Hey, minna.
Nota da autora: Eu queria deixar claro, que essa fic não é satânica. Fiz essa fic inspirada na música do Black Sabbath, N.I.B. eu quis fazer algo diferente. Enfim, deixem um review falando o que acharam, ou dando uma opinião ou crítica. Espero que gostem.
"Some people say my love cannot be true
Please believe me, my love, and I'll show you
I will give you those things you thought unreal
The sun, the moon, the stars; all bear my seal"
N.I.B - Black Sabbath
.x.
Nunca se apaixone por um demônio. Nunca se apaixone por uma criatura das trevas.
Nunca olhe nos olhos dele.
Nunca pense nele.
Nunca toque nele.
Nunca se apaixone por um demônio.
Um fato um tanto incontestável. Criaturas das trevas não se apaixonam, anjos não se apaixonam. Muito menos, por humanos. Que são criaturas tão frágeis, tão quebráveis. Para tudo há um equilíbrio. E para demônios e anjos não é diferente.
Há muito o inferno já não era governado por Lúcifer. Na batalha dos 1000 anos, o general do inferno, Itachi, havia tomado o poder enquanto os anjos invadiram o inferno. Fora uma batalha que a Terra jamais presenciara. Muitos anjos e demônios morreram. O inferno perdeu, mas ganhou um novo governante.
No inferno, as coisas mudaram. Itachi era um ser extremamente perfeccionista, não admitindo erros e punindo quem os cometesse.
Igual aos anjos todos os demônios tinham asas, negras, é claro. Mas eram tão belas quanto as de um anjo de luz. O inferno tinha o céu escarlate e sempre estava trovejando; nunca chegava a chuva. Uma terra quente e ao mesmo tempo fria como a morte. O cheiro do mal estava impregnado em qualquer lugar.
Para tudo havia uma hierarquia. Por último, vinham os cães do inferno. Cachorros enormes, musculosos de dentes afiados, prontos para destroçar qualquer coisa que vissem pela frente. Tinham chamas nos olhos e os dentes tão afiados que cortariam a chuva ao meio.
Antes, vinham os demônios inferiores. Criaturas pequeninas e rápidas que faziam parte do exército maldito. Às vezes eles não tinham uma batalha por séculos, então, saiam pelo inferno a procura de almas perdidas para atormentar. Acreditem, eles achavam várias.
Depois os demônios medianos que comandavam os demônios inferiores. Com a aparência semelhante aos humanos, possuíam enormes asas negras e tinham poderes imensos.
Depois, os generais, que comandavam o exército. Na aparência, eram iguais aos demônios medianos, mas seu poder era o dobro, por vezes o triplo o de um demônio normal.
E em primeiro lugar, o Demônio mais poderoso, que antes era Lúcifer, agora, Itachi. Todos o respeitavam. Sua aparência, bem, além de ser o mal encarnado, era também a beleza. Longos cabelos negros. Olhos vermelhos. Pele alva. Um charme incontestável e o maior par de asas negras por todo o inferno.
Itachi não achava graça em atormentar humanos. Desde que assumira o trono, atormentava anjos. Muito mais divertido. Isso porque anjos podem revidar. E essa não era a diversão? Todo o perigo. Não que tivesse pena dos humanos, na verdade, todas as besteiras que faziam, faziam por si mesmos e nenhuma criatura das trevas precisava interferir.
Porém, estava entediado. Há longos 500 anos, não conseguia mais divertimentos. O trono no inferno já não era grandes coisas e para que todo aquele poder se não podia usar? Ficava por vezes dias naquele trono olhando para o nada, às vezes se divertia olhando algum humano fazendo maldade por si mesmo e depois diziam "O diabo está na sua vida." Itachi, na verdade ria, o diabo não tinha nada a ver com isso, alguns humanos podem ser tão ruins quanto um demônio.
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Iria chegar mais uma vez atrasada na aula. Corria enquanto tentava, ao mesmo tempo, arrumar o nó da gravata do uniforme.
Hyuuga Hinata morava a duas horas da escola. Morava sozinha, pois os pais haviam morrido em um acidente há cinco anos. Tinha apenas a eles, e não queria ir para um orfanato, portanto, mudara-se e decidiu se virar sozinha.
O que não fora nada fácil no inicio. Alugara um pequenino apartamento no extremo leste de Tóquio. Um lugar que só tinha três cômodos. Um pequeno quarto, uma sala minúscula e uma mini cozinha. O lugar estava tão sujo que Hinata demorou uma semana para deixá-lo apresentável. Depois disso, preocupou-se em arranjar um emprego. Aos 12 anos de idade, não se poderia fazer nada. Mas conseguira trabalhar como babá na casa de um homem que era pai solteiro. O homem era milionário e Hinata sempre aparentara ser mais velha e o homem achara que ela tinha 16 anos. Recebia o suficiente para se manter. Depois, tratou de se matricular na escola. Claro que teve que falsificar a assinatura dos pais, mas a mentira era por uma boa causa.
Nesse período nunca fizera amigos. Não queria que ninguém soubesse a vida que ela levava, não porque tinha vergonha, mas porque não queria ir ao orfanato. Relaxara apenas ao completar 17 e só de saber que só faltava um ano para aquela vida acabar... Era tão bom.
Hinata era o que se pode chamar de anjo de tão linda. Não era alta nem baixa. Seu cabelo era preto azulado e longo. Seus olhos eram da cor de chuva e sua pele era tão branca como Tóquio no inverno. Um corpo cheio de curvas insinuantes e sensuais, mas o qual Hinata nunca usou para conseguir se manter. Apesar do rosto angelical, era forte e determinada. Vivia sozinha e não tinha amigos, não era revoltada ou anti-social. Aos que a cumprimentavam, ela sorria de volta, aos que davam bom-dia, ela retribuía.
Corria para a escola já que chegara tarde em casa. Trabalhar depois da aula podia ser bem cansativo. Bem cansativo não, podia ser mortificante. Trabalhava agora como garçonete. E o restaurante que trabalhava era tão lotado de gente que não se tinha tempo nem para respirar. Na noite passada, seu chefe precisara dela, pois o movimento estava muito intenso e só foi acabar na madrugada. Isso porque a Hyuuga estudava no período da manhã. Sem tirar quando tinha algum dever de casa, que a garota fazia no ônibus.
Se demorasse um segundo a mais, iria ficar para fora. Se ficasse para fora, perderia a prova de matemática e se perdesse aquela prova, reprovaria. Ofegante, subiu rumo a sua sala. Sentava sempre na última carteira e não falava com ninguém. Às vezes alguém puxava assunto, mas a verdade era que ninguém era amigo de Hinata. Construira uma profunda barreira emocional entre ela e os outros que dificilmente seria quebrada. A bela Hinata havia visto seu coração se quebrar ao perder os pais. Sozinha aprendera tudo que precisava saber sobre o mundo e quando não aprendera por bem, aprendera por mal.
Sentou-se no fundo abriu seu caderno de física. Odiava aquela matéria, por isso aquela era a matéria que mais se dedicava. Sempre prestava atenção na aula. Não queria distrações, pois queria mudar de vida. Olhou em volta da sala. Todos rindo e brincando enquanto o professor explicava a matéria. Todos brincavam porque ninguém ali precisava lutar realmente para sobreviver. Era fácil assim, mas para ela, tudo era tão mais difícil.
O sinal do intervalo havia batido. A prova tinha terminado e dessa vez ela havia conseguido. A M É M. Também, não era novidade, já que estudara para aquela prova. Seria até surpresa ir mal.
Se dependesse dela, ficaria na sala mesmo, não tinha nada de interessante no intervalo. Ok, tinha para aqueles que tinham suas rodinhas, mas ela? Pfff... Ela ficava quieta em um canto. Às vezes ouvia alguém cochichando quando ela passava. Sabia de todos os boatos que corriam sobre ela. Diziam que ela era filha do diabo, que assassinara os pais, que era uma criminosa, filha de um mafioso, que era protegida do governo. Faltava apenas dizer que era uma alienígena. Mas sinceramente? Não ligava porque se todos seus problemas se resumissem em meros boatos, ela estaria agora com um óculos de sol olhando para o sol, para ver se pegava um bronzeado.
Desceu as escadas sem vontade alguma. Olhava apenas para seus pés; não estava com vontade alguma de encarar o rosto dos outros. A escola era enorme, então, se esconder era algo que, definitivamente dava para fazer.
Era uma escola que não continha um prédio apenas, mas vários. Ficava em uma área enorme e atrás, havia um pequeno jardim, com uma enorme flor de cerejeira. Hinata amava ir até lá, para descansar, ficar em paz. Andava devagar até seu esconderijo. O dia estava lindo, o céu azul intenso. Nenhuma nuvem. Ela adorava a primavera. Adorava as flores, o canto dos pássaros e principalmente as Sakuras que floresciam lindamente. Ao chegar até a grande Sakura, sorriu e sentou no chão. A grama era macia e ela sentia que poderia permanecer naquele lugar para todo o sempre.
Encostou a cabeça na árvore e fechou os olhos. Sentiu-se estranha e abriu os olhos, olhou para o lado, não viu ninguém, olhou para o outro e tomou um susto. Há poucos metros dela, estava um homem. Não um homem qualquer. E ela não soube dizer o que sentiu. Uma espécie de pavor e uma espécie de encantamento; sentimentos distintos, mas que, naquele momento, cresciam abundantemente dentro dela. O homem estava todo de preto, sapatos pretos, a calça preta, uma blusa preta. Um sobretudo que ia até seus calcanhares e uma coleira no pescoço. Ele possuía a pele mais branca que ela já havia visto. E seus cabelos eram enormes e negros. Seus olhos eram tão negros quanto a noite, tão negros que a noite parecia até ensolarada. Ele olhava para o nada e a Hyuuga não conseguia mover um músculo com medo de chamar atenção do rapaz. Rapaz não, homem. Parecia ter mais de 20 anos, mas quem era ele? Nunca havia visto ele nas dependências do colégio.
Achou melhor ir embora dali. Estava com medo. Sempre se preocupara em ficar sozinha, e tratava a todos bem, mas ficar sozinha com homens a deixava desconcertada. Ainda mais alguém tão bonito quanto ele. Levantou-se bem devagar. Tomou todos os cuidados para não fazer um único barulho, mas quando foi pegar a bolsa, ela escapara de seus dedos e caiu no chão. Hinata fez uma careta e olhou para o nada. Sentiu um olhar sobre si, olhou em direção ao homem e lá estava ele, a encarando. Rapidamente, colocou a mochila nas costas e saiu andando apressadamente.
Quando olhou para trás, no entanto, não vira mais ninguém ali.
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- Então, senhor, qual será o próximo passo? – disse o demônio fazendo uma reverencia à criatura sentada no trono.
- Não terá passos. O inferno não tem divertimento nenhum para mim. – a criatura levantou-se e soltou um suspiro. – A Terra parece ser divertida. – um sorriso de canto apareceu em seus lábios.
Itachi visitou cada canto da Terra naquele dia e o Japão pareceu ser muito mais interessante. O caos das cidades, o modo como a cidade brilhava. Sentiu-se... Bem, é até irônico dizer que um demônio sentira-se em paz, mas fora o que sentira. A verdade é que as pessoas têm uma idéia errada do que é inferno, do que são os demônios. A verdade era que sua existência era tão necessária quanto o Paraíso. Essa era a verdade. Por isso Itachi não tinha medo ao ver um anjo de luz. Porque ele sabia que as criaturas de luz necessitavam das criaturas das trevas.
Fora para terra porque o movimento das pessoas, o caos das cidades grandes e até o jeito parado das cidades interioranas era atraente. E interessou-se pelas escolas, particularmente. Estava cogitando a idéia de passar umas férias no mundo dos humanos. Seria interessante, ah se seria. Não se importava de deixar o inferno sozinho, porque cá entre nós, ninguém era tão louco quanto ele de tomar aquela pocilga para si.
Estava perdido em seus pensamentos quando um demônio mediano apareceu e anunciou que um dos generais estava ali para vê-lo. Uma chatice, na verdade. Essa era a parte chata do inferno. Os generais. Eles sempre procuravam Itachi para dar a idéia de uma nova guerra. De como seria, de quem eles atacariam. A resposta de Itachi era sempre a mesma: não era hora para uma guerra.
Não era mesmo, não era, pois uma guerra implicava em vários fatores. Estar sempre em guarda, ouvir aqueles berros chatos dos anjos e dos soldados do inferno, estar sempre presente na hora da batalha. Por isso tomou o inferno. Lúcifer era um ser que adorava guerras e sendo um general, Itachi estava presente em todas que aconteciam. Assim que assumiu aquele lugar, cessou as guerras. Sabia que os demônios odiavam aquela calma toda, mas ele não estava nem ligando.
Pediu que deixassem o tal general entrar. O inferno tinha tantos que ele não sabia o nome de todos, mas daquele ele sabia. Kisame. Um ser que adorava uma carnificina. Sabia que Kisame o odiava, pois se dependesse dele, a Terra seria um inferno, literalmente.
- Itachi, já basta! – demônio entrou bruscamente na sala do trono.
- Parece que se esqueceu com quem está falando. – Itachi olhava o ser em sua frente com o mesmo olhar desafiador que este mandava para si. Não tinha medo das revoltas dos generais. O inferno era dele e lá ele fazia o que bem entendesse.
- Não agüentamos mais essa maldita paz neste maldito lugar. Os demônios querem lutar. Eu quero lutar. Não fui feito para ficar observando o céu. – seu tom de voz deixava claro que ele estava queimando de ódio e Itachi sabia o que ele pensava "Eu seria melhor governante que ele". – Precisamos de ação.
Itachi suspirou pesadamente. Estava entediado. Guerras já não o divertiam mais e sinceramente, não estava afim nem de discutir com Kisame. A idéia de passar uns tempos na Terra ficava cada vez mais forte em sua mente. Olhou ao seu redor e todos esperavam sua resposta. Sabia que de todo o inferno ele era o único que se enchera das guerras e não se podia mudar a cabeça daquelas criaturas.
- Pois bem, façam o que quiser. – ele pode ver a satisfação no olhar do ser com cara de peixe. – Mas com uma condição, não toquem na Terra. Ausentarei-me por alguns tempos. Eu não me importo com o que fizerem desde que a Terra não seja metida no meio. – Itachi percebeu os olhos de todos na sala se arregalarem. – O que foi? Apenas não estou com saco para batalhas. Vou me ausentar por uns tempos, vocês fazem a maldita batalha de vocês... Se eu ficar, não tem batalha.
- Que isso, meu senhor, pode ir. A Terra pode ser bem divertida. – ouviu alguém dizer.
Sabia que aquilo era só interesse. Todos, na verdade, queriam ele bem longe dali, para que todos pudessem fazer o que quisessem. Ele não estava ligando, ao sair do inferno, qualquer batalha já não era de sua responsabilidade. Viu a empolgação de todos ali presente. Notou o sorriso diabólico no rosto de Kisame. Na verdade, o que ele mais adorava era importunar anjos. Faziam 500 anos desde a ultima batalha. Seria interessante...
Se dependesse de todos, Itachi já não existiria mais, em seu lugar, estaria Kisame. Mas apesar de tudo, o rei do inferno era o mais forte e nem que todos juntassem suas forças, conseguiriam derrotá-lo. Sabiam também que em uma guerra entre Itachi e o Inferno, os anjos estariam do lado dele, pois com ele, há muito não havia uma guerra, há muito o inferno já não interferia na vida dos humanos. Itachi estava com a vantagem, todos sabiam disso e para o azar do outros, o próprio Itachi sabia também.
Por todo o inferno, os demônios estavam todos excitados com a idéia de luta. Todos se preparavam, e, por mais que não admitissem, todos também estavam com medo. Pois o triunfo realmente era Itachi, ou qualquer um que estivesse no comando e ele não estaria mais lá. Não estaria lá e todos esperavam que os anjos não soubessem disso...
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Hinata olhava para o céu que estava cheio de nuvens carregadas. Iria chover. Não gostava da chuva, pois lembrava o dia do acidente de seus pais. Aquele temporal. O vidro embaçado. A visibilidade zero. O caminhão na contramão. Tudo lembrava seus pais, portanto, a chuva era o que mais odiava. Soltou um suspiro e voltou sua atenção para o salão. O lugar começava a ficar lotado. Era uma sexta-feira. Odiava sextas também, mas isso era porque o restaurante ficava lotado e ela trabalhava feito uma escrava.
- Hinata! – ouviu o patrão chamar. Suspirou. Ao trabalho.
Não era má vontade, longe disso. Trabalhava com gosto, pois aquele era seu sustento. Nada mais justo que trabalhar e fazer bem feito seu trabalho para ganhar seu dinheiro. Mas era exaustivo. Fazia curso também, e conciliar a vida escolar com a vida de adulta, era complicado. Ela, porém, dava um jeito.
Hinata não era o que se podia chamar de muito espirituosa. Acreditava que havia um lugar melhor para onde as pessoas iam, pois queria que seus pais estivessem lá. Acreditava em Deus, porque era a ele que ela recorria nas horas complicadas. Mas não era mais a garotinha esperançosa que fora um dia.
Hiroki, seu patrão mandou-a ir atender uma mesa cheia de rapazes bem barulhentos. Vamos ver se a beleza aqui cala a boca desses malditos, deu uma risada e foi embora. Essa era outra coisa que a garota odiava: quando era usada para calar algum cliente ou chamar sua atenção. Era muito tímida na frente de rapazes e nessas horas ficava muito sem jeito. Caminhou até a mesa e no caminho soltou um suspiro pesado. Limpou a garganta e logo todas as atenções da mesa estavam centradas nela. Hinata olhou para todos.
- O que vai ser? – sua voz era um pouco baixa e ela lutava para não gaguejar.
- Imagino como você é sem roupa... – o rapaz de cabeça raspada disse com um ar pensativo.
- Não vamos deixar a garota constrangida... – o outro soltou uma risada alta e a encarou – Bom eu vou pedir... – ele olhou no cardápio e depois sua atenção se voltou para a morena. – Seu telefone, se você aceita algo em grupo... – todos caíram na gargalhada mais uma vez. – Uma cerveja, por favor.
Todos, em uníssono falaram "o mesmo para mim". Ela anotou em seu bloco de notas e se retirou. A vontade que tinha era de arrancar os olhos de cada um ali. Tinha ódio desses fregueses que não tinham o mínimo de decência. Mas mais uma vez deveria ficar calada se quisesse manter o emprego. Gritou para a cozinha o pedido e foi levar o pedido em mais uma mesa. Ao olhar para a porta assustou-se de tal maneira, que a bandeja caiu no chão. Todos olharam para ela, mas ela não se importou.
O homem que ela vira na escola estava lá, mais uma vez, com os mesmos trajes de antes. Será que ela estaria vendo coisas? Ou alguma assombração estava a assombrando? Balançou a cabeça tentando dispersar aqueles pensamentos e se concentrou em limpar aquela sujeira. Voltou sua atenção para a porta na esperança daquele homem ter ido embora, mas ele estava lá, dessa vez não tinha desaparecido e a encarava de um jeito intimidante.
Viu-o caminhar e se sentar numa mesa afastada. Mesmo de longe, sentia ainda sim seu olhar sobre si e assim fora a noite inteira. Ele saiu apenas quando outro garçom anunciara que iriam fechar. E isso deixara a Hyuuga curiosa, queria saber por que aquele homem estava ali. Por que ele de repente desaparecera naquele dia. Queria saber tudo. Olhar nos olhos dele era como olhar para o céu à noite e se perguntar o que havia acima daquele céu.
Assim Hinata fora para casa naquela noite. Com a sensação de estar sendo observada. De estar sendo seguida. Mas aquela sensação não era ruim. Pois se sentia segura assim. Se visse aquele homem de novo, definitivamente perguntaria quem era. Que curiosidade, meu deus.
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Mais uma vez corria para a escola. Os cadarços estavam desamarrados e o cabelo estava despenteado. Acordara na hora, mas acabara perdendo a noção na hora e perdera o ônibus. Todo o dia era assim e tinha que correr, pois uma vez que o portão fechasse, não tinha quem conseguisse entrar. Era uma escola rígida e não podia trabalhar o que implicava em Hinata não poder contar sua situação ao diretor.
E mais uma vez conseguira entrar. Um minuto depois o portão fechou. Caminhou apressadamente até sua sala. Não havia mais ninguém no corredor, o que indicava que as aulas haviam começado. Sua primeira aula era de Física. O professor fazia com que Hitler fosse agradável e com certeza ele não deixaria a garota entrar. Parou em frente a sala, e ouviu barulho, conversas e risadas. Isso significava que ele não estava lá. Entraria rapidamente, e ninguém notaria.
A Hyuuga adentrou a sala e lá havia apenas os alunos. Todos estavam comemorando. Ela apenas não sabia o motivo. Ouviu alguém gritar que o professor tinha se demitido e um novo professor iria entrar. Percebeu que algumas garotas rezavam para que ele fosse bonzinho e bonito. E os meninos para que fosse loira e gostosa. Ela apenas queria que não fosse tão ruim quanto o outro se seria uma mulher ou um homem bonito... Aí já não importava.
Ouviu alguém gritar que o diretor estava vindo e caminhou apressadamente para o seu lugar. Arrumou rapidamente o cabelo e amarrou os cadarços de qualquer jeito. O diretor era um homem rígido. Um velho rabugento e mal amado que percebia até um fio de cabelo fora do lugar a um quilometro de distancia.
A maçaneta da porta girou e o velho entrou na sala. Usava uma bengala e era corcunda. Era também cego de um olho e parecia mal enxergar com o outro. Mas aquela aparência enganava. Danzo era um ditador, para ser mais sincero e todos o temiam.
- Bom dia. – era uma voz um pouco baixa, mas a qual todos prestavam muita atenção. – Senhorita... – ele apontou a bengala para uma garota de curtos cabelos negros. – Por que sua carteira está torta e sua camisa está amarrotada?
- S-s-s-s-sint-to mu-muito, senhor diretor. – ela fez uma reverencia com a cabeça.
- Arrume a carteira e vá até a diretoria. Peça para alguém providenciar uma camisa decente para você. Que isso não se repita.
A menina arrumou rapidamente a carteira. Nunca se vira uma carteira tão direita. Podiam-se notar suas mãos tremulas e seu medo. Todos ali estavam com medo. Principalmente Hinata que sentia seu uniforme tão amassado. Danzo, porém, não dirigiu seu olhar até ela, apenas ergueu o queixo e encarou a todos ali.
- Parece que o professor Hakudoushi se demitiu esta manhã. Lamentável... – todos se seguravam para não berrar de alegria. O homem era terrível. – Claro que já providenciamos um professor a altura, pois acredito que odiariam ficar sem aulas de Física. – Danzo sorriu malicioso. Parecia adorar ver os alunos sofrerem. – Professor Uchiha.
O homem adentrou o local e hipnotizou a todos. Todos, sem exceção estavam fascinados por sua beleza, sua elegância, seu charme. E até Hinata, que já tinha o visto antes, ficou surpresa. Continuava usando roupas pretas. Essas, porém eram elegantes. Um suéter preto e um jeans preto e um sapato da mesma cor. Os cabelos longos estavam presos num baixo rabo-de-cavalo e seu olhar... Era fascinante, apenas isso.
- Prazer. – não fez reverencia como era costume fazer. E sua voz era tão bonita, que lembrava uma melodia.
Danzo despediu-se e saiu do local, deixando Itachi sozinho com os alunos. Hinata estava surpresa. Esse homem era igual ao que ela vira no jardim da escola e no restaurante, a diferença eram apenas as roupas. Mesmo que fossem gêmeos, não poderiam ser tão parecidos. Até os movimentos eram iguais, graciosamente iguais.
As meninas, é claro, suspiravam. Até alguns meninos pareciam atraídos. Hinata não estava hipnotizada como antes, estava mais assustada. E tinha que se controlar para não ir até ele e perguntar o que ele estava fazendo ali. Seu nome era Itachi, era isso que sabia. Como num livro que lera uma vez, do general que tomara o poder de Lúcifer. Riu, consigo mesma, como uma criatura graciosa daquela podia ser um demônio general do inferno?
Parecia ser impossível...
Ele explicava, de uma forma que todos prestavam atenção. Não se ouviam cochichos na sala. Todos prestavam atenção, como se estivessem sobre um feitiço. Itachi, porém, falava sempre olhando para Hinata, e esta tinha vergonha de levantar os olhos, pois estes se encontrariam com o par de ônix.
A aula passara voando e quando o sinal bateu, todos deram um suspiro de decepção, queriam que o professor ficasse mais, nem que ele não explicasse, nem que ele apenas ficasse parado ali na frente.
Hinata era a pessoa que mais desejava aquilo.
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A criatura sobrevoava a cidade. Tinha as asas enormes e brancas. O cabelo era loiro e os olhos tão azuis como o céu naquele dia. Continuou sobrevoando sobre Tóquio por alguns minutos a mais e pousou sobre um prédio alto. Ele olhava para baixo com um enorme sorriso no rosto. Usava uma calça preta e uma túnica laranja. Há muito os anjos já não usavam mais brancos e ele também não gostava. Assim, suas asas se destacavam, e elas eram seu maior orgulho.
Naruto era o anjo guardião de Tóquio. Não era sério, não era muito cuidadoso. Mas era forte e amava o que fazia. Tóquio para ele era maravilhosa, principalmente de noite, quando ficava iluminada, quando parecia um paraíso. Para ele, ela era seu bem mais precioso. Aprendera a amar aquela cidade, o barulho, as luzes, as diferentes pessoas que andavam por aí todos os dias. E se Tóquio fosse quieta, aí não seria Tóquio.
Avistou de longe uma outra criatura de asas brancas. Deveria ser sua parceira. Ele abriu um longo sorriso e gritou.
- Sakura-chan! – Naruto berrou e acenou. Observou sua parceira voar em sua direção e continuou a chamar seu nome. Parecia nervosa e ele continuava a gritar chamando por seu nome.
Logo ela se irritara de vez e dera um cascudo no anjo loiro que o fez ficar tonto e cair para trás. Logo ele recuperou a altitude e passando a mão sobre a cabeça, tornou a falar.
- Por que fez isso, Sakura-chan? – Naruto não falava, berrava e podia ser bem irritante às vezes.
Sakura possuía cabelos em tons de rosa que passavam das costas. Lisos e enrolado nas pontas. Os olhos eram verdes e grandes. A pele era alva e possuía um par de asas um pouco menor que o de Naruto. Usava um vestido preto com detalhes rosas e uma tiara preta no cabelo. Estavam sempre juntos, ela e Naruto, porém, sempre estavam brigando. Ou melhor, ela sempre estava batendo nele.
Juntos guardavam Tóquio, Sakura preferia mil vezes ficar no céu e cuidar das coisas por lá, mas não se discutiam com os generais, principalmente com Kakashi, que era idiota, convenhamos, mas que podia ser bem severo de vez em quando.
Os anjos se dividiam em duplas e cada dupla cuidava de uma cidade, por menor que seja. Não eram muitos que ficavam no céu. Lá ficavam os anjos mais fortes. Apenas nas grandes cidades que anjos fortes eram precisos, pois as coisas tendem a ser mais complicadas.
Há pouco tempo apenas Sakura fora mandada para ajudar Naruto, pois o parceiro dele, Sai, tornara-se general de uma das legiões. Os céus tinham milhares de legiões de anjos. Uma legião equivalia a dez mil anjos. E Deus, não era visto por ninguém a não ser os Primogênitos. A verdade era que até alguns anjos já não acreditavam mais em Deus, protegiam sim a Terra, e sempre protegeriam.
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Por onde quer que se fosse, ouviam-se comentários do lindo professor de Física. Até as faxineiras, as cozinheiras, as secretárias... E alguns homens também, comentavam do novo professor. Não só por sua estonteante beleza, mas por ser gracioso, por ser charmoso. Por ser hipnotizante, pois seu jeito cativava a qualquer um.
Na hora do intervalo, todos foram para seus lugares de sempre e com Hinata não foi diferente. Caminhou até a grande Sakura e tirou seu sanduíche da bolsa. Não estava com fome, mas comia, pois logo após a escola teria que ir ao trabalho e se não comesse, era provável que desmaiasse. Deu uma mordida no sanduíche e passou a observar o céu. De uma hora para outra, ele havia ficado escuro. Provavelmente choveria. Uma angustia cresceu dentro dela. Ouviu um barulho, mas daquela vez não se assustara, na verdade. Aquele homem estava por toda parte, então já não se surpreendia mais. E lá estava ele. Com uma mão no bolso, e a outra fechada, e segurando, entre dois dedos, um cigarro. Ele tragava enquanto olhava para o céu, sua expressão, no entanto, era tranqüila. Ele parecia gostar da chuva.
Hinata queria perguntar, queria muito mesmo. Estava tão curiosa que sentia a língua coçar para perguntar quem era ele e por que estava no restaurante naquele dia. Por que o nome dele era um nome de um demônio de um livro medieval e por que alguém lindo e belo quanto ele, fora parar numa escola pública.
Respirou fundo, teria que perguntar, caso contrário, não ficaria em paz. Arrepender-se-ia no outro dia e quem sabe se ele iria mesmo aparecer ali no outro dia.
- P-professor? – sua voz era hesitante, era baixa e um pouco tremula...
Ele olhou para ela. Hinata teria que se acostumar com aquele olhar penetrante, dava a impressão de que ele desvendava todo o seu passado, presente e futuro quando a olhava daquela maneira.
- Sim.
- Era o senhor ontem no restaurante e aquele dia na escola...? – a voz da Hyuuga se tornava mais hesitante a cada palavra. Não sabia por que estava daquele jeito. Nas outras vezes, ele parecia mais um anjo negro. Agora, mesmo com aquele olhar, parecia mais humano, mas das outras vezes...
- Era. – ele voltou a tragar o cigarro e a olhar para o céu. – Vai chover... – ele tragou mais uma vez, jogou o cigarro no chão e o amassou com o pé. – Você odeia chuva, não é?
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O inferno estava um reboliço. Todos estavam ansiosos, há 500 anos não havia uma guerra e todos estavam loucos para ver sangue. Além do mais, o rei das trevas havia abandonado o inferno para tirar umas férias na terra. Todos estavam curiosos e espantados, e a pessoa que mais ficara curiosa era Madara um dos anciões – que não tinha nada de ancião na aparência. Madara ficara curioso o que Itachi fora fazer ali e por que ele não deixara a liderança provisória com ele?
Ele era um dos anjos que vieram com Lúcifer na época em que Deus os expulsara do paraíso e um dos mais fortes também. Uma pena que o pequeno Itachi o superara, ainda sim, com Itachi fora, Madara poderia pegar o inferno para si. E começaria aquele golpe, provocando uma rebelião. Não seria nada difícil, digamos que os ideais de Itachi não combinavam com os das criaturas das trevas.
Ele sorriu malicioso enquanto, da sacada de sua torre, observava todos os demônios empolgados, indo de um lado para o outro. Sabia que, na verdade, não precisaria fazer muitas coisas, aquelas criaturas perderiam o controle e iria para cima da Terra, deixariam Itachi furioso e ele estaria contra o inferno. Simples, pois sabia que aquelas criaturas, numa guerra, não eram lá muito racionais. Bem como dizia o ditado: em terra de cego, quem tem um olho é rei. Madara se sentia o rei naquele momento, tendo a inteligência...
continua...
Espero que tenham gostado. Lembrem-se, deixem um review.
