Numa fria manhã em Londres, Sherlock havia acordado mais cedo que sua esposa Molly. Havia 3 meses que eles haviam se casado. Tudo ainda era tão novo pra ele. Se acostumar a ter uma companheira, alguém que ele prometeu cuida para sempre. Era um desafio, mas um desafio prazeroso. Ele pensava meticulosamente em como agrada-la. Ele estava fazendo café e ainda não havia sinal de que Molly acordara.

Sherlock se sentou e abriu o laptop, uma xícara de café na sua mão. Ele checava seus e-mails e o blog Ciência da Dedução. Ele também deu uma olhada no blog de John. Não havia nada novo nele, o que fazia sentido, já que ele não era mais seu companheiro de aventuras. Então algo despertou Sherlock de seus pensamentos. Em um site de notícias locais, havia uma noticia que chamou sua atenção por conter seu nome na manchete.

"SHERLOCK HOLMES CASADO:AMOR VERDADEIRO OU ESTRATÉGIA DE MARKETING?"

Por esse título, Sherlock deduziu que se tratava de uma matéria sensacionalista, algo feito só pra provocar e chamar atenção de uma forma tola e imbecil. Mesmo assim, devido a uma certa curiosidade, os olhos do detetive correram pela notícia. Havia pequenos, leves insultos a Molly aqui e ali, salientando uma ideia geral de que ela era uma ingênua ludibriada pelo interesseiro detetive. Ele só fez um som de indignação e tomou um gole de café, irritado.

Sherlock então ouviu uma risada conhecida, doce, baixa e gentil. Lá estava Molly acordada o observando com um olhar brilhante.

-Mal amanheceu e você já está mal humorado? – ela brincou e se aproximou dele, beijando sua bochecha.

-Bom dia minha querida – Sherlock deu um pequeno sorriso – não é nada, mesmo. Na verdade eu acordei muito bem disposto, o café já está pronto.

-Ah sim obrigada – Molly agradeceu sentando-se a mesa e Sherlock se juntou a ela – encontrou algo interessante hoje? Algum caso?

-Acho que sim mas é um nível 6 – ele respondeu.

-Tem certeza de que não se tornaria um 7 se saísse para investigar? – ela instigou.

-Hã tenho quase tudo resolvido já, mas talvez tenha que sair para averiguar um detalhe – Sherlock disse, com um pequeno tom de irritação em sua voz.

-Tudo bem, espere por mim antes de ir, pode ser? – Molly sorriu mas havia captado algo incomodando seu marido – o que foi que aconteceu? Me conte, eu sei que tem alguma coisa te incomodando.

-Molly é uma bobagem – ele disse com desdém – não merece sua atenção. Não vou incomodá-la com isso.

-Se é algo tão idiota, me conta, eu nem vou ligar – ela insistiu com um olhar pedante.

-Eu vi um tabloide idiota sem querer – Sherlock bufou antes de responder – dizia que eu tinha te convencido a casar comigo como estratégia de marketing.

-Ora que coisa mais tola – Molly balançou a cabeça – não deveria deixar isso te abalar porque você sabe da verdade.

-Eu sei Molls – ele sorriu – só é estressante ver uma coisa dessas na primeira hora do dia.

Aquele foi o primeiro contato que o sr. e a sra. Holmes tiveram com a notícia daquele tipo. Os anos foram passando e, aqui e ali, geralmente sem querer ou por acaso, Sherlock e Molly se deparavam com comentários midiáticos negativos sobre eles. Mas, havia os que acreditavam muito no casamento deles, e aproveitavam essa vantagem contra o detetive. Molly tinha sofrido ameaças e sido sequestrada uma vez, até. Porém nada abalava a patologista. Mesmo que aparentasse ser uma mulher inocente e ingênua (como diziam os sites), mas ela era forte e determinada. O coração pulsante do 221B de Baker Street, a sabedoria viva que mantinha seu lar equilibrado. Nada e ninguém a separaria de Sherlock.

Já ele, reagia de forma típica à sua personalidade. Rebatia, esquecia, deletava, ignorava. Isso até Molly sofrer duras criticas nessas notícias. Uma vez um cliente debochou da sra. Holmes lembrando-se de uma artigo que tinha lido. Sherlock o mandou sair aos berros. O rapaz fez isso, assustado. Mas toda vez que ele se deparava com uma crítica idiota a ele e sua esposa, a fúria tomava conta dele. Algumas vezes, o atrapalhava até de se concentrar em seu palácio mental. Até que esse incômodo se tornou frequente. Molly percebeu o motivo de ele estar irritado quando ficava assim e, além disso, viu que não deveria instiga-lo a contar. Deveria mostrar a ele o caminho para esquecer essas maldades tolas.