Os olhos azuis não tinha mais o ar brincalhão e o brilho habitual, as orbes claras convertiam-se em lagrimas quentes que rolavam pela face antes sorridente que agora contraia-se em uma mascara de tristeza. A posição fetal já não lhe trazia mais nem um conforto entre os soluços, a fria noite cortava os braços nus, mas a dor dilacerante no coração o fazia ignorar o sofrimento corporal que se colora sentado sozinho naquele terraço numa noite de inverno.
Palavras duras, cortantes e esmagantes. Os elogios a uma pessoa o deixaram nesse estado, como, como ela podia ser tao cruel? Ser tao cruel ao ser tao amável? Por que Emily e não ele? Cada palava de Judy sobre a garota o fizeram ter vontade de correr mais e mais, não lembrava como chegara ali, apenas lembrava de cada palavra, cada uma uma estaca em seu coração.
"Você sempre foi um gênio Emily, sei que vai fazer um bom trabalho nas pesquisas assim como faz nas lutas, sempre te considerei como uma filha."
Por que? Isso ecoava na mente do loiro enquanto as mãos apertavam com força seus joelhos, como ela podia considerar tanto a garota e não ter o mesmo consigo? Tudo que mais quisera fora a impressionar, se tornar importante para ela, não ser apenas o filho de outro lugar a qual ela nem sequer lembrava. Sempre ocupada, sempre ocupada, por isso acabara apenas com seu pai, ele mesmo não aguentou a obsessão dela por trabalho.
Como pode não compreender? Compreender antes que sua necessidade de carinho não ia ser suprida por ela? Por que? Por que? Por que se ela é sua mãe? Ela deveria o amar, não o conciderar uma coisa secundaria e o jogar para o lado ao conseguir alguém como Emily? "Como uma filha" Sera que ela entende o que é isso? Pois ate onde se lembra tudo que recebeu como filho foi sua guarda com seu pai e um continente de distancia sem nem mesmo um telefonema.
Os soluços aumentaram, e os tremores de frio também, fria noite, noite escura, sera o suficiente para deixar no breu tais sentimentos e tirar do limbo da existência essa pobre criatura? Como pudera, como pudera falar isso? Como pudera destruir o resto da vontade que tinha de a conquistar? De conquistar o carinho que nunca teve, de conseguir seu ponto de maior anseio?
Fechou os olhos ainda em lagrimas e deixou os soluções serem a única coisa a quebrar o silencio, pensamentos confusos e a dor que a muito tentou afastar. Queria não ter tentado, ter ficado na esperança, nunca ter podido ouvir a ter que o ouvir que mais queria ser dado a outra pessoa.
A blusa sendo atirada sobre seu corpo tremulo fizeram os olhos já avermelhados se abrirem e fitarem ainda lacrimosos os violeta do capitão, o olhar frio e serio não se dissolvia, sempre forte, sentiu vontade te ter essa força, mas agora estava ali, como um animal ferido, acoado e indefeso.
- Vai pegar uma gripe, vai ser pessimo pra equipe- veio a frase seria o fazendo tentar engolir os soluços, mas não houve efeito.
- Vai embora Kai!- soou mais alto do que queria e do que achou que conseguira, a dor se tornou odio e tomou o ate então aparente doce coração do garoto, mas quebrou-se em seguida novamente em lagrimas. O russo olhou deu dois passos para frente e sentou-se olhando calmo para o garoto, a expressão seria tomou um cunho excêntrico, o loiro sentiu-se diminuído e frustrado, era tão patetico a ponto de conseguir causar compaixão no assim tão desalmado capitão?
- Somos parecidos, você e eu- disse com um olhar calmo fazendo o garoto em lagrimas o olhar confuso, Kai balançou a cabeça e prosseguiu- você pode os enganar com esses sorrisos, o jeito brincalhão e tudo mais Max. Mas não funciona comigo, você já deveria ter percebido. Somos iguais, buscamos esconder nossas dores e fraquezas, eu com a casca fria e o jeito serio, funciona bem devo dizer. Ja você, ri, sorri, fica deixando todos achando que você é a pessoa mais feliz do mundo e isso é bom, diferentemente de mim você acha bom ter os outros por perto, não compreendo por que ou para que – deu se ombros sem alterar a expressão- mas isso te da alguma vantagem quando a ter alguém pra quem correr. Afinal de contas as vezes isso infelizmente é necessário.- falou encarando o garoto serio- e não me olhe assim ou pense em me abraçar- disse quase num bufo encarando o outro que ainda tremia, mas agora o olhar vidrado ainda com os olhos em lagrimas se mantinha no capitão.
Kai suspirou olhando para o loiro, balançou a cabeça negativamente comparando as situações, nunca lhe deram opções, nunca tivera esperanças para serem destruídas, mas max tinha e agora parecia que foram rasgadas, achava incrível ele ter conseguido ser discreto ao sair da festa,mas pelo visto o controle não durara muita, outra grande diferença entre os dois.
Ficou ali fitando o garoto ate que vencido pela exaustão mental e pelo frio Max caísse no sono, suspirou amparou o garoto contra seu corpo e colocou a blusa nele antes de o erguer no colo, e o levou de volta par o hotel, foi logo cercado por um Tyson agitadíssimo.
- Kai? O que foi que aconteceu?!-
- cala a boca Tyson- bufou deitando o loiro. Voltou-se para Rey que o encarava serio e balançou a cabeça negativamente- Cuida dele.- disse saindo em seguida e deixando todas as perguntas de Tyson para traz. Aquele era amargurante segredinho que sabia que ia ter com o loiro de agora em diante. Saiu para a rua sorrateiro como um felino, algo que não deveria pertencer a si e sim a Rey, mas que no momento lhe agradava. Viu a mulher loira entrando no Hotel minutos depois enquanto estava no silencio da escuridão de um beco, encarou a lua e se perguntou se aquilo melhoraria ou pioraria a situação.
