Flor de Outono

"Sei que já tentei de tudo

Sei que já não quero mais lembrar

Só não sei como dizer pra mim

Toda vez eu me pergunto

Quem será que pode completar

Esses versos mudos que escrevi

Pra tentar me convencer

Que eu consigo sem você

Respirar enfim

Um momento só pra mim

E deixar

A vida acontecer".Versos Mudos – Marjorie Estiano.

O movimento nas ruas era intenso, as pessoas passavam rapidamente enquanto ele apenas caminhava distraído com as vitrines. Hatori ia a pé até seu escritório, isso porque alguma outra força o impediu de pegar o carro esta manhã, seria a força do outono que chegava sorrateiramente? Enquanto estava absorto em seus pensamentos, ele não viu o que ocorria no quarteirão da frente.

Uma garota corria de cabeça baixa, segurando um grande volume de papéis em uma das mãos ao mesmo tempo em que tentava tirar algo de sua mochila totalmente aberta. Ela atravessa a rua sem nem ao menos olhar para os carros no meio, tanto foi a pressa que nem mesmo viu Hatori em seu caminho e se chocou com ele, fazendo os papéis e sua mochila caírem no chão.

Hatori sentiu alguma coisa macia bater em seu braço esquerdo e ao virar seu rosto para trás viu a garota desastrada que não o tinha visto. Até pensou em dizer alguma coisa mal-humorada, mas as feições exóticas da menina o paralisaram.

Ela tinha grandes olhos castanho-escuros emoldurados pelos curtos cachos dourados que lhe chegavam até o pescoço, que se contrastavam com a delicada e fina franja que lhe escondia a testa. Usava um uniforme colegial verde um pouco amassado, a saia do conjunto era um pouco mais curta, o que mostrava as longas pernas torneadas, fazendo-a uma cabeça mais baixa que ele. As feições delicadas completavam o belo corpo em um tom de creme, não muito branco, nem muito bronzeado. O que lhe dava o ar exótico era ela parecer um pouco selvagem, exatamente como um cavalo, por mais pura que seja a raça, sempre manterá o ar indomável daqueles que ainda vivem soltos pelos campos.

"- Meu senhor, desculpe-me!" – disse a voz suave e doce da garota, curvando o corpo em sinal de desculpas – "Eu sou uma desastrada mesmo! Peço-lhe que me perdoe por ser tão distraída".

"-Ah... Tudo bem... Eu também não tinha visto você... Permita que eu ajude..." – falou, se abaixando para catar os papéis espalhados pela calçada.

"-Ó... Muito obrigada, senhor... Muito obrigada mesmo..." – agradeceu, se abaixando também.

Realmente a quantidade de papéis era imensa, enquanto os recolhiam em silêncio, Hatori percebeu que havia alguns desenhos, e um em especial lhe chamou atenção. Era de um cavalo-marinho. Ele o pegou e mostrou á jovem.

"-Você que desenhou este animal?" – perguntou, lhe dando o desenho.

"-Sim! Ele é meu animal preferido!" – disse com entusiasmo.

"Grande coincidência..." – pensou o moreno. Ele a olhou nos olhos e percebeu que estes se encontravam inchados e vermelhos, sinais de que estava chorando há pouco tempo.

Os dois terminaram e se levantaram, Hatori estava se virando para retomar seu caminho quando a voz suave da menina lhe invadiu os ouvidos.

"-Desculpe incomodar novamente, senhor, mas viste algum vidrinho de remédio pelo chão enquanto recolhia meus papéis?" – perguntou, pressurosa.

"-Remédio? Não, não vi. Provavelmente deve ter rolado até o bueiro quando sua bolsa caiu... Era algum medicamento importante?" – perguntou, ele estava com um pouco de pressa, não poderia chegar atrasado no trabalho.

"-Sim, era meu remédio para ansiedade, eu tenho que tomar no horário certos se não me... vem... uma... falta de ar..." – disse, colocando a mão no peito, era como se alguma coisa lhe apertasse a garganta, impedindo de respirar.

"-A senhorita está bem?".

"-Ó, claro... Daqui a pouco passa, é só eu descansar um pouco, porque depois eu posso até desmai..." – foi a última frase que pronunciou antes de desmaiar, batendo a cabeça com força no chão.

"Era só o que eu precisava..." – pensou, enquanto verificava se a menina estava bem, afinal era sua obrigação de médico cuidar de quem precisasse – "Mais problemas do que eu já tenho".

OoOoOo

Ela abriu seus olhos lentamente, sua cabeça rodava, enquanto sua visão se acostumava com a claridade extremamente branca do local, foi percebendo que estava em um tipo de consultório, deitada em uma cama.

"Ah não... Desmaiei de novo...".

Levantou-se rapidamente, uma péssima idéia, sua visão se embaçou novamente e antes de despencar,sentiu-se amparada por um par de mãos fortes.

"-Pode ir parando, mocinha! Você ainda está fraca, sente-se aí" – disse Hatori, conduzindo-a até a cama.

Ela olhou um pouco confusa para Hatori, ele agora usava jaleco branco e óculos de armação preta, a expressão carrancuda um pouco maior do que antes.

"-O senhor é o homem que me ajudou na rua não é? Você é médico?" – perguntou, lembrando-se das feições de Hatori, não seria muito difícil esquecer aquele par de olhos verdes.

"-Para sua sorte, sim" – respondeu, enquanto colocava o estetoscópio nos ouvidos para examiná-la – "Respire fundo".

"-Sim! Muito obrigada, doutor" – agradeceu, frisando a palavra doutor, um grande sorriso se formando nos belos lábios.

O moreno se demorou um pouco nos pulmões da garota, antes de retirar o aparelho dos ouvidos e lhe dar o resultado.

"-Você está bem, talvez esteja com um começo de tosse, por isso vai ter que tomar isto de oito em oito horas e quero que volte daqui a quatro dias, certo?".

"-OK. Quanto eu devo ao senhor?" – levantando e pegando sua bolsa.

"-Dever? Não custou nada..." – respondeu.

"-Mas eu preciso lhe compensar pelo que fez pra mim! Aceite meu dinheiro, pelo menos o custo do remédio" – disse retirando algumas notas da carteira, enquanto Hatori as recusava com as mãos.

"-HARRY! CHEGUEI!" – gritou um garoto loirinho bem fofinho, abrindo a porta com estrépito – "Hiiii... Desculpa, Harry, eu não sabia que você estava com paciente" – se desculpou rapidamente, dando meia-volta.

"-Tudo bem, Momiji, ela já estava de saída" – disse, enquanto pegava algo em sua mesa – "Tome, é meu cartão".

Ela olhou o cartão, onde estava escrito: Hatori Souma. Ela sabia que conhecia esse sobrenome de algum lugar. Ergueu a cabeça com um enorme sorriso nos olhos.

"-Sim, Dr. Hatori! Meu nome é Natsu Takashi! Muito prazer por conhecê-lo e obrigada novamente por ter cuidado de mim".

"-Não foi nada... Eu vou pedir para o Momiji te levar até a porta, a propriedade é grande, poderá se perder..." – disse um pouco desconcertado, aquele sorriso era extremamente cativante.

Hatori chamou o pequeno loirinho e ele a levou alegremente pelo caminho. Natsu o achou muito fofo, como um coelhinho.

"-Você é amiga do Harry?" – perguntou.

"-Ah... Não... Nos conhecemos hoje na rua, eu passei mal e ele me ajudou..." – respondeu timidamente.

"-Ah... sim... Você está muito doente?" – perguntou novamente, preocupado.

"-Nada de mais. Foi apenas um desmaio, ele já me receitou um remédio, eu vou ficar bem" – acrescentou ao ver a cara de aflição do pequeno – "Por que se preocupa? Nem me conhece bem...".

"-Bem... Quando uma pessoa fica doente temos que nos preocupar, mesmo sendo desconhecida, não é?" – respondeu, olhando nos olhos ainda inchados de Natsu.

"-É... Quem dera que todos fossem assim, não é?" – disse, enquanto chegavam no final do caminho – "Obrigada por ter me trazido até aqui, Momiji!" – fazendo um pequeno cafuné na cabeça do menor.

"-Não foi nada! Eu gosto de ajudar os outros! Tchau, Natsu!" – despediu-se com um aceno exagerado da mão.

"Tchau, Momi!" – acenou de volta, enquanto ia embora, não sabia porque, mas se afeiçoou ao garoto, sem falar naquele senhor médico...

OoOoOoO

Quatro dias depois...

Momiji estava a caminho da escola cantarolando e saltitando quando resolveu ir por um outro lado, quem sabe até chegaria mais rápido. Andou mais um quarteirão quando passou em frente à uma escola que então nem sabia que existia.

Era um pouco velha, mas grande; os alunos estavam entrando e conversando e em um canto estavam três garotas rodeando uma outra, todas de uniforme verde."Parece até o uniforme daquela garota...". Uma das garotas começou a falar e gesticular grosseiramente retirando um pequeno colar da outra com um sorriso de triunfo, ela tinha um olhar triste e pedia para que elas devolvessem. Momiji reconheceu aquele olhar, era o da Natsu, brilhante e extremamente abatido, ela colocava as mãos no rosto, lágrimas rolando e manchando sua pele.

Por fim, elas se cansaram de perturbá-la e saíram. Natsu saiu correndo e virou a esquina, Momiji ficou preocupado e a seguiu, encontrando a loira agachada em um beco escuro, abraçando os joelhos com as mãos, se aproximou e sentou ao seu lado.

"-Você tá bem?".

"-Ah... Oi, Momi... Não muito... Acho que você viu a cena ali atrás... É assim todo dia..." – respondeu erguendo a cabeça e enxugando as lágrimas com as costas da mão e olhando para o loirinho, estava branca feito cera, tanto que até ele percebeu.

"-Natsu, você tá muito branca... E tá queimando de febre!" – colocando a pequena mão na testa dela. Natsu tossiu, uma tosse seca e forte – "Você não tá bem mesmo! É melhor chamar um médico!".

"-Ah... Não precisa... eu vou ficar bem... Além do mais você também precisa ir pra escola, não pode perder seu tempo aqui..." – sussurrou praticamente, sua força estava se esvaindo como se tivesse aberto uma torneira e ela escorria rapidamente – "Vá que eu irei ficar bem..." – de repente tudo foi escurecendo, Momiji saiu de foco e sentiu o chão frio sob sua nuca.

"Ai meu Deus! Preciso chamar socorro! Eu vou ligar pro Harry! Será que você vai melhorar?" – pegando o celular de dentro da bolsa, olhando desesperado para o corpo inerte da loira.

OOooOOooOOooOOooOOooOOooOO

Oi zente!

Sei que eu to sumida, mas agora que eu troquei meu monitor, poderei escrever os capítulos atrasados e responder aqueles montes de reviews que estão lá...

Hoje (15 de novembro de 2005), estava eu trancada em meu quarto, segurando meu leãozinho de pelúcia e olhando distraidamente para meu mini system, quando me veio na cabeça essa história, acho que é porque eu tinha acabado de ler o Furuba 5; pra variar eu chorei, fico muito sentimental quando fala da história do Hatori, eu realmente quero que ele fique feliz com alguém no final (De preferência a Kana... mas já que não pode...), então me veio na cabeça essa personagem, sem imaginação para um nome melhor eu coloquei esse mesmo, eu gostei dessa história, pois ainda virão

muitos segredos á tona...(Tá bom... nem tantos assim¬¬)

Criatividade hoje: 0,0001.

Sentimentalismo no último essa semana... Eu lhes aconselho nunca assistirem o programa do Gasparetto quando o assunto diz respeito ao modo seu de agir para com as pessoas¬¬

Um dos pedidos finais (Sim, UM dos) é pra vcs não confundirem as fics da TaiNatsu e Pime-chan histéricas e malucas do Lilo Inútil Return com nossos trabalhos individuais... Geralmente eu sou romântica ao excesso e sensível e a Pime é meio dark... ela adora uma coisa Angst...

Agora o último: Deixem reviews para deixarem uma autora feliz! Sim, muitas reviews fazem os dedinhos no teclado trabalharem mais rápido!

Bom, quem ainda não viu, eu gosto de ter amigos pelo msn, portanto se quiserem uma amiga nova, me adicionem á vontade, nem precisa pedir viu!-

Muito obrigada por terem lido até aqui, bjinhus na pontinha do nariz e até o próximo cap ou fic!

Sayonara!