N.A.: Twilight não me pertence.

Nem essa fic.;)

Eu estou traduzindo essa fic que originalmente se chama "The Price of Balance" da autora Christi.

Seguinte. Como alguns sabem eu já tenho duas fic e já comecei a escrever mais duas. Sendo que tenho estágio e sou voluntária numa ONG... fora a faculdade. Portanto, tempo não é algo tão excessivo na minha vida então há de se compreender que eu não gastei meu tempo pra traduzir esta fic a toa. Não. Ela é absolutamente uma das fics mais bonitas que já vi e a trama que Christi construiu é absolutamente espetacular.

Vou tentar repassar todas as reviews pra ela (traduzidas pra inglês) portanto não segurem elogios.

Ela merece.;)

Perfil da Christi: http://www*fanfiction*net/u/1435696/

Perfil da fic em Inglês: http://www*fanfiction*net/s/4763112/1/The_Price_of_Balance

(sem os asteriscos)

TO CHRISTI:

Hey Christi... I already thanked but I always feel the need to do it. So… Thank you sweety for letting me show this piece of art that you call fanfic to the Brazilians readers.


Observando e Esperando

Bella Swan

O livro que eu estava prestes a recolocar na prateleira escorregou da minha mão. Ele caiu no carpete industrial marrom desbotado com um baque abafado. Olhei rapidamente em volta. Ninguém parecia estar olhando na minha direção. De fato, parecia que nem o livro caindo chamou alguma atenção. Eu deixei a respiração, que nem sabia que estava segurando, sair.

Eu pulei quando senti uma mão no meu ombro no momento seguinte. O livro caiu da minha mão pela segunda vez.

"Bella, você está bem? Eu não queria ter te assustado."

Me virei e me deparei com o rosto preocupado de Esme Cullen, a bibliotecária chefe, a minha chefe – e também a figura mais próxima de uma mãe que eu tinha.

"Estou bem. Me desculpe por ter pulado. Tenho tido esse pressentimento esquisito o dia todo, como se alguém estivesse me observando. Sempre que acontece eu olho em volta e não tem ninguém que eu possa ver. Tá começando a me assustar um pouco."

Esme acenou com a cabeça e deu um aperto confortante no meu ombro. Esme sabia como eu ansiava por não ser percebida, eu trabalhava duro pra não ser notada. Ela não compreendia meus sentimentos, apenas os entendia por alto, mas não fazia idéia das verdadeiras razões pra eu ser assim. Felizmente ela era o tipo de mulher que preferia ações ao invés de discussões.

"Eu não notei ninguém de diferente hoje. Vou mandar o Joe da segurança dar uma olhada rápida pelas estantes pra ter certeza. Enquanto isso, por que você não volta comigo pra mesa principal? Tenho outra estante de livros que precisa ser repreenchida. Isso deve dar tempo suficiente pra ele."

Sorri e assenti concordando. Empurrei o meu carrinho, que estava com os livros, enquanto a seguia. Um pouco antes de alcançarmos à mesa principal, senti os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Puxei uma respiração tremida, mas resisti a vontade de olhar em volta. Se alguém estava gostando de brincar comigo, eu não ia dá-lo mais satisfação olhando ao redor como uma garotinha assustada.

Levei meu tempo pra recarregar o carrinho. A monotonia repetitiva desse trabalho era às vezes desagradável, mas me servia bem. Me dava tempo suficiente pra eu ficar sozinha com meus pensamentos. A verdade da minha vida era simples. Eu estava completamente sozinha e minhas memórias eram minhas únicas companheiras. Foi por isso que acabei aqui em primeiro lugar.

Se alguém perguntasse, eu diria, "Meu nome é Bella Swan."

Talvez isso significasse coisas diferentes pra diferentes pessoas. Pra mim significava uma garota de 19 anos com olhos castanhos-chocolates e um cabelo castanho longo e ondulado. Significa uma garota abençoada com uma pele boa e muita imaginação. Significa uma garota que já viu mais coisas horríveis e chorou mais lágrimas do que muitos fazem durante uma vida inteira. Bella Swan é uma garota, vivendo numa cidade grande, tentando o máximo conseguir jogar com as cartas que lhe foram entregues.

Se você perguntasse a outra pessoa, talvez dissessem que eu era atraente, esperta, ou quieta. Eles devem acreditar que eu seja tímida ou reservada. Poderiam fazer suas melhores suposições baseadas no que eu estava disposta a dividir. Eles comentariam apenas sobre a fachada que construí para o benefício deles.

Era mais fácil pra qualquer um se fingíssemos que eu era simplesmente uma garota quieta. Esse mito era mais fácil pra todos, então era o único ao qual eu me prendia.

Eu fugi da minha pequena cidade natal para a anonimidade da cidade há seis meses atrás. Enquanto a maioria das garotas da minha idade estavam na faculdade preocupando-se com o namorado recente, eu estava ocupada reconstruindo minha vida.

Eu vivia num pequeno, na verdade, minúsculo apartamento. Trabalhava na biblioteca de segunda a sexta.

Meu turno começou tarde naquele dia e um dos pontos positivos do trabalho é que eu era permitida ficar até mais tarde e usar os computadores.

Estava lendo todos os livros que era capaz de carregar pra casa toda semana, e estava agradecida que eu era o tipo de garota que não ficava sozinha se tivesse um bom livro por perto. Nós tínhamos uma sala pra funcionários que sempre tinha café fresco. Isso era outro ponto positivo. Eu não gostava de café, mas já que eu estava tão pobre ultimamente, costumava tomar várias canecas à tarde – como suplemento do meu jantar sempre insuficiente.

O marido da Esme era um médico e ela o convenceu a me dar alguns trabalhos pra digitar durante o fim de semana. Com os dois trabalhos eu era capaz de pagar as despesas básicas pra viver e o aluguel do apartamento – mas nada muito além disso.

Eu estava aprendendo a amar arroz, sopa enlatada, compras em consignação e transporte público.

Esme se perguntava porque eu escolhi esses trabalhos. Disse-me, mais de uma vez, que eu deveria trabalhar como garçonete ou caixa de uma dessas grandes lojas que tem franquias.

Eu sei que ela fala pro meu bem.

Ela queria que eu ganhasse mais dinheiro e que fizesse coisas que garotas "normais" da minha idade faziam. Eu a agradecia pela preocupação e garantia que estava confortável com as escolhas que fiz.

Eu não sabia como dizer a ela que me mudei pra cidade pra escapar desse tipo de relações pessoais. A biblioteca me permitia esconder nas prateleiras, interagindo com outras pessoas da menor maneira possível. Eu não queria esperar nas mesas e saber o que uma família teria para o jantar naquela noite. Eu não queria a responsabilidade de não confundir refrigerante diet com o normal. E eu realmente não queria arrumar as promoções da loja no canto, descobrir qual é a roupa íntima ou pasta de dente de alguém, e sorrindo durante o processo todo.

Eu não dava conta de detalhes da minha própria vida – como eu deveria saber os detalhes da vida de outra pessoa?!

Não, a biblioteca era o lugar perfeito pra mim. Todos os dias quando eu chegava no trabalho e subia pelos velhos degraus de pedra da entrada sentia uma estranha afinidade com Quasímodo (Corcunda de Notre Dame).

A biblioteca era meu santuário e eu era contente por ser a reclusa que organizava as estantes.

Eu estava prestes a retornar com meu último carregamento de livros quando Esme me parou.

"Joe não voltou pra mesa pra checar ali ainda. Tira um minuto pra tomar um café. Eu quero ter certeza que está tudo bem antes de você sair das minhas vistas."

Eu acenei em concordância e resisti a vontade de dizer "Sim, mãe." Ela sempre fazia pensando no meu bem. Eu tive que rir internamente do extinto protetor da Esme. Ela nunca foi capaz de gerar um filho, e acho que ela apreciava seu status de minha mais nova mãe adotiva.

Sua preocupação com a minha segurança era tocante, ainda que o perigo estivesse todo na minha cabeça.

Fiz pra mim um copo de café e fiquei hipnotizada pelas ondas que formavam na superfície do líquido com cada gota que caía. Tomei um gole rápido. Sabia que Esme queria que eu tomasse meu tempo, mas eu tinha que tomar meu café quente, beirando o escaldante.

Se eu fosse rápida poderia tomar dois copos.

Enquanto estava pegando meu segundo copo de café, Mike se juntou a mim.

Se Esme era minha nova "mãe-da-cidade" então Mike era meu irmão mais velho que eu sempre quis.

Ele era o técnico chefe e estava no comando de manter os programas que serviam à biblioteca atualizados e funcionando. E a biblioteca era larga o suficiente pra precisar de um funcionário como Mike o tempo inteiro.

Mike se serviu de café. Estava silencioso desde que entrou, o que significa que ele provavelmente ouviu que surtei nas estantes. Mike era extremamente querido. Ele não era feio, mas não tinha nada nele que te fizesse dar uma dupla checada também. Ele tem cabelos loiros e um rosto infantil e imagino que quando tiver uns 50 vai continuar com feições juvenis. Ele é bondoso com todos, tem um senso de humor extremamente bobo e possui três gatos em seu apartamento.

Todas essas características me atraiam ao Mike, mas elas também faziam eu me fechar pra ele. Mike era o exato tipo de pessoa que eu iria arruinar, e eu não queria arruinar mais ninguém.

Não me surpreendi quando ele me prendeu num olhar sério e começou a fazer perguntas.

"Você está bem, Bella? Esme não costuma chamar Joe por nada..."

Eu não podia acreditar que fui estúpida o suficiente pra atrair tanta atenção pra mim. O que eu queria era exatamente o oposto.

"Sim, não é nada. Esme se preocupou demais. Você sabe como ela pode ser, especialmente quando é de mim que estamos falando. Eu senti como se alguém estivesse me observando – mas não vi ninguém. Acho que provavelmente passei muito tempo sozinha e agora minha imaginação está me punindo."

Ele ainda parecia preocupado. Pareceu por um momento que ele estava tentado me alcançar e me tocar, mas percebeu que eu provavelmente não iria gostar.

"Por favor, só tome cuidado. Eu sei que Joe pode ser valente, mas a gente às vezes recebe pessoas esquisitas aqui. Confie nos seus instintos, ok?"

Eu prometi que iria. Fazia tanto tempo que alguém cuidou de mim que a sensação era maravilhosa.

Ele pegou seu copo de café e se virou pra sair. Parou na porta e virou-se pra mim novamente.

"Se você não quiser ficar sozinha, vou me encontrar com alguns amigos pra jantar na sexta-feira. Você é bem-vinda."

Seu convite pairou no ar. Meu estômago se contraiu por um momento enquanto eu considerei o que ele disse.

Eu pesei suas palavras tentando decidir se ele estava apenas sugerindo que eu precisava de uma saída entre amigos ou se ele estava me convidando pra um encontro. Suas palavras estavam inclinadas pra amizade, mas seu o olhar não.

Para o meu total espanto, as seguintes palavras saíram da minha boca.

"Você está certo. Eu poderia sair à noite. Obrigada por convidar."

O sorriso que apareceu em seu rosto confirmou minhas suspeitas dele ter me convidado para um encontro.

Ele se virou e saiu me deixando paralisada pelo meu próprio comportamento.

Tinham tantas coisas erradas com o que acabou de acontecer. Eu gosto do Mike. Eu o considero como um amigo ou irmão, mas nada além. De fato, eu mal o conhecia suficientemente pra considerá-lo como um amigo, e eu não tinha o dinheiro extra pra gastar numa saída.

Mordi minha língua, revoltada pra me punir por ter agido tão "não-eu".

Hoje era segunda. Eu tinha quatro dias pra dar um jeito de desmarcar esse encontro.

Sabendo como minha vida é, muitas coisas poderiam acontecer em quatro dias.

Lavei minha caneca a voltei pra biblioteca. Rezei pra não esbarrar em ninguém, eu precisava de um tempo ininterrupto pra pensar.

Quando alcancei a mesa principal, Joe estava saindo e Esme sorrindo. Eu estava certa que isso significava que minha imaginação tinha me feito pagar papel de palhaça novamente.

Abaixei minha cabeça e comecei a recolher as devoluções de livros. Esperava poder voltar pro meu refúgio sem precisar dar explicações.

Mas é claro que isso não aconteceria.

"Bella, Joe disse que está tudo bem. Se você ainda se sentir desconfortável, volte que eu acharei outra coisa pra você fazer essa tarde. Você não precisa estar nas estantes hoje."

Ela me deu um afago tranqüilizador no ombro.

Respirei aliviada quando finalmente pude fazer minha escapada.

Isso não era anormal da parte da Esme, ela normalmente se despedia e checava se eu pretendia usar os computadores durante um tempo.

Mike me escoltando pra fora era outra história... Entretanto tenho certeza que foi por causa da minha aceitação do seu convite. Eu tentei manter uma postura "amigável", ainda preocupada com qualquer impressão que ele tenha criado na sua mente.

Passei duas horas procurando vários itens online.

Procurei os jornais locais da minha cidade natal, ansiando por notícias de primeira mão... Felizmente eu já teria deixado de ser notícia.

Chequei meu e-mail e li os poucos que chegaram a mim. Tinha um de uma antiga amiga detalhando suas aulas na faculdade e os carinhas que estava conhecendo. Era geral e vago e foi mandado pra maioria das garotas que se formaram conosco no colégio. Não era pessoal pra mim, e eu deletei antes mesmo de chegar no final.

A outra mensagem era do Embry.

Embry foi um dos melhores amigos do Jacob; me mandava e-mails quase todos os dias. Ele queria saber o que eu sabia sobre o acidente. Eu nunca respondia. Embri e eu éramos amigos e eu deveria gastar um tempo contando pra ele alguma coisa...

O problema é que a morte do Jacob era parte da razão da minha fuga; parte da razão que eu cortei amarras àquele lugar e fugi. E eu não podia pensar naquele dia sem ficar destruída – e eu não poderia libertar minhas memórias num e-mail pra Embry. Isso era certo.

Me certifiquei que tudo estava desligado e fechado enquanto me dirigia pra saída.

Meu estômago sempre parecia estar cheio de gelo quando eu pensava no Jacob.

Vesti apertado meu casaco de lã preto e notei minhas mãos trêmulas enquanto trabalhava com os botões do mesmo. Eu tinha que andar as sete quadras até meu apartamento e a noite de inverno tinha ficado dolorosamente fria. Coloquei minhas mãos nas luvas e vesti meu gorro por cima da minha massa de cabelos castanhos.

Lembrar do meu escasso jantar de ovos e torrada não fez nada pra aumentar minha velocidade. Decidi ostentar e tomar um copo de chocolate também. Com esse pensamento feliz eu me preparei pro incômodo de ar gelado que surgiria quando eu abrisse as portas.

O clique fraco que a porta fez ao fechar atrás de mim foi quase perdido com a corrente que ar gelado que irrompeu. Eu me lembrei de manter os olhos no prêmio enquanto caminhava pra casa.

Chocolate quente e um livro novo pra ler... Talvez até um banho quente. Eu só precisava continuar me movendo.

Mas é claro que o que aconteceu em seguida tirou todos os pensamentos que rondavam a minha cabeça.

Sentado nos degraus que levavam à calçada em frente à biblioteca estava um homem. Suas costas estavam viradas pra mim, e tudo o que eu podia ver era seus ombros largos e as ondulações no cabelo da parte de trás de sua cabeça. Ele estava sentado tão casualmente, sem chapéu, corpo tão relaxado quanto estaria num lindo dia de primavera e não numa noite de inverno com ventos congelantes.

Parei com minha mão na grade e me xinguei mentalmente por ter deixado a porta fechar atrás de mim sem perceber que estava sozinha. Eu não tinha uma chave pra voltar pra dentro e não havia nada que eu pudesse fazer se não descer os degraus da escada.

Quão estranho era o fato de que me senti observada o dia inteiro e quando realmente tem alguém por perto só notei quando já estava tarde demais?!

Me lembrei das palavras do Mike mais cedo quando ele mandou eu acreditar nos meus instintos. Eu não estava assustada, ele não se mexeu desde que eu saí da biblioteca. Talvez eu conseguisse passar direto sem ele nem notar.

Mas então ele se virou pra mim como se tivesse ouvido meus pensamentos e quisesse me assegurar que notaria se eu passasse direto.

Parei de respirar quando olhei pro seu rosto. Era tão perfeitamente bonito que não parecia possível ser real. Ele tinha luxuriosos lábios cheios que eram de um tom rosado bem escuro e as maçãs do seu rosto pareciam ser esculpidas por algum escultor. Seu rosto estava levemente corado como se tivesse passado o dia numa praia ensolarada – que parecia combinar muito mais com sua pele dourada e cabelos cor de bronze.

Ele encontrou meu olhar com o seu e eu me percebi sorrindo, por nenhuma razão aparente exceto pelo fato que ele tinha um brilho no olhar. Reluzente. Eram como esmeraldas multifacetadas, profundas, verdes e cintilantes.

Não existia outra descrição possível.

Ele parecia triste. Como se estivesse lidando com uma dor insuportável e não estivesse totalmente certo sobre o que fazer quanto a isso. Era um olhar que eu conseguia reconhecer e simpatizar.

Eu queria desviar nossos olhares pra não reconhecer essa maravilhosa criatura desanimada e abatida.

Eu era tão idiota.

Estava escuro e a rua estava silenciosa. O clima estava completamente congelante e eu precisava ir embora. Precisava chegar em casa e parar de agir como uma heroína romântica que cai nos braços de um belíssimo desconhecido que aparece quando ela menos espera.

Eu queria não ter visto a tristeza.

Me tocou de uma maneira que sua beleza não foi capaz e agora eu não podia ser desarmada pela minha própria compaixão idiota.

Reuni a minha força e desviei o olhar.

Menos de um minuto tinha passado e eu ainda sentia como se o tempo tivesse parado. Eu me movi dando ao delicioso homem uma ótima oportunidade.

Eu me perguntava a idade dele... Era péssima em julgar idade, ele parecia jovem, mas seus olhos não diziam o mesmo... Era como se ele tivesse uma alma envelhecida...

Estava na metade dos degraus e ainda podia sentir seu olhar em mim.

Uma voz clara e aconchegante surgiu por entre os sons da noite. Olhei reflexivamente pra cima e balancei minha cabeça quando a noite voltou a sua zona de penumbra.

Tinham duas pessoas se aproximando na rua, um homem e uma mulher. O homem poderia ser irmão do que estava nos degraus. Ele tinha um cabelo ondulado similar, entretanto era loiro e um rosto igualmente bonito. A mulher ao seu lado tinha seus pequenos dedos entrelaçados aos dele. Ela tinha cabelos escuros que eram curtos e repicados. Ela parecia uma boneca de porcelana com lábios cor de oxicoco (N.A.: do original "cranberry", que é uma fruta vermelha) e uma pele que era cremosa e perfeita.

Eu tinha parado de andar novamente. Evidentemente essa era a hora da noite onde todas as pessoas assustadoramente bonitas saíam pra brincar.

O casal bonito passou por mim sem nem me olhar. O homem falou novamente. Eu prestei atenção em suas palavras dessa vez.

"Precisamos ir agora, Edward."

O homem dos degraus, Edward, olhou pra ele e depois pra mim. Eu me perguntei porque estava sequer em seu radar. Se ele saía com pessoas com aquela aparência, eu deveria ser invisível pra ele. Ele levantou e desceu os degraus remanescentes.

Ele estava usando um casado cinza de lã. Acompanhou os passos dos outros. Eu permaneci parada, olhando-os de soslaio. Meu cérebro trabalhando duro pra compreender o que estava acontecendo.

Os três começaram a ir embora juntos. Edward não voltou a me olhar, ainda que eu estivesse com esperanças que iria. Os outros dois olharam, o que me surpreendeu. Eles voltaram a se olhar e algo parecido com um diálogo mudo foi dividido entre eles. Eles pareciam esperançosos, mas o que eles poderiam estar esperando estava acima da minha compreensão.

Tinha começado a nevar. Flocos de gelo navegavam pelo chão. Eu olhei o trio da beleza continuar andando pela calçada. E foi aí que eu percebi que nenhum deles usava gorro ou luvas – ainda que a noite estivesse cruel. Estupidamente me perguntei se eles iriam longe. Estava prestes a ir embora quando percebi que eles também não usavam sapatos. Nenhum deles usava sapatos ou meias. Os pés descalços não faziam som na calçada enquanto eles andavam. Seus corpos não aparentavam nenhum sinal de frio ou desconforto.

Eles viraram a esquina e saíram de minhas vistas.

Fechei minha boca que estava escancarada desde o momento que notei que eles estavam descalços e jurei andar pra casa o mais rápido que pudesse, comeria meu jantar e teria uma boa noite de sono.

Eu não iria mencionar meu encontro esquisito com ninguém. Depois do meu comportamento esquisito no trabalho hoje, isso seria a gota d'água.

O que eu poderia dizer? "Tinha um cara incrivelmente bonito na escada quando eu fui embora noite passada, e por alguma razão esquisita ele parecia estar me esperando. Ele encontrou alguns dos seus igualmente bonitos amigos e nenhum deles usava sapatos."

Soava ridículo até pra mim e eu vi a coisa toda em primeira mão. Decidi que a melhor coisa a fazer era arquivar a experiência sob a categoria de "coisas estranhas que acontecem em cidades grandes, então acostume-se."

Apertei mais o meu casaco no meu corpo e fui pra casa.

De novo e de novo jurei tirar Edward da minha cabeça. Infelizmente eu gostava demais a sensação do seu nome em minha língua. E apesar do frio penetrante, a lembrança dos seus olhos me fez ficar aquecida.

Quando alcancei minha porta já tinha traçado um plano de simplesmente tirar tudo isso da minha mente. Agora eu estava somente esperando voltar a ver seu lindo rosto ao menos mais uma vez.