Título : Filho das Estrelas
Time: Romantic
Autor: Lilibeth
Beta: Marck Evans
Par/Personagem: Agouro/Surprise Pairing
Classificação: PG-13
Nº. palavras: 907
Resumo: Sonhos de uma noite de Inverno congelam a alma dos desvalidos. Não as deles. Nunca as deles.
Disclaimer: tudo é da loira má. Menos a perversão.
Avisos : lá embaixo.
Fic para responder a um desafio do Potter Slash Fics Tournament :Desafio: 167 - "Em um passeio à floresta proibida, nosso personagem principal encontra... Agouro ! Que, por alguma oculta razão, não o mata logo de cara... aliás, se propõe a fazer o grande horóscopo de sua vida, sob as pálidas estrelas, só para ele... e aí ?? Vai encarar ou vai medrar ? E como sair dessa, meu Merlin ?" Sim, é um desafio meu, mesmo... OK, fui sacana nesse, mas como eu jurei pra todo mundo, não tem bestialismo !!
...
"Jamais se curvar a um humano, meu filho, jamais !"
Algo estava estranho no firmamento, especialmente nessa noite : deveria ser uma noite de inverno, sem estrelas, totalmente escura e insondável, mas Vênus brilhava com invulgar esplendor, em uma época e lugar onde Marte deveria reinar... Marte está na casa VII, e Vênus na casa IV. Interessante. Curioso, mas interessante. O prenúncio que Marte tão fortemente havia deixado anteriormente, começava a ser obscurecido pelos suaves contornos da deusa da paixão, personificada em estrela.
Mãe amorosa, mas igualmente fogosa, Vênus. E em trânsito com Marte pelas casas da Morte, prometia invulgares desígnios para a madrugada que se aproximava. Desígnios que mesmo ele não conseguia decifrar com precisão.
Mas algo era profundamente claro, mesmo em meio a tanta névoa : a hora era essa. Tinha de ser.
Era seu destino.
E contra ele não há argumentos.
...
Caminhar pela Floresta Proibida era um prazer nefasto, ele bem o sabia. Realmente proibida ela era, mas o atraía como uma amante feroz e ciumenta : ela exigia sua quota de presença, sempre e sempre, e cada vez mais. A doce brisa que o envolvia e levava seus cabelos em ondas era como o beijo de que tanto sentia falta... As flores noturnas, com seus aromas inebriantes traziam recordações distantes e dolorosas... mas apenas recordações.
O passado não volta.
Volta e meia olhava para cima, e observava a suave luz venusiana que parecia seguí-lo. Doce ironia, essa... ninguém era tão importante para ser seguido pela luz de uma estrela.
Era só levantar um pouco o nariz e sentir o aroma das plantas que ele mesmo ia suavemente pisando. Dilacerando os frágeis ramos, para libertar o doce olor da erva. Esse cheiro tão inebriante que tem o cheiro de mato com um pouco do primeiro orvalho noturno... isso valia uma vida.
- Bela noite para um passeio. Não está um pouco longe de sua casa ?
O centauro Agouro nunca fora dado a sutilezas. O silêncio que o precedera fora estranho, principalmente se considerada a situação. Vênus realmente atuava, ele diria.
- Vênus me trouxe para cá.
- Vênus. Achei que seria Marte.
- Ambos estão onde devem estar.
- Sim. Todos estamos.
- O que pretende fazer comigo, Agouro ?
- Que tal seu horóscopo pessoal ?
- VOCÊ faria um para mim ?
- E porquê não ?
- Acredito que saiba as implicações disso.
- Todas as atitudes tem implicações. As pretéritas e as futuras, inclusive.
- E Vênus está na casa IV.
- Oras, você "já" sabe ler isso... nada parece perdido, afinal.
- O que pretende, Agouro ?
- Examinar as suas estrelas.
- Não são minhas.
- Não. Mas você é delas. Você é um filho das estrelas.
- Todos nós somos.
- Sim, somos. Alguns mais que outros.
- O que realmente pretende, Agouro ?
- Verificar onde nós falhamos.
- NÓS não falhamos. Estava escrito que deveria ser assim. Lemos juntos as estrelas, antes.
- E é o que me proponho a fazer hoje.
- Antes de me matar ?
- Não pressuponha. É o pior dos defeitos humanos.
- Não é um dos meus.
- Não ? O que Saturno diz, hoje ?
- Diz que é hora de rever posições.
- Que mais ?
- Fazer aliados.
- Leia de novo. Faltou algo.
- Fazer dos inimigos aliados. Mas você não é meu inimigo.
- Hum. E a mãe Lua ?
- Que estamos sob seu manto, como sempre.
- Não... observe direito, onde ela está, professor.
- Você nunca me perdoou por isso, não é ?
- Não sou eu quem tem de perdoar.
- O que quer dizer ?
- Observe Júpiter, o pai dos planetas.
- Faz oposição a Marte.
- Então.
- É hora de corrigir erros. E reaver valores. E cobrar favores.
- Ah...
- É.
- Não existe tal coisa entre centauros.
- Você não é um de nós.
- O que sou, então, Agouro ?
- Um arremedo de humano. Como sua família.
- Você nunca me perdoará pelos meus antepassados... o que eles fizeram ?
- Eles se deixaram iludir.
- Todos nós estamos sob as mesmas estrelas, Agouro.
- Sim, realmente estamos.
- E elas tem o mesmo brilho para todos.
- A diferença é que alguns sabem lê-las.
- E outros são tão arrogantes que querem interpretá-las.
- Desse mal você não sofre, não é, pequeno ?
- Não sou pequeno.
- Realmente... não é mais. Fez escolhas. E hoje Vênus brilha. E Júpiter está em oposição a Marte.
- Sim, fiz. Minhas próprias escolhas.
- Aceita meu horóscopo ?
- Aceito.
- Bom. Então vamos para casa.
- Não hoje.
- Não haverá amanhã.
- Não houve ontem, não houve hoje. Porquê haveria amanhã?
- Sua decisão. Infeliz como sempre.
- Mas é minha. Não de nenhum bando. Não de outro. Minha.
- Que assim seja. Não haveria outra conjunção como a de hoje nos próximos duzentos anos, você sabe.
- Sim, eu sei. Foi apenas por temor às estrelas que veio ter comigo, Agouro ?
- Sabe que não.
- Sei... mas o caminho que trilhei não tem volta.
- Podemos...
- Não, não podemos.
- Você aceitou meu horóscopo.
- Aceitei. Apenas ele.
- Que seja então. Até nunca mais, Firenze.
- Até daqui a duzentos anos, Agouro.
- Você não viverá tanto.
- Nem você, meu amor.
Aviso : Para compreender algumas das palavras do Agouro, é bom ler a sublime "O Ultimo Malfoy", de Marck Evans, aqui mesmo no fanfiction. Ninguém tem centauros como os nossos, oh, yeah, baby !!
