Pequena nota: essa fic está completa, e tem uns meses de vida em meu PC... não pensei em publicá-la até agora, pois a fiz pra um amigo meu, já que eu lhe devia. Os personagens principais (Misao, de Rurouni Kenshin, e Ralf, de KOF) estão aqui de maneira meio OOC, UA e crossover, como percebem. Enfim, eles não me pertencem, mas os outros personagens por aí fui eu quem inventei xP
Bem, Thomas, meu bom amigo, obrigada por me agüentar durante mais de um ano jogando RPG no MSN comigo, usando o Ralf, e eu a Misao. Agora sim, vou publicar isso! ò_ó Gente, espero que entendam pelo menos um pouco e me deixem comentários. Obrigada e aproveitem :*
Era uma casa de madeira, enorme, que ficava no fim daquela alameda fria e meio deserta. As folhas em forma de estrela caíam sobre a grama úmida e a estrada de concreto já cheia de folhas amarelas e marrons. Não havia sol. Não havia muitos sons. Quase nada. Nem sequer som de cachorros latindo ou crianças gritando ou chorando. Simplesmente nada.
Mesmo assim, algo ou alguém tentava mudar a situação. Era um dia frio, chato e muito normal naquela vizinhança, mas... Não importava. Naquela casa, morava uma garota. Bonita, cabelos muito longos e escuros, olhos únicos e expressivos. O modo que seus pés descalços moviam-se no chão de madeira era perfeito, sem atrapalhar o que seus braços e mãos faziam naquele momento.
Eles quebravam o silêncio. Mesmo que a música que saía daquele violino fosse triste, ela ousava em quebrar o silêncio. A mulher girava, pulava, olhava o chão como se não tivesse mais nada para olhar. Mas... isso não a atrapalhava a tocar. As notas atingidas eram perfeitas – ou quase -, os dedos já não doíam, muito menos os braços. Estava acostumada fazia anos.
Lá fora, o vento levava as folhas para todos os lugares. E, de repente, a música foi ficando mais rápida e alegre, assim como os passos da jovem.
Na calçada encoberta pelas folhas secas, alguém se aproximava. Um rapaz alto e estranho, de cabelos longos que tocavam os ombros, levemente ondulados e olhos claros. Parou ao ouvir melhor o som e olhou a porta branca da casa. Tirou as mãos dos bolsos do casaco grande e escuro e caminhou pela estradinha de pedras que levava à porta da casa, ajeitando o que parecia ter a forma de um violão em seu ombro direito.
Chapter one:
"Music and union."
Sem cerimônias, o rapaz tocou a maçaneta da porta e a girou. A porta se abriu, sem fazer ruído algum. Ele deu de ombros e adentrou a casa, a música ficando cada vez mais alta. Não parecia ser de algum aparelho de som... Parecia diminuir e aumentar às vezes. Ninguém iria ficar brincando com o volume assim, certo? Tá, até brincaria, mas, enfim...
Andou em direção a música e vira algo que o fez ficar meio chocado. Parecia um anjo, ao mesmo tempo em que parecia ser tão humano. A mulher ainda tocava, mas de costas para ele, o rosto calmo e os lábios quase num sorriso, olhos fechados e corpo movendo-se conforme a música que ela mesma tocava, tirando as notas da mente. O vestido longo e muito rodado esvoaçava com seus movimentos, o cômodo sendo iluminado pela lareira acesa e fazendo a mulher ter um contorno dourado.
Não resistiu. Tirou seu violão da capa e começou a tocá-lo, acompanhando-a. Ela pareceu não ligar ou, simplesmente, não o ouviu. Estava concentrada demais.
"Espera..." Ela pensou, parando com os movimentos e abrindo os olhos. Parou de tocar na hora ao ver um estranho em sua casa, olhando-a, sem mais tocar o violão.
No momento seguinte, houve um grito e alguns barulhos. E, no momento mais seguinte ainda, viu-se um corpo ser jogado pela porta. Ofegante, a mulher estava parada na porta, com cara de poucos amigos.
- Que raio você tava fazendo aqui, garoto?! –Ela berrou, muito vermelha e nervosa, agarrando um pedaço do vestido. Ele, então, levantou-se com calma, limpou sua roupa e a olhou.
- E isso lá é jeito de tratar visitas?
Cínico!
- Fora... da minha... casa!
- Eu já estou fora, como pode ver. –Disse ele, abrindo um pouco os braços longos. –E até que você tem boa força nos braços. Jogar-me assim não deve ser fácil, não?
- Cale-se.
Ele coçou a nuca, não entendendo como ela podia ser tão irritada, sendo que, há pouco tempo atrás, parecia feliz.
- Pode devolver meu violão?
- O seu...? Ah. –Ela entrou em casa novamente e logo, trouxe o instrumento. Entregou a ele, antes de continuar. –Que raio você veio fazer aqui, entrando sem bater?
- Estava meio aberta e você nem tava preocupada com a porta. Praticamente me convidou pra entrar. Devia ter mais cuidado, viu?
Quem ele pensava que era? Entrava sem bater, interrompia a calma dela, parecia se divertir com a situação e, agora, dizia como ela deveria cuidar de sua casa?
Mas ela anotou a dica na mente, claro.
- Quem é você e o que quer?
- Uh, é da polícia, é? –Ergueu as mãos sorrindo, como se estivesse inocentando-se de algo. Uma veia saltou na testa dela.
- Responda...!
- Calma, foi brincadeira. –Ele acendeu um cigarro que tirou do bolso do casaco, junto com um isqueiro e passou a fumar. –Sou seu vizinho há duas semanas. Meu nome é Ralf Jones, senhorita, muito prazer. Tenho te ouvido tocar a alguns dias, quando eu passava por aqui. Vim apenas tirar a dúvida de que se era mesmo você quem tocava ou se eu estava ouvindo coisas.
- Pois é, sou eu mesma quem toco. Meu nome é Misao. –Deu de ombros, pronta para despedir-se dele após ver que chuviscava.
- Você toca muito bem. -...Mas estava aberta a elogios, antes. –O modo como você toca e dança ao mesmo tempo com tanta... emoção... é lindo e meio raro de se ver.
- Obrigada.
Começara a chover mais forte. Ralf jogou o cigarro numa folha úmida e pisou nele, calmamente, o apagando.
- Posso entrar? Não faço mal algum, juro. Só se você quiser.
Ela olhou o céu e via que a chuva iria apenas piorar. Como boa anfitriã que era, seus instintos não queriam que o rapaz se resfriasse por ter de voltar para casa debaixo de chuva – as casas eram muito afastadas uma das outras. Suspirou.
- Entra. Vou fazer um chá. Mas tire os sapatos e deixe-os no tapete em frente à porta, tá?
Ele apenas concordou com a cabeça e fez o que ela disse, antes de entrar.
