Disclaimer: Naruto pertence a Masashi Kishimoto, mas o enredo dessa história é meu.

Notas da autora:

1) Essa fanfic está sendo reescrita porque eu esbarrei em um bloqueio criativo. Algumas mudanças serão realizadas, então aconselho a relerem antes de lerem os novos capítulos.

2) Como a maioria das minhas fanfics, essa fanfic é um drama. Sentimentos negativos estão por todos os lados. Se você é muito sensível, sugiro que não continue.

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O Pergaminho

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Parada no meio do lago uma mulher repousava. Sua pele de alabastro brilhava a luz da lua. Nua. Seu longo cabelo negro azulado oscilava com a brisa. Como se os fios tivessem vida. Mas eram os olhos dela aqueles que mais chamavam a atenção na cena: era como se alguém tivesse roubado o brilho da lua e o injetado neles.

Parecia uma elfa ou talvez uma sirena.

Na margem do lago um homem a observava. Não com malícia - como era de se esperar numa cena daquela -, mas com um olhar compreensivo. O olhar de quem via muito além da superfície. Mesmo a vários metros de distancia dela, ele conseguia distinguir o brilho das lágrimas do brilho da pele macia e pálida. Ela estava pensando na ultima conversa que teve com Naruto antes deles irem até o lago e o Uchiha sabia disso.


Você não pode fazer isso!

Não só posso como vou. Você não pode me parar, Naruto. Não agora. Não mais.

Você está sendo egoísta, Hinata. Vai mesmo jogar tudo que temos fora? Vai destruir tudo que temos por um desejo egoísta? Você não era assim. A mulher que me casei sempre pensava nos outros antes de pensar em si mesma. A mulher que me casei...

Não é aquela que você ama. Não é mesmo, Naruto? Você nunca deixou de amá-la. Mesmo quando você já estava casado e ela ficou noiva de outro. Mesmo nas duas vezes que fomos visitar o filho e a filha dela recém nascidos e você viu aquele fartos cabelos negros. Você desejou mechas louras no topo daquelas cabecinhas. Você acha que eu não percebi? — Hinata bufara furiosa. Os olhos claros opacos, desprovidos da vida que costumava transbordar deles.— Acha que eu não percebi que no dia posterior ao anúncio do casamento dela você se trancou no escritório foi para chorar? Acha que eu me manteria alheia a isso? — O sorriso dela estava repleto de escárnio.

Impossível não perceber que é ela quem você ama quando o nome que escapa dos seus lábios todas as noites que dormimos juntos, todas as noites sem exceção alguma, é o dela e não o meu. Impossível não saber ao te ver olhar para os nossos filhos procurando por olhos verdes ou cabelo rosa. Se há algo a perder seriam meus filhos. Mas se eu morrer eu sei que não é você aquele que vai criá-los. Sabe por que? Porque você nunca os amou. Você nunca desejou que nascessem. Pelo menos não quando ao olhá-los você via características minhas neles. Acha que nunca reparei sua aversão a ver Boruto ativando o Byakugan? Acha que nunca reparei que seus elogios voltados à Himawari eram apenas para compará-la a Kushina-san? Porque admitir que a menina se parece um pouco é admitir que estamos presos no futuro que você tenta fugir.

...

Eu perdi tudo no momento que escolhi você. — uma lágrima solitária deslizara pelo rosto oval dela. — Onde você estava quando eu gritei pela morte do meu primo? Onde você estava quando meu clã fez com que minha irmã assumisse no meu lugar? Onde você estava quando lutei contra meu próprio pai na esperança que meu filho não fosse selado caso nascesse com o Byakugan? Onde você estava quando uma revolução estourou no meu clã e eu clamei por uma intervenção externa? — Ela viu o marido hesitar frente a torrente de perguntas. — Eu sei onde você estava. Você estava ao lado dela e não ao meu." — Um suspiro seguido pelo barulho de batidas na porta. Ela virara-se brevemente para fitar a porta antes de voltar a focar nele. — Meu clã caiu porque eu não estava lá. Meu sangue foi derramado porque minhas mãos foram atadas pelo homem que ousei chamar de marido. Eu os vi morrerem um a um. Eu vi o terror nos olhos da minha irmã no último segundo antes da vida ser arrancada dela.

Naruto retrocedeu um passo. Cada frase derramada dos lábios da mulher a sua frente era como um tapa desferido em sua face. Ele tentou reagir. Buscar palavras. Contra-argumentar.

É claro que amei nossos filhos! Eles são tudo o que sempre quis! São minha família! NOSSA FAMÍLIA! — Ele viu o rosto da mulher se contorcer em uma risada amarga enquanto ela negava. — São sim! Eu amei todos vocês1 Amo minha família. E você fizer isso tudo vai mudar. Bolt e Himawari nunca nascerão. Os nossos filhos, Hinata. Você os destruirá! Pense em Sasuke e seu casamento com a Sakura. Pense na criança de Ino e Sai. Tudo vai mudar...

Hinata rira. Aqueles olhos sempre tão compreensivos, aquela postura sempre tão passiva... Debochando de cada palavra dele. Não era de sua natureza, entretanto estava tão cansada. Estava desgastada de mais. Destruída de mais. A dor tem um jeito de quebrar as pessoas...

Sasuke não a ama. — Ela soltara uma risada amarga.— Ele nunca se apaixonou pela Sakura. Ele só se casou com ela pra quebrar o ciclo de já durava anos. Ele se casou com ela porque acreditou que com isso você me perceberia e alguém seria realmente feliz. —Dissera fitando os olhos azuis com frieza. Ele nos deu uma chance e você jogou fora. Durante todos esses anos nós conversamos sem que você ou Sakura soubessem. Ele deixou de te ter como melhor amigo na primeira vez que me achou chorando por sua causa. Foi Sasuke aquele que esteve ao meu lado nos últimos anos.— Sorrira de forma angustiada. Seus olhos denunciando seu nervosismo brevemente.

Ah, Naruto... Eu te amei tanto! Ainda te amo. Porém, você não me amava da mesma forma. Eu estava acima da categoria de uma amizade, mas abaixo do seu amor por Sakura. Eu vivi e sobrevivi por anos na sombra dela. Minha vida toda... Então quando nosso filhos vieram... Você os amou. Mas esse seu amor por Sakura te impediu de amar eles de verdade, sabe? De sentir a emoção de ter um filho plenamente. Boruto achava que era só falta de atençaõ mesmo. Ele, assim como você, sempre sentiu muito sem nunca saber dar nomes. Mas Himawari? Ela sempre soube. A cada ano, a cada aniversário, a cada experiencia aqueles olhinhos amadureciam mais e mais. Ela reconhecia o que você sentia. Ela percebia seus sentimentos mistos na direção deles. E ela sempre te perdoou. Sempre compreendeu. Dia após dia igual a mim. Mas isso matava uma parte dela também. Porque ela soube que assim como eu era uma sombra de Sakura, ela era e Boruto viviam na sombra de Sarada. — Hinata secou as lágrimas e respirou fundo. Sentia o corpo inteiro tremer e sabia que a qualquer momento começaria a gaguejar. Mas não podia. Não podia permitir isso. Seria forte. Por si mesma, por seus filhos, por Neji, por seu clã... Por todos. — Eu não estou aqui para pedir seu apoio. Vim te dar um ultimo adeus.

Hinata? — a voz masculina do Uchiha quebrara o silencio do casal. Ele havia se cansado de bater na porta e a abrira enquanto a ex-Hyuuga falava.

Por que, Sasuke? Por que está traindo minha confiança? —A voz do loiro era seca e cortante. Estava furioso.

Porque eu conheço a dor dela. Sei o que é ver seu clã cair. Sei o que é ouvir o nome de outro nos lábios de quem você ama. Sei como é morrer a cada dia preso num mundo que já não dá pra viver. Fui manipulado minha vida inteira e conheço a sensação de ser só uma peça no tabuleiro.— Olhos ônix se cravaram nos olhos azuis do homem que ele considerava um irmão. — Eu te entreguei o jogo, Naruto. Mas você quebrou todas as peças até agora. Sua rainha rachou e eu vou tirá-la de você. Hinata é a ultima peça ao meu alcance, e com o pingo de sanidade que me resta vou arrancá-la das suas mãos. Como qualquer peça secundaria eu vou defender a minha rainha até ser derrubado.


Sasuke ergueu os olhos quando uma luz intensa desceu dos céus.

Tsukuyomi-no-kami pairava sobre a superfície da água em uma postura estóica. O cabelo grisalho por natureza brilhava sobrenaturalmente e olhos vermelhos como a lua em um eclipse parcial visualizavam tudo com uma curiosidade mórbida.

Hinata ajoelhou-se perante o deus e estendeu a ele um pergaminho. A voz soprano dela entoava um cântico a muito esquecido pelos humanos que vagam pelo mundo.

Sasuke sentiu seu corpo pesar e caiu de joelhos na grama orvalhada. Seus olhos ônix fixos no deus que dera nome ao jutsu mais famoso do falecido Itachi. Tsukuyomi era um deus ainda mais belo do que ele presumia. Com cabelos platinados, olhos rubros, rosto quadrado e peitoral muito bem esculpido o deus era de cobrir de vergonha o humano mais belo entre todos.

O canto parou e o deus se moveu. Mãos pálidas e grandes deslizaram para fora da manga do hakama azul escuro e cobriram o pergaminho. O deus curvou-se até que pudesse fazer com que ela erguesse o rosto com um simples toque no queixo feminino.

— Meu pai me mandou dizer que a senhorita se parece fisicamente com Izanami quando ela ainda vivia. Ter um cântico escrito em minha homenagem cantado por aquela que fez possível minha existência seria uma grande honra. Mesmo que a senhorita não seja ela, já me sinto honrado ao olhá-la fazer isso. — o deus sorriu levemente para ela. — Levarei seu pedido para que meu pai o analise. Desejo-lhe sorte, pequena humana. Entre as mulheres do seu povo sempre foste minha preferida.

Hinata corou e sorriu levemente.

— Obrigada, Tsukuyomi-no-kami. — agradeceu enquanto fazia uma profunda reverência.

— Falo sério, humana Hyuuga. Desde pequena tu me admiras e canta para mim presa na escuridão da noite. Fizeste companhia para mim por anos a fio, contando o que lhe ocorria durante o período em Amaterasu te observava com olhos quentes.— Ele sorriu levemente para ela.— Tenho de voltar para meu lugar agora. Voltar para o lado de meu pai, Izanagi, e meus irmãos.

Tão rápido como aparecera, o deus da lua partiu.

Continua


Mais uma fanfic uhuuuu. Eu sei que vai ser difícil atualizar rápido porque também estou escrevendo O Uchiha, mas depois que descobri como digitar fanfics pelo celular- o que por sinal demora um século no meu por que ele vai ficando pesado- acho que vou conseguir agilizar o processo.

Obs: qualquer erro gramatical na fic que encontrarem, por favor me avisem.