Disclaimer: All (or almost) the characters belong to the amazing author Joanne Rowling.
De volta à oclumência
Harry Potter não conseguia parar quieto. Tudo o incomodava, o calor abafado, a voz irritante da sua tia reclamando de alguma coisa, a bagunça de seu quarto, que ele nem pensava em arrumar. Harry estava deprimido. Seu padrinho, a quem amava como a um pai, morrera não havia nem um mês da forma mais estúpida que se possa imaginar.
Além disso, Harry descobrira o verdadeiro motivo da morte de seus pais: uma profecia feita antes de seu nascimento, que dizia que ele teria o poder de derrotar Voldemort, o Senhor das Trevas. Mas a parte realmente ruim da profecia afirmava que um dos dois (Harry ou Voldemort) teria que morrer nas mãos do outro, pois nenhum poderia viver enquanto o outro sobrevivesse. Era uma profecia estranha, afinal os dois estavam vivos. Parecia indicar que ou Harry se tornava um assassino, ou seria morto por Voldemort e, neste último caso, quem poderia derrotar o Senhor das Trevas?
Harry sentia calafrios ao pensar nisso. Tinha dificuldade em se imaginar como um assassino, apesar de já ter passado por muitas situações em que teve de lutar pela própria vida. Mas nunca tentara matar alguém. Será que conseguiria? Não fora nem capaz de machucar para valer a assassina de seu padrinho! E, no entanto, sabia que provavelmente não teria muita escolha, já que tudo levava a crer que Voldemort voltaria a atacá"lo.
Harry não agüentava mais ficar em casa e de repente pensou em ver a Sra. Figg. Arabela Figg era uma vizinha que vivia cercada de gatos. Era com ela que Harry ficava quando era pequeno, nas ocasiões em que tia Petúnia e tio Válter iam passear com Duda, o seu primo. Eles detestavam bruxos e bruxarias e tinham medo dos poderes de Harry, mesmo antes deste saber que era um bruxo. Harry nunca tinha gostado muito de visitar a Sra. Figg, mas no ano anterior descobrira que ela era um aborto, uma pessoa sem poderes mágicos de família bruxa. Ela estava acompanhando tudo o que se passava com ele, para protegê"lo, e bancava a chata de propósito, para tia Petúnia não desconfiar e não parar de deixar o garoto com ela. Neste momento, a Sra. Figg era a única pessoa do mundo bruxo a quem poderia visitar.
Ao chegar na casa, Harry achou que tudo parecia estranho. A casa tinha um ar de abandono, como se ninguém andasse por lá há meses. Harry tocou a campainha e nada aconteceu. Quando já ia desistir e voltar, uma velhinha abriu a porta. Era baixinha e gordinha, com uma cara simpática, mas decididamente Harry não a conhecia. No entanto ela foi logo dizendo: "Entre, Harry. Arabela está ali no sofá." Harry não tinha visto ninguém no sofá, mas, assim que a velhinha disse isso, a Sra. Figg se materializou do nada. Harry logo entendeu o que se passava: a Sra. Figg estava escondida sob o feitiço Fidelius e a velhinha devia ser o fiel do segredo. Harry cumprimentou"a.
"Olá, Sra. Figg, como vai? E Sra...?"
"Harry, esta é Mabel Colbert, que é da Ordem da Fênix, a Sra. Figg os apresentou"
" Prazer, Sra. Colbert."
" O prazer é meu. Vou buscar um suco gelado para nós. Está muito quente" disse a Sra. Colbert se retirando para a cozinha. "Sente"se, Harry, e diga lá, que bons ventos o trazem?" a Sra. Figg parecia espantada.
" Bons? que nada! Só não agüento mais a cara nem a voz da tia Petúnia."
" E veio me visitar? estranhou a Sra. Figg.Você nunca fez isso antes! Pelo menos, não por livre e espontânea vontade."
" Não sabia que a senhora era amiga de Dumbledore. Mas o que está acontecendo? Percebi que a senhora está escondida com o Feitiço Fidelius... A situação deve estar mesmo sinistra, no mau sentido!"
" 'Tá complicado, Harry. Dumbledore anda preocupado. Com o meu testemunho a seu favor no ano passado, todo mundo agora sabe que eu sou um aborto e que faço parte do esquema para a sua proteção. Agora que todos admitem que Você-Sabe-Quem está de volta, ele está agindo mais abertamente e se livrando de quem pode atrapalhar seus planos".
" Mas agora o Ministério está atrás dele e dos Comensais da Morte, a gente já não é mais só um punhado de bruxos desacreditados a lutar contra eles. E muitos Comensais foram presos na luta do ministério", disse Harry confiante.
"Ah, Harry, seria bom se fosse assim tão simples", redargüiu a Sra. Figg. "Claro que alguns daqueles Comensais ficarão presos, se não fugirem de novo, pois são criminosos conhecidos. Mas outros, como Lúcio Malfoy ou Crabbe foram inocentados na época da queda de Voldemort. E não há novas acusações contra eles, a não ser as denúncias que você fez ao Pasquim. Narcisa Malfoy tem dito a Deus e todo o mundo que isso é uma tremenda injustiça. Que é sabido que você não gosta dos Malfoy e que vive às turras com o filho deles, Draco, e também com Vicente Crabbe. Alega que você, tendo ouvido falar que os pais deles tinham sido acusados no passado, inventou que faziam parte do círculo íntimo de Você-Sabe-Quem só para aprontar contra eles, por causa das suas brigas escolares. Diz que Lúcio tinha esquecido a varinha no Ministério pela manhã, quando tinha ido lá falar com Fudge e fazer doações para o São Mungo e voltou para buscá-la. Estranhou que Érico não estivesse na recepção e que fosse tão fácil entrar e notou confusão no Departamento de Mistérios. Foi ver o que estava acontecendo e lá chegando foi preso por Dumbledore e seus amigos."
" Mas isso é uma tremenda mentira!" gritou revoltado o rapaz.
" Claro que é! Mas não vai ser fácil provar. Lúcio é muito influente e provavelmente conseguirá escapar com a reputação ilesa. Para pessoas como nós, não faz diferença, pois sempre soubemos que ele não presta. Mas para os que sempre acreditaram na conversa fiada dele, não há realmente nada de terrivelmente comprometedor que os faça mudar de idéia. Você já devia ter aprendido, depois de tudo o que aconteceu no ano passado, que as pessoas só vêem o que querem e só acreditam no que desejam acreditar."
" E o Feitiço Fidelius?" perguntou Harry. "Você corre tanto perigo só porque é minha vizinha e amiga de Dumbledore? Isso não é meio paranóico?"
" Infelizmente não. Na semana passada, quando voltava do supermercado, pensei ver alguém estranho no jardim e achei melhor dar o fora. Por sorte, tinha combinado com a Mabel aqui de irmos juntas comprar um presente para a namorada trouxa do filho dela. Falei com ela , que entrou em contato com a Ordem e vieram alguns bruxos para me acompanhar. Realmente havia um Comensal por lá, que não esperava que eu fosse reagir. Ao ver tantos bruxos comigo, tratou de desaparatar, antes que pudéssemos ver quem era.
Então, resolvemos que era melhor eu me proteger. Espalhei por aí que minha sobrinha estava precisando de mim na França e o Feitiço foi feito. Mabel vem sempre por aqui para ver como estão as coisas, mas os vizinhos pensam que é para alimentar os gatos."
" Olha o suco!" anunciou a Sra. Colbert trazendo, uma bandeja com quatro copos.
"Tem mais al...?" Harry não terminou a pergunta, quando viu Remo Lupin saindo da cozinha atrás da Sra. Colbert.
" Oi, Arabela, Harry... Tudo bem?"
" Salve, Remo, chegou em boa hora", cumprimentou a Sra. Figg.
" Não foi por acaso, Mabel me convocou".
" Oi, Prof. Lupin', disse Harry." Que papo é esse de convocação?
" É que na reunião de ontem da Ordem estávamos justamente especulando sobre como entrar em contato com você sem chamar a atenção de ninguém. Dumbledore tem alguns recados importantes para você. E já não sou mais seu profesor. Chame-me Remo"
" Quer dizer que a Ordem ainda continua funcionando? Pensei que agora todo mundo estaria lutando contra o bando de Voldemort e não seria mais necessário uma organização como a Ordem."
As duas senhoras estremeceram ao ouvir o nome do bruxo das trevas.
"Ah, Harry, você ainda tem muito o que aprender sobre os métodos de Voldemort", comentou Lupin. "Ele é um mestre da enganação. E seus comensais não ficam atrás. Lúcio e mais um bandinho devem sair de Azkaban ainda esta semana. Há um movimento para libertá-los, dizendo que foram presos injustamente e que não fizeram nada. Não podemos confiar no Ministério para combater Voldemort, pois a sociedade bruxa se deixa manipular com muita facilidade. Já esqueceu do que sofreu no último ano?
É claro que não fazemos nada de ilegal, mas sabemos que precisamos ter um grupo confiável, que não se deixa enganar facilmente e que não vai se deixar levar pelos papos deles. Por isso a Ordem foi criada na primeira guerra e voltou agora.
Mas vim aqui para te dizer algumas coisas importantes. Dumbledore quer que você retome imediatamente as aulas de oclumência."
" Ai, não! Vou ter que olhar para a cara nojenta do Snape até nas férias e agüentar as insinuações idiotas daquele desgraçado?"
" Nossa, você está mesmo com raiva do Severo! Mas não, não precisa se preocupar com isso. Sou eu quem vai te dar as aulas. Sendo um lobisomem, minhas tarefas na Ordem são relativamente limitadas. Há muitas que não posso assumir. Então tenho bastante tempo para fazer com que você aprenda mesmo desta vez."
" Pô, se você pode ensinar isso, por que Dumbledore não fez você me ensinar antes?"
" Porque ele não queria que a Umbridge soubesse. Você estava em período de aulas, lembra? Como eu ia aparecer em Hogwarts e dizer para ela que queria te dar aulas de oclumência?"
" Legal, com você, vai ser muito mais fácil. Mas, agora que a profecia foi destruída, continua sendo mesmo importante aprender oclumência?"
" Mais do que nunca!" exclamou enfáticamente Lupin. "Arabela, você tem um quarto que a gente possa usar?"
" Claro, subindo a escada, entrem na primeira porta à direita. Vocês podem ficar à vontade por lá o quanto quiserem', disse a Sra. Figg.
Harry e Remo acabaram de beber os seus sucos e foram para o tal quarto.
" Harry, eu não quis entrar em detalhes na frente da Arabela, porque ela é uma pessoa visada e se for capturada é melhor que não saiba que você conhece a profecia. Só Dumbledore e eu sabemos disso. Quanto menos gente souber, melhor. É bom até que você evite contar aos seus amigos, se conseguir agüentar sozinho o fardo que ela representa", advertiu Lupin.
" Não, não contei e nem tive vontade. Na verdade, não se pode compartilhar uma coisa dessas. Só eu que vou ter que matá-lo, não meus amigos, não Dumbledore." O rapaz soava extremamente desanimado. "Mas por que tanto segredo?"
" Porque se isso chega aos ouvidos de Voldemort, ele vai tentar entrar em sua mente para obtê-la e provavelmente você ainda não seria capaz de resistir. Por isso é tão urgente que você aprenda oclumência".
" Por que Dumbledore me mostrou ela, então?"
" Para você entender que é mesmo o alvo preferencial de Voldemort. E que tem que se proteger, pois é provável que de você dependa o futuro do mundo bruxo."
Harry teve um calafrio.
"Detesto essa idéia", grunhiu o rapaz.
"É, eu detestaria também, se estivesse na sua pele', disse Lupin com voz grave.
"Mas como vou conseguir, Professor, quero dizer , Remo? Snape me disse que eu preciso tirar toda a emoção da cabeça. Só que nesses dias, sabendo da profecia e com a morte de Sirius, estou parecendo um vulcão em erupção. O tempo todo irritado, chateado, apavorado, prestes a explodir."
"Snape disse isso para você?" estranhou Lupin. "Não é bem assim. Não são todos os sentimentos e emoções que você precisa evitar. Sentimentos fortes de amor ou tristeza até ajudam no processo de oclumência. O que você precisa evitar é a ansiedade, aquela coisa de ficar na expectativa do que vem pela frente. Também a sensação de impotência precisa ser evitada. Sabe, quando uma coisa acontece, que a gente não queria que acontecesse, que a gente acha injusto, mas não pode fazer nada? Aquela horrível sensação de não se poder fazer nada?"
"Sei, o que eu sempre sinto nas aulas do Snape", disse Harry com desânimo.
"Essa sensação também tem que ser eliminada. Mas apenas o luto por Sirius não atrapalhará, como a minha própria tristeza não me atrapalhará na hora de ensinar. Desde que você não fique remoendo o que deveria ter feito ou deixar de ter feito, ou como morte do Sirius poderia ter sido evitada. Mas por que será que o Severo disse para você eliminar toda emoção?"
"Ora, Snape. Você sabe como ele é. Ele ficava me provocando o tempo todo. Era impossível não sentir essa tal de impotência diante dele. Estou começando a achar que ele fazia de propósito, como o Rony vivia dizendo", disse o rapaz." Mas explica esse negócio direito, que ainda não entendi. Afinal o que pode e o que não pode sentir?"
" É o seguinte, quando você está muito preocupado com alguma coisa que você não pode mudar, isso facilita que alguém encontre essa idéia em sua mente; sensações como ansiedade, impotência, culpa fazem isso, não deixam você pensar em mais nada e fazem com que sua vontade se enfraqueça. Mas coisas como um amor ou uma tristeza profundos fortalecem você, fazem de você alguém com mais desejos e com mais força para alcançar seus objetivos. Pense em como Sirius conseguiu fugir de Azkaban, ele tinha um objetivo claro a perseguir. Entende?"
" Mais ou menos", disse Harry, sem muita convicção.
" Bem, vamos tentar? Você pode agora?" Lupin parecia ansioso para treinar Harry.
" Não sei. Quando penso em Sirius, sinto que a morte dele foi por minha culpa. Se eu tivesse levado a sério esse negócio de oclumência, se eu não tivesse acreditado naquele maldito Monstro,... Enfim, pelo que entendi, não deveria estar me sentindo assim." Harry olhou para Lupin ansioso.
" É", confirmou o professor." Essa sensação de culpa enfraquece a sua vontade e torna a sua mente mais fácil de ser penetrada. Você precisa pensar que de qualquer maneira isso é passado. Que nada do que fizer vai trazer o Sirius de volta. Mesmo que tivesse sido sua culpa – e não foi – já não haveria mais nada a fazer. É preciso aceitar isso."
Harry olhou para Remo irritado e levantou a voz: "Fácil falar, mas como vou simplesmente aceitar que matei o Sirius?"
"Harry, você não matou o Sirius. Quem o matou foi a prima dele. Sirius era um adulto e foi ao Ministério porque quis. E esse confronto entre nós e os Comensais aconteceria de um modo ou outro. Se não fosse pela profecia, seria para salvar alguém nascido trouxa ou para acabar com alguma outra armação deles. Ou você acha que vamos derrotar Voldemort sem lutas e sem mortes?"
Harry estremeceu e continuou aos berros. "Grande consolo! Agora mesmo é que fico tranqüilo, sabendo que vamos continuar lutando e morrendo até o dia em que terei que matar aquele desgraçado. Você acha que eu, um idiota que caiu em todas as armadilhas criadas por Voldemort, vou conseguir acabar com a raça dele? Eu que não fui sequer capaz de deixar que você e Sirius matassem aquele rato do Rabicho?"
" Harry, em primeiro lugar fale mais baixo, que ninguém deve ouvir essas coisas. Em segundo lugar, não se subestime, você caiu nas armadilhas de Voldemort, mas conseguiu escapar delas."
Apesar de ter pedido a Harry para baixar a voz, Remo lançou um feitiço para que as pessoas fora da sala não ouvissem o que se passava lá dentro.
Harry, porém, continuava falando alto. "Você está dizendo que fui bom para fugir do Voldemort. Nem sei se isso é verdade, acho que me safei por pura sorte. Mesmo assim, não vai ser com feitiços de defesa ou com estupefações que vou livrar o mundo desse maldito. Não consegui nem lançar uma Maldição Cruciatus naquela vaca da Belatriz."
" A profecia diz que você tem o poder capaz de derrotar Voldemort. Se você não é capaz de lançar uma maldição imperdoável, é porque não é com elas que ele vai ser derrotado. Se fosse tão fácil, ele já estaria morto. Quando tentou matar você, a Avada Kedavra ricocheteou na proteção que sua mãe tinha lhe dado. Pelo menos essa é a teoria do Dumbledore. Ora, se ela ricocheteou, deveria ter acabado com Voldemort, mas não o fez. Não, Harry, não creio que vai ser com maldições imperdoáveis que vamos pegar Voldemort. Mas ainda é cedo para pensar nisso. O que é mais urgente é que você aprenda oclumência."
Harry deu um muxoxo e prosseguiu: " E para isso tenho que parar de pensar em Sirius e em Voldemort. Pode esquecer."
" Não, Harry, você não tem que parar de pensar neles, apenas tem de pensar neles de outra maneira. Pense em Sirius como você lembra dele, faça algo para preservar a sua memória. Por exemplo, um álbum com recordações sobre ele. Enfim, transforme a sua dor em algo construtivo. Sinta a tristeza, Deixe que ela o invada, mas não fique remoendo a sua culpa. Sentir culpa é algo paralisante, que não nos ajuda em nada. Se fazemos algo errado, e você realmente errou ao não levar a oclumência a sério, não adianta ficar nos culpando, porque isso não faz o tempo voltar atrás. O que precisamos fazer é assumir os erros e pensar como e por que os cometemos, para não repeti-los. Quer dizer, devemos aprender com os erros e tocar a bola para a frente. Como dizia a minha avó: 'não adianta chorar sobre o leite derramado'.
Quanto a Voldemort, você precisa relaxar, ainda teremos que nos preparar para o confronto final. Toda a Ordem ajudará você a descobrir como derrotá-lo. Tenho certeza que seus amigos também ajudarão. Hermione Granger, por exemplo, deve ser de grande valia, com aquela imensa capacidade que ela tem de decorar todos os livros que passam pela sua frente."
Harry ficou quieto, pensando no que Lupin lhe disse. Depois de um tempinho de silêncio, Lupin voltou à carga: " Vamos tentar? Você está pronto?"
Harry assentiu. "Pronto não sei se estou, mas acho que devo tentar, não é?"
" Concentre-se, tente eliminar toda a ansiedade. Pense em algo, qualquer coisa, que não o deixe ansioso. Pode ser até a saudade de Sirius, desde que de um modo calmo, lembrando as coisas que fizeram juntos, por exemplo. Escolha o que lhe parecer mais capaz de eliminar qualquer ansiedade que esteja em sua mente e que seja fácil para você se concentrar. Bem, vou dar um tempo para você. Quando estiver pronto, me avise."
Ao lado de Lupin, Harry sentiu-se confiante e pela primeira vez em semanas, conseguiu parar de pensar na profecia e nas bobagens que tinha feito e que tinham resultado na morte do padrinho. Pensou nos gêmeos Weasley deixando Hogwarts e logo sentiu-se pronto.
"Vamos lá!"
Remo puxou a varinha e exclamou: "Legilimens!"
Harry viu de relance Sirius de varinha em punho, no Departamento de Mistérios, mas forçou-se a pensar em Jorge convocando a sua vassoura. Agora lá estava Sibila Trelawney, com voz rouca a dizer 'Aquele com o poder...', e Harry tentou se concentrar em Fred mandando Pirraça infernizar Umbridge. O rosto do amigo começou a se arredondar e tomar a forma da orbe que continha a profecia, mas novamente Harry conseguiu se forçar a pensar no grande rebuliço aprontado pelos gêmeos. Lupin deu uma trégua.
" Parece que você está conseguindo, Harry, embora esteja longe de estar perfeito. Vamos dar um tempinho para você descansar e logo retomamos".
Depois de mais algumas tentativas, Harry já estava bem melhor, conseguindo evitar que as cenas a serem preservadas sequer chegassem a tomar forma.
Lupin parecia satisfeito.: " Acho que você está pegando o jeito, mas precisamos ainda treinar mais. Posso ir amanhã em sua casa?"
" Minha tia vai ter um ataque."
" Pensando bem, é meio arriscado deixar você ficar passeando sozinho por aqui. Vou até lá agora com você e aproveito e converso com ela", disse Remo
" Minha tia vai ter um enfarte. Você teria que ir vestido que nem o falecido Bartô Crouch pai. Como um verdadeiro trouxa, e dos caretas."
" Me ajuda então a conjurar um traje adequado."
" Precisaria também dar um jeito no cabelo."
Com a ajuda da Sra. Figg, os dois conseguiram dar uma aparência a Lupin que poderia ser tolerada pelos Dursley.
Lupin foi com Harry até a rua dos Alfeneiros e conseguiu permissão da tia Petúnia para aparatar nos dias seguintes dentro do quarto de Harry, desde que mais ninguém visse. Subiu até o quarto com Harry para se despedir e desaparatar, quando a campainha tocou. Tia Petúnia foi atender e os dois bruxos ouviram nitidamente a voz do professor Lupin dizendo: " Boa tarde, senhora, posso falar com Harry?"
Tia Petúnia deu um berro: " Mas você não prometeu que apareceria direto no quarto dele e que viria com roupas de gente?" Harry e Lupin olharam para baixo e lá estava alguém exatamente igual a Remo Lupin.
