Capítulo 1: Da Declaração
- Ok. Foi patético...
Ele estava parado na minha frente, suas mãos claramente tremendo e pingando de suor. Contorcia a barra de sua camiseta como se sua vida estivesse na linha.
- Colin? – Eu falei tentando acabar logo com isso.
Uma pausa desconfortável.
O peito dele subia e descia rapidamente. Suas sobrancelhas estavam franzidas, suas bochechas coradas e os seus olhos intensamente fixos em mim, sem desviar em nenhum momento.
- Gina, eu gosto de você. – Colin falou, com a voz rouca e baixa, mas, por incrível que pareça, segura, sem gaguejar.
Não precisei pensar duas vezes para responder, estamos falando de Colin Creevey afinal!
É claro que ele não é feio, mas também está longe de ser bonito. Não é que eu só saia com meninos populares, claro que não. Mas acho que qualquer um sabe que Colin é o extremo oposto disso. Se existe alguma probabilidade de algo dar errado, por mais remota que seja, para Colin ela simplesmente sempre dará. Ele é, obviamente, o garoto mais azarado e mais deploravelmente atrapalhado de Hogwarts. Sem falar na obsessão que ele tem por Harry! Definitivamente nenhuma garota em santa consciência iria querer sair com ele.
-Por que a gente não começa sendo amigos?
Não! Estúpida, estúpida!
Essa não podia ser eu falando.
Devia ter dito que não gostava dele, que estava muito bem, obrigada, sozinha, que nunca, em toda a minha vida, passou pela minha cabeça a possibilidade de namorar ele. Enfim, poderia ter falado qualquer coisa que deixasse claro que: Não, eu não quero namorar Colin Creevey.
Mas o que eu fui dizer? Por que falei que deviríamos começar sendo amigos se eu sabia muito bem que não tinha nem uma chancezinha de nós dois terminarmos como namorados? Por que? POR QUE?
A verdade é que a culpa foi do par de olhos que estavam tão desesperadamente fixos em mim. Eles me olhavam claramente, como se não houvesse nada além de mim no mundo que importasse. Meu corpo reagiu àquele olhar e ficou quente, meu coração bateu mais rápido e eu tive a certeza de que nunca ninguém foi tão honesto quando disse que me amava.
É. Foi por isso...
Eu soltei um longo suspiro enquanto lembrava daquele dia.
- E agora ele fica me perseguindo por todos os lugares! Eu não suporto mais isso, Lizy! – Falei enquanto nos dirigíamos para a mesa da Grifinória no horário do almoço.
- Gina, quem mandou você não dizer logo que não ia sair com ele nem se ele fosse o único garoto da Terra? – Ela me respondeu encolhendo os ombros enquanto Colin fazia acenos exagerados para que fossemos sentar perto dele.
- Pois é, acho que é isso que a gente ganha por ser educada. – Eu disse me sentando rapidamente em qualquer lugar, tentando fingir que não via, nem ouvia Colin gritar o meu nome.
- Mas não pode ser tão ruim... – Ela começou, mas eu a cortei rapidamente.
-Pode, pode sim! É horrível, péssimo, insuportável! – Estourei enquanto olhava pelo canto dos olhos para o garoto que em seus gestos espalhafatosos acabou, idiotamente, derramando uma jarra de suco de abóboras em todos que estavam sentados perto dele. - Ele fica grudado em mim! Reclama das roupas que eu uso, reclama que não respondo as corujas que ele me manda (ele me manda uma coruja até antes de ir dormir só para dizer durma com os anjos, meu amor!), quer saber onde eu estou, com quem e o que estou fazendo, mesmo se estou no banheiro! Não-aguento-mais! Isso tem que acabar ou vou ficar louca, doida de pedra!
- Ok, ok. Não está mais aqui quem falou. - ela disse levando as mãos para o ar em sinal de rendição. – Por que você não tenta arrumar um namorado, então? Aposto que assim você tira o Colin do seu pé.
-Há, há. – Ri cinicamente. - Você fala como se fosse fácil arrumar um namorado.
- Ah, Gina. Vai dizer que você não notou que o Dino anda meio que te olhando durante as refeições.
- O que? O Dino? Você não pode estar falando sério, né?
-Uhum, olha lá. – Ela disse fazendo um sinal com a cabeça para o outro lado da mesa onde Dino Thomas estava claramente me olhando.
- Hmm, mas ele não deu nenhum sinal de que iria me convidar para o baile...
-Ah, Gina! Ele é meio tímido mesmo! Mas aposto o que você quiser como ele aceitava se você o convidasse...
- Convidasse quem? – Não precisei virar para saber quem era.
-Ninguém, Colin... – Falei entre os dentes cerrados.
- Oh, que bom! – Ele disse sentando do meu lado. – Não ia agüentar ver você com outro no baile.
- Não vejo por que se nós somos só a-mi-gos!
-É claro! Nós somos só amigos. - Colin falou enquanto encolhia os ombros.
Revirei os olhos.
- Co-Com quem você estava ontem? Você não respondeu a minha coruja, eu não sabia o que podia ter acontecido, fiquei tão preocupado! Agora que você-sabe-quem-voltou...
- Colin! Eu saí com o Dino, mas não vejo o que você tem a ver com isso.
- Eu não gosto do jeito que ele olha para você, aposto como ele quer alguma coisa. Esses garotos mais velhos, por que você é tão bonita!? – Colin fechava os punhos com força. - Você tem que tomar mais cuidado... Se eu pudesse te trancaria em uma torre bem alta...
Isso está passando dos limites! Definitivamente não é uma conversa normal de amigos...
- Colin, eu e você somos só amigos! A-mi-gos!- Eu falei bem devagar rezando para que ele entendesse. - Está me entendendo!?
-Eu sei, eu sei! E amigos devem cuidar uns dos outros, não?
- Acho que você não entendeu. Somos só amigos, ok? Com quem eu saio, o jeito que outros garotos me olham, isso tudo não tem nada, eu disse na-da, a ver com você!
- Entendi, mas você não pode me trair, okey?
Oh, meu bom e velhinho Merlin! Ajudai-me a ter paciência!
- Você não tem aula agora? – Falei desejando que ele sumisse naquele mesmo instante.
Colin se levantou tão rápido que a minha bolsa, que estava do lado dele, caiu espalhando todos os meus livros pelo salão.
- Desculpa, foi sem querer. – Ele disse enquanto me ajudava a colocar tudo de volta na bolsa.
- Ótimo! – Pensei em voz alta. Mas acrescentei um pouco culpada quando vi a cara de cachorro sofrido que ele fez. – Eu sei que foi sem querer.
Colin tirou a varinha das vestes e limpou a garganta.
- Não precisa! Realmente não precisa! – Eu disse desesperada, me colocando entre a varinha e o material derramado. Meu Deus ele quer matar o meu material!
- Mas eu acabei de aprender um feitiço que pode...
-Não, tudo bem! – Falei firme. – Vai para a sua aula ou a Grifinória vai perder pontos! Eu cuido disso sozinha!
Ele finalmente desistiu. Lançando-me um olhar magoado saiu de cabeça baixa do Salão Principal. Suspirei aliviada, nem Merlin saberia me dizer o que restaria dos meus livros se ele fizesse o feitiço. Deus sabe como já foi difícil para comprar esses... Imagina o que minha mãe diria se tivesse que comprar outros? Virei-me para Lizy.
- É por isso que eu digo, minha sorte com garotos é simplesmente ho-rrí-vel! – Falei enquanto apontava dramaticamente para os livros espalhados no chão.
- Ah, Gina, Não pode ser tão ruim assim! – Ela me disse aos risos e eu respondi com um olhar furioso.
Mas foi só quando entrei na Sala Comunal, depois do jantar, que reparei como as coisas ainda poderiam ficar piores.
- Dino, o que aconteceu com você?
Dino Thomas estava com um belo olho roxo, amuado em uma poltrona perto do fogo e quando me viu entrando veio voando em minha direção.
-Você está saindo com o Colin? – Ele me perguntou irritado.
-Não, não! Ele está doido, fica me seguindo... É insuportável e... - Dino balançou a cabeça me interrompendo.
- Eu não sei o que o Creevey tem na cabeça, mas eu não quero entrar nessa confusão. Me deixa fora dessa, Gina.
Fiquei parada com a boca aberta enquanto Dino saía pelo retrato da Mulher Gorda.
Dino bem que podia ter tentado me ajudar... Algo do tipo: "Quem esse garoto pensa que é. Fica tranqüila, eu vou te proteger dele!".
Pois é... Acho que esse tipo de coisa só acontece naquelas novelas trouxas.
Ok.
Isso tudo está passando de todos os limites imagináveis! Se o Colin fizer algo assim de novo eu vou matar ele!
Entrei espumando pelo dormitório feminino procurando por Lizy.
- Você não vai acreditar – Falei enquanto me jogava na cama – Colin bateu no Dino.
Ela ficou me olhando com o queixo caído.
- É, eu sei! Também não acreditaria se não tivesse visto!
- Merlin! – Ela finalmente conseguiu balbuciar.
- Quem ele pensa que é!? Isso passou de todos os limites! Eu nunca vou conseguir arrumar um namorado com ele por perto! – Um arrepio percorreu minha espinha. - E se eu ficar presa o resto da minha vida do lado de Colin Creevey!?!?
- A sua sorte com garotos é horrivelmente péssima. – Ela me disse com um bocejo.
- Eu sei. – Resmunguei enfezada.
Amanha Colin vai ter que me ouvir.
Okeey!
Fiquei com vontade de escrever uma fic sobre o Colin Creevey! Ha, ha, ha!
O que vocês acharam?
Já tenho o segundo capítulo pronto também, me avisem se vocês quiserem que eu coloque!!
Ah, tive a idéia para a fic com a música dos beatles she loves you! Recomendo para todos que nunca ouviram!
Beeijos!
