Naruto não me pertence.

Presente

O gato se enroscava nas pernas da mulher, enquanto os olhos cristalinos acompanhavam o movimento do ponteiro do relógio antigo. A chuva caía forte lá fora, e ela levou a caneca de chá de canela aos lábios, numa tentativa de aquecer o corpo.

Tique.

Na tarde anterior, seu marido havia deixado um beijo em seus lábios, dizendo que iria apenas assinar alguns papéis e designar equipes para missões mais urgentes e retornaria. Bom, ele ainda não havia retornado.

Taque.

Hinata fechou os olhos, se obrigando a parar de acompanhar a trajetória das horas – além de estar parada ali há mais tempo que o aceitável, não estava ajudando a melhorar seu estado de espírito em nada.

Levantou-se, alisando o tecido do vestido. Ser hokage não era uma tarefa fácil, e ela compreendia isso. Entendia que o cargo exigia muito do tempo de Naruto, e que ele iria empregar todos os seus esforços em ser um bom líder, afinal, aquele era seu sonho desde sempre. E Uzumaki Hinata apoiaria o marido em seus sonhos até o fim.

Mesmo que significasse a ausência dele em dias como aquele. Dias como seu aniversário.

Caminhou até a cozinha, deixando a caneca vazia sobre a pia e indo, silenciosa, até o próprio quarto. Havia um livro sobre a cama e ela o abriu, sentando-se com cuidado sobre o colchão. Na primeira página, haviam flores de ume prensadas. Ela passou os dedos delicadamente sobre as pétalas rosadas, lembrando-se daquela tarde de inverno em que saíra, apesar do frio, para andar no parque e aquela flor se enroscara em seus cabelos. Eram flores que representavam elegância e pureza. Hinata gostou de saber que tinha sido escolhida como portadora delas naquela tarde.

Virou a folha, encontrando ajisais. Ela prensara as pequenas folhas azuis ao longo de quase toda a folha, porque seu significado – dignidade e obstinação – fazia-a lembrar de Naruto, além do anil das pétalas remeter aos olhos do seu amado. Haviam algumas ajisais brancas salpicadas entre as azuis. Ela quis se representar ali também.

A terceira página ainda estava vazia. Ganhara aquele caderno de Hanabi como presente de casamento, e desde então ela não tivera muito tempo para dedicar-se ao seu hobby. Primeiro, fora o frenesi de recém-casados. Depois...

Ela ouviu um choro vigoroso vindo do cômodo ao lado. Deixou rapidamente o caderno e as lembranças de lado, os pés levando-a até o quarto adjacente.

Boruto chorava com força, o rostinho redondo vermelho e as mãozinhas fechadas em punho. Hinata pegou-o com carinho, aninhando o bebê em seu colo. Os olhos azuis abriram-se como pratos ao sentir o calor do corpo da mãe, e o choro cessou. Com um sorriso doce, Hinata embalou o filho, cantarolando baixinho.

Aquela criança era a sua criança. Era o seu conforto. Era sua dedicação, sua confiança de que era capaz, pois aquele serzinho dependia completamente de si. Era a sua certeza de que nunca estaria sozinha, mesmo em dias como aquele – dias como o seu aniversário, com Naruto trabalhando – pois seu pequeno filhote estaria ali, acalmando-a e acalentando-a enquanto ela o ninava.

Era seu ponto de equilíbrio, sua paz.

Era o melhor presente de aniversário que Uzumaki Hinata poderia ter ganhado de Uzumaki Naruto, e por aquilo ela era eternamente grata.


Bem em cima da hora pro aniversário da nossa Hime. Parabéns, Hinata!

Flores de ume são flores de ameixeira, e ajisais são hortênsias.

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