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"SAGRADO"
Por: Deneb Rhode
I.
—Este é um lugar onde não há tempo nem espaço. Chegamos aqui e vamos morrer aqui...ou viver aqui. Existe morte num lugar desses?
Eu não respondo porque não tenho a quem responder: a pessoa que fala comigo não tem rosto. E este mundo, colorido, pleno de formas e imagens... Muito bem, estou com os olhos abertos. Isso não é normal.
Como vim parar aqui?
Olho em volta, sinto o ambiente, tudo me parece estranho. Nenhuma referência familiar. Mesmo sendo a Casa de Virgem.
"Somos o que pensamos. Tudo surge com nosso pensamento".
Isso não surgiu com meu pensamento. Não sei de onde veio. E não sei como cheguei. Só sei que quero sair daqui.
Vou caminhando, dobrando a esquina, tropeçando em almofadas, estátuas, incensos, lamparinas, címbalos. Tudo esparramado no chão, lembrando a caixa de soldadinhos de chumbo de alguma criança, jogada em desordem para todos os lados. Objetos que eu nunca tive por perto: tudo deveria ser normal desta casa, mas não é. Nem conheço essas coisas. Eu não sou tão desorganizado: oque é meu não fica espalhado. Penso em recolhê-las, penso em chamar os empregados...
—Você não entendeu: este lugar não tem tempo nem espaço.
Ah, cale a boca...seja lá quem for! E o que tem isso de não ter tempo nem espaço a ver com tamanha desordem? Ainda é minha casa...ou parece com ela. Reconheço o lugar sem reconhecer: para onde foram as cortinas?
Ouço passos no corredor: até que enfim alguém para quem eu possa perguntar algo. Saio pela porta...
...para chegar exatamente no mesmo lugar onde eu estava antes. Isso é alguma brincadeira?
—Não é brincadeira , apenas que aqui as regras não são as lá de fora—e levo um susto enorme ao me ver conversando com um carneiro imolado numa ara de sacrifício. Que está , aparentemente, no lugar de uma das imagens de Buda. Uma ara de sacrifício na casa de Virgem, mas quem pôs isso aqui?
Examino o carneiro: é um animal muito feio. Tem a garganta cortada tal e qual em rituais. E uma cabeça estranha, escura, redonda, com dentes de tubarão e olhos amarelos, baços, com as pupilas inexpressivas de uma cobra. Estranhamente parecida com a de alguém que conheço, que acho, vi por aí em uma das últimas ocasiões em que abri os olhos: aquele discípulo de Shaina de Ofiúco, o gigante esquisito que falhou ao tentar uma armadura:
—Cássios, eu presumo?
O carneiro degolado estrebucha, e aí, ao som de uma musiquinha insossa responde com uma agradável voz automática, feminina:
—Você acessou sua linha direta com Deus. Neste instante, Cássios não se encontra disponível. Por favor, deixe o seu recado: ele está morto e não vai responder. Continue na linha para falar com um de nossos atendentes...
Dou dois passos para trás, isso é uma total insanidade. Tento outra vez sair pela porta.
E volto no mesmo lugar: ara, carneiro, música, tudo igual. Como pode?
Na ara, percebo uma inscrição de "favor cumprir as regras para liberar a passagem". Regras? Quais regras?
Dou a volta na sala: é ridículo, é minha casa, eu deveria achar a saída. Mas parece tudo fechado, estreito, menor do que era.
Ara e carneiro. Instruções: "favor cumprir as regras". É algum tipo de jogo.
Examino a sala, noto pela primeira vez o quanto está escura. A pouca luz vem de tochas postadas a cada lado da ara, de chamas murchas, quase se apagando. Um castiçal com uma vela está logo ao lado, num banquinho.
E no carneiro, depois de muito exame encontro um lugar onde há uma inscriçãozinha miúda, quase imperceptível. É bem sobre a barriga, rósea e raspada, uma tatuagem, e parece acompanhar o corpo do animal como um cinturão. Antes isso do que nada. Tento ler: a penumbra e o tamanho das letras vira um impedimento. Penso rápido: iluminando melhor, talvez dê certo.
Acendo a vela do castiçal numa das tochas, consigo um lume quase inexpressivo. Mas suficiente. As letras miúdas na barriga do carneiro começam a ficar distinguíveis. Vejo que é apenas uma palavra, repetida infinitas vezes:
—Ho...lo...holo...caustos. Holocaustos!
E é só dizer a palavra que a vela desaba do castiçal sem maiores razões. A chama mirrada atinge o carneiro e a ara explode em chamas, com o animal mesmo degolado se contorcendo, a musiquinha saindo de andamento e a voz de gravação repetindo "Não desligue: sua ligação é muito importante para nós"...
Cubro o rosto com o braço, tentativa de fugir das chamas. Vou recuando, acabo saindo pela porta. E de algum modo finalmente chego a outro lugar.
(continua...)
