no quarto K-chan! – Rin respondeu sem pensar duas vezes.

Kagome foi até o quarto da irmã, levando Senshi e provavelmente Inuyasha consigo.

Assim que ela abriu a porta, o cachorro entrou correndo e pulou em cima da cama, lambendo todo o rosto da dona.

– É bom ter você de volta Senshi! – disse Rin alegre. – Como você está hein?

– Olá Rin. – ela ouviu uma voz masculina vindo da porta.

– Sabia que era você Inuyasha! – disse Rin sorrindo.

– Hey, o que aconteceu com você Rin-chan? Por que seu pé está enfaixado! – perguntou Kagome indo até ela ao ver o pé da garota enfaixado.

Rin sabia que não fora uma boa idéia, devia ter tirado a faixa pelo menos antes da irmã entrar no quarto, mas agora já era tarde demais.

– Er… não foi nada, só um pequeno acidente. – disse Rin sem graça.

Inuyasha já havia se sentado numa cadeira que havia ali, perto da escrivaninha, Kagome, estava sentada perto no canto da cama da irmã, analisando o pé dela inchado.

– Que tipo de acidente Rin-chan? O que você andou fazendo? – perguntou Kagome com ar desconfiado. – Não me diga que você saiu?

– Ah onee-chan, eu tinha que ter ido, eu devia estar lá de dez horas, mas tive um pequeno problema. – disse Rin inocentemente.

– Então você se aventurou por aí sem o Senshi? – perguntou Inuyasha interessado.

– É, mais ou menos isso… – disse Rin sem graça.

– Rin-chan! Da próxima vez tenha certeza que eu vou deixá-la trancada dentro de casa! Poderia ter acontecido uma desgraça! Você quer me matar do coração? – disse ela parecendo desesperada.

– Mas não aconteceu onee-chan, como eu disse foi só um pequeno acidente! – disse Rin.

– E como foi esse acidente? – perguntou ela.

– Ah, você não vai querer saber… – disse Rin contrariada, sorrindo sem graça.

– Vou sim, e é bom você me contar! – disse Kagome parecendo irritada.

– Mas, você não vai almoçar fora com o Inuyasha? Então, vocês vão acabar ficando sem tempo, não é Inuyasha? – disse Rin.

– Bom, eu vou ter uma reunião daqui a duas horas… – disse Inuyasha olhando o mostrador do relógio de pulso.

– Está vendo K-chan, você não vai querer atrasar seu namorado não é? – disse Rin. – quando você voltar de noite eu conto tudo, ok?

– Aff… você venceu. – disse Kagome. – Temos que voltar mesmo. À noite eu converso com você.

– Vai, tudo bem! – disse Rin sorridente. – Ja ne onee-chan.

– Ja ne Rin-chan. – disse Kagome indo até a irmã e dando-lhe um beijo na testa.

– Ja ne Rin. – despediu-se Inuyasha dessa vez. – Cuide-se.

– Até mais Inuyasha, e cuide da minha irmã. – disse Rin.

– Sem problemas. – disse Inuyasha, depois voltou-se para Kagome. – Vamos Kagome?

– Vamos sim. – concordou ela acompanhando-o até a porta do quarto, mas antes de sair, virou-se para Senshi. – Não deixe ela sair de casa Senshi.

O cão deu um latido em resposta, depois pulou em cima da cama da dona, deitando ao lado dela.

Rin ouviu a irmã se afastar até sair de casa com Inuyasha. Depois deitou-se e relaxou, suspirando.

– Você me fez uma bela falta hoje, Senshi.

Final do Capítulo Um

Domo minna-san!

Eu não resisti de postar essa fic, essa idéia estava corroendo minha pobre mente jah! Enton, eu acabei postando ela tbm. Eh q eu tive essa idéia da Rin cega, tipo, pra mostrar q o amor entre ela e o Sesshy-kun nom eh soh pela aparência… enton, eu consegui imaginar a primeira cena e a ultima do ultimo cap, tanto q ele tah pronto jah... mas o meio q interessa, toh sem inspiração... mas mesmo assim eu vou postar ela, espero q vcs me dêem muitas idéias do q colocar nela, e q gostem tbm, pq com certeza eu keru chegar no final dessa aki...

Bom, acho q por enqunto eh soh... ah, sim, a k-chan e o inu-kun jah estaum muito bem acertados nessa fic, acho q deu pra perceber, eu acho q vou centrar mesmo a fic na relação Rin e Sesshy, e acho q vou colocar tbm a Sango e o Miroku, mas se eu colocar, tbm jah vaum estah acertados q nem a Kag e o Inu. Mas podem ter umas desavenças no meio do caminho neh, qm sabe...

Enton, espero q tenham gostado, ficarei muito felix em receber reviews se acharem q a fic merece... enton...

Kissus kissus kissus kissus kissus kissus e mais kissus da MitZ-chan!

Ja Ne!