Outubro de 1994

Ordem da Fênix

Mansão Black

Snape chegou e não cumprimentou ninguém. Era normal, ninguém ligou. Ele seguiu para o laboratório de poções. Florence já estava lá.

- Boa noite, Florence.

- Oi. – disse ela, sorrindo por vê-lo bem.

Snape a observou antes de começar a trabalhar. Ela tinha os olhos verdes avermelhados.

- Andou chorando outra vez. – disse ele.

- Achei que não discutiríamos mais este assunto. – respondeu Florence, áspera.

- Achei que tínhamos um combinado. – retrucou ele.

- Eu não mando nos meus sentimos, Prof. Snape. – ela foi grossa.

Snape não disse mais nada.


Florence foi sua aluna em Hogwarts em seu primeiro ano como professor, último ano escolar dela. Snape tinha vinte anos na época, ela dezessete. Florence era linda, inteligente, sempre sentava na frente. Como não notá-la? A sonserina nunca recebeu tantos pontos quanto naquele ano, tendo ganhado a Taça das Casas com uma vantagem de 6.000 pontos à frente do segundo colocado, Corvinal. Havia boatos pelo castelo, boatos que diziam que o novo professor de poções estava de caso com uma aluna.


Sala do diretor de Hogwarts 1980

- Me chamou, Dumbledore? – disse Snape, entrando na sala, sentando em frente à mesa do diretor.

- Sim, Severus, e você deve imaginar o motivo.

- Creio que sim. Mas já posso lhe adiantar que não há nada entre a Srta. Dellacourt e eu.

- Aí e que você se engana, meu jovem. Pode não haver nada de concreto, mas há algo sim. – Dumbledore o analisou sobre os oclinhos meia-lua. – Há menos de um ano atrás você me procurou, me falou dos seus sentimentos em relação à Lily Evans... e agora eu vejo seus olhos brilharem ao verem Florence. – ele pausou. – Veja bem, Severus, eu não estou o recriminando. Apenas quero lembrá-lo sobre seu papel nesta guerra. Lembrá-lo do que o seu suposto amor fez à Lily.

Snape ficou em silêncio por um tempo e falou, por fim:

- Florence irá embora no final do ano letivo, eu continuarei neste castelo.

Dumbledore pode sentir o peso disfarçado naquelas palavras.

- Era só isso, Severus. Pode ir. – disse o diretor.

Snape levantou, indo até a porta, parando ali antes de sair, dizendo:

- Nunca amei Lily mais do que como uma amiga. Hoje eu sei disso. – e saiu.


Nos laboratórios...

- Prof. Snape? – Florence chamava. – Você está bem?

Snape acordava das lembranças, parecendo momentaneamente confuso.

- Sim. Estou bem. Os vapores das poções devem ter me tonteado. – disse ele, voltando a picar raízes.

- Certo. – concordara ela.

Mas Florence percebera a mentira. O conhecia bem demais para se deixar enganar. Ela voltou sua atenção para a bancada de poções novamente, se pondo a trabalhar.

E assim eram quase todas as noites. Nenhuma palavra sobre nada além de trabalho. Mas por mais que ele evitasse dizer aonde ia, Florence sabia o que ele passava. E Snape sabia que ela sabia, ele percebia os olhos inchados e a falta de atenção dela no dia seguinte. E isso o matava um pouco mais. E piorava suas dores. Enquanto crucius lhe feriam o corpo, a dor maior dele era saber que aquelas lembranças que mantinham sua mente fechada a esses ferimentos, causavam tristeza e lágrimas à mulher que ele amava.


Florence percebera os olhos negros em si. Sabia dizer até no que ele estava pensando. Mas não diria nada. Eles tinham um acordo mútuo de silêncio sobre esse assunto. Eles não sabiam sobre a vida pessoal um do outro. Nenhuma palavra sobre sentimentos, fossem estes o que fossem. Nada de proximidade. Este último item incluía qualquer tipo de toque. Tudo para manter o desempenho profissional deles. Ou assim dizia Snape. Florence não aceitava isso de bom grado. Mas era concordar ou não vê-lo mais e isso era algo com o qual ela não conseguiria viver. Ao menos ali, naquele laboratório, ela podia estar perto o suficiente para sentir o cheiro dele, ver que ele continuava vivo.

Algumas vezes jantavam juntos ali. Mas poucas palavras eram trocadas. Apenas olhares. Se olhavam por vários minutos, tornando o ambiente tenso. Nesses momentos, Florence sentia vontade de explodir, gritar que o amava e que não podia mais viver assim. Mas palavras eram proibidas. Assim, ela nada dizia. E quando aquele sentimento a sufocava, ela simplesmente saía dali, indo para o quarto que lhe fora cedido ali na Mansão Black, sem nenhuma palavra.

Quando ela se retirava, Snape sabia o motivo, ele mesmo sentia vontade de sair dali, ir para onde ele não poderia vê-la. Mas Florence sempre saía primeiro. Os anos de espião o tornaram mais duro na queda. Por fora a máscara do controle, por dentro a saudade e o amor reprimido os feria.


Nota da autora: fic que surgiu do nada e reflete um mau momento que estou passando.

Salvem meu dia, deixem:

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