Concebida ouvindo Get low, de Flo rida e T-pain.
Festa Junina
Ela era mulher pra ninguém botar defeito. Olhos grandes, negros, pele morena, bronzeada no sol, cabelos castanhos, incrível.
E era minha namorada. Meus amigos me odiavam (alguns, mais amigos, apenas me invejavam), mas eu não estava feliz.
Era uma terça-feira, meu aniversário. Ela entrou no meu apartamento, expansiva como sempre:
-Alê,ela disse, vamos comemorar!
Sacudi a cabeça. Meu aniversário nunca foi uma data importante. Não para mim. Por que aquela deusa fazia tanta questão de me agradar? Outra coisa: odeio esse apelido!
-Levanta daí, vamos numa festa aqui perto, vem!
Aborrecido, fiz o que ela pedia. Fomos a tal festa.
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Ela rebolava e dançava enlouquecedoramente ao som de uma house music qualquer, os marmanjos babando ao redor e ela só tinha olhos pra mim.
-Vou ao banheiro, Alê. Acho que bebi demais.
-Te espero ali, naquela mesa.
Ela me beijou e saiu. Sentei, mas não por muito tempo. Um cabelo loiro me chamou a atenção.Eu sempre preferi as loiras. Agucei a visão, era um rapaz. Dançava sensualmente, seguindo o compasso da música.
Fiquei olhando, estranhamente hipnotizado por aquela criatura andrógina, sensual e angélica. Ele abriu os enormes olhos azuis, brilhavam como o neon da boate. Levantei-me num pulo, acompanhando-o na dança.
No início não nos tocamos, a dança cada vez mais sensual e eu já havia me esquecido da mulher belíssima que me trouxera ali. Meu mundo era aquele rapaz loiro, de olhos absurdamente azuis e pele branca de alabastro.
Descia e subia, eu o seguindo, fascinado.
Foi ele quem pegou na minha mão. Suspirou. Era tão... Lindo.
Minha mão escorregou pelo braço dele, até o enlaçar.
Começava uma música lenta,eu o abracei, dançamos juntos. Ele apoiou a cabeça no meu peito, completamente entregue. Parecia ter sido conduzido daquela maneira a vida toda.
Eu não queria sair dali, daquela aura mágica, tinha medo de lá fora me tocar que fazia uma bobagem, era a minha namorada que tinha que estar comigo, não um cara.
A boca rosada aproximou-se de minha orelha, um arrepio percorreu minha espinha:
-Cansei. Quero beber alguma coisa.
Protestei.
-Depois voltamos. Tou com sede – replicou, e eu não resisti mais. Sentamo-nos, pedimos as bebidas.
-Como você se chama? – Ele perguntou inseguro.
Não respondi de imediato. Pra quê estragar o momento com apresentações?
-O meu nome é Shaka.
Tive receio que aquilo lhe tirasse a aura angélica, mas não. O nome era suave, escorria como mel nos meus lábios.
-Eu sou Alexandre. Mas me chamam de Máscara da Morte.
Ele riu. Nunca ninguém rira do meu apelido, as garotas se assustavam, meus amigos concordavam e ele riu. Do jeito dele, como se fosse a coisa mais gozada do mundo.
-Por quê?
-Ahn?
- Ninguém recebe um apelido assim de graça.
-Ah. Foi uma piada. Só isso.
Ele suspirou. As bebidas vieram. Ele tomou sua batida devagar.
Assim que terminamos de beber, dei-lhe a mão, chamando para voltar à pista.
Shaka aceitou, parecíamos estar sincronizados.
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Sinceramente, eu não me lembro como fomos parar num quarto de motel, sozinhos.
Eu estava deitado na cama, ele sentou perto de mim:
-Quer beber mais?
-Você está nervoso, não?
Ele riu baixinho:
-Um pouco.
-Não quer?
-Quero! É que...
-Você nunca...
-Também não. A gente mal se conhece e... Tenho vergonha, só isso. Não quero que pense mal de mim.
-Eu nunca pensaria mal da criatura mais linda que já vi.
E o puxei para um beijo demorado, cheio do desejo que sentia.
Ele se
entregou completamente, o beijo cada vez mais exigente, enquanto eu o
despia.
Nunca me imaginara fazendo aquilo com um homem, mas lá estávamos
nós, e não havia mais volta. Shaka sorriu, e seu corpo demonstrava
o quanto queria o meu. Era tão bom e suave aquele amor.
Marquei-o
todo com beijos de devoção, enquanto ele, ainda submisso, cumpria o
mesmo ritual em mim.
As pernas claras enlaçaram-se na minha cintura, ele queria me
pertencer. Mal sabia ele que, a partir daí, eu também lhe
pertenceria.
-Tem certeza? - indaguei debilmente, sabia que também precisava
dele, necessitava daquilo.
-Eu não estaria aqui se não tivesse.
Tomei o máximo de cuidado para não o machucar na penetração, mas
ele me puxou para si: queria mais.
Não trocamos mais uma única palavra, só nos amamos, eu avancei com
gana e fúria, libertando meus instintos e ele não reclamou. Apenas
gemeu e gozou, como se fosse sua primeira vez.
No
dia seguinte ele apenas sorriu, beijou-me. Deu-me o telefone, saiu.
Saiu mas voltou, disse que me queria ver mais.
Não respondi, mas hoje, cinco anos depois, ele me estende um prato,
cheio de um pedaço bolo cremoso e rosado, ornamentado com uma
das suas vinte e oito velas e sorri:
-Feliz aniversário, amor.
-É nosso aniversário - retruco e o beijo.
-Eu não ganho presente, então? - ele faz beicinho.
Tiro do bolso uma caixinha decorada com veludo vermelho, abro-a.
Os olhos
de Shaka brilham ao ver o conteúdo:
-Alianças?!
-Quer casar-se comigo?
-Quero!
Ele
me abraça e beija, dividimos o doce saboroso e nos amamos. Como se
fosse a primeira vez.
E aí? Que tal? Homenagem ao aniversário do Máscara da Morte! E o mais engraçado é que Shaka também ganha presente! Terminada em 20/6, mas vou postar só depois do dia 24! Dizem que presente adiantado dá azar!
