Título: Aviões de Papel.
Autora: Ju Hayes.
Censura: T — 14 anos.
Shipper: Edward & Isabella.
Gênero: Amizade e romance.
Disclaimer: Twilight pertence a Meyer, mas o resto é meu, incluindo a Alice má.
Sinopse: Edward sempre fora um cara carinhoso. Apaixonado por Alice, descobre que o amor nem sempre é o suficiente. Transtornado com a própria vida, vê em Bella a sua última chance de ser feliz.
N/A: E cá estou de novo com mais uma coisa piegas e um pouco clichê. Essa era uma o/s que já havia sido postada, mas eu acho que acabei apagando ela. Não me perguntem, porque eu não lembro. Espero que gostem. :)
Capítulo único.
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Narrado por Isabella Swan.
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Quando meu pai casou-se com Camille Brandon, eu nada esperei que acontecesse em minha vida. Não pressenti mudanças, muito menos as aspirei. Também não posso dizer que fiquei empolgada em receber uma nova família nesse ponto, contudo não fui contra. Papai estava feliz com Camille e isso era o que importava para mim. E eu ainda ganharia uma irmã, o que me fez ficar — embora não em todo — animada. Ele nunca me contara que havia tido uma filha com outra mulher, o que me causou certa resistência no início. Todavia, isso foi até conhecer Edward, um dos primos de Alice, minha recém-descoberta meia-irmã.
Edward é o modelo de homem que consegue arrancar suspiros fáceis de mim. A cada vez que íamos ver os Cullen, ou o contrário, meu coração batia leve feito pássaros no céu primaveril. Eu planejava cada passo que daria quando o tivesse por perto, cada piscada, cada respiração. Mas nada disso me favorecia. Era apenas eu sentir seu cheirinho adocicado de hortelã que o ar que entrava em meus pulmões parecia não ser o suficiente, forçando-me a respirar feito peixinhos dourados fora de seus aquários. Era apenas ele aparecer que meus olhos pareciam não querer perdê-lo de vista, forçando-me a mantê-los abertos por tempo o suficiente para deixá-los ressecados. Era apenas ele vir me cumprimentar — um pequeno beijo em uma de minhas bochechas escarlate como uma ameixa — para que minhas pernas ficassem gelatinosas e não me obedecessem mais. Eu sabia que estava me apaixonando por ele.
Quando passamos a nos ver com maior frequência, pude conhecê-lo realmente. Edward gosta de amarelo — porque é a cor do sol, ele diz que aquece o coração —, e diz que jamais rejeitaria algo rosa só por ter essa tonalidade. Ele não gosta de chocolate, amoras e geleia de morango são suas paixões e nunca teve coragem de experimentar sorvete de pistache. Edward deu o seu primeiro beijo com uma garota que ele não gostava, bebeu em excesso para enfrentar a sua primeira vez — a garota não sabia onde por a língua, reclama ele até hoje — e deseja casar-se no jardim de sua casa. Ele tem medo de palhaços e locais mal iluminados, mas é corajoso o suficiente para enfrentar uma naja com as mãos nuas. Meu quase ruivinho — que detesta que eu o chame assim — prefere beijos à sexo, abraços à palavras, sorrisos à olhares e família à dinheiro. E então eu soube que estava amando-o.
Meu mundo rachou um pouquinho quando notei que ele olhava para mim apenas como alguém que fazia parte de sua família — a qual ele amava, sem dúvida, mas nada mais que isso. Eu nunca quis forçar ninguém a nada e não seria agora que eu desenvolveria esse hábito, portanto fiquei feliz que ele possuísse algum sentimento especial em relação a mim, mesmo que fosse o de amizade. Eu me contentava em ser sua amiga, porque eu ainda tinha muito mais dele do que eu um dia pude imaginar que teria. Isso, é claro, foi somente até eu notar seu interesse por Alice.
Eu senti ciúmes quando notei seu primeiro olhar diferente para ela. Eu senti raiva quando vi o primeiro sorriso cálido — que quase gritava eu amo você! — que ele lhe lançou. Mas eu me conformei logo que vi que Ally — era assim que ela gostava de ser chamada — retribuiu seus sentimentos. Eles desejaram namorar, mas ninguém autorizou. "Vocês são primos!", "Isso é errado!", "Sangue do mesmo sangue, nada mais que pecado!", todos apontavam. Mas eu aceitei e os ajudei a verem-se escondidos. Talvez alguns me chamem de tola por tudo o que fiz, mas ver Edward tão feliz acalentava meu coração consternado, mesmo que fosse com ela.
Depois de algum tempo tentando esquecer o sentimento que nutria por ele, passei a notá-lo, antes tão radiante, agora nada mais que abatido. E então ele me contou. Alice não era mais boa para ele, parecia nem mesmo um dia ter o amado. Não existia mais nada que os unia após a descoberta de todas as traições por parte dela. Edward se tornou amargo, toda palavra que saía por sua boca — tão bem desenhada, sempre senti vontade de tocá-la com a minha — possuía um tom acre. Ele quase não sorria, seu cabelo não possuía o mesmo brilho, seus olhos não tinham a mesma vida.
— Eu ainda a amo, Bella — sussurrou um dia, em meio a lágrimas. — E é isso o que m-me de-destrói. Eu não co-consigo odiá-la, ou ser i-indiferente. Eu só consigo a-amá-la. — Os soluços brotavam de sua garganta, o fazendo gaguejar, mas eu senti que ele não estava dando atenção a isso.
Eu nunca soube o que dizer. Alice não merecia o sentimento puro que Edward nutria por ela, não merecia um único pensamento direcionado a ela. Ela não merecia ser amada como era; eu tenho a certeza de que ela nem mesmo conhecia Edward. E então eu lembrei.
— Uma palavra ou um abraço? — questionei em uma tarde chuvosa, nervosa com a sua silhueta tão próxima a minha.
— Abraços. Mil deles! — ele respondeu antes de atirar-se em cima de mim, apertando-me com carinho.
A partir do dia daquela lembrança, eu sempre soube o que devia fazer. Quando via seus olhos verdes como jade brilharem mergulhados em gotinhas salgadas, eu me atirava sobre o seu corpo grande demais para o meu. Apertava-o entre os meus braços, pegava mechas de seu cabelo ruivinho e as encaracolava — apenas uma forma de dizer o que eu sentia — em meus dedos. E passávamos horas assim, comendo amoras com chantilly em um apreciado silêncio. Aquelas amoras eram cheias de significados para mim.
Levaram alguns meses para a vida renascer dentro de Edward, mas pouco a pouco um brilho de alegria passou a tomar conta de seus olhos. Em sua boca, sorrisos apareciam com mais frequência e cada vez mais sinceros. Suas bochechas tornavam-se rubras feito maçãs quando ele ria sem parar ou tornava-se tímido por algo que eu tenha dito. Até que, no meu aniversário — o qual eu decidi comemorar com uma maratona de filmes de terror ao lado de Edward —, aquecidos por um grosso cobertor, ele pegou minha mão e acariciou-a em círculos com seu polegar, enquanto eu sentia descargas elétricas percorrerem todo meu corpo.
— Bella? — ele me chamou, um sorriso acanhado iluminando seu rostinho de anjo.
— Sim?
— Eu acho que te amo — respondeu baixinho e eu podia sentir a sinceridade em sua voz enquanto via o sentimento que ele declarou por mim tomar conta de seus olhos claros.
Senti-me tão leve quanto uma pena transcorrendo o céu ensolarado.
— Eu sei que sinto o mesmo, Edward — respondi ao tirar uma mecha de seus olhos e colocando-a de volta ao despenteado ninho ruivo a que pertencia.
Embora eu saiba que talvez tenha que dividi-lo para sempre com a lembrança dela, eu também sei que comigo ele seria... simplesmente ele. Meu ruivinho.
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Fazia exatas duas semanas que Edward havia se declarado para mim. Eu sempre deixava suas palavras ecoarem na minha mente antes de dormir, o que me permitia ter sonhos tranquilos e, muitas vezes, protagonizados por mim e pelo meu ruivinho. A grande questão, no entanto, é que eu não sabia o significado total de suas palavras. Ele me amava.
Sim, e daí?
Eu não sabia o que viria pela frente. Quando estávamos sozinhos, ele costumava entrelaçar os nossos dedos e eu suspirava toda vez que sentia a sua mão quentinha na minha. Era além do que eu já havia pedido para ele, mas não era nem um décimo do que eu desejava. Eu possuía uma vontade de perguntar, sem mesura alguma, o que aquelas palavras queriam dizer para ele, mas a minha coragem evaporava toda vez que eu via seu sorriso cálido direcionado a mim.
Eu era uma covarde.
— Bella? — ele me chamou.
Quando olhei na direção de sua voz, vi que ele estava deitado no tapete bege da minha sala devorando uma tigela de amoras. Eu sempre gostei dessa fruta, mas o modo como ele se enchia delas me assustava um pouco.
— Sim? — perguntei baixinho.
Eu tinha medo que, se eu falasse mais alto, minha voz saísse trêmula e denunciasse tudo o que eu sentia. Se isso acontecesse, Edward saberia tudo o que eu não queria que ele soubesse. Não por mim, ao menos. Eu queria que ele notasse o quanto eu o queria ao descobrir ele mesmo o que ele sentia. Contudo, eu sabia que esse era um desejo distante.
Edward não respondeu a minha pergunta. Ele apenas deu leve batidas com a mão no espaço vago ao seu lado, como se pedisse para eu me sentar ali. Com as pernas bambas, eu fui.
— O quê? — questionei outra vez ao me ajeitar ao seu lado.
Ele continuou quieto, mas dessa vez moveu sua mão para dentro da travessa que tinha em seu colo e pegou uma amora. Eu cogitei a ideia de ele apenas querer uma companhia para seja lá o que ele estivesse vendo ao me chamar, mas seus olhos da cor de grama recém-cortada não desgrudavam dos meus. Ele brincou com seus dedos com a pequena amora, rolando de um lado para outro, até que trouxe suas mãos para cima e deslizou-a sobre os meus lábios. Eu teria me assustado se conseguisse me mover, mas seu olhar me anestesiava. Pude sentir o suco daquela fruta escorrendo um pouco pelo meu queixo e Edward finalmente quebrando nosso contato visual ao olhar para a fina linha vermelha que deveria estar ali.
Ele suspirou tão suavemente que eu tive certeza de que apenas o ouvi porque estávamos muito perto um do outro. Excessivamente perto; eu poderia quebrar aquela distância em apenas um segundo, no entanto ele pareceu ter essa ideia primeiro. Aproximando-se do meu rosto, ele tocou meu queixo com seus lábios cerrados, como em um casto beijo. Vi quando ele fechou seus olhos, convidando-me mudamente para fazer o mesmo. Eu deixei minhas pálpebras se fecharem no mesmo instante em que senti sua língua quente passeando pelo local onde antes havia um pouco do caldo da amora. Isso era ainda mais anestesiante do que seu olhar.
Eu esperei o momento em que ele se afastaria e faria alguma de suas piadas com frutas para poder me sentir frustrada, mas isso nunca aconteceu. Enquanto eu aguardava por um instante remoto, eu pude sentir seus lábios úmidos subindo pela minha bochecha e traçando círculos ali, até que seus lábios desceram e, surpreendendo-me, encostaram-se aos meus. Eu gemi como uma menina inexperiente, de forma tímida e por pouca coisa. Contudo, eu esperei tanto por isso que não me importei em me sentir constrangida. Aquele era o meu momento e eu iria aproveitá-lo.
Enquanto eu debatia internamente, Edward não parecia ciente da minha suposta hesitação. Ele pressionou com um pouco mais de força sua boca na minha, até que senti sua língua novamente, dessa vez pedindo autorização para encontrar-se com a minha. Quando, por fim, elas se encostaram, eu tenho certeza de que deixei outro gemido escapar, todavia foi o de Edward que eu ouvi. Baixo, contido... Inebriante. Da mesma forma que ele sempre foi. Eu me sentia tímida de beijá-lo, como se achasse que nada entre nós fosse se encaixar. Contudo, foi exatamente o contrário. Nossos lábios tinham um encaixe delicado, enquanto nossas línguas se mexiam com ferocidade, um contraste tão bruto que eu me apavoraria se estivesse dando atenção a isto.
Mas eu não estava. Tudo o que me importava no momento era o doce gosto de amoras que ele passava para mim fazendo um coro delicado com o gosto da ameixa que eu havia comido um pouco antes.
Eu amava salada de frutas agora.
Quando ele se afastou para buscar um pouco de ar, eu não fiquei com aquela sensação de que ele havia me deixado cedo demais; eu sabia que foi exatamente o momento certo, porque eu nunca me senti tão satisfeita quanto agora. Todavia, acima do sentimento de satisfação eu me sentia... completa. Era como se eu finalmente tivesse achado o orvalho da minha manhã ensolarada.
— Eu realmente amo você, Bella — ele sussurrou e eu finalmente entendi o significado de suas palavras de quase um mês atrás.
Ele me amava. E isso bastava, porque era tudo o que por anos eu desejei. Ter meu ruivinho ao meu lado, com o fôlego cortado devido à troca de carícias entre nós. Era ainda mais do que eu imaginei ganhar dele e, agora que eu tinha, eu não poderia me ver sem.
— Amo você também — murmurei de volta para ele.
Edward passou seus braços em volta de mim em um abraço aconchegante, enquanto eu repousava tranquilamente a minha cabeça em seu ombro. Depositei um beijo na curva de seu pescoço e subi para o seu colo. Cogitei a hipótese de que ele fosse me jogar no chão brincando como sempre fazia, mas ao contrário do que imaginei, suas mãos desceram para as minhas coxas me apertando ainda mais contra si. Tive a impressão de que as cargas elétricas que nossos corpos trocavam passaram a ser palpáveis e a excitação percorria o meu corpo tão veloz quanto gotas de cianureto.
Era agressivo. Era matador. Era apaixonante.
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It's not easy love, | Não é fácil amar,
but you've got friends you can trust. | mas você tem amigos em que pode confiar.
(Queen – Friends Will Be Friends)
N/A: Como essa o/s estava muito pequena, eu juntei o primeiro extra com ela. Eu planejo escrever mais sobre ela, se eu possuir tempo. No mais, se tu leu até aqui, deixe um comentário. E obrigada por ler. :)
