NOTAS:
Esta fanfic é fruto da imaginação da autora, nenhuma intenção de macular a realidade. Nem ofender os reais envolvidos. É apenas uma visão de fatos públicos, especulação de momentos privados.
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Normal is not Normal
Uma troca de ideias, um mol de e-mails, uma conversa de fanfics, um desafio. Algo do ano passado, algo das fotos de OTR que saíram, uma brecha e uma vontade de escrever. Karlinha, para ti, porque se o Edward da Icy descobrisse a Bella da Tara... Seria épico!
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Simples Detalhes
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Capitulo 1
Inequívoco
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"O prazer sexual em uma mulher é uma forma de feitiço, exige completo abandono: se palavras ou movimentos forem contra esta mágica de carícias, o feitiço é quebrado." Simone de Beauvoir
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Você pensa que se conhece. Que entende a vida. Que teve tuas epifanis top 5.
Que experimentou a maioria importante das emoções, que não é mais uma virgem por aí... De corpo, alma e coração.
Então... BAM.
Não tenho a maldita mínima ideia de como isso aconteceu. Merda. Não devia estar passando por isso, realmente esperava mais de mim.
Aqui estou eu encarnando a namorada psicopata, pronta para esquartejar o primeiro que me dirija à palavra. Sim, não precisa nem me contradizer, apenas dizer bom-dia e eu Kill Bill facinho. Era disso que precisava agora, uma espada samurai, um macacão amarelo e um latte para a viagem. Com direito a aqueles desenhos bonitinhos no creme.
Meu estomago está totalmente contra mim.
Esse filho da mãe explica a 2ª parte do photoshoot, faço de conta que não percebo o olhar que Rob me oferece enquanto o fotógrafo continua falando. Fuck. Se tem uma coisa que não suporto é o Rob de terno. De terno e com este olhar de cachorro perdido. Odeio. Patético. Ridículo. Arf.
Porra. Porra. Porra.
Quem penso que engano? É uma mentira tão deslavada que nem eu mesma consigo sustentá-la. Cara, não tem nada mais comível que o Rob de terno e este olhar que sabe que pode fazer o mundo girar.
E ele pode. Completamente. Pelo menos o meu.
Idiota.
Ok, ele com uma camisa xadrez talvez. Ou com apenas com aquele jeans favorito. Ou... Sem nada. Altamente comível.
Qualquer um de terno branco com uma calça social preta ficaria... Não, não o Rob.
Kristen, concentração... No momento, você odeia este cara.
Certo.
Baixo meu RayBan e olho para o mar. Não antes de ver uma réstia de sorriso vindo dele. Obvio que sabe que estou aqui derretendo com ele no meu campo de visão. Novidade.
Minha perna balança ao som do vento, estou no meu último cigarro. Sou tão óbvia. Tenho que parar de roer minhas unhas. Óbvia. Eu sou obvia demais, e perto dele sinto-me inteiramente transparente. Sem filtro. Sem controle... O básico de qualquer ser humano... Não, não tenho nenhum perto dele. E ele sabe.
Tão obvia que não resisto em olhar para ele de novo. Delicia. Tento sufocar um sorriso subversivo e quero realmente acreditar que consegui fazê-lo. Ignorância é uma bênção.
Just fuck me. E por favor, não me faça repetir, que posso implorar.
Você pensa que se conhece. Tenho certeza que sou uma mulher decidida, de bem com a vida até, forte no seu limite humano, destemida...Tenho orgulho da minha coragem, de me jogar de cabeça nos meus projetos, de me doar completamente ao meu trabalho.
E sempre pensei que fazia o mesmo com minha vida... Não é bem pessoal. Sexual talvez. Não quero dizer amorosa, soa tão trivial... Mas pensei que sabia me doar, que estava aberta a isso... Porém, vou dizer uma coisa, quando você sente isso, esta necessidade, porque é uma necessidade gritante que vem lá das tuas entranhas que te compele a te render, a te doar, a se consumir por outro ser.. Por um homem. Por um simples homem. E isso te freaking fucking out... Assim, te apavora de verdade. Não é brincadeira. É uma porra de medo mesmo.
Mais uma vadia seminua passa do meu lado. Quem não sabe que aquilo é uma peruca, aquilo é silicone, aquilo é bulimia ambulante. Falso. Tudo falso. Igual estes diamantes. E o olhar do Nick para mim.
Pensei que tinha experimentado as sensações básicas... Temor, desejo, amor, felicidade, tristeza, confusão... Sei lá. O básico... E então, você revê teus conceitos. Quando estas merdas acontecem você tem que rever teus paradigmas.
Quando teu humor varia pela ausência e presença de alguém, quando teu corpo reage todo por este alguém, quando uma simples palavra faz você tremer, quando você só consegue dormir sossegadamente com o nariz no pescoço de outrem, dobrando uma mecha do cabelo dele, e ouvindo não boa-noite... "Aqui"... E o corpo dele moldado ao teu, clamando cada pedaço teu a ele, os dedos divertidos na tua calcinha... É, você revê. Por que como continuar vivendo se você pode perder tudo isso? Se isso for tão falso quanto os diamantes do set e o ar politicamente correto de L.A?
Ainda mais quando você vê que o que você vive não é o que se passa nas páginas das revistas, se quando quem trabalha tão perto tem como objetivo fazer de conta que isso não existe... A imagem... Rob... Sexy... Disponível... O homem do momento...
Torço meu cabelo e prendo-o de qualquer jeito. Só para ter algo para fazer. Meu cigarro pende preso na minha boca. Não preciso olhar para saber de quem são os dedos que roubam meu cigarro. Morder o lábio procurando paciência. Estou com raiva deste cara, não é hora de esquecer-me disso.
Contudo ele sopra a fumaça e brinca com meu cabelo, nem posso fingir que não estou escutando já que meu IPhone resolveu morrer agora, e acabar com a minha festa, meus fones estão no meu colo. Muse já era.
- Não vai demorar agora... Falta algo ali dentro... E terminamos.. –ele me olha se desculpando mais uma vez.
- Tanto faz... –falo no meu tom não estou nem ai.
- Kris...
- Tanto faz... Quanto mais pode demorar? O sol já está desaparecendo e Deus não permita que alguma destas fique gripada com tão pouca roupa.
Para evitar olhá-lo, procuro um cigarro na minha bolsa, mesmo sabendo que o último dos Moicanos está na mão dele, eu sei disso. Ele, não. Procuro mesmo assim. E ele não fala mais nada, já falamos tudo antes.
- Aqui –ele oferece o meu cigarro.
Faço que não me importo, tenho mesmo que poupar meus pulmões. Certo.
Noto que duas múmias com seus roupões entre fotos não tiram os olhos dele e trocam sentenças semi silenciosas, os olhos repousam em mim de vez em vez. Claro, deve ser aquela tradicional questão, que mesmo não estando juntos, estando juntos... O que infernos ele está fazendo comigo...?
Se elas ainda não entenderam, levanto meus óculos para deixar-me clara. Pronto.
E cuidado para não despencarem destes saltos. Longa vida aos meus ciúmes. "O inferno são os outros" e todo este existencialismo que me mata. Não quero refletir nada.
Esta última sessão passou rápido e não prestei mais atenção nos detalhes. Rob e alguma delas agarrada a ele. As mãos dele nelas. Nuas. Seminuas. Nuas. Não me venha dizer que isso é arte. Por favor, nem inicie.
Algo é dito que ele tem que mudar de roupa, retocar a maquiagem... O que for... Ele continua com meu cigarro nos seus lábios. E gostaria de apenas beijá-lo e usar aqueles lábios para deixar claro que ele é meu. Meu. Da maneira mais infantil possível. Não irei repartir meu baldinho laranja na caixa de areia.
Não posso fazer isso, e fico mais furiosa com toda a situação.
Sinto o corpo dele ao meu lado, junto bem mais junto que queria admitir que preciso dele.. Ele mexe nos fones, roça minhas coxas e sinto aquele arrepio que parte da base da minha medula e se espalha. Obvia. Puta que pariu. Ele me dá um beijo na têmpora. Cigarro onde originalmente estava.
E sigo o corpo dele se afastando de mim. Ele levanta os braços, se esticando. Comível. E posso jurar que ele fez de propósito porque sabe que meu humor sempre melhora contemplando a extensão do corpo dele assim.
Não quero estar assim com ele. Odeio estar assim com ele. E já sei que irei levar o sermão de ser mais madura e segura de mim, segura de nós... Já ouvi isso dele... Aff... Porra, uma coisa é ter ele disputado a cada aparição pública, as fans rasgando a roupa dele, o nome dele sendo gritado por zilhoes de mulheres, declarações de amor, presentes e cartas obscenas, e eu sendo a vilã ali, o olhar de desprezo, de ódio, a dura critica, não importa se a fofoca é que estamos juntos ou não... Eu sempre faço a coisa errada. Ok. Não, não estou ok... Dá de suportar, é o trabalho dele, ou a consequência dele e dele transpirar sexo.
Mas tudo tem um limite, merda! Fazer de conta o disponível, o galã, o super-homem solitário... Mas vir com esta porra fudida de sessão de fotos... Ele... elas... Nuas... Seminuas... Contra ele... Rente a ele... Pro inferno! Apelação. Como se precisasse disso para ele ser mais desejado do que já é... Vão se fuder. Maldito Nick. Maldito.
E o que importa que ele veio, ele veio fazer esta estúpida sessão. Ele veio e está lá tirando as fotos com elas, e isso tudo vai virar fumaça nas bancas de revista.
Não me venha com ser madura, tudo tem limite e eu também. Não, não quero meu namorado assim.. E se ele fosse mais honesto, ele não ia querer estar no meu lugar... Mas isso já foi discutido e gritado e decidido. E estou aqui, a namorada psicopata.
Aquela que não vai dizer... Nunca... Que algumas fotos ficarão ótimas... E que mesmo sem entender logicamente, vê-lo cercado destas mulheres maravilhosas se esfregando nele me deixou mais excitada que jamais irei admitir. Não é hora para confessar fantasias.
Vejo que o pessoal se desloca para o próximo set. Aguardo um pouco. Disfarço muito bem minha ansiedade para a próxima encenação.
Saltos agulhas. Pele. Água. Seios. Unhas vermelhas. Pernas nuas. Elegância crua. Sexy.
Não olhei o relógio, apenas tive que sair. Tentava apenas controlar minha respiração. Cheguei onde não conhecia e repassei o mantra que sou segura de mim, de nós, dele... De toda esta puta que pariu.
- Kristen... Calma... Está acabando...
O maldito.
- Não... Não fala nada... -rangi entre meus dentes.
- Escuta, sei que é difícil... Mas é a carreira do Rob...
- Falei. Para. Nã .Nada.
-Você está chateada a toa, garota... Veja...
- NÃO. Veja bem você... Você chama isso de marketing? O Rob já te falou que não queria mais nada como isso... E mesmo assim você fez. Você criou todo este circo!
Não estava gritando, apenas furiosa... E apenas queria que ele entendesse que não ia deixá-lo fazer o que quisesse com a gente. O que se seguiu foi o mesmo cabo de guerra de alguns meses atrás. Apenas quem se preocupa mais com ele e acusações veladas que nossos interesses pessoais são mais fortes... bla bla.. Somos uns egoístas. Eu e Nick farinha do mesmo saco.
- Chega. –ele disse e o tom dele acabou com tudo.
Virei meu rosto para vê-lo.
- Ele... –ou quase tudo.
- Não, Kristen... Chega.
Sexy para não poder mais esta voz dele, porem sei que Rob está no limite.
- Muito bem... Chega. –levantei os braços para deixar mais clara minha capitulação.
E batendo forte com meus All Stars a cada passo para longe, furiosa que meu baldinho laranja não era só meu, fui engolindo as lágrimas de raiva até chegar ao meu carro e sair.
Muito madura.
Deixem-me em paz.
