"O que passava em sua mente enquanto estava naquele carro, Dr. Hodgins?"

Jack não gostava de falar neste assunto. Estar naquele carro enterrado foi a pior coisa que ele ja viveu, e só em pensar nisso o fazia ter todas aquelas sensações novamente. Mas ao olhar para o rosto cínico da Coveira, Heather Taffet, sentada na cadeira dos réus, teve forças para responder à pergunta de Caroline.

"Por um tempo, acreditei que poderia sair de lá. Estava com uma das mentes mais brilhantes do mundo ao meu lado e sabia que meus amigos não desistiriam de mim. Mas o tempo foi passando, nao sabia que o resgate não tinha sido pago, não sabia se nossa mensagem tinha chegado, e se alguém tinha entendido, eu realmente acreditei que iria morrer."

"Foi por isso que escreveu esta carta?" – Caroline pegou um pedaço de papel amarrotado em sua mesa, e entregou ao juiz para liberar a evidencia. Hodgins tremeu.

"Sim. Queria deixar uma mensagem."

"Estão vendo a que ponto isso chegou?" – Caroline se dirigiu ao juri. – "Esta mulher é tão cruel que faz com que as pessoas acreditem que vão morrer. Percam as esperanças. Sintam a necessidade de se despedirem. O Dr. Jack Hodgins aqui sabia que o Coveiro pede por um resgate, sabia que tinha condições de pagar, e mesmo ele perdeu as esperanças. Imaginem aqueles que foram enterrados antes, que não conheciam o método desta cruel criminosa, que achavam em todo instante que nunca mais veriam seus familiares, amigos."

O Juiz entregou a carta para Caroline, aceitando a evidencia. Ela olhou para Hodgins, e continuou.

"Ouçam o que dr. Hodgins escreveu no momento que seria seu último." – e fez menção de ler a carta, quando Jack a interrompeu

"Er, Caroline… poderia não ler a carta? É pessoal ":– e olhou para Angela, sentada atrás da mesa de Caroline, junto com Cam, Booth e Brennan.

"Protesto "– levantou o advogado de defesa –"as coisas que a advogada está acusando minha cliente de crueldade, indicando esta carta como prova, ela deve ser lida para ser dada como válida."

"Aceito" – respondeu o juiz, para desespero de Hodgins. Fazia 2 anos que terminara seu relacionamento com Angela, mas aquela carta ainda dizia o que ele sentia. Respirou fundo e indicou com a cabeça para Caroline continuar. Ela sentiu pena do "rato de laboratório", mas virou-se para os jurados e leu:

"Angela. Neste meu fim, eu estou pensando em você. Meu ultimo suspiro, a ultima particular de ar que circula em meu corpo é por você. Desculpe não poder te abraçar novamente, e dizer cara a cara que te amo. Adeus."

Angela levantou-se e saiu da sala correndo. Hodgins queria ir atrás dela, mas tinha que esperar ser liberado pelo juiz para sair da cadeira de testemunhas. Todas as pessoas no tribunal estavam emocionadas. O juiz pediu ordem.

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Brennan bebericava um copo de café no corredor da suprema corte, esperando o intervalo do julgamento depois de testemunhar. Falara tudo que ela e Hodgins fizeram dentro do carro durante todo aquele tempo em que pensavam que iam morrer. Aquele caso mexia demais com suas emoções, e isso a perturbava demais. Estava nervosa.

Hodgins sentou-se em silencio ao seu lado, e os dois trocaram sorrisos.

"E Angela?"

"Não a encontrei ainda."

"Ela não foi embora. Deve estar no banheiro. Eu vou dar uma olhada."

Brennan levantou, mas Jack a chamou. Ela virou-se para ele:

"Brennan, o que aconteceu com a sua carta?"

"O quê?"

"A carta que você escreveu, antes da gente explodir os air bags. Você também escreveu uma carta."

"Eu…er" – Brennan lembrou-se da mensagem que escreveu, no ultimo momento, quando a unica coisa que tinha era esperar que não estivessem muito fundo… e que Booth não tivesse desistido.

"Ficou comigo, Hodgins. Eu… a destrui."

"Destruiu? Mas é evidencia, Brennan."

"Não é evidencia. É pessoal, como você mesmo falou. Não tem por que essas pessoas lerem o que eu escrevi. Basta que eu diga o que aconteceu lá. Mostre provas do que ela faz com as pessoas. Só isso."

"Pra quem você escreveu?"

"O que foi?" – Booth viu os dois discutindo, e se aproximou.

"Vou procurar Angela."

E Brennan deixou Hodgins falando sozinho, e Booth sem entender o que aconteceu.

Angela estava há 5 minutos se olhando no espelho do banheiro do forum. O que ouviu durante o testemunho de Hodgins, misturado com tudo que tem acontecido recentemente – Roxie, Wendell e a suspeita de gravidez (principalmente como Hodgins reagiu a essa suspeita) a estava deixando muito confusa. Levou um susto quando percebeu que havia mais alguém junto com ela.

"Nossa, Bren, que susto."

"Está tudo bem, Ange?"

"Tá. Não, não está. O Hodgins, aquela carta…"

"Angela, o Dr. Hodgins escreveu aquilo quando vocês estavam namorando. É um outro contexto."

"Não, querida, não é. Eu e Hodgins temos algo que vai muito além de termos tido um relacionamento que já acabou. Eu nem sei se acabou mesmo, ou mesmo se existiu."

"Bem, vocês tiveram relações sexuais por algum tempo, e agora não tem mais."

"Uma coisa eu aprendi com o celibato que Sweets me impôs. E desde quando um relacionamento se limita a sexo? Olha você e o Booth."

"Booth é meu parceiro. Não tem nada a ver com isso."

"Brennan, até quando você vai ficar se convencendo disso?"

Brennan não gostava de falar disso. Era tudo muito confuso, e ela não gostava de assumir que algo a confundia. Tentou mudar de assunto.

"Você vai voltar? Ainda tem algumas testemunhas hoje."

"Vou, já vou. Brennan? Você escreveu uma carta, também? Quando estava lá embaixo?"

"Não" – mentiu Brennan – "Hodgins achou que precisava, eu não. Vou te esperar lá fora."

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"Ainda não recomeçou?"– perguntou Angela, vendo que Hodgins estava do lado de fora do tribunal.

"Já. Eu não quero mais participar disso."

Eles trocaram olhares profundos, e Angela sentiu que Jack ia direto ao assunto da carta. Decidiu tomar a dianteira. Sentou-se ao seu lado, e começou a falar.

"Jack, sobre a carta…"

"Eu sei, olha, eu não sabia que Caroline ia ler pra todo mundo…"

"Deixa eu falar, Jack." – Ela colocou seus dedos sobre os lábios de Hodgins. – "Olha só, quando a gente terminou, eu te acusei de não confiar em mim, e você também me acusou de não confiar em você. A gente tinha tanta coisa acontecendo com a gente. Mas eu devo admitir que isso foi uma desculpa e eu aceitei usa-la pra fugir do meu medo."

Hodgins sabia do que ela estava falando. Sempre soube, mas nunca mencionou, pois queria ficar bem com Angela.

"Eu vivo o momento, Jack. Sempre vivi. Foi assim que me envolvi com Roxie, e como casei com Berimbau daquele jeito. Um casamento precisa de muito mais do que o momento pra sobreviver. E eu não sabia se teria isso com você aquele momento. Tudo estava acontecendo tão rápido. Mas eu aprendi uma coisa depois, quando voltei com Roxie. Eu esperava algo mais daquilo, já que era um recomeço, e ela não. Pedi pra ela morar comigo, escolher um cachorro juntas, e ela terminou comigo. Aquilo me doeu, não por ela, mas eu percebi que ela fez o que eu sempre fazia. E Jack, depois do que você me disse, quando achei que estava grávida de Wendell, eu percebi o quanto você se importa comigo."

"Eu te amo, Angela."

"Eu sei. Eu também te amo." – Angela perdeu o folego, e olhou fundo nos olhos azuis de Hodgins, que brilharam com sua resposta. – "Eu passei cinco minutos olhando para o espelho agora. Direto. E refleti sobre tudo, e sobre o que estava na carta e tomei uma decisão."

"Que decisão?"

"Eu…" - Angela só pensou agora que a decisão que tomou dependia também de Hodgins tomar uma decisão, e hesitou.

"Diga, Ange." – ele insistiu, tomando suas mãos nas dele.

"Eu quero tentar, Hodgins. Quero tentar de novo." – Os olhos de Hodgins brilharam, e ele abriu um sorriso – "mas vamos com calma. Bem devagar. Nem pense em pedidos de casamento antes de pelo menos um ano."

"Sem propostas, entendido." – Ele riu. Angela riu junto. Ela tinha muito medo, mas olhar para Hodgins a fez ter a certeza de que valeria a pena. O beijou com toda força, e depois ficaram abraçados, esperando o julgamento terminar.

"Sabe, se eu soubesse que aquela carta faria tudo isso, a te mostraria antes."

Angela deu risada.

"Você acha que…" - Hodgins hesitou.

"Acho o que?" – Angela levantou-se e olhou para Hodgins.

"A carta de Brennan. O que você acha que ela escreveu?"

"Brennan? Ela me disse que não escreveu uma carta."

"Ela escreveu, Ange. Escreveu, e me disse que destruiu. Por que será que ela está escondendo? O que você acha que ela escreveu?"

"Não sei. De Brennan eu espero qualquer coisa."

"Você acha que…" - Eles trocaram olhares e Angela logo entendeu.

"Será? Quer dizer, esse é o tipo de situação que eu acredito que faria Brennan baixar a guarda um pouco mas… sera que naquela época já…?"

Eles continuaram pensando juntos quando as portas se abriram, e de lá sairam Cam, Booth, Brennan e Caroline.

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"Você acha que ela vai ser acusada?" – Perguntou Booth, tentando puxar assunto com Brennan enquanto a levava para casa.

"É claro, Booth, temos provas evidentes e suficientes para julga-la culpada sem dúvidas."

"É, eu sei Bones, mas também tinhamos provas concretas contra seu pai…"

Brennan parou para pensar. Seu pai havia matado e queimado cruelmente duas pessoas que estavam perseguindo ela e seu irmão, Russ, e ela conseguiu uma forma de livra-lo da pena de morte.

"Com meu pai eu tive como colocar o benefício da dúvida. Você acha que ela tem como fazer isso?"

"Se tiver mais alguém que trabalhe com ela..."

"Você acredita que ela não trabalhava sozinha?"

"Olha só o porte das vítimas. Algumas eram crianças e adolescentes. Mas e eu? E você e Hodgins? For a que enterrar um carro não deve ser fácil. Ela deve ter ajuda."

"E isso pode aliviar a sentença dela… sim." – Brennan parou para pensar, olhando pela janela, como sempre fazia.

Ficaram um tempo em silêncio, e Booth já não conseguia mais evitar o assunto.

"Bones, sobre a carta do Hodgins…"

"Pois é. Acabou sendo a responsável para que ele e Angela retomassem seu relacionamento."

"É. Fico feliz por eles. Agora… e você?"

"Eu o que?"

"Você escreveu uma carta?"

Brennan baixou os olhos, tentando disfarçar.

"não."

"Não?" – forçou Booth, não acreditando na palavra da parceira.

"Não." – Ela confirmou, desta vez olhando para ele, tentando parecer evidente.

"Eu te escreveria uma carta, sabe… se quando ela me enterrou no navio eu tivesse papel e caneta."

"E por que você acha que eu escreveria para você?"

"Ora, Bones, nós somos… parceiros, sabe."

"Mas você deveria escrever uma carta dessas para outras pessoas. Seu avô, ou Rebecca e Parker."

"Ok, então. Por que não escreveu uma carta para Angela, ou seu pai, então?"

"Não tinha um relacionamento sólido com meu pai naquela época. E por que escreveria para Angela?"

"Ela é sua amiga, sei lá, Bones. Você não pensou em ninguém na hora que achou que ia morrer?"

Brennan ficou sem responder, e agradeceu que já estavam na porta de sua casa. Agradeceu a carona e saiu, ignorando os tentativas de Booth de continuar a conversa.

Em seu apartamento, Brennan correu para a estante de livros e tirou de lá um exemplar de um de seus livros. Folheou rapidamente suas páginas, até cair uma folha solta. A pegou do chão, e sentou-se no sofá, olhando o que tinha escrito quando estava sob a terra com Hodgins, 3 anos atrás.

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De volta ao laboratório, Brennan esperava Booth com um novo caso, mas ele apareceu com Perotta.

"Oi Bones."

"Oi Booth. Agente Perotta, como vai?"

Muito bem, Dra. Brennan. Fico feliz em saber que trabalharemos juntas essa semana.

"O quê?" – Brennan olhou diretamente para Booth, que ficou sem jeito.

"Eu falei que ainda não tinha falado com ela" – ele falou de lado para Perotta, que ficou sem jeito – Pois é Bones, vou sair de ferias!

"O quê? Mas Booth, temos casos para resolver!"

"Por isso que Perotta aqui vai assumir meu posto até eu voltar."

"Acho melhor deixar vocês conversarem. Com licença" – E Perotta saiu da sala.

"Booth!" – Brennan repreendeu o parceiro, chateada com a decisão de sair de ferias.

"Ora Bones, faz um bom tempo que eu não tenho uma folga, e Cate conseguiu uma semana livre do aquario então…."

"Você vai sair de ferias com a Dra. Bryar?"

"É! Uma semana, Havaí! Ela vai pra uma conferencia de peixes lá, sei lá, mas é coisa pouca, e vamos aproveitar depois."

"Hum. Parece sério, então." – Brennan virou-se, para evitar que Booth a olhasse. Ficava feliz em saber que ele estava seguindo em frente, mas sentia algo estranho ao vê-lo com outra.

"É. Vai ser legal." – Booth também não gostava de falar neste assunto com Brennan. O que ele sente por ela ainda estava lá, por mais do que tentasse esquecer.

"Tudo bem então." – Brennan respondeu de sopetão. – "tenha uma boa viagem."

"Não se importa com Perotta, então?"

"Poderia ter escolhido outra pessoa, mas tudo bem."

"Bem, a ultima vez que alguém me substituiu, Bones, você quase foi embora velejar com ele, então…" - Booth cortou a fala, acreditando que mencionar Sully não vinha ao caso. Brennan concordou seguindo para a plataforma.

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O caso era mais complicado do que Brennan imaginava, e manteve todos no Jeffersonian até tarde. Era mais de 10 da noite quando Cam obrigou todo mundo a ir para casa, ela mesma exausta.

Brennan foi para seu escritório pegar suas coisas e achou a carta que escreveu quando estava enterrada no bolso de seu casaco. Não lembrava por que a tinha colocado lá, mas a fez parar para observá-la mais um pouco. Nesse momento, Angela entrou no escritório, e a assustou.

"Vamos ao bar, quer ir?"

"Sim, vamos sim." – Tentou esconder a carta atrás de si, e percebeu como foi uma attitude tola. Angela percebeu.

"O que tem ai, Brennan?"

"Nada. Vamos."

"Brennan" – Angela bloqueou a porta, insistindo com a amiga. Ela então mostrou a carta, sem entrega-la para Angela ler.

"Você escreveu uma carta, e não a destruiu! Por que mentiu para mim, Bren?"

"Ela não vem ao caso, Angela. Não significa nada."

"Ela significa tudo! Veja a de Hodgins o que fez. Pra quem você escreveu?"

"Ninguém!"

"Deixa eu ler" – Angela tentou pegar a carta, mas brennan desviou seu movimento. – "Brennan."

"Ela não significa nada, Angela. Não mais." – E amassou a carta, jogando-a no lixo. – "Vamos!"

Angela observou triste a amiga saindo do escritório e, disfarçadamente dirigiu-se para o lixo, ao lado da mesa. Abaixou-se e pegou a carta amassada. Quando abriu, leu algo que sabia que existia, mas que mesmo assim a surpreendeu.

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Angela entrou como um furacão no apartamento de Booth, assim que ele lhe abriu a porta. Mal deixou ele fechar a porta quando começou a gritar:

"Como pode?"

"Como posso o que? Angela, o que foi?"

"Como pode ir embora, assim?"

"Angela, pelo amor de Deus! Eu vou tirar ferias. Férias! Uma semana. Não sabia que vocês Squints eram tão dependentes."

"Eu não estou falando de mim, Booth, estou falando de Brennan."

"O que tem a Bones?"

"Como pode sair de ferias com Catherine, e deixar Brennan para trás?"

Booth entendeu o que Angela queria dizer, e ficou bravo com a amiga.

"Angela, isso já está claro! Eu falei tudo que sinto pra Bones, ela não quis. Ela concorda que eu siga em frente, por que você está insistindo nisso?"

"Porque ela esta mentindo. Ela liga sim que você esteja saindo com outra pessoa."

"Angela. Talvez você ache isso, ou acredite nisso, mas não é verdade. A Bones não me ama. Não dessa forma, pelo menos. Eu espero."

"Ah não?" – Angela tirou a carta do bolso, e entregou a Booth – "Olha isso, e pensa bem no que você faz. Você é uma das poucas pessoas que conhecem Brennan, Booth, e assim como eu sabe que para certas coisas ela precisa de alguns empurrõezinhos, e muita paciencia e tempo."

E então, Angela saiu do apartamento, deixando Booth atonito com o que via. Ele sentou-se, e releu a carta que ja tinha lido em pé 2 vezes:

Booth,

Estou morta, mas em vida escrevo isso, então leve em consideração. Você é a pessoa mais importante que tive em minha vida, e sei que, mesmo que tenha morrido, você nunca desistiu de mim.

Te amo,

Bones.

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Já era tarde da noite, mas Brennan não conseguia dormir. Ficava pensando no significado daquela carta, e se, como Angela tinha dito, faria alguma diferença. Sabia que tinha feito a diferença para Angela e Hodgins, mas eles eram pessoas diferentes. Mesmo que a carta pudesse significar alguma coisa, como ela lidaria com seu medo, e sua insegurança. Poderia perde-lo para sempre, se arriscasse. Mas e se o perdesse da mesma forma?

Nessa hora, ouviu uma batida forte na porta. Estava cada vez mais insistente, e ela ficou com medo. Pegou o bastão de beisebol de trás do armário, e foi até a sala

"Quem é? Estou armada!"

"Sou eu, Booth."

Ela baixou o bastão, e abriu a porta. Ele entrou exasperado.

"Booth, sabe que horas são?"

"Sei, e não ligo."

"O que foi?"

"O que significa isso, Bones?" - e mostrou-lhe a carta.

"Como conseguiu isso?"

"Não interessa, Bones. O que significa?"

Brennan não conseguiu responder, e começou a tremer. Booth parecia nervoso, e não esperou por uma resposta sua.

"Olha, Bones, estava tudo certo. Eu entendi sua resposta, e considerei. Você não me amava, não da mesma forma que eu te amo, então deixei pra lá, pra manter nossa parceria, nossa amizade. Mas agora…"

"Eu escrevi essa carta num momento muito crucial em minha vida, Booth. É o reflexo do que estava acontecendo."

"E não significa nada agora?"

Brennan não respondeu.

"Vamos, Bones, o que você tem pra dizer?"

"Eu não sei, Booth!" – Brennan gritou.

"Eu não posso com isso, Bones. Assim não dá. Se você me ama, então por que…"

"Eu não sei…" - Brennan estava começando a chorar.

"Olha só, isso não pode continuar do jeito que está."

"O que você quer dizer com isso?"

"Eu quero dizer que… "- Booth tremeu, mas sabia que tinha que fazer isso, para forçar alguma reação de Brennan. Lembrou-se do que Angela lhe disse, e falou, mesmo sem saber se seria mesmo capaz de fazer:

"Eu não vou continuar a trabalhar com você desse jeito."

"O que? Booth!" – Brennan não controlava mais suas lágrimas, e rasgou a carta de tanto nervosismo.

"Não, Bones. Chega. Assim não dá. Você tem uma semana."

"Como assim?"

"Tem uma vaga no departamento de crime no escritório de Filadélfia do FBI. E eu vou me inscrever para ela, assim que voltar do Havaí. Você vai ter que decidir o que fazer até lá."

"Mas, Booth..."

"É isso, Temperance. Está nas suas mãos."

E saiu do apartamento, deixando Brennan para trás, por mais que aquilo o fizesse mal.