Deidara gostava de olhar os cabelos dela e a franja. Se olhasse por tempo o suficiente, não seria capaz de impedir que sua mão passasse vaidosamente por seus próprios fios dourados. Talvez eles tivessem sido o motivo para ele ter passado por tudo o que passou apenas para tê-la ao seu lado.
Ele também gostava do azul daqueles olhos.
Ino falava demais, isso era mais do que verdade, e na maioria das vezes o irritava – especialmente quando ela entrava no bossy mode. Compreensível porque os outros o perguntaram tantas vezes o que, diabos, ele estava fazendo com uma pirralha como ela. Imatura, irresponsável, desleixada e nada artística... Por dentro ela não era nada atraente.
Mas o cabelo dela caindo nos olhos... E a forma com que ele acariciava os fios...
A conversa do casal era fluída, mas não muito íntima... Apesar de eles estarem morando juntos há pouco mais de um ano. Eram suficientemente diferentes em suas personalidades para saberem que nunca teriam um futuro emocional saudável. Por incrível que pareça, nunca brigaram por isso ou mesmo tocaram no assunto.
— Vamo embora.
A de apenas dezesseis anos Yamanaka cortou sua fala no meio e olhou fundo nos olhos azuis do namorado. Ele era velho demais pra ela – Inoichi até hoje estava furioso porque ela fugiu de casa. E tinha hábitos estranhos. Às vezes, a forma como ele a olhava, a deixava assim, paralisada. Impossível não se lembrar de Hinata... Desde quando eu fiquei tão pamonha?
— Ficou surda, mulher? Vam'bora!
Por que ela sabia de tudo – tudo! – o que se passava na cabeça dele naquele momento? Chegar em casa, tirar as roupas, as preliminares se baseariam nele tocando os cabelos dela, e os seus próprios, misturando-os, beijando seus olhos e a adorando quase como uma estátua grega...
Ino só vira Deidara adorando tanto assim o próprio reflexo no espelho. Por isso, se sentia especial.
Droga, ela se perdeu de novo! Ele já jogava o dinheiro da conta na mesa e se levantava, indo na direção dela. Porém, quando Ino pensou que ele passaria direto, sentiu dedos se deslizando por sua franja solta (ela não podia, e nem queria prendê-la de outra forma). E pronto... Ele já se dirigia à porta.
A garota se apressou em levantar, agarrando firme a bolsa, o coração acelerando. Ela precisava que ele a tocasse o mais rápido possível, que se agarrasse aos cabelos que ele parecia tanto amar, só pra ter certeza de que a dor de não falar com seu pai há tanto tempo fosse embora de vez. Porque quando dobraram a esquina, um artista de rua tocava a música favorita de Inoichi... Que aperto no coração!
Que Deidara nunca sonhasse que ela sentia algo de desagradável enquanto estivesse com ele! Ela não suportaria outro ataque... Como o que ele teve da última vez em que ela pediu para passar algum tempo na casa dos pais.
