Heirs of the death sun
por Alieth Monteblanc
dezembro de 2010
Capítulo I
Ela via o mundo por uma redoma de vidro. Seu destino era viver escondida da luz do dia e brilhar à noite. A lua é sua confidente e as estrelas os sonhos estendidos de todos aqueles que deixaram sua presença terrena sem realizá-los. A menina de sonhos atados encarava o céu apoiada no vitral do cômodo do palácio onde residia.
Nessa hora quando o Sol ia se deitar e as primeiras luzes do palácio eram acesas, as criadas recolhiam todas as cortinas do recinto e cuidavam de tratar da terceira filha do reino de Celes. Mas esta preferia ficar sozinha, não gostava dos cuidados excessivos ou do afeto pela obrigação. A pequena princesa, com seus ralos anos de vida, não tinha contato nenhum com o mundo lá fora, nem a vida que lhe era por direito. A verdade é que para a maioria das pessoas ela se trancava em seu universo particular. Assim parou de interagir, sentir, falar e se expressar, chegando ao ponto de ser julgada doente da mente e injuriada de espírito.
O próprio rei, Solomon, recusava-se em ver a neta caçula, negava a existência desta. Desde a morte de sua amada filha, Nadeshiko, a amargura e tristeza eram presenças constantes. Culpava aquele homem pela morte de sua filha mais nova. Também julgava a pequena, causa da desgraça de sua vida e reino.
Sakura nasceu desse modo, imolando sua genitora. Em troca de um destino funesto, nasceu com uma beleza estonteantemente rara, cabelos claros e a pele de banho de lua. Porém os olhos foram de maior apreço, duas orbes em verde primavera tão cheias de vida lhes fora presenteadas. Sob esses atributos, mais o da magia, lhe foi negado a condição de viver sob a luz diurna. A pele alva se em contato com o calor do Sol, criaria ferimentos em carne viva e os olhos não mais enxergariam. Este legado duraria até o fim dos dias da estrela maior.
"(...)Pois ela era uma das herdeiras do morte sol."
Solomon quando ouviu a última sentença do oráculo sobre o destino de sua descendente ele saiu irado do aposento e decidiu que não queria nem ver a criança. E indo ao encontro de Nadeshiko, que não estava em condições para convencer o pai que sua filha tinha que sobreviver, fez um encanto a partir de seu sangue, palavras e amor, cessou sua vida desenhando duas marcas em forma de asas nas costas da recém-nascida para dessa que maneira pudesse guardar pela vida da filha.
Sakura mesmo com a vida solitária, decidiu que não se lamentaria por isso. Adah, uma senhora de cabelos grisalhos e muito sábia, era sua dama de companhia e sempre lhe contava coisas sobre sua mãe e outras histórias de sua vida particular. E a senhorita Mizuki era a encarregada dos ensinamentos acadêmicos e das escapulidas de Sakura para o jardim durante as madrugadas. Mesmo sendo reclusa, tinha um gênio muito dócil, sua dama de companhia e tutora eram boas companhias, e as únicas pessoas de sua confiança. Somente elas defendiam a menina e sua sanidade. Ela podia viver em clausura, mas não era inerte aos comentários maldosos de uma criada ou outra sobre a bisonha situação em que a princesa se encontrava: trancada entre quatro paredes sem poder sair ou interagir com as outras pessoas, mesmo da família. Dormindo de dia e vivendo à noite. Era um comportamento muito anormal. Poucos sabiam de seu triste destino.
Entretanto, em uma noite, as luzes da suntuosa moradia acenderam-se mais cedo. Os jardins estavam decorados, as pilastras estavam adornadas em ricos desenhos e detalhes. A correria enchia os corredores de vida. A menina com seus 10 anos sentia um nervosismo, estava ansiosa e não parava quieta, o que dificultava o trabalho de Adah para arrumá-la.
– Ah, minha criança abaixe um pouco essa euforia. Assim não poderei vesti-la direito.
– É hoje! É hoje, senhora Adah! Vou sair pela primeira vez com consentimento do Rei Sol!
– Sim, minha criança – Disse arrumando o penteado com um adorno de pedras cor-de-rosa em forma de flores de cerejeira – Hoje o mundo a receberá de braços abertos.
– Senhora Adah, já pedi que me contasse milhares de vezes sobre o mundo através dessa janela... – Sakura fez uma pausa – Mas e as pessoas? Como elas são? Será q...
– Hoje você terá a chance de obter as respostas por si mesma. – Adah interrompeu a menina de maneira delicada – Pronto, terminei.
A menina consentiu com a senhora. E correu para encarar o espelho. Estava com as roupas em vários tons de rosa, com os pequenos detalhes em jade e os bordados em dourado. As mangas eram longas e acompanhavam a barra do vestido sem se arrastarem no assoalho. Observou parte dos cabelos presos nas flores de cerejeira em pedras preciosas e sorriu ao encarar-se no espelho, sentido orgulho do bom trabalho e capricho de sua dama de companhia. E quem sabe até uma pontinha de coragem vencendo a ansiedade.
Sussurrando para si mesma:
"Serei mais forte, prometo."
Momento randômico:
Olá leitores, desculpe pelo capítulo regulado.
Ele ficou bem curtinho...Esse é o primeiro e espero que vocês acompanhem a história. Parece que deixei pontas soltas demais e algumas incoerências, mas vou me esforçar para resolver todas as proposições que minha mente problemática vier a criar para não virar um 'LOST' da vida, certo?
Ahm... Uma coisa que fiquei descontente é que o Syaoran não apareceu, gostaria de tê-lo colocado ainda neste capítulo, mas acho que seria informação demais para vocês digerirem e ficaria muito corrido. E também capítulos muito longos devem ser mais trabalhosos de ler(?).
Se puderem especificar nas reviews de como gostariam que eu postasse seria uma ótima ajuda.
Ah, beijos.
Até o próximo capítulo! :D
Alieth Monteblanc
