NOTAS:
Esta fanfic é fruto da imaginação da autora, nenhuma intenção de macular a realidade. Nem ofender os reais envolvidos. É apenas uma visão de fatos públicos, especulação de momentos privados.
.
Adoráveis Conjecturas Por Fim
.
- Capítulo 1 –
Love for the last time
.
Podia se sentir um ruído suave do outro lado da porta, se você não prestasse muita atenção nem perceberia. Mas Rob conhecia bem aquela furtiva figura. Ele se aconchegou ainda mais naquele corpo quente, sentindo as costas dela contra seu peito, tirou algumas mechas do cabelo, e falou conspiratório:
- Teu filho já está acordado...-ele escorregou a mão pelo quadril dela, e puxou-a para mais perto, e mesmo assim não obteve nenhum reconhecimento-... Kris, você me ouviu?
- ...Ahamm... – nem por um segundo ele acreditou que ela compreendera.
Um estrondo foi ouviu vindo do 1º andar, junto com um miado irritado.
- Merda! –escapou dos lábios dele.
- Que horas... que horas são? –ela perguntou sem abrir os olhos, no automático.
- Seis... Por Deus... Temos que descer... –agradou as coxas dela-...Tão macias...
- Nem pense... – agora os olhos dela estavam bem abertos. Um olhar de desafio às mãos dele- ...E "temos"? -ela estreitou os olhos para ele em aviso.
- Mas Love...
- Não... Nada de "mas Love"...Seu inglês ingrato...-tinha o dedo em riste no peito dele, seu corpo virado- ...Eu carrego, eu engordo, eu enjoo, eu incho, eu não durmo, eu não como, eu choro, eu morro de dor, eu fico com as estrias...
- Ok...ok...
- Eu fico sem roupas, eu recebo criticas, eu sangro, eu grito, eu dou de mamar, eu morro de dor...
- OK!OK!MULHER!...
- E qual é o acordo?
Ele nem respondeu, deu um beijo no nariz dela. Encontrou melhor não corrigi-la por ter morrido de dor duas vezes. Era melhor.
Sempre ficava impressionado como seu filho manejava escapar da grade de segurança das escadas, mas nem devia, sua mãe dizia que ele fazia o mesmo. Tal pai, tal filho.
E este intruso estava avaliando, chacoalhando, remexendo, contando todos os presentes que estavam embaixo do pinheirinho, vestido ainda com seu pijama vermelho de pezinhos. Era bem adorável como o filho estava concentrado na tarefa, o inglês ingrato teve que conter um sorriso ao observa-lo, devia lembrar que uma promessa tinha sido quebrada. Assim como uma desordem reinava na sala.
- John Thomas Stewart-Pattinson...- e o pequeno deu um pulo por ter sido surpreendido-... O que você faz aqui embaixo?
Se a figura paterna acreditava que estava conseguindo manter sua postura, o rebento pareceu não notar nada, refeito do susto, abriu um sorriso gigante e correu para as pernas daquele gigante.
- Paeeee!...Olha paee!...Voce disse que o Papai Noel ia "gosta" das bolachas ...Ele comeu tudinho...E tomou toda a "ceveja" também... E você viu embaixo da "avole"? –ele arregalou os olhos e falou baixinho-...Tá cheio de "pesente"...Um montão... Eu acho que o Papai Noel ficou mais rico este ano...
Definitivamente, não podia rir. "Seja forte, você é o adulto aqui". Abaixou-se e bagunçou os cabelos loiros da criança, recebendo uma reclamação, e pegou-a nos braços muito sério.
- Ok, Johnny...Mas o que você combinou comigo ontem de noite? ...
- Mas paee...-a voz era mero sussurro e o rostinho era de cortar o coração.
- Não... A gente tinha um trato, fechado com cuspe de Rei Artur... Você sabe que não pode quebrar assim...Era ou não era para você esperar o papai na cama, até eu te buscar?
- Eu tava na minha cama.. Mas ai deu dia, tinha sol já "pae"... E você não veio...E o "Bearr" estava com fome...E eu disse para ele te "espera".. Mas ele começou a "come" meus "binquedos"...E você "demoro"..E se o "Bearr"comesse tudo meus "binquedos", ele ia "te" "do" de "barrriga"...E você disse que...
E até este ponto chegou a seriedade parental. Robert deu uma boa gargalhada e jogou o filho sobre os ombros sem cerimônia, segurando-o firme pelas pernas.
- Venha, pequeno... Vamos fazer o café da manha e esperar a mamãe descer para abrir os presentes...
- Eu não "so" pequeno...-disse ofendido-...Tenho quase "cuato" anos.. Sou "gandi, pae"...Eu luto com pilata, e ganho do Tio Cam já ...E a MamaJul deixa passa geleia sozinho no meu pão...Toda a geleia que querro...
- Desculpa, parceiro...Voce já é grande..Já se veste sozinho, já faz xixi em pé no banheiro, já luta com piratas, já tem bicicleta com rodinhas, já vai para a escolinha... –e colocou o filho sobre o balcão da cozinha-...Ei, você dividiu o danoninho com o Jella de novo?
- Uhuuumm..Ele me pediu...-disse com certa altivez.
- Mas o que a mamãe disse?
- Que ele ta "godo"...Mas ela também tá, e come bastante, bastante, até danoninho...Tadinho do Jella...Se eu não "do", ele me "dirrruba, pae"...
- Ok, você tem um ponto, mas vamos deixar isso entre a gente, certo? Mamãe anda muito cansada para pensar nisso agora...
- Eu posso "subi" e dá um beijo nela? Isso pode "faze" ela fica boa, ne? Ela diz que faz...
- Boa ideia, parceiro...-ele o pos no chão-... Mas sem muito beijos, porque sou muito ciumento..
- "Pae", ela é minha também...-disse carrancudo-...Posso "beija" ela SIM...
- Ah é... Você pode beijar a minha esposa?...Hum...Tenho um oponente? Acho que temos que decidir isso numa disputa de cosquinhas...-gritou a ultima parte com dramaticidade.
E o pequeno já estava gargalhando antes mesmo que Rob o alcançasse perto das escadas e o jogasse nos ombros de novo, subindo para o quarto, de onde Kristen já ria sozinha daquela gritaria e se escondia debaixo das cobertas, por mais 5 minutos ali. Se ela tivesse tal sorte.
.
O piano tinha um lugar especial na sala deles, a música em todas elas, em todas suas casas. Esta sala em especial estava coberta de papeis de presente e dos próprios, e doces, e todos ainda trajavam em seus pijamas. O que era uma tradição, a qual eles respeitavam muito. Com certeza chegariam atrasados no almoço de Natal. Esperaria mais uma vez, a compreensão dos pais.
Kristen estava em pé, próxima de onde um show se iniciaria, olhando para seus dois amores: Rob –visivelmente nervoso- checava com Johnny, quem se divertia, mas mantinha-se muito sério. Podia ver no filho os traços tão marcantes do pai, a maneira como os dois homens da sua vida interagiam um com o outro lhe davam um carga de orgulho e emoção tão forte. As teclas do piano, na metade a frente do pequeno, estavam marcadas com adesivos coloridos e com números. Tão fofo que ela não podia parar de sorrir ao ver os dedinhos ansiosos aguardando seu momento.
A maneira como seu Johnny olhava com total admiração para o pai, era algo tão lindo de se presenciar. E seu marido tinha uma paciência infinita, ela sentia que aquele era seu papel mais importante e amado. Era como se ele se iluminasse cada vez que ouvia a palavra "pae" ser entoada.
- Então, estamos prontos, filho... –teve a concordância esperada-... Ok... –e ele a mirou-... Love, este é nosso presente de Natal para você...
- E para a Lily...Ela pode mesmo ouvir lá dentro da barriga da mamãe, "pae"? – ele olhou muito desconfiado, tanto quanto estava este ano com Papai Noel podendo mesmo descer pela lareira sendo tão gordo como Jella e a mamãe.
- "Lilian"...Johnny...O nome da sua irmãzinha é Lilian...-ela disse pela milésima vez, passando a mão e sentindo a pequena lhe dar um belo chute em resposta. Concordando ou não.
- Esse não é o nome da "fo", "maee"...Vovó "Clarr" tem "lilies"...Nao "lilians"...-e ele podia ser tão adulto algumas vezes em sua lógica.
Robert ficou olhando a interação e nada disse, apenas uma atenção divertida, e ela já desconfiava que mais uma vez perderia a batalha, pois o filho sempre conseguia ganha-lo em poucos movimentos. Check mate.
Em alguns instantes a musica fluiu, apenas seu marido tocava agora. E às primeiras palavras cantadas pelo filho, ela reconheceu a canção e sentiu as lágrimas se formarem insistentemente. Era um arranjo mais lento, mais intimo, mais belo.
- If you "a" sitting "comfotabla" then let me begin...I want to tell you a tale about the mess I´m in… And it all "starrts" with a "gall"…- e por um instante ele parou e falou como se apenas o seu comparsa pudesse ouvir- ...É a mamãe, ne?
E ela teve que rir. Apenas irresistível. Aquele pequeno tinha lhe virado o mundo como ela nunca tinha podido imaginar. Talvez, tão forte e inacreditável como o pai dele tinha feito. Ela tomou a máquina fotográfica em posição e fez aquele momento eterno. Isso foi algo que tinha vindo com a maternidade, a paixão por fotos. Muitas fotos, pois parecia que nunca eram suficientes para manter aqueles momentos seus.
Nada tinha sido fácil por estes anos, nem mesmo sua relação com Robert... Casamento, trabalho, mais trabalho, assedio de todos e todos os lados... Era tudo demais, às vezes. Ela não gostava das brigas, não gostava de se fechar em si, nem das discussões deles... E elas existiam em um numero maior e que a assustava em outras ocasiões. Era tanta coisa a decidir. E não eram apenas os dois, não mais, havia seu pequeno Beatle no meio. Tudo tinha um maior peso.
A voz rouca de seu inglês lhe trouxe a superfície.
- I'm falling in love for the last time...I'm falling in love forever and ever...Falling in love with a girl that ain't mine... I'm falling in love for the last time..
Ele a tinha ali, totalmente rendida. Aquelas palavras eram de outra era, e tinham sido uma confissão e com ela veio uma promessa... E ela se lembrava –completamente- a primeira vez que ele a cantou para ela num quarto de hotel, não muito longe dali.
Seu filho, o filho deles, tinha a mirada presa nas teclas negras e brancas com seus adesivos e as passava com tanta naturalidade, que ela agradecia por ele não ter herdado sua falta de coordenação musical. Era tão perfeito ao lado do pai no banco, que ela tinha vontade de morder suas bochechas, e entendia plenamente as mães que faziam seus filhos passarem vergonha em locais públicos... Ele era perfeitamente mordível.
Fiel a sua promessa, Kristen começou a aplaudir e gritar "bravo" antes da música ter seu fim, limpando uma lágrima e outra, e o pequeno protestava e ria de sua mãe louca, e balançava a cabeça em compreensão silenciosa com seu pai. Mulheres.
O concerto foi encerrado com o H5 do dueto, e Johnny saiu correndo para abraçar as pernas de sua mãe.
- Você gostou "maee"? Mesmo?...
- Muito, meu amor... Estava lindo..-ela se abaixou desajeitadamente e deu-lhe um beijo nos cabelos-...Vocês dois estavam perfeitos...
- Mais que o "cola" que o papai te deu?
- Tanto quanto, honey... E você sabia que foi o papai que escreveu esta musica?
- Ahhamm... Papai me contou...-e neste momento ela sentiu os braços do marido que a enlaçavam por trás.
- E que mais seu pai lhe contou? –ela olhou com conjecturas e recebeu um beijo aos lábios. Rob acariciava a barriga dela preguiçosamente, e tinha o queixo esquecido no ombro desta.
- Ele disse que viu um filme, e você estava lá...E é um filme que não posso vê ainda. Não sei "poque"... Mas papai disse que ele ficou apaixonado... E você era assim a mais linda de toda a "galásia", e não saia da cabeça dele... E ele falou para o tio Tom, que riu dele... Como sempre meu Dindo faz, né? –ele deu uma gargalhada- ...Mas o papai não desistiu "poque" ele sabia que para eu "nascerr", ele tinha que te "acha"...E ai ele te achou, mas tinha "outo" cara que não entendia que o papai que tinha que fica com você...E ele disse que fez a música "pa" você, "pa" você "ve" que ele amava você um montão... "Poque" o papai disse que "pa" isso que "sevem" as musicas...
- Para falar de amor? –ela perguntou ridiculamente esperançosa.
- Naaao... "Pa ganha namoladas"...-e com isso ela ouviu uma risada no seu ouvido e se vingou com uma cotovelada.
- É isso que você está ensinando para nosso filho, Robert? ...-ele nem parecia culpado.
- Love... Você não ouviu a parte da mais linda da "galásiaaa"? Você vai se prender a este ultimo detalhe, não né? –abraçou-a mais forte-... E o Johnny vai dormir hoje na casa da vovó... -o qual se seguiu um grito de vitória e um anãozinho correndo para fora da sala comemorando-...
- Você já decidiu, assim? – ela tinha se virado e tentava da melhor maneira abraça-lo.
- Sim... Está decidido e já avisei minha sogrinha que preciso de um tempo útil com minha esposa para faze-la feliz...
- Hum... E claro que a tua sogrinha concordou, ainda mais que ficará com o neto dela para ser mimado...
- Absolutamente... Minha sogra sabe o quanto é importante eu fazer a filha dela feliz...-ele piscou com a cara mais deslavada.
- Robert! Você não disse isso para minha mãe...-ela riu-...Claro que você disse!...-e ela o beijou, entrelaçando as mãos atrás do pescoço dele- Então... A mais linda da "galasiaaa"?
- Você sabe que sim, Love... –beijou-lhe a testa.
- Você me faz...-e ele a olhou questionando-a-... Feliz? Você me faz muito feliz, Sweetie... Muito... -e ela parecia vulnerável como se tivesse 17 anos mais uma vez.
- Eu sei...-ele falou convencido e ambos riram-.. Eu mantive minha promessa...
- Sim... Manteve... Eu te amo...muito...-ela brincava com o cabelo dele.
Antes de ele poder responder algo, um estrondo se ouviu no 2º andar, e Bear correndo pelas escadas por sua vida latindo. Eles trocaram um olhar.
- Ok, ok...Eu sei... EU vou lá... O acordo ...-ele resmungou e beijou-a nos lábios.
Ela ficou sorrindo e vendo o homem que se distanciava, gritando o nome completo do filho... Acariciou sua enorme barriga com um suspiro.
- Essa é sua família, meu amor... Seu pai é totalmente louco, sua mãe não é melhor... E seu irmãozinho está preso a nós... Como você agora... –suspirou novamente-...Mas creio que você irá ver que você não podia ter uma família melhor... Seu pai é absolutamente maravilhoso, e sua mãe é boba por ele, e seu irmão é uma figura... E você é muito amada, minha pequena... Muito amada... Minha Lily...
E ela vislumbrou todos os presentinhos que a pequena já recebera naquele natal, e a grande maioria vinda do outro lado do oceano. Com isso, ela olhou rapidamente para a sala toda e decidiu que amanha algo seria feito àquela área de guerra. E se dirigiu onde algumas risadas eram trocadas e onde com certeza encontraria ambos ainda de pijama. Homens.
