Hitobashira Alice

Lucy C. Gaunt e Piper

Categoria: Slash MxM, angst, dark, mistery, supernatural, Wincest (DeanxSam), longfic, AU (irmãos separados)

Avisos: Sexo entre homens, incesto, morte, insinuação de tortura.

Classificação: NC-17

Capítulos: -x-

Completa: [ ] yes [x] no

Resumo: Era uma vez um pequeno sonho, que ninguém sabe quem o sonhou. Ele era um pequeno sonho mesmo, e isso fez o sonho pensar: "Eu não quero desaparecer. Como um posso fazer para as pessoas sonharem comigo?" O pequeno sonho pensou e pensou, e logo teve uma idéia: "Eu farei as pessoas virem até mim e elas farão o meu mundo..."


Capítulo 1

Sam acordou com a ligeira impressão de que não deveria sair da cama naquela manhã. Ainda assim, se virou e quase caiu quando enrolou as pernas de qualquer jeito nas cobertas, mas conseguiu manter o equilíbrio. É. Não era um bom dia para sair da cama mesmo. Resmungou algum palavrão e se espreguiçou, rumando para o banheiro. Tomou um banho rápido, fez a higiene matinal e quando saiu, chiou outro palavrão ao tropeçar numa mochila jogada. Por muita sorte não caíra de cara no chão.

Era um péssimo dia para sair da cama.

- Bom dia filho. – John cumprimentou visivelmente divertido com a irritação do mais novo. Deixou os copos de café e as tortas em cima da mesa e se espreguiçou.

- Que tem de bom hoje? – Sam resmungou irritadiço e alcançou um copo de café, dando um gole rápido. – Espero que tenha alguma coisa pra caçar, porque se não estou caindo fora dessa cidade no meio do nada.

- Tem sim, garoto. Relaxa. – John sorriu. – Um espírito por aqui. Mas o Bobby me ligou e pediu ajuda com uns lobisomens.

- Tudo bem, eu dou um jeito no espírito.

- Tem certeza? – O mais velho arqueou uma sobrancelha, parecendo divertido.

- Eu tenho sim, pai. Eu não tenho mais três anos, posso dar um jeito num espírito.

Ainda assim, o Winchester caçula tinha certeza de que deveria continuar na cama pelo resto do dia. Esperou John sair da cidade para criar coragem e ir pesquisar sobre o tal espírito. Entrou na biblioteca e quase tropeçou numa lata de lixo e mordeu a língua para não soltar um palavrão bem feio, porque a bibliotecária lhe lançou um olhar irritadiço. Suspirou, tentando se acalmar, e sentou em frente a um dos computadores, pesquisando rapidamente. Descobriu com facilidade o lugar em que o espírito estava, mas não tinha muita coisa sobre aquilo, então, infelizmente, teria que ir até lá checar pessoalmente.

E ele não queria fazer aquilo. Não justo no dia em que deveria estar debaixo das cobertas e ficar lá pelo resto das horas. Suspirou, guardando as coisas que anotara no bolso do jeans, e saiu da biblioteca, querendo saber onde poderia alugar um carro. Quando finalmente conseguiu, eram quase dez horas e seu estômago roncava em protesto de não ter recebido nada até aquele momento, mas tentava ignorar. Talvez pudesse comer algo depois que voltasse da tal casa assombrada.

Estacionou em frente ao sobrado antigo e abandonado com a vaga sensação de que deveria voltar no outro dia. Suspirou, alcançando a arma na mochila que jogara no banco do passageiro e verificou as balas, criando coragem para sair do carro e entrar naquela maldita casa. Depois de alguns minutos, lembrou-se de que se acabasse aquilo logo, poderia voltar para o motel e dormir pelo resto do dia.

- Odeio a minha vida. – Resmungou para si mesmo, batendo a porta do carro de qualquer jeito, pouco se importando. Deu mais uma olhada na casa praticamente caindo aos pedaços e respirou fundo. – Eu realmente odeio a minha vida.

Sam ajeitou a arma no cós da calça jeans e caminhou até a pequena varanda, dando uma rápida olhada para ver se tinha alguém por perto. Como o lugar parecia completamente deserto, se aproximou e forçou a maçaneta da porta, mas estava destrancada. Aquilo não o animou muito. Ainda assim, entrou e sentiu um vento frio percorrer sua espinha e bater a porta atrás de si com mais força que o necessário, e não precisaria forçar a maçaneta novamente para saber que, dessa vez, ela estava trancada.

- Merda. – Sam resmungou, cerrando os dentes com irritação. – Eu não tinha que ter saído mesmo da cama.

Ele suspirou, fechando os olhos por um instante, tentando não se irritar tanto quanto gostaria, mas não estava sendo tão fácil. Odiava caçar. Odiava aquela vida que levava. Queria fazer outra coisa, ter uma família, ir para a faculdade... Passou as mãos pelo rosto, querendo se concentrar, porque poderia ir embora logo se acabasse com aquilo rápido. Quando abriu os olhos, levou um susto ao ver que a sala, antes antiga e aos pedaços, estava totalmente diferente. Como uma casa nova, mas com as coisas totalmente fora do lugar, e até onde não deveriam estar, por exemplo, uma mesa-de-centro no lugar do que seria um lustre e outras coisas.

- É. Isso vai ser um saco.

O caçador suspirou novamente e, tirando a arma do cós da calça e a engatilhando, subiu as escadas com cuidado, atento a cada barulho mais estranho. Quando chegou ao segundo andar, entrou no primeiro quarto, que estava com a porta entreaberta, mas era apenas um quarto de criança, talvez de uma garota de sete ou oito anos. Bem arrumado, mas vazio. Rolou os olhos e saiu, bufando de irritação quando notou que saíra num lugar completamente diferente do outro, e que um gato, grande e malhado, o observava de cima de uma mesa. Estranhamente ele sorria.

- Gatos não sorriem. – Murmurou para si mesmo, tentando ignorar o tal bichano, mas ele sorriu mais, mostrando seus inúmeros dentes. – Tá, esse sorri. – Aceitou depois de alguns instantes, mas não baixou a arma. – Oi bichano. Aposto que sabe como eu saio daqui.

- Depende muito de para onde você quer ir. – O gato respondeu calmamente, fazendo Sam olhar por cima do ombro para ver se não havia ninguém por ali. Depois de alguns instantes a ficha caiu e ele riu para si mesmo.

- Não importa pra onde.

- Então não importa que caminho tome. – Sam rolou os olhos, mas resolveu não discutir, porque era particularmente estranho discutir com um gato.

- Quem mora nesse lugar? – Perguntou, tentando mudar de assunto.

- Todo o tipo de coisa que você não imaginar.

- Não seria o contrário?

- Talvez. – O bichano sorriu mais, de orelha a orelha. – Depende muito do que você imagina.

- Hum... – O moreno coçou a nuca. – Então... Você é um gato falante?

O bichano riu, o corpo gordinho e peludo sumindo aos poucos, deixando apenas a cabeça pendendo no ar um pouco acima da mesa em que estivera antes.

- Cheshire.

- Ah, saquei. E o que o gato de Wonderland tá fazendo aqui? – Ergueu uma sobrancelha, esperando por uma resposta, mas o bendito gato sumira. – Porra meu! Gato safado.

Ele ouviu risadas infantis ecoando pelo corredor e suspirou. Aquele não era o seu melhor dia, tinha certeza. Seguiu o barulho das risadas, entrando no quarto de uma vez, mas, novamente, estava vazio. Aquele lugar estava se tornando extremamente irritante. Virou-se para sair daquele lugar, mas ouviu um barulho e se abaixou no momento certo, porque uma xícara não atingiu sua cabeça por milímetros, indo se espatifar na parede e manchando tudo de chá.

- Mas que... – Sam rosnou, se erguendo e dando de cara com uma mesa enorme, onde três figuras particularmente estranhas estavam. – Ah, que ótimo. Eu mereço mesmo. – E guardou a arma antes que uma daquelas coisas a vissem, se aproximando da mesa. Abaixou novamente quando a Lebre de Março fez um bule de chá voar e escapou por pouco.

- Qual a semelhança entre o corvo e uma escrivaninha? – O Chapeleiro perguntou depois de alguns segundos.

- Eu não faço idéia. – Sam comentou quando notou que a pergunta era para ele.

- Nem eu.

- Então por que perguntou? – O caçador rolou os olhos, irritadiço. Não fazia idéia do por que continuar ali. Levou um susto quando alguma coisa bateu em suas pernas com força, o fazendo cair contra a cadeira e logo se viu preso entre a mesa de chá e a tal cadeira. Realmente aquilo estava ficando ridículo demais.

- Tome mais um pouco de chá. – A Lebre de Março ofereceu, enchendo a xícara a sua frente com chá.

- Eu ainda não tomei nenhum chá. – Ele retrucou. – Não posso tomar mais.

- Quer dizer que não pode tomar menos. – O Chapeleiro se intrometeu, o corrigindo. – É mais fácil tomar mais que nada.

Sam não quis retrucar, mas também não tomou o tal chá. Só queria descobrir um jeito de sair dali bem depressa e acabar com o tal espírito, antes que acabasse enlouquecendo também. Conseguiu empurrar a cadeira para longe da mesa e se levantou, mas os três ali não pareceram se importar, a Lebre e o Chapeleiro mais ocupados em tentar enfiar o Caxinguelê adormecido numa leiteira.

Como tinha ido parar ali mesmo? Ah sim, ele tinha visto o gato e o bendito bichano tinha falado com ele. Maldito dia em que decidira sair da cama! Praguejou mentalmente quando tropeçara em algo, caindo de cara no chão.

- Puta que pariu, será que não dá pra... – Cerrou os olhos, vendo um coelho branco vestido num terninho azul com um relógio de bolso dourado entre as patinhas lhe observar indignado. Sentou-se, massageando o braço que esfolara levemente, e suspirou. Por que diabos ele saíra da cama? – Desculpe coelho.

- É tarde! É tarde! – O coelho exclamara, arrumando o terninho azul no corpo branco e felpudo, correndo para longe do caçador rapidamente, sumindo numa curva. Sam mordeu os lábios e se levantou, caminhando um pouco mais devagar.

- Perdido, menino burro? – Ouviu uma voz grave e uma fumaça azulada fora jogada contra seu rosto. Ele tossiu, abanando a fumaça para longe, e conseguiu distinguir uma lagarta azul fumando um narguilé tranquilamente.

- Talvez. – Sam espirrou, tentando espantar aquele cheiro forte que invadia suas narinas. – Que lugar esquisito é esse?

- É tão burro que ainda não descobriu?

Sam revirou os olhos, sentindo-se completamente desarmado perante aquele bichinho azul que fumava.

- Wonderland?

- Não seja idiota, menino. – A lagarta deu uma longa tragada, ficando em silêncio por tanto tempo que Sam achou que ela não iria falar mais nada e se virou para sair dali. – Espere aí, garoto.

- O que foi?

- Talvez eu conheça alguém que conhece alguém que pode te ajudar. – Ela tragou demoradamente, soltando a fumaça no rosto de Sam novamente. O moreno bufou, espantando toda aquela fumaça com um movimento da mão.

- Quem?

- A Rainha, é claro. – A lagarta tragou novamente.

- É claro. – Sam repetiu, sem muito humor. Por um momento quase desejou ter ido atrás daqueles lobisomens, mas com certeza iria acabar parando no hospital, do jeito que aquele dia estava sendo um saco.

A lagarta tragou longamente, jogando a fumaça para cima. Sam ergueu as duas sobrancelhas. Realmente aquilo estava muito estranho. Suspirou, coçando a nuca distraidamente, tentando entender o que estava acontecendo por ali.

- E onde ela está? – O moreno quis saber, abanando a fumaça que a lagarta soltou. – Quer parar com isso? – Tossiu, conseguindo afastar toda a fumaça, mas a lagarta sumira e ele suspirou irritado. – Vocês têm alergia a respostas diretas?

- Por que toda essa irritação? – Ele reconheceu a voz divertida e ergueu os olhos para Cheshire, que flutuava levemente sobre sua cabeça.

- Porque parece que tudo nesse lugar não sabe dar uma resposta direito.

- O que você esperava? Todos aqui são loucos. – O gato sorriu ainda mais. – Eu sou louco, você é louco...

- Como sabe? – Sam arqueou as sobrancelhas.

- Você não estaria aqui se não fosse.

- É um bom argumento. – O moreno suspirou, quase levando um susto quando Cheshire desapareceu e apareceu bem perto de seu rosto.

- E qual é mesmo o seu nome? – O gato sorrira, mostrando seus muitos dentes.

- Sam.

- É... O Sam?

- Depende, tem outro por aqui?

- Interessante. – Cheshire sorriu ainda mais, abanando a longa cauda lentamente. – Muito interessante.

- Dá pra parar de enrolar? – Sam torceu os lábios, irritado.

- Me siga.

O rapaz iria retrucar, mas no instante seguinte o gato havia desaparecido, o fazendo suspirar. Com certeza aquilo não seria um trabalho nada fácil. Passou as mãos pelo rosto e piscou algumas vezes, quase querendo descobrir que estava sonhando, mas depois de alguns instantes notou que não era nenhum sonho.

- Você vem? – Ouviu Cheshire perguntar e se virou, vendo o gato já no fim do corredor, abanando a cauda calmamente, o sorriso quase de orelha a orelha.

- É. Tô indo. – Samuel rolara os olhos, seguindo o felino que flutuava. – Pra onde vamos?

- Você faz muitas perguntas, Sammy. – Cheshire comentou sorrindo.

- É Sam. – O mais novo corrigiu.

- Sammy, Sammy, Sammy. – O gato piscou marotamente.

- Vai se ferrar, bichano. – O Winchester resmungou.

- Eu não gosto disso. – Cheshire fez uma careta. – Tá vendo ali? – Apontou para uma árvore, onde o moreno pode ver a silhueta pequena de uma menina loirinha num vestido azul claro lendo um livro.

- O que tem? – Perguntou, bufando quando vira que o bichano o tinha deixado de novo. – Gato cretino.

Sam rolou os olhos novamente e se aproximou da garotinha com cuidado, tentando não assustá-la, mas ela parecia bem mais atenta ao seu livro, ignorando totalmente sua presença ali. Quando ela virou a página, ele conseguiu ler o título: "Alice", e o rapaz riu baixinho, sem humor algum. Como se precisasse de mais alguma coisa para foder com o resto do seu dia.

- Olá. – Ele piscou algumas vezes e voltou a atenção para a garotinha, que o fitava por cima do livro com sincera curiosidade. – Eu não conheço você.

- Eu sou Sam. – O moreno esboçou um sorriso.

- É um prazer. Eu sou Alice. Que nem no livro. – Ela explicou, mostrando o livro que pousara no colo para falar com o mais velho.

- Você gosta dessa história? – Sam quis saber, se agachando ao lado da loirinha.

- Oh, muito. Meu papai me conta todas as noites. E também fez tudo isso só pra mim. – Alice apontou a casa, sorrindo alegremente.

- Foi seu pai, é?

- Uhum. Mas agora ele está dormindo. Sabe, ele se cansa muito de brincar comigo, meu papai é meio doentinho e ele tem que descansar, mas eu não me importo, eu tenho outros amigos pra brincar. – Ela sorriu mais. – Como o Chapeleiro, a Lebre de Março e o Cheshire.

- Aposto que eles gostam muito de brincar com você.

- Ah, gostam sim. Brincam comigo o tempo todo, mas agora eu estou lendo.

- Então não vou mais interromper você. – Sam se levantou, ainda meio surpreso com o que ouvira. Estava imaginando uma coisa totalmente diferente. – Han, você sabe onde o seu pai está agora?

- Não. – Alice meneou a cabeça com firmeza. – Papai não gosta que eu vá lá, diz que não é lugar pra mim. Cheshire sabe, mas não sei se papai vai gostar. – Ela murmurou, abrindo o livro novamente. – Ele fica bravo, e eu não gosto quando ele fica bravo.

- Prometo que não vou deixá-lo bravo. – O moreno sorriu levemente. – Como é o nome do seu pai, querida?

- Eu não sei. Pode perguntar a ele.

- Certo. Então vejo você depois. Foi um prazer Alice.

- Tchau Sam.

Ela sorriu gentilmente e voltou a prestar atenção no livro, novamente ignorando outras coisas, enquanto Sam se afastava, voltando para a casa, pensativo. Se fosse o que estava pensando, aquilo seria realmente difícil de resolver. Realmente gostaria de ter ficado na cama naquela manhã e dormido o dia todo.


Posso dizer o quanto é divertido escrever essa fic? Bem, é isso aí, mesmo sendo com intuito de escrever uma fic mais dark, eu gosto muito de escrevê-la. Sim, tem relação com Alice in Wonderland, e qualquer semelhança nessa fic NÃO é mera coincidência. Eu gosto muito de imaginar como seria o lado obscuro desse conto, e nada melhor que passar para uma fic de Supernatural! HAHAHA' E obrigada à minha filhote Piper por estar me ajudando, sem ela essa fic nunca sairia do capítulo 1! Bem, até o próximo capítulo e eu espero que estejam gostando, e nada melhor que um comentário pra mostrar isso, não é? XD Um beijo!