Disclaimer – Twilight não me pertence, faço isso por diversão sem fins lucrativos, apesar de lucrar com o Edward sendo um perfeito amante. (hahaha xD)
Nota da autora: antes de começar a oneshot apenas quero esclarecer que Kahunsha é um nome fictício para uma cidade na qual não existe tristeza e que Bella afirmava morar. E que a oneshot se passa em um Universo alternativo, com vampiros é claro. Quanto ao comportamento de Edward vocês podem estranhar, mas pensem nele agindo com a Bella nas primeiras semanas que eles se encontram na escola okay? Quando ele tenta reprimir o desejo de matá-la. Ele era frio e "insensível". Espero que gostem, boa leitura.
Kahunsha
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A cidade sem tristezas
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Por Pamela Baldessini
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Tudo começa na vida com uma lágrima. E por muitas vezes assim também termina. O ciclo da vida por muito é complicado, mas ao mesmo simples. Assim era o meu. Kahunsha. A cidade sem tristezas, mais triste que existia.
Quando era pequena, meus pais morreram num acidente de carro. Havia sobrado apenas eu e minha irmã. Ambas estávamos muito feridas, eu com sete anos, ela com dez. Não tínhamos para quem recorrer, para casa de quem ir e após alguns meses depois de recuperadas, fomos para o orfanato. Eu era a mais nova assim foi muito mais fácil para mim achar uma família, que poderia ter ficado muito bem com nós duas... Mas infelizmente outra família já queria adotar Angela. Nós duas então fomos separadas.
Encontramo-nos algumas poucas vezes, parecia que a família pela qual ela tinha sido adotada não gostava muito de mim. Foi então, depois de quase um ano, que não vi mais minha irmã. Recebi apenas uma carta dela, uma única vez no natal, quando já tinha quase 13 anos. Nela ela pedia-me desculpas por não estar presente e que sentia muita falta de mim. Tenho certeza que ela sentia, éramos muito ligadas. Mas no final algo me chamou atenção... Ela me lembrava de quando eu era pequena e dizia que morava em Kahunsha, a cidade sem tristezas. Foi então que ela me perguntou por que eu não era triste. E eu lhe respondi: "para que a tristeza se podemos ser felizes com o que temos, nos esforçando para um futuro melhor, juntas?" Ela não soube o que responder.
Depois de tantos anos, ela me lembrou de Kahunsha, de como eu era feliz, sem tristeza. Foi então que eu chorei. Não que eu não gostasse dos Cullen. Muito pelo contrário, eles eram muito bons, apesar de serem vampiros e eu ser humana e estar correndo risco de vida, mas ninguém estava contando aquilo não é?
Esme a mãe dedicada que eu tinha antes. Carlisle o pai querido e brincalhão como sempre. Emmett o bagunceiro que me ensinava todo o tipo de brincadeira e tomava banho de chuva comigo e Edward, que apesar de mais velho, me protegia nas noites de chuva quando me lembrava do acidente. Mas ainda que eu tivesse grande apreço pela minha "família" não era a mesma coisa. Gostaria de minha irmã comigo... Aquela que afagava meu cabelo todas as noites até que eu dormisse. Aquela que me ensinava a me maquiar, mesmo que ela mesma ainda não soubesse direito. Aquela que brincava de boneca comigo.
Kahunsha já não existia mais. Era a cidade com mais tristeza que existia. E nessa noite fria chuvosa, na qual tento disfarçar minhas lágrimas nas gotas de água, choro por tudo que já aconteceu. Mesmo passado dez anos depois daquela noite fatídica na qual foi o começo do fim de Kahunsha, ainda choro por tudo que aconteceu. E mesmo que esteja com meus 17 anos não me esqueci de Angela e muito menos de tudo que já passei.
Parecia que o céu chorava comigo. Estava ali.. Sozinha.
Não faz mais nada além de chorar
Dia e noite
Em um estreito espaço entre o passado e o futuro
Suas memórias permanecerão imutáveis
Mesmo que você às transforme em belas mentiras
Você está completamente sozinha
Pelo menos até alguém com um guarda-chuva aproximar-se de mim e cobrir-me junto a ele.
- Quantas vezes já falei que não preciso disso Edward? - disse sussurradamente, mas tendo certeza de que ele ouvira pela sua audição apurada.
- Você precisa de cuidados Bella... Por mais que diga que não... Eu vejo como é frágil e precisa de ajuda. - respondeu ele em meu ouvido.
Vir-me-ei para ele olhando em seus olhos âmbares, como os de meu "pai" e "irmão". Encarei-o por alguns minutos e finalmente suspirei abaixando a cabeça e chorando ainda mais. Ele envolveu-me em um abraço. Ele nunca fazia isso quando havia alguém perto... Edward era muito frio e insensível como muitos diziam, mas acredito que, só porque ele não mostra o que sente, não quer dizer que ele realmente não sinta.
A cada lágrima que caia de meus olhos ele dizia: "tudo ficará bem". Mas eu tinha certeza de que não ia. Minhas lágrimas quase nunca fluíam... Quase nunca eram liberadas. Meu coração era como o céu noturno... Era infinito o vazio presente nele, além de escuro e doloroso. Edward por muitas vezes comparava que cada lágrima que eu continha por me mostrar uma mulher forte, era a mesma que o número de estrelas no céu... Muitas nem mais existiam, mas ainda assim eu fazia questão de não derramar.
Ele me abraçou mais forte me levando para dentro de casa. Naquela sexta feira a noite, não havia ninguém... Emmett provavelmente estava em alguma festa junto de Rosalie. Carlisle e Esme em algum lugar caçando. E sobrava apenas eu e Edward sozinhos ali naquela mansão enorme.
Ao passarmos pela porta ele me soltou e eu fui caminhando para a escada como uma alma que não sabe para onde está indo e muito menos de onde veio... Uma alma perdida em sua Kahunsha. Na dor eu me obrigava a fechar-me no mundo e ficar sozinha sem ninguém para me suportar, fora assim por muitos anos e porque não igualmente no futuro?
Subindo lentamente os degraus de madeira ouvindo meus passos ecoando pelo corredor escuro podia ver o rastro de lágrima que deixava por onde passada. Perdida no desespero e na solidão.
Você não sabe onde você está indo
Na dor você é obrigada a abrir suas asas de solidão
Além de um oceano de lágrimas
Senti sendo conduzida por Edward até meu quarto. Ele entrou juntamente comigo e me abraçou. Retirou minha blusa molhada e minha calça. Eu não reagia... Eu apenas continuava perdida. Não queria voltar nenhum pouco a realidade. Quando percebi novamente algo já estava debaixo do chuveiro, tomando um banho quente. Edward cuidava muito de mim quando estava assim... Desde pequenos.
Ele deitou-me na cama, quando já estava vestida, colocando um enorme cobertor em cima de mim e olhou-me nos olhos e eu correspondi. Sorri levemente acariciando sua bochecha levemente. Ele deu um meio sorriso e me beijou na testa.
- Amanhã você estará bem melhor. Prometo que o céu estará azul, sem nuvens como você gosta... – disse com a voz macia.
Eu apenas concordei... Como não? Ele dizendo aquilo parecia tão verdade, parecia que tudo que ele dizia seria verdadeiro e que realmente ia acontecer então por que não viver na mentira um pouco mais? Por que não tentar ser feliz mesmo sem sua Kahunsha?
Fechei os olhos deixando que o mundo dos sonhos e pesadelos tomasse conta de mim, tirando minha consciência e me afundando em meu silencioso desespero. Tudo lá era disforme, nada corretamente em seu lugar, apenas coisas sem nexo.
Sonhava com os dias azuis do qual eu sempre gostei e esperando que quando eu acordasse, eu pudesse deixar a tristeza por um tempo... Eu tentava me encontrar no meio das imagens opacas que eu via, durante toda a duração daquele meu sono. Mas nada eu encontrava, nada além de dor e medo do que o futuro poderia me proporcionar.
...
O sol entrava pelas frestas que a cortina fina branca deixava. Os meus olhos estavam pesados e não queria abri-los, mas ao sentir a claridade, levantei de um pulo olhando pela janela. Realmente o sol nascera como ele disse.
Ainda com a fina camisola coloquei um robe por cima e desci as escadas alegre. Fui até a mesa do café da manhã que estava vazia.
- Será que eles já tomaram o café da manhã? – perguntei a mim mesma. Caminhando lentamente fui até a cozinha, percebendo que ninguém estava presente. Vi um bilhete na porta da geladeira.
Bella,
Ficaremos o dia fora, Emmet está com Rosalie do clã de Denali e fomos encontrar com ele hoje, voltaremos no final da tarde. Qualquer coisa fale com Edward.
Beijos,
Esme.
- Oh... – então Edward estava em casa. Sorri malandra. – Será que ele já levantou?
Sai correndo, subi as escadas em um pulo só. Parecia que nada tinha me afetado ontem... Devia ser a presença dele perto de mim... Ele realmente me deixava mais confortável, segura, sem medo de nada...
Abri a porta do quarto lentamente, sabia que Edward não estava dormindo. Ele nunca dorme, apenas descansa em sua própria Kahunsha, queria saber como ela é...
O quarto estava escuro e não conseguia escutar nada além dos passarinhos lá fora. Talvez ele já não estivesse mais ali, mas isso era difícil, afinal Esme teria dado uma de mãe para cima dele.
Quando me acostumei com a pouca luminosidade do quarto, vi que ele estava na cama e percebi que escutava música. Caminhei até ele olhando-o, seu rosto relaxado e em paz me fez parecer uma monstra por querer "acordá-lo". Pensei em deixá-lo descansar e ouvir suas músicas até à hora do meu almoço e tomar meu café sozinha. Então vir-me-ei para sair do aposento quando senti duas mãos me puxarem pela cintura, foi então que minhas costas encontrou a cama macia.
- EDWARD! – disse entre dentes com o coração acelerado. – Nunca mais faça isso! - ele riu um pouco enquanto me ajudava a sentar.
- Como você é estressada pela manhã!
- Não é ser estressada, é não querer levar sustos desnecessários. – ele não respondeu, mas eu pude notar um brilho diferente em seu olhar.
- E então? – ele encostou-se à cabeceira da cama. – O que veio fazer aqui?
- Perguntar se você não quer tomar o café da manhã comigo, claro que eu não seria o prato principal.
- Deixe-me apenas trocar de roupa... – ele riu levantando-se da cama alongando-se. Precisava agradecê-lo.
Levantei-me, cheguei à porta e saí, mas antes de fechá-la chamei-o, e quando ele olhou em meus olhos, disse:
- Obrigado Ed... Por tudo. – sorri e fechei a porta indo para meu quarto.
Não demorou nem dez minutos e já encontrávamo-nos descendo as escadas para a cozinha, eu vestida como ele, shorts e camiseta, afinal estava sol, mas tínhamos que tomar cuidado de ele não ficar exatamente embaixo do sol, afinal eu ficaria deslumbrada demais.
Peguei a cesta com as coisas na cozinha enquanto pedia que ele esperasse na varanda. Quando apareci à porta que levava da cozinha ao jardim ele me olhou e eu sorri indo até ele.
- Vamos? – indaguei feliz.
- Piquenique... Muito original. – comentou sarcástico, mas me acompanhando até a sombra da grande árvore do jardim.
- Eu achei que com esse tempo seria legal. – expliquei emburrada.
Sentamo-nos na toalha que estendi na grama e espalhei as gostosas comidas que meus pais compravam para mim já que era a única humana por ali. Havia pães, frios, frutas, bolo de chocolate, suco de laranja. Edward é claro não precisava comer.
- O que vai querer? – perguntei a ele voltando meu olhar rindo da piada, parecia que desde o momento que eu começara a arrumar as coisas até agora ele olhava para mim. Meu coração acelerou e tenho certeza que fiquei vermelha, era estranho um vampiro me encarar daquele jeito. – O que foi?
- Nada. – respondeu ele olhando para cima vendo alguns raios de sol que escapavam pelas inúmeras folhas da árvore.
Coloquei suco para mim e para ele para manter as aparências. Enquanto comia em silêncio, divaguei pelas mudanças que Edward sofria nos últimos tempos e então uma pergunta surgiu e antes que pudesse calá-la, minha boca se mexeu.
- Ed, você está apaixonado?
Num primeiro momento pensei que ele não tinha escutado, mas lentamente ele virou seu rosto e me estudou um pouco, seus olhos brilhavam de um modo que parecia a mim sendo um tanto "maligno".
- Por que acha isso? – seu tom de voz era curioso, mas macio e com certeza, intimidador.
- Ah... Nã-ão sei. – gaguejei ligeiramente. – Você está mudado ultimamente. Está mais... Hum... Legal.
- Isso é bom? – perguntou ele. Mostrava um interesse em minha opinião. Então decidi ser verdadeira.
- Com certeza. – respondi sorrindo. – Você está se tornando.. Como posso dizer... Tolerante. Entende?
Ele não me respondeu apenas me deu um meio sorriso. Alguns minutos se passaram e quando desisti de receber uma resposta ele olhou em meus olhos e disse:
- É... Talvez eu esteja me apaixonando.
Foi então que eu não me reconheci e descobri que eu tinha duas de mim dentro deste corpo. Quando me disse essas palavras, meu coração definitivamente parecia quebrado, algo que eu não esperava e foi então que me descobri apaixonada por ele. Foi aí que descobri o que há muito tentava entender, a necessidade de vê-lo feliz, a necessidade de ficar com ele. Eu estava apaixonada pelo vampiro ao meu lado e por mais machucada que estivesse, eu fiquei feliz... Feliz por ele estar feliz...
Tempo após tempo
Você tenta se encontrar
Durante o tempo que passa
Você carrega feridas que não mudam
Que palpitam nos ventos da opressão
...
O sol começava a esconder-se atrás das casas quando entrei em meu quarto após um dia agitado. Passei a maior parte da tarde perto de Edward, na piscina enquanto ele ficava na sombra, tendo que sorrir e fingir amar tudo e todos, quando na verdade queria apenas me jogar na cama e chorar.
Talvez isso fosse muito clichê, mas na verdade tudo que queria era tomar um banho enfiar-me no meio das almofadas da cama e chorar até dormir e quem sabe estivesse melhor no dia seguinte.
Assim peguei um pijama veraneio e fui até o banheiro tomando uma ducha morna bem longa chorando bastante. Por que não tinha descoberto isso mais cedo? Por que tinha que ser por ele que, aliás, já estava apaixonado? Será que teria feito algo na minha vida e merecesse tamanho castigo?
As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto enquanto terminava meu banho e precisava pará-las naquele momento antes que saísse de lá e Edward sentisse o cheiro das minhas lágrimas e viesse até aqui. Era a única coisa da qual eu não precisava. Limpei meu rosto com a água engolindo o nó na minha garganta e fechando todos aqueles pensamentos num lugar bem seguro até que tivesse a oportunidade de pensar naquilo novamente sem chorar.
Desliguei o chuveiro e sai em menos de cinco minutos de lá de dentro. Passei à frente do espelho de meu closet e vi que meus olhos estavam ligeiramente vermelhos o que poderia dizer que era o cloro da piscina, mas meu nariz me delatava, mesmo com o sol, eu não estava vermelha, não ficava vermelha, na verdade eu nunca ficava nada. Meu nariz só ficava vermelho quando eu realmente chorava e aquilo era um problema.
Deitei na cama de casal de meu quarto pegando um livro em minha cabeceira. Era interessante ver como meu pensamento vagava pela história entrando cada vez mais por ela. Ele era realmente bom. A Dama de Vermelho. Uma anja que veio para a terra e arma a maior confusão com o homem a quem ela é destinada a completar a missão, e que por um acaso se apaixona.
A leitura me deixava cada vez mais ansiosa e num momento de suspense no livro alguém bateu em minha porta, pegando-me de surpresa e meu coração acelerou com o susto.
- Bella? Está tudo bem? – perguntou a voz que reconheci ser de Emmett.
Levantei-me e fui até a porta abrindo-a dando um meio sorriso.
- Claro Em... Só estava compenetrada na leitura. Nem ouvi você chegando.
- Oh... Mamãe mandou ver como você estava... Você estava muito quieta e ela estava com um mau pressentimento.
- "Oh, oh..." – sorri de maneira debochada escondendo minha aflição, ouvindo a voz de minha "mãe" e Edward altas vindo das escadas, com certeza estavam subindo-as. – Estou bem como pode ver Emmett. – ele olhou-me com a testa franzida como se notasse algo diferente.
- Seu nariz está levemente vermelho.
- "Oh não."
- Bella... – disse ele arregalando os olhos, ele não me via chorar há o que? Desde sempre? – Você chorou? - as vozes pararam, assim como os passos.
- Não seja ridículo Emmett! – disse arregalando meus olhos, incrédula. – Eu não choro você se esquece?
- Mentirosa! Seu nariz ta vermelho... Porque estava chorando Bella? – os passos continuaram um pouco mais apressados.
- "Oh droga, droga, me desculpe Em... Mas eu não vou encarar o Edward."
- E então? – pressionou ele.
- E se eu chorei? – disse ríspida. – "Desculpe Em!" O que você tem a ver com isso? É a minha vida não? Então cuide da sua, porque a minha já está encaminhada. – e fechei a porta do quarto rapidamente trancando-a, quando Esme e Edward apareceram no topo da escada.
Encostei-me na porta escorregando até o chão chorando novamente e tinha certeza que eles ouviriam. Batidas na porta, chamados, até mesmo a presença de Edward ali silenciosa não me fizeram sair dali, continuei escorada à porta, liberando minhas lágrimas, cada vez mais e tendo a certeza que naquele momento elas não mais poderiam ser comparadas mais a estrelas, pois elas estavam em maior quantidade e seus porquês não eram mais dignos de beleza. Afinal, inveja nunca é bom para ninguém... Sim, eu invejava a mulher pela qual Edward apaixonara-se.
Em um segundo longo como a eternidade
Suas lágrimas não fluirão duas vezes
Oh minha Dahlia
Para todos que têm cicatrizes em seus corações
A chuva irá cair
...
Desta vez o sol não invadia meu quarto, mas já estava claro, as nuvens carregadas cobriam o céu. Quase não dormi... Após chorar copiosamente apoiada na porta arrastei-me até a cama e quando estava cansada demais, adormeci. Novamente aquele sentimento odioso de inveja apoderou-se de mim e lutei com todas as minhas forças restantes para que ele não tomasse conta de mim.
Com dificuldade levantei e fui ao banheiro, tomei um banho gelado e coloquei uma roupa. Era segunda-feira e a escola me esperava. Suspirei lembrando-me da prova de biologia. Teria que encarar Edward por um bom tempo. No mínimo a manhã inteira, pois a prova seria sobre o conteúdo do ano todo.
Vestia uma calça jeans preta, uma blusa branca de mangas curtas com um casaco por cima e coloquei meus tênis preferidos. Peguei minha bolsa joguei-a pelo meu ombro nada delicadamente e desci as escadas. Vi que ainda era cedo, mas todos já haviam saído, Carlisle para o hospital, Edward e Emmett para a escola e Esme talvez para caçar, se bem que ela já havia o feito há dois dias, então não saberia dizer. Tomei um copo de suco de laranja e comi meio pão com margarina.
Peguei as chaves do carro e rapidamente me dirigi a escola. Por ser meio da manhã não tive problemas, como nunca teria em qualquer hora, afinal, ali era Forks, em menos de quinze minutos parava meu carro no estacionamento e ia em direção a salas.
No meio do caminho algumas pessoas me paravam para perguntar se estava bem e por isso cheguei em cima da hora à aula. Adentrei a sala e vi que aguardavam apenas o professor além de mim. Caminhei por entre as fileiras, vendo Mike me dar um oi.
Sorri amigavelmente enquanto sentava-me ao lado de Emmett, que estava em uma carteira à direita de Edward. Retirei o estojo da bolsa colocando-a no chão ao meu lado. O professor entrou desculpando-se e então fui obrigada a olhar para Edward, talvez pelo seu magnetismo, mas não conseguia deixar de olha-lo por muito tempo, mas principalmente porque o amava e não me surpreendi quando me virei e vi que olhava seriamente para mim com um brilho nos olhos que não podia acreditar que estava ali... Edward estava confuso?
- Muito bem. – disse o professor calmamente, fazendo Edward desviar seu olhar do meu e pegando as provas. – Comecemos.
Eu ainda estava estática, Edward nunca ficava confuso, nunca tinha sentimentos puramente humanos, alguma dúvida sobre o que fazer talvez, mas nada que durasse por mais de um segundo e aquilo eu podia sentir estava incrustado em sua cabeça.
Pensei sobre todos os possíveis motivos para encontrar-se assim e o mais plausível era com algo pessoal, provavelmente com a namorada dele.... Isso me fez travar o maxilar rangendo os dentes e tendo pensamentos assassinos com quem quer que seja a mulher de sorte.
A prova foi calma como esperava abordando todos os assuntos que havíamos visto no ano e durou muito tempo eram quase uma hora da tarde quando ela foi encerrada definitivamente.
- Merda! – praguejei olhando no relógio, tentando ligar o carro, precisava ir para a loja trabalhar, mas sem o carro pegar ficava meio difícil.
- O que foi Bella? – perguntou Emmett cautelosamente, chegando à minha janela. Talvez tenha pegado pesado demais com ele na noite passada.
- Nada Em. Eu preciso estar em quinze minutos na loja, mas o carro não quer pegar.
- Eu conheço um meio de transporte mais rápido. – disse ele sorrindo malicioso.
- E qual seria? – perguntei receosa.
- Venha. – ele me puxou rapidamente para fora do carro e vi que Edward ficou visivelmente irritado com aquilo, pois sabia que ele esperava uma oportunidade de conversar comigo. Mas ainda assim segui Emmett para onde me levava.
...
Chegar à loja em menos de dois minutos realmente tinha sido um recorde. Emmett tinha me levado até uma mata próxima e correu comigo até lá.
- Obrigada Em... Te devo uma. – ri com vontade.
- Só me prometa uma coisa? – pediu ele sério.
- Dependendo.
- Não chore mais por besteira. – ia interrompê-lo, mas ele impediu continuando. – Eu sei que eu posso ser rebelde as vezes e não saber o que eu estou fazendo, mas de uma coisa eu tenho certeza, não há motivos para chororô e somente você ainda não percebeu.
- O que você quer dizer com isso? – agora eu estava realmente confusa. Emmett tinha falado de uma maneira tão estranha e não fazia a menor idéia do que poderia ser.
- Que você tem um passado triste, concordo com você Bella e sei que você ama nossa família, mas você nunca pensou que algo de bom pode acontecer com você e acaba não prestando atenção que... E eu não acredito que eu estou falando isso defendendo justo essa causa, mas... A felicidade está batendo na sua porta Bella... E somente você não vê. – ele virou-se e correu, não me deixando dizer nada, apenas vagando em pensamentos.
Aquele dia ia ser longo e tinha certeza de que não conseguiria não pensar nas palavras de Emmett, apenas esperava que conseguisse me concentrar em algumas tarefas.
...
O sol se escondia por detrás das árvores quando saí de meu turno, mas o crepúsculo aparecia por algumas brechas ainda estava na metade e seria uma ótima idéia ir até o parque ali perto e assistir a beleza da natureza. Foi com os pensamentos avoados que na saída trombei com alguém.
- Me desculpe. – disse olhando para a pessoa e me surpreendi extremamente quando vi ser Edward. – O que faz aqui? – perguntei curiosa. Será que a namorada dele estava ali e ele havia vindo aqui para buscá-la?
- Estava te esperando. – ele me respondeu com um meio sorriso no rosto. Realmente ele dizia a verdade. – Vamos, quero te levar num lugar antes de voltarmos para casa.
- Aonde? - ele não me respondeu.
Só continuamos andando até o carro dele e em poucos segundos deslizávamos pelas ruas nas proximidades do campus. Em menos de cinco minutos chegamos ao parque que eu queria ir e saímos do carro.
O gelado vento sopra
Os pássaros que não podem voar
Carregam cada um de seus sonhos
No céu da aurora
Retirei meus sapatos pisando na grama fofa enquanto caminhávamos pelas flores e assistíamos ao final da hora do dia que eu mais gostava. Sorri fracamente para os pássaros que voavam pela ultima vez no dia, voltando para seus ninhos, para seus parceiros, e então o meu sorriso se desfez. Como eu gostaria de ter um... Edward estava me observando e eu tinha plena consciência disso. Suspirei frustrada, porque ele não dizia nada?
Chegamos até um banco onde sentamos em silêncio e ficamos admirando a paisagem e eu principalmente as flores. Havia muitos tipos que eu conhecia, mas algumas nunca vistas antes, mas as flores que mais haviam ali eram dálias de diversas cores.
- Bella... Eu gostaria de conversar com você sobre ontem à noite.
- O que quer falar?
- Porque estava chorando daquele jeito, pequena? – disse passando os dedos pela minha bochecha em sinal de carinho como ele sempre fazia.
- Nada Edward... Acho que estou passando por momentos de estresse e não sei o que está acontecendo comigo. – tentei desviar do assunto.
- Eu sei que está mentindo, Bella. Você não olha para mim quando mente e você fica corada, o que você está neste momento. – disse ele num tom irônico.
Oh... Eu estava mesmo corada? Mas eu não estava mentindo, estava passando por um momento difícil e de estresse, pensando nele e em sua... Grr... Talvez fosse nossa proximidade que me deixou assim.
- O que você quer que eu diga Edward? Estou tentando falar a verdade...
- Mentira... Eu te conheço Bella...
- Como você pode ter tanta certeza?
- Eu presto atenção em você Bella... No modo como você se comporta quando sente as coisas, sei exatamente quando você está triste, feliz, indisposta, com raiva, mas nesse ultimo dia não entendo seu sentimento. É algo parecido com raiva, mas não é igual... Eu só quero entender. Você sabe como você significa muito para mim e que eu não diria nenhuma dessas palavras se não estivéssemos sozinhos e se não fossem verdade.
Suspirei. Ele realmente tinha o dom de me perturbar e saber tudo sobre mim, mas como ele sabia tanto.
- Eu estou com ciúmes. – disse massageando minhas têmporas com os dedos.
- Ciúmes? – perguntou ele. Encarei-o e vi suas sobrancelhas arqueadas e uma expressão total de confusão.
- Sim... Ontem você me disse que estava apaixonado. Estou com ciúmes. – disse certa de que estava corando e tinha certeza de que se eu não me arriscasse não me perdoaria por nada.
Mas ele riu. Uma risada baixa, mas intensa, algo que eu não esperava e fiquei chocada. Edward Cullen rindo? Era surreal demais para imaginar, se não estivesse ali, não teria acreditado.
- Você está com ciúmes Bella?
- Sim.
- Por quê?
- Oras... – disse corada, como poderia explicar que estava apaixonada por ele?
- Não há razão para isso minha garota. – ele respondeu com um sorriso feliz na face e beijando minha testa. Ele realmente me chamara de "minha garota"?
- E posso saber por quê?
- Simplesmente por que você está com ciúmes de você mesma. – disse ele sério e meu cérebro parou definitivamente.
Onde? Quando? COMO ASSIM? Ele dissera com todas as letras que estava apaixonado por mim? Tudo bem não podia ser com todas as letras, mas tinha certeza que aquilo que ele dissera era isso não?
Minha mente rodava e esquecia como se respirava. Puxei o ar e soltei profundamente várias vezes tentando me acalmar, tendo plena certeza de que ele me observava.
- O... O que você... Você disse? – perguntei com a voz falha.
- Eu te amo, Bella.
Okay agora tinha sido com todas as letras, palavras e pontuação. Senti meus olhos marejarem, dessa vez completa felicidade e então lembrei-me de tudo que Emmett me dissera, eu era a única que não via? Realmente?
Eu o senti abraçar-me e me agarrei a ele chorando em seu ombro enquanto ele beijava meus cabelos e sussurrava que tudo ficaria bem como sempre fazia comigo quando estava nervosa. Depois que lentamente me acalmei e respirava normalmente ele separou-se um pouco de mim e tocou meus lábios com os dele, beijando-me fervorosamente e eu correspondendo a igual altura.
A conseqüência de tudo aquilo era clara, eu amaria aquele homem por toda minha vida, não me arrependendo de nenhuma decisão que eu tomasse e tinha certeza que minha vida seria um inferno, sem acreditar naquele sentimento e aceita-lo. Amar era meu destino. Edward seria meu paraíso, sempre.
Ele sorriu para mim quando nos separamos e ele abaixou arrancando uma das flores do parque estendendo-a para mim.
Tempo após tempo
Você chora na realidade
O tempo pára
Milhares de lágrimas derramadas
As flores de nossas ilusões irão se abrir
Então eu sorri... A pequena flor em minha mão parecia brilhar com sua cor perolada, que não chegava ao branco. Tinha uma beleza singular... Meu coração acelerou e eu novamente olhei para ele. Meu sorriso aumentou e encontrei meu lugar em seu abraço, levando-me a acreditar que existia uma Kahunsha no próprio mundo, na qual eu não precisei procurar, ela apenas veio atrás de mim, bastava eu acreditar nela agora...
Dahlia
Nota da autora: Muito bem, espero que tenham gostado na oneshot. Eu realmente me esforcei para que tudo fosse o mais perfeito possível e gostaria que deixassem reviews. Não sei se consegui meu intento deixando ela fofa, mas mesmo assim agradeceria comentários okay? A música da oneshot é Dahlia que foi escrita por X-Japan.
Beijos! e por favor mandem reviews dizendo o que vocês acharam :D
