N/A: O anime Naruto NÃO é minha criação e por este motivo NÃO me pertence, sendo assim, pertence à Masashi Kishimoto. Acontece que o enredo desta história é uma criação TOTALMENTE minha e espero que as pessoas respeitem isso. Esta história não tem fins lucrativos.

N/A – Comecei as notas aqui apenas para situar os leitores de que essa história é um crossover entre Naruto e X-men, mas é algo diferente, onde eu incorporo os personagens. Rolou uma fusão a lá DBZ e as personalidades estão fundidas.

Para vocês não se perderem e entenderem quem é quem, segue o GLOSSÁRIO dos personagens (a cada capítulo colocarei quem estará na história):

Hinata – Vampira (Anna Marie)

Sasuke – Ciclope (Scott Summers)

Ino – Rainha Branca (Emma Frost)

Tsunade – Mrs. Marvel (Carol Danvers)

Karin – Jean Gray (Fênix)

Hiruzen Sarutobi – Professor X (Charles Xavier)

Orochimaru – Sr. Sinistro (Nathaniel Essex)

Kabuto – Lady Mental (Regan Wyngarde)

Agora, segue a história e a gente se fala lá no final!

Gene X

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Os dedos finos dançaram devagar pela franja da morena. Os olhos perolados focaram na raiz de suas madeixas, já conseguia ver alguns fios brancos nascendo em meio aos negros. Mesmo depois de ter recebido a "cura", aqueles teimosos fios ainda nasciam. Agora mais lentamente, porém, ainda nasciam. A cura! Soava tão pejorativo e preconceituoso como os criadores pretendiam que soasse.

Era impossível compreender o ser humano. Saber como era fácil para eles tornarem inferior aquilo que não era considerado cientificamente homo sapiens, em um primeiro momento. Era algo surreal e inimaginável há alguns anos, quem poderia prever que uma "cura" seria criada para os mutantes?! O pior disto, era saber que não existia nada para ser curado!

Claro que existiam tipos mutações que impediam algumas pessoas de viver — como a dela —, mas não se tratava de uma doença e sim de aceitação. Os seres humanos e os mutantes deviam aceitar a mudança constante que a vida impunha a todos, viver era isso. Hinata, desde quando a sua mutação se manifestou, foi impedida de tocar outras pessoas, seu poder estava ligado diretamente à sua pele e ao contato físico.

Tocando outra pessoa ela assumia sua personalidade e, quando se trava de algum mutante, também adquiria seu poder. Entretanto, quando o toque passava dos meros segundos habituais, o que restava à sua "vítima" era apenas a morte, já que seu poder se resumia em sugar a vitalidade de quem quer que fosse.

A Hyuuga, depois da descoberta de seu dom na adolescência, nunca teve controle sobre ele e muitos incidentes ocorreram em sua vida por conta disso. Assim, teve que aprender a viver sem tocar os outros, já que isso causava danos aqueles que amava. Suspirou conformada, existiam coisas que jamais mudariam mesmo. Sabia que, depois do expediente, iria ao mercado comprar uma tintura para pintar os fios brancos.

Hinata lavou o rosto e escovou os dentes. Saiu do micro banheiro e caminhou até o quarto pequeno, estava morando, provisoriamente, naquele motel a uns seis meses. O motel de beira de estrada era uma parte integrante do empreendimento onde trabalhava, assim, já que era empregada da lanchonete e do posto de gasolina, tinha a preferência na locação de um dos quartos.

Aquela localidade era uma pequena cidade incrustada no meio do nada. Além do motel, da lanchonete e do posto de gasolina, existiam apenas algumas casas, o mercado, uma barbearia, a unidade de saúde e um bar. Essa era a grande Buchanan, no condado de Cortlandt, em Nova York. E era tão excitante quanto um lagarto se bronzeando no deserto.

Enquanto trocava de roupa, vestindo a camiseta vermelha — com a marca da lanchonete nas costas e colarinho — e o jeans surrado, sorriu desanimada. Quem imaginaria essa decadência?! Justo com ela...

Respirou fundo, amarrou os cabelos em um rabo de cavalo alto, sentou-se na cama para calçar os tênis tão surrados quanto seus jeans. Olhou no espelho e sorriu para si, sem mostrar os dentes. Já havia superado tanta coisa, tantas merdas que a vida tinha lhe infligindo... Então, não seriam alguns caminhoneiros bêbados, um gerente mal-humorado e colegas de trabalho preconceituosos que iriam torrar o seu saco.

Fodam-se todos! Ela era Hyuuga Hinata! A princesa Hyuuga, a deserdada, integrante da Irmandade Mutante e dos X-Men!

E era a mesma Hyuuga Hinata que optou pela "cura" e tornou-se uma ex-mutante... Sem amigos, família ou qualquer pessoa que valha tanto quanto esses. Na realidade, era sim uma sobrevivente, então iria agir como tal! A morena colocou sua melhor máscara de alegria e partiu para trabalhar, falhando miseravelmente ao colocar o primeiro pé para fora do quarto.

Trancou a porta ao sair. As passadas que dava em sentido à lanchonete foram lentas e preguiçosas, mais um dia sem motivação começava. Ouviu as gracinhas dos caminhoneiros que estavam no posto e fez a única coisa que podia naquele momento, lançou-lhes um olhar duro e "fechou a cara". Se não fosse obrigada a morar naquele lugar a primeira coisa que faria, sem sombra de dúvidas, seria dar um soco na cara de cada um daqueles homens nojentos.

Quando entrou o sino da porta tocou e anunciou sua chegada para as outras pessoas presentes no local, sentiu o olhar do gerente sobre si e suspirou cansada, não entendia a perseguição que sofria por parte dele. Os olhos com um diferente brilho rosa púrpura analisaram a reação da morena e perceberam o revirar de olhos e o suspiro irritado, sorriu de canto.

— Atrasada, como sempre, Hinata! — A repulsa era palpável na voz do homem.

— Desculpe, Sr. Hidan!

Maldito perseguidor, mal tinha entrado e ele já começou a encher o seu saco. Na realidade, estava adiantada, mas a discussão não seria vencida e, também, não valia à pena. O gerente balançou a cabeleira branca em desprezo. Ruminou interiormente que ela estava sempre pedindo desculpa e nunca mudando suas atitudes, só mantinha aquele pequeno ser no emprego porque não existiam outros interessados e por ordem do dono do empreendimento.

A ex-mutante caminhou até o balcão da lanchonete, pegou os cardápios que estavam ali e começou a distribuí-los pelas mesas. Quem disse que o trabalho enobrece não conhecia o inferno que ela vivia. O problema não era o ofício em si, nunca reclamaria de ter que exercer qualquer trabalho, mas as pessoas ao seu redor eram completamente capazes de fazê-la odiar a vida que levava.

Depois de sonhar tanto com a cura, percebeu que o problema nunca foi não poder tocar nas pessoas, mas a sensação de solidão e vazio que sempre teve dentro de si. Agora a morena tocava os outros, mas tudo não passava de mero contato superficial. Nada era profundo, verdadeiro ou intenso. Ela moldou-se a realidade que a maioria das pessoas exigia e, duramente, percebeu que se perdeu ainda mais dentro de si.

A angústia que acreditava ser culpa do gene x, na realidade, era a amargura da rejeição que sofreu desde sua infância e, principalmente, na adolescência; do medo implantado em seu âmago e que lhe causava grandes feridas, mesmo depois de ter encontrado alguém que a criou no momento mais difícil de sua insignificante vida.

Hinata tinha consciência de que seu pai foi um grande babaca, um belo otário que destroçou o seu ser e conseguiu marcá-la para todo o sempre. Alguém que foi capaz de desmontá-la de tal forma que nunca conseguiu tornar-se completa até hoje. Ainda que tenha convivido alguns anos com boas pessoas — umas menos altruístas que outras —, os problemas que teve com seu pai nunca deixaram de persegui-la, mesmo depois de suas tentativas inúteis de esquecê-lo.

Sua irmã e primo, por muitos anos, foram as pessoas mais importantes de sua vida. Apenas eles estiveram ao seu lado, nos momentos em que seu pai lhe destruía com palavras e atitudes. Neji, mesmo com sua superproteção, foi um refúgio de parte dos ataques, ainda que ele não pudesse fazer nada. Enquanto a convivência com a irmã, até uma parte de sua adolescência, foi um balsamo para uma alma tão ferida. Sentia tanta falta deles que lhe doía na carne, mas depois da mutação, não poderia levar a eles perigo por sua existência medíocre. Assim, contra sua vontade, afastou-se completamente de sua família de sangue após a expulsão de casa.

Despertou de seus devaneios quando ouviu o gerente gritar seu nome, apenas de forma raivosa e repressora.

— HINATA! Vá atender a mesa 9...— O rabo de cavalo da morena dançou em suas costas quando teve que virar a cabeça em direção à mesa.— É você quem tem que estar disponível para nossos clientes e não o contrário. Ande logo!

Respirar profundamente tornou-se um costume necessário para que a Hyuuga sobrevivesse sã no meio de tudo aquilo. Fazendo isso, caminhou até a mesa completamente desanimada, depois de ver o brilho malicioso no olhar dos três homens ali sentados. Segurou a caderneta para anotar o pedido em frente ao rosto justamente para impedir ao máximo de contato visual que eles tentariam fazer.

— Qual será o pedido de vocês? — Hinata tentou impor sua voz o máximo que conseguia, não queria transmitir timidez para que as gracinhas não começassem.

— Direta! Bom, é assim que eu gosto...— O brilho malicioso desceu dos olhos e pousou sobre o sorriso do homem. O olhar faiscava nitidamente interessados na jovem.

Os outros companheiros da mesa riram da cantada baixa e o riso aumentou depois de verem o brilho raivoso no olhar da morena. Eles sabiam que seu amigo era um conquistador barato e, pelo visto, a mocinha ali não era daquelas que gostava de ouvir gracinhas.

A Hyuuga decidiu relevar aquela porcaria de cantada. Sr. Hidan vivia lhe jogando na cara que o cliente sempre tem razão e começar uma confusão por causa de uma cantada iria lhe render apenas uma demissão que, por mais que lhe soasse como música aos ouvidos, naquele momento, não era algo que ela precisava. Tinha responsabilidades, precisava do dinheiro para sobreviver e arrumar outro emprego na cidade, depois de ser difamada de várias formas diferentes por seu gerente, seria impossível.

Assim, totalmente contrariada, a morena enfiou um sorriso torto nos lábios e reiterou a pergunta, da forma mais dura que conseguiu.

— Então, qual será o pedido de vocês?

— Bom... — Olhando para o relógio em seu pulso o ruivo continuou provocante. — Qualquer hora é hora para se comer alguma coisa muito boa, não é mesmo?

Hinata balançou a cabeça resignada. Deus gostava de pregar peças nela, só isso para justificar os acontecimentos de sua vida. Odiava ser observada como um pedaço de carne disponível para o consumo. Às vezes, ser mulher poderia ser tão degradante que chegava a lhe irritar.

Nessas horas sentia falta de ser mutante, acreditava que naquela época era inatingível. Quando ainda integrava a irmandade mutante, logo depois de ter sido expulsa e deserdada pelo surgimento de seus poderes, havia enfrentando os Vingadores, momento onde sugou a super-força e velocidade da Miss Tsunade. Dessa forma, gracinhas como essas, as quais ouvia desde sempre, eram pagas com bons e poderosos socos.

— Claro, Senhor. — A morena viu os olhos castanhos brilharem de excitação. Gargalhou internamente da soberba daquele homem. — Nosso cardápio está repleto de coisas boas, pois são as únicas disponíveis para um lanche saboroso nas imediações! Fora isso, acredito que o cliente terá que procurar o que comer em outra cidade.

— Primeiro, meu nome é Sasori, vamos deixar essa formalidade de lado, gatinha. —Depois de ouvir o "apelido" carinhoso a morena apertou com toda a sua força o bloco e a caneta que estavam em suas mãos, enquanto ouvia os outros dois trogloditas rirem. — Bom, quer dizer que só posso comer aquilo que está descrito no cardápio? Nenhuma oportunidade de comer nada novo?

O olhar que lhe era voltado era tão cobiçoso que a única coisa que conseguiu causar na morena foi nojo, preenchendo seu estômago apenas com uma grande vontade de vomitar sobre o homem. Quem aquele cara pensava que era?! O que ele pensava que ela era?! Homens e seu complexo de superioridade: tão irritante quanto uma farpa presa na ponta do polegar, por menor que fosse ainda iria incomodar.

Hinata não tinha preconceitos, tanto que desde que saiu da mansão Konoha, lugar onde se refugiou depois de ter abandonado a irmandade mutante e ter se reunido aos X-men, conheceu vários tipos de pessoas, algumas destas ganhavam a vida vendendo seus corpos, porém, ela, naquele momento, não trabalhava com isso. Então, porque cargas d'água era tratada daquela forma por aquele insolente?

Sorriu de maneira torta, já que essa era a única coisa que poderia fazer naquele momento.

— Isso mesmo, — Antes de continuar pigarreou e encerrou aquela conversa repleta de duplo sentido de forma desdenhosa. — Senhor.

Dando-se, momentaneamente, por vencido o ruivo abriu o cardápio e voltou a sua atenção para os produtos ali apresentados. Tinha certeza de que iria envergar aquele ramo de bambu e que aquela morena apetitosa logo estaria gemendo seu nome em meio às carícias sôfregas que iriam trocar.

— Queremos três porções de waffles com bacon, dois omeletes e três cafés expressos, bem encorpados e sem açúcar, gatinha.

Hinata anotou o pedido, sem dar muita chance para os três idiotas — mentalmente decidiu denominá-los assim para conseguir trabalhar em paz —, rumou a caminho da cozinha para passar o pedido ao cozinheiro. Enquanto esperava o pedido ficar pronto, começou a atender as outras mesas que estavam sendo ocupadas pelos caminhoneiros que pernoitavam no posto. Geralmente a lanchonete tinha muito movimento na parte da manhã, servindo cafés da manhã, e de noite, servindo jantares.

A morena corria de uma mesa para a outra, anotando e entregando pedidos. Trabalhava sozinha até às 09h00 da manhã, que era quando o outro atendente chegava, um homem que conseguia ser tão intragável quanto seu gerente. Deidara era uma cópia mais jovem do presunçoso Sr. Hidan, tão preconceituoso e insuportável que na mente dela acontecia uma disputa interminável entre eles, sem um vencedor aparente.

Depois de ter adiantando seu serviço no salão, Hinata passou a atender o balcão da lanchonete. Sr. Hidan apenas atendia o caixa, o máximo que fazia para "ajudá-la" era gritar qual mesa precisava de atenção, mais do que isso seria pedir demais da cobra albina.

Sendo uma manhã típica, onde quase todas as mesas estavam ocupadas, ela não notou uma presença familiar que adentrou ao estabelecimento. O homem sentou-se em um dos últimos bancos desocupados do balcão, pegou um dos cardápios que estava ali em cima e começou a olhar as opções do lugar. O moreno sorriu de canto ao perceber que a Hyuuga ainda não tinha notado sua presença. Pelo jeito, a vida pacata e sem combate tinha posto para dormir os sentidos aguçados da ex-mutante.

Hinata apenas notou quem estava atendendo quando ouviu a voz grave do moreno lhe dizendo bom dia. Sentiu os pelos de seus braços se eriçarem e um desconforto apoderar-se de seu estômago. Há quanto tempo eles não se viam? Dois ou três anos? Desde que havia tomado a cura, a morena se afastou de todos os amigos que tinha. Acreditava que eles não entenderiam sua escolha e sentia-se impura de estar perto deles. Sentia falta de todos, sendo esse isolamento um dos estopins de suas crises de ansiedade — as quais começaram a acontecer após a cura —, porém, a dor maior era estar longe dele.

A Hyuuga percebeu que mesmo longe do moreno todo esse tempo o velho sentimento não havia diminuído. Seu coração traiçoeiro logo lhe jogou a verdade na cara, ainda amava aquele mutante, tanto quanto antes e isso era extremamente irritante. Tinha certeza que ele havia esquecido-se dela e todos os problemas que a relação deles um dia lhe causou, deveria estar feliz e contente vivendo uma vida plena com sua eterna Rainha Branca.

Decidiu que manteria distância e o trataria como outro cliente qualquer. Não estava disposta a lidar com esse problema, não hoje e muito menos a essa hora da manhã.

— Qual o seu pedido, senhor?

O tempo passou e ele teve que reconhecer que a Hyuuga conseguiu ficar mais bonita ainda. Apesar das olheiras, os olhos perolados que o encantavam permaneciam ali. O cabelo azul-escuro, agora preso, continuava longo, como ele gostava. Hinata era encantadora, tentava ser durona e gentil ao mesmo tempo, e conseguia exercer esse papel brilhantemente bem.

Embora ela tentasse fingir que não o conhecia, ele sabia que nada daquilo era verdade. Seus olhos sempre a entregavam, eles eram transparentes demais para o mundo em que viviam. Sempre soube o que a morena sentia, antes mesmo dela dizer uma única palavra. Era tão cristalina como a água da nascente do córrego mais intocado de uma floresta. Sorriu ao lembrar o quanto ela era suave e iluminada.

Depois de vê-la começou a questionar o motivo de ter demorado tanto para procurá-la. Era alguém extremamente egoísta e arrogante. Sabia muito bem o motivo de não ter feito isto antes e o porquê estava fazendo agora e, céus!, tinha vergonha de ser tão egocêntrico. Esse encontro só aconteceu por um motivo e jamais teria orgulho dele.

— Por favor, já somos crescidos o bastante para fingir que não nos conhecemos, Hinata. — O timbre imponente permanecia intacto, atingindo-a como uma lamina afiada e mortal.

A Hyuuga sentiu o coração bater descompassado. Piscou os olhos, abalada. Seria tão simples lhe tirar do eixo? Uma frase solta conseguiria quebrar toda a casca que construiu nesse tempo de isolamento? A voz de seu pai ressoou intolerante em sua mente: "Tão fraca, Hinata".

— Desculpe não corresponder a sua expectativa, Uchiha.

Touché! Sasuke sentiu o golpe bem colocado da doce mutante. Hinata poderia ser boa e gentil, porém, sempre tinha uma carta escondida em sua manga. Depois de tantas coisas terem acontecido na vida daquela mutante, quando queria, ela jamais deixaria passar barato alguma provocação. Porém, se ele sabia com quem estava lidando, ela também deveria lembrar quem era a outra ponta dessa relação.

— Bom, acho que nós dois sabemos muito bem como é meu café da manhã, não é mesmo? — A morena, involuntariamente, sorriu.

Sem respondê-lo e decidida a evitar estender qualquer contato com o moreno, começou a atender o casal que estava sentado ao lado dele. Antes de se por a caminho da cozinha a ex-mutante decidiu olhar uma última vez para o Uchiha e se amaldiçoou por isso, ver o sorriso prepotente no canto dos lábios do mutante fez com que os pelos de seus braços voltassem a se arrepiar.

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Hinata voltava da cozinha com alguns pratos para serem entregues, momento onde Sasuke percebeu que talvez aquele não fosse um bom dia para tentar conversar. Apesar disso, já não aguentava mais postergar aquela situação. Precisava o quanto antes confrontar a Hyuuga sobre os sentimentos que ambos mantinham, antes de tomar uma decisão definitiva em sua vida.

Era injusto, ele sabia disso, trazê-la para esse mar revolto que era a relação deles, mas o altruísmo deixou de ser uma de suas qualidades quando passou a ser o líder dos X-men e presenciou tantas perdas inestimáveis. Desde grandes amigos até conhecidos de batalhas, o coração do Ciclope — alcunha que carregava nos momentos da batalha — tornou-se duro e didático. Assim, analisando toda sua situação de fora, percebeu que para conseguir efetivamente viver ao lado de Ino deveria ter certeza de que não nutria mais nada pela morena.

Hinata deixou alguns pratos nas mesas, voltou para a cozinha e rapidamente já estava no salão entregando mais pedidos. Internamente, apesar de odiar dias assim, agradeceu por todo o movimento na lanchonete, dessa forma, não precisava ficar encarando seu passado, o qual sempre voltava para lhe atormentar de alguma forma.

A morena entregou o pedido do Uchiha primeiro para evitar qualquer conversa, começou a entregar os outros e quando já estava de partida teve sua saída interrompida pelo mutante. Não acreditou na audácia dele, e fechando o cenho olhou para ele. Hinata sabia muito bem que o café de Sasuke era puro e ouvi-lo pedir por açúcar fez seu sangue ferver, aquilo foi a confirmação de que ele, efetivamente, estava ali para atormentá-la e não iria medir esforços para conseguir seu intento.

Sem se aproximar, mantendo-se a uma distância segura, ela respondeu:

— Está à sua direita, Uchiha.

Sasuke não era a pessoa mais paciente desse mundo, Hinata sabia muito bem disso. Estava estampado no rosto dele que aquele joguinho de gato e rato já tinha chego ao seu limite, porém, ela havia decidido que não iria ceder, não por birra, mas sim pelo fato de seu instinto de autopreservação estar soando loucamente desde a hora que ele chegou.

A ex-mutante sabia que não poderia ficar muito tempo perto do moreno, tinha noção do quanto aquele homem ainda mexia com seu coração e precisava manter a pouca sanidade que lhe restava. Era uma situação extremamente injusta e ele tinha conhecimento desse fato, Hinata perdeu as contas de quantas vezes sua alma foi partida em mil pedaços por esperar algo que jamais teria dele.

— Eu não vim até aqui apenas por um pouco de café barato e bacon torrado, Hinata. — O moreno pegou o pote de açúcar e colocou junto à xícara de café. Decidido, continuou. — Só irei embora depois de conversarmos, então, chega de fugir.

— Ah, certo... — Os olhos perolados brilhavam enfurecidos. — Como eu já disse antes, desculpe não corresponder a sua expectativa, Sasuke. — A morena sentia o sangue fervilhando em suas veias. — Mas, caso você não tenha notado, estou bem ocupada e não tenho tempo para o seu papinho.

— Hinata... — Os dois fitavam-se decididos, porém, o tom autoritário dele fez com que, involuntariamente, a morena sentisse um frio percorrer sua coluna. — Nós vamos conversar, quer você queira ou não.

A irritação da ex-mutante apenas aumentava. Que merda aquele Uchiha queria tanto falar?! Esfregar na cara dela a felicidade de todos com sua mudança? O quanto à mansão Konoha vivia momentos gloriosos? Que sua família mutante conseguiu superar sua ausência rapidamente? Eles não tinham mais nada, o moreno deixou bem claro isso quando escolheu ficar ao lado da Yamanaka. Então, o que diabos aquele bastardo queria?!

A morena sabia que sua irritação estava mais relacionada à resposta positiva de alguma dessas perguntas. Tinha consciência de que saber que todos estavam vivendo bem sem ela iria feri-la mortalmente, já que ela, depois da cura, vivia cada vez mais infeliz. Não suportaria saber que o Uchiha tinha seguido sua vida sem qualquer questionamento, sem pensar ao menos nela um instante de sua vida, como ela pensava nele em todos os instantes da sua.

Hinata sentia-se cada vez mais sufocada com a presença do Uchiha. Decidiu dar o braço a torcer e conversar com o mutante, assim, seria forte e o mandaria para o inferno o quanto antes para viver sua solidão em paz. Olhando para o relógio em seu pulso, entre dentes disse.

— Daqui quinze minutos eu tenho um intervalo rápido. — E então, Hinata voltou ao trabalho cuidando da entrega e anotando novos pedidos.

Sasuke nada falou, aquela resposta era um grande progresso e ele tinha ciência disto. Tomou um gole do café, sentiu a bebida morna descer por sua garganta, deveria ter tomado o líquido antes, agora estava horrível.

Para o azar da morena, e sorte de Sasuke, o Sr. Hidan estava entretido jogando paciência no computador do caixa, caso contrário, eles não teriam tido metade daquela conversa, já que o gerente teria mandado ela atender os clientes ou fazer qualquer outra coisa pela lanchonete, apenas para não vê-la "parada".

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Quando Deidara chegou, a cobra gêmea do seu odiado gerente, a morena bateu o ponto para começar o seu intervalo. O mutante seguiu a Hyuuga com o olhar e quando a viu saindo da lanchonete foi atrás dela. O sol escaldante incomodou o olhar do Uchiha, apesar de estar com seus óculos de sol de quartzo-rubi, considerando os trinta graus e o fato de ter ficado dentro da lanchonete, isso não impediu o incomodo e que seus olhos voltassem, aos poucos, a se acostumar com a claridade.

Sasuke encontrou a ex-mutante encostada à parede da lanchonete, do lado da entrada. Quando o moreno chegou a Hyuuga começou a caminhar para o lado, ficando embaixo da sombra do toldo da fachada, o sol estava incomodando seus olhos claros. O Uchiha parou em frente da antiga parceira, sem conseguir decidir por onde começar.

O que ele tinha para dizer era delicado, ainda mais considerando o fato de que envolvia tanto os sentimentos dela quanto os seus. O líder dos X-men não gostava de expor suas emoções. Sua praticidade era tão grande que, às vezes, as pessoas o liam como alguém sem compaixão e isso não era verdade. Ele também havia tido grandes perdas que o moldaram dessa forma: sendo frio e estrategista no campo de batalha, porém, quando se tratava de sua vida sentimental, Sasuke acabava sendo, mesmo que sem querer, relutante em suas escolhas.

— Vamos lá, Sasuke. — Hinata estava incomodada com o silêncio e com o cenho duro estampado no rosto masculino. — Não tenho todo tempo do mundo.

— Sabe, o tempo lhe fez tão bem...

O moreno esticou os dedos para tocar a face da ex-mutante. Hinata percebeu o movimento do Uchiha e afastou o rosto. Tinha decidido conversar como conhecidos e não como amantes, conhecia muito bem os limites do seu coração. Depois da reação dela, os olhos do mutante, de forma involuntária, dilataram-se.

— Agora você tem aversão ao meu toque, Hinata?

— Eu me dispus a conversar com você, não ultrapasse meus limites pessoais.

A Hyuuga voltou a se sentir acuada. Não poderia deixar que ele dominasse a situação, não depois de tanto sofrimento para tentar esquecê-lo — apesar de já ter constatado que tinha falhado miseravelmente. Dando dois passos em direção a ela, o moreno sorriu de canto. Viu o medo de ceder escancarado nas pérolas da ex-mutante.

A morena sentiu a respiração pesar quando viu os passos dados por ele. Os limites estavam sendo ultrapassados sem qualquer vergonha e seus sentidos gritavam ensandecidos, precisava ficar longe do toque quente e grosso dele.

— E se eu disser que sinto falta do perigo que é tocá-la, Hinata.

— Você quis dizer que era perigoso... Agora eu não sou mais aquela bomba atômica preste a explodir.

Sasuke sentiu vontade de rir, como se tivesse ouvido uma boa piada. Hinata não tinha noção de que o perigo dela para com ele nunca esteve relacionado aos poderes da mutante, mas sim a algo mais profundo. Algo que sempre esteve ligado, na realidade, ao sentimento visceral e enraizado que nasceu no coração do Uchiha.

Mais dois passos, e ele observou o corpo feminino retroceder até a parede desbotada. O sorriso cínico de canto se formou involuntariamente, a Hyuuga era um rato preso esperando apenas o momento do abate. O líder dos X-men percebeu que não era apenas ela que estava lutando para não ceder aos próprios desejos, ele também tentava manter o controle sobre os próprios limites, ainda mais sabendo que poderia colar seu corpo ao dela sem ter que se preocupar com quanto tempo poderiam ficar assim.

Estar ali já era egoísmo demais. Buscá-la para responder questionamentos pessoais seus, sem que a morena tivesse qualquer consciência disto, poderia ser considerado, no mínimo, cruel. Porém, Sasuke já havia tentado resolver seus problemas sozinho e nenhuma resposta foi obtida. Ansiava por conseguir virar essa página e, por mais desumano que soasse, iria até às últimas consequências para encerrar esse ciclo.

A mão esquerda dele tocou o maxilar feminino e Hinata sentiu suas pernas falharem por um instante. Seus olhos fecharam automaticamente, e, mentalmente, a morena se xingou por esse reflexo. Não precisava que seu corpo desse sinais escancarados de que aquele bastardo ainda era o dono do seu coração.

Os olhos vermelhos do mutante, como uma reação de seu corpo, cerraram-se. Ter a visão daquela doce mulher se deleitando com um toque singelo fez com que uma fisgada brotasse em sua virilha. Seu polegar massageava os lábios femininos, fazendo com que se abrissem. Estavam os dois derrubando as barreiras que haviam criado, sem qualquer esforço para mantê-las de pé.

Sasuke se questionava o quanto disso era apenas desejo reprimido ou algo mais profundo? Que inferno, porque as coisas não eram simples?!

Porque ele não conseguiu seguir sua vida ao lado de Ino? Seria tão descomplicado se não tivesse esse sentimento inexplicável pela Hyuuga. Tinha certeza de que agora estaria aproveitando a viagem programada pela loira, depois deles oficializarem sua relação. Então, porque, diabos, estava ali, colando seu corpo naquela mulher, rezando internamente para que ela esquecesse tudo e que, mesmo à luz do dia, eles fizessem amor naquela parede?!

— Hinata...

A morena se assustou com o tanto de carinho presente na voz de Sasuke ao pronunciar seu nome. Jamais imaginou que um dia ele pudesse ter algum outro sentimento por ela que não desejo. Seus olhos abriram-se e pode ver o quanto ele estava perto. Permanecia com os lábios semiabertos e sentia a mão dele descer para massagear seu pescoço.

— Os olhos, dizem, são os espelhos da alma... — A ex-mutante buscava dentro de si forças para resistir ao magnetismo do Uchiha. — E os seus, clamam por mim, por nós, por isso...

O coração da Hyuuga galopava acelerado em seu peito, conseguia sentir o hálito dele perto dos lábios e quando imaginou que tudo estava perdido foi salva por quem menos esperava. Sr. Hidan escancarou a porta da lanchonete e gritou seu nome. A morena teve tempo apenas de empurrar Sasuke antes que a cabeleira branca virasse na direção deles.

Sem coragem de olhá-lo, Hinata deixou-o estático ao lado da parede. Não tinha noção de quanto tempo havia ficado fora, se seu intervalo tinha acabado ou não, só sabia que devia uma ao gerente sem que ele soubesse disso. A ex-mutante estava tão fora de si que acabou tropeçando nos próprios pés, entrou na lanchonete sem olhar para trás.

— Hinata... — O tom de voz do gerente era mordaz, estava extremamente irritado com aquela figura insignificante. — Você enlouqueceu? Que diabos estava fazendo lá fora esse tempo todo? — Quando ele percebeu que a morena iria se explicar começou a caminhar em direção ao caixa, não queria saber de qualquer explicação estapafúrdia dada por ela. — Não me interessa, volte ao trabalho ciente de que terá apenas meia hora de almoço, mocinha!

Em outras circunstâncias, a Hyuuga, teria fechado a cara e praguejado mentalmente contra ele, já que não poderia respondê-lo à altura, mas, considerando o que havia acontecido há alguns instantes, estava mais do que feliz de não ter muito tempo disponível. Não sabia se o Uchiha esperaria até seu almoço para tentar terminar aquela "conversa", assim, quanto menos tempo tivesse, melhor seria para si.

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Sasuke voltou a entrar na lanchonete, agora tinha certeza de que precisava terminar a conversa que eles tinham iniciado o quanto antes. Não iria embora de lá até ter decidido o que iria fazer, mesmo que a Hyuuga esperneasse e se negasse a terminarem o que começaram.

Tentando se recompor, a morena foi atender as mesas do salão, sentia o olhar do mutante perseguindo-a por todos os caminhos que percorria. Uma corrente gélida percorria sua coluna e o desconforto por estar acuada permanecia ao seu lado. Estava tão focada na figura que a perseguia com olhar que não percebeu qual mesa atendia.

Quando focou sua atenção na mesa respirou profundamente, a lei de Murphy estava dançando sobre sua vida nesse dia. Recebeu o olhar dos três brutamontes, percebendo os olhos castanhos do tal de Sasori consumi-la sem qualquer vergonha e, novamente, sentiu nojo daquele homem.

— Bom, gatinha. — Rindo do desgosto da mulher, o ruivo continuou. — Nossa interação até que foi saborosa, tanto quanto o café dessa espelunca, porém, sinto lhe dizer que vamos ter que abandoná-la, só precisamos que você traga a conta. — Os outros dois homens gargalharam da situação, eles sabiam muito bem o que seu amigo planejava.

A morena mal pode acredita no que aconteceu, apesar da gracinha inicial, os três imbecis até que foram "gentis" em sua despedida. Aceitando a oferta de paz dada pela maré de azar, caminhou até o caixa e pediu para que o gerente fechasse a conta da mesa 9. A Hyuuga levou a conta para a mesa e enquanto esperava o pagamento, pelo canto do olho, percebeu que Sr. Hidan já requisitava sua presença, mesmo sem ter terminado o atendimento. Refletiu em como uma pessoa poderia ser tão incomoda.

Depois de pegar a caderneta com o pagamento e virando-se para prestar atenção no que o gerente efetivamente queria, não notou a aproximação do ruivo, apenas sentiu quando a mão dele apertou sua nádega direita.

— Essa é parte da sua gorjeta, pelo atendimento... — A voz maliciosa sussurrou em seu ouvido, fazendo-a se arrepiar de nojo. O sorriso sacana do ruivo alargou-se, ao mesmo passo em que ele soltou a carne macia e desferiu dois tapinhas leves. — À noite eu venho terminar o pagamento, gatinha. Aposto que a "sobremesa" vai ser bem mais interessante de "provar".

O susto da ex-mutante foi tanto que ela demorou alguns segundos para processar toda a situação que acabará de ocorrer. Quando Hinata decidiu que iria reagir e meter um belo soco na cara daquele descarado não teve oportunidade de fazer nada, apenas viu o soco de esquerda bem colocado do Uchiha no rosto do homem.

Sasuke acompanhava as movimentações da Hyuuga e sentiu o sangue de seu corpo entrar em ebulição quando percebeu a intenção do ruivo mal-encarado para com a morena. Não deu tempo para que ela reagisse, pois ele mesmo não teve tempo de processar as próprias ações, somente seguiu seus instintos, os quais gritavam que àquela mulher lhe pertencia e ninguém, além dele, poderia tocar nela.

Tudo foi muito rápido, em segundos, o ruivo estava caído no chão, desacordado, enquanto um dos outros dois homens que o acompanhavam tentava reanimá-lo o outro trocava socos com o mutante. A morena sabia o quanto aquela luta era desleal, Sasuke tinha anos de treinamento e estratégia militar em seu currículo, enquanto os três homens, ao que tudo indicava, não passavam de arruaceiros que arrumavam brigas e imaginavam que eram ótimos lutadores.

Em pouco tempo o segundo homem já estava desacordado no chão da lanchonete, enquanto outros clientes corriam para saída e o gerente gritava o nome da morena, junto com outras coisas que ela não conseguia entender. Hinata tentava a todo custo conter o Uchiha para que ele não acabasse com àqueles caras ou despertasse qualquer curiosidade sobre eles, não tinha intenção alguma de que as pessoas descobrissem que ele era um mutante e ela uma ex-mutante.

Apesar da cura e do nascimento cada vez maior de mutantes, o preconceito era algo que os perseguia sem dó ou piedade, as pessoas não tinham noção de que suas atitudes poderiam destruir a existência de alguém que precisava apenas de respeito.

— Sasuke, por Deus, chega! — Com toda a pouca força que atualmente tinha, a morena tentava empurrá-lo para longe dos dois homens desacordados e do terceiro que tentava acudir os amigos.

— Hinata, tire seu amigo troglodita daqui de dentro, AGORA! — Sr. Hidan, apesar de irado, permanecia estático atrás do computador. Aquela garota tinha extrapolado todos os limites da realidade, já não havia mais como mantê-la trabalhando ali, ainda que tivesse ordens diretas para não a despedir. — Quer saber, vá embora com ele, você está demitida, retire as suas coisas do quarto da lanchonete e suma da minha vista, nunca mais apareça por aqui.

O Uchiha voltou a si quando entendeu que tinha terminado de ferrar com a vida da morena, graças a sua conduta impensada ela estava no olho da rua e sem um lugar para viver. Hinata sentia o sangue ferver, estava irada com toda aquela situação, desde o desrespeito do troglodita ruivo, ao comportamento de Sasuke e à falta de consideração de seu gerente. Apesar de ter sido o estopim da briga, ela era à vítima e não merecia ser demitida, não depois de aguentar inúmeros ataques daquela cobra nojenta. Já que estava tudo perdido, decidiu que iria sair de lá gloriosa, não deixaria ser espezinhada pelo gerente.

— Que ótima notícia, Sr. Hidan...— Os olhos castanhos dilataram-se de espanto, quanta prepotência aquela pequena criatura poderia carregar?! — E quer saber de uma coisa? — Hinata inflou o peito como se fosse dona do mundo. — Eu não preciso dessa merda de emprego ou quarto, quero mais é que você e toda essa gente mesquinha e preconceituosa se foda. Tô é cagando para vocês, bando de babacas.

O gerente perdeu todo o prumo ao ouvir à resposta mal educada da jovem. Queria voar no pescoço daquela barata e mostrar tanto a insignificância dela quanto sua superioridade. Sasuke viu o sorriso vitorioso brotar nos lábios da morena enquanto ela o puxava para fora da lanchonete e, antes de sair, a Hyuuga bateu seu ponto e pegou um pacote de batatas industrializadas que estava ao lado do caixa, não iria sair sem levar algum prêmio por todas as humilhações que tinha vivido naquele lugar.

Os dois caminharam em silêncio até o quarto. O Uchiha sentia-se culpado por sua irresponsabilidade enquanto Hinata pensava no que fazer, já sabia que não poderia mais viver naquela cidade, não depois de todo aquele circo. Sua vida, efetivamente, era uma grande merda. Depois de constatar que jamais teria paz, parando em frente à porta do quarto, começou a gargalhar. O mutante olhou espantado para a morena, imaginou que quando eles chegassem ali iria ser trucidado, mas não, estranhamente, ela gargalhava de tudo aquilo.

O estranho clima de graça o contagiou e, mesmo sem querer, uma risada baixa foi solta. Ao ouvir o riso, Hinata voltou à realidade. Estava dentro do seu quarto, sem emprego e moradia com o homem mais complicado que já conheceu na vida, tão trágico quanto hilário. Sua gargalhada morreu imediatamente, constatou que rir da desgraça era algo corriqueiro nos últimos tempos.

Sem nada dizer, começou a recolher suas roupas e colocá-las em sua mochila. Havia morado em tantos lugares, desde quando foi expulsa de casa, que tinha decidido não adquirir muitas coisas, tudo o que tinha cabia dentro de uma mochila e era isso, não precisava de mais. Sasuke apenas a acompanhava com o olhar, não tinha coragem de continuar ou iniciar qualquer conversa nesse momento.

— Estarei lá fora... — Ele murmurou, saindo e fechando a porta atrás de si.

Depois de recolher todos os seus pertences, a morena pegou uma camiseta e foi para o banheiro se trocar, não queria qualquer recordação daquele lugar. Voltou e pegou sua mochila, precisava sair o quanto antes dali, estava sufocando com todos os sentimentos que começavam a brotar dentro de si. O Uchiha a seguia como um fantasma, mudo e sem coragem de fazer qualquer coisa diferente.

Hinata demorou alguns minutos, quando voltou achou que o mutante já teria ido embora, porém, lá estava ele, olhando-a como uma criança que aprontou a maior travessura do mundo, mas que estava profundamente arrependida de seus atos e pedia perdão à mãe, jurando que jamais cometeria o mesmo erro. Sem nada dizer, caminhou até o carro do Uchiha e ficou esperando do lado do carona. O líder dos X-men a acompanhou com o olhar e sorriu de canto ao perceber que a Hyuuga, por ora, não queria matá-lo – pelo menos foi isso que a atitude dela representava.

— Vamos logo, Sasuke. Antes que eu soque a sua cara. — Hinata não sabia se aquela era a escolha certa, mas precisava de carona para a rodoviária mais próxima, em outra cidade. — Você me deve uma carona, no mínimo, depois dessa palhaçada toda.

Destravando o carro, o moreno se pôs a caminhar até o veículo, poderia levá-la até o inferno se isso garantisse que ela não iria ignorá-lo.

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Dentro de um outro carro parado do outro lado da via, um homem acompanhava a movimentação dos dois. Depois da partida deles, o albino começou a ligar para seu chefe, sua missão, há dias, era reportar toda a movimentação da ex-mutante.

— Chefe. — Tirando o pirulito da boca e ajeitando os óculos continuou. — Ao que tudo indica, a Hyuuga foi embora da cidade com Uchiha Sasuke...— O albino teve sua fala interrompida pelo interlocutor. — Ok. Vou segui-los. — Imediatamente ligou o carro para fazer o que tinham lhe proposto.

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Sasuke era um grande estrategista, tanto que foi escolhido pelo Professor Sarutobi para ser o líder dos X-men. O mutante tinha noção de toda a sua capacidade e isso era um trunfo que considerava o seu diferencial. Mas quando a situação envolvia Hinata, todo o seu conhecimento de estratégia caia por terra. Deixava de ser o gênio Uchiha para se tornar o abobalhado apaixonado.

Havia estabelecido um plano simples: encontraria a morena, perguntaria o que ela sentia por ele e decidiria, de forma calculada e fria, com qual das duas iria se relacionar. As mutantes eram mulheres lindas, cada qual com sua personalidade peculiar, envoltas em grandes qualidades e ótimos defeitos. Acreditava que, naquele ponto da vida, a escolha dependia apenas de si e que não seria problemática, já que nutria sentimento por ambas, mas a realidade era completamente outra.

Apenas de ver os olhos perolados da ex-mutante, sua estratégia foi desfeita. Não entendia qual era o mistério que envolvia os dois, sabia apenas que nunca havia sentido todo aquele amor antes, nem mesmo com sua antiga namorada, a quem acreditava ter sido o amor de sua vida.

Sasuke, depois de perder os pais em um acidente de avião; ter visto seu irmão mais velho ser adotado por uma família escocesa riquíssima e ir embora; e ter vivido por muito tempo sozinho em um orfanato, ainda criança, decidiu que jamais agiria embalado por suas emoções, tornando-se alguém altamente controlado e metódico.

Tinha uma grande dificuldade em se vincular as pessoas, tendo sofrido anos por toda a dor que foi obrigado a vivenciar. Seu isolamento se intensificou no momento em que seus poderes despertaram na puberdade, momento em que percebeu que se perdesse o controle poderia ferir de morte as poucas pessoas que lhe eram importantes.

Com muito custo e boa vontade, o Professor Sarutobi conseguiu convencê-lo de que laços eram importantes e que se vincular as pessoas poderia lhe dar forças para vencer as maiores dificuldades que viria a enfrentar. Aos poucos, abriu seu coração aos colegas da escola, sendo que seus companheiros de luta foram, e continuavam sendo, sua família. Apaixonou-se, ainda jovem, por Karin. A Ruiva lhe trouxe emoção e paixão, mas perdê-la em meio a uma grande batalha foi algo que lhe feriu, tanto que o mutante acreditou que jamais voltaria a lutar.

Teve que participar de inúmeras sessões de terapia para conseguir retornar ao campo de batalha, nesse meio tempo, onde lutava por sua vida e pela dos outros, conheceu mais a fundo a indomável Yamanaka Ino e a doce Hyuuga Hinata.

Karin tinha sido seu primeiro amor, com ela conheceu o mar de emoções que podem habitar em uma pessoa. Ino lhe trouxe a força e centralidade que havia perdido, ela conseguiu o reconstruir quando ele imaginava que não havia mais volta. Hinata era toda a pureza e doçura que ele não conseguia ver dentro de si, ela sempre lhe mostrava o melhor de todas as situações.

Todas foram mulheres importantes em sua vida, e o Uchiha jamais quis decepcioná-las, mas tinha certeza de que era isso que estava fazendo nesse momento, sendo apenas um egoísta filho da puta. Precisava consertar o quanto antes os erros de sua vida, já que nenhuma das duas merecia continuar envolvida com um homem pela metade. Depois dessa conversa, enterraria o sentimento não escolhido e não voltaria atrás, seria o companheiro merecido para aquela que ficasse em seu coração.

Quando Hinata lhe disse que a rodoviária mais próxima ficava em outra cidade — percurso que demoraria em média uma hora e meia para ser percorrido —, teve certeza que esse tempo seria o bastante para conseguir resolver sua situação. E ainda que eles decidissem não ficar juntos, iria convencê-la a voltar ao instituto. A morena continuava a ser parte da família e deveria estar junto deles, já tinha passado da hora dela entender que não ter poderes não era motivo para se afastar.

Pelas suas contas, lhe restava uma hora para fazer o que tinha que ser feito, mas não conseguia criar um plano de ataque vitorioso. Tinha tentando começar a dura conversava várias vezes, porém, a todo o momento quando abria a boca, as palavras não saiam. Mesmo tendo consciência de que seu tempo estava acabando, tinha medo de fazer a escolha errada, de afastar a Hyuuga. O pânico de não tê-la em sua vida lhe assustava de uma forma absurda, igualava-se a dor de ter perdido os pais e o irmão.

Hinata permanecia com a cabeça encostada no vidro, tentava controlar seus batimentos e respiração. Estava quase tendo uma nova crise de pânico. Ter o Uchiha ao seu lado era, ao mesmo tempo, consolador e aterrorizante. Os dois tinham vivido tantas coisas, de formas tão intensas e únicas, sendo que apenas isso lhe vinha à mente. Lutou por tanto tempo para imaginar sua vida sem ele, sem que isso lhe trouxesse sentimentos negativos, porém, suas barreiras caíram por terra quando sentiu os dedos dele tocarem sua pele.

Foi quente, arrebatador e perturbador.

Quis que o contato não tivesse sido interrompido, que tivessem se beijado e amado. Sua alma implorava pelo amor que os toques dele lhe juravam, mas a realidade era tão cruel ao lhe dizer que isso não passava de tesão acumulado. Acreditava que, para ele, nunca tiveram uma relação, já que os toques que trocavam não passavam de pequenos segundos, os quais eram interrompidos antes de ferirem o moreno. Nesse turbilhão de querer amar e não poder, a morena viu o Uchiha se relacionar com Ino, enquanto a ela restava apenas sonhar com um amor.

Mesmo ele lhe jurando que sentia algo profundo, vê-lo estar com outra era uma prova contrária as juras escondidas que os dois faziam. A todo instante, para sobreviver, Hinata o repelia. Depois de já não aguentar mais vê-los juntos, decidiu tomar a cura e viver a sua vida, longe de tudo e todos. Precisava aprender quem ela realmente era e como poderia ser feliz sozinha, já que sempre foi impedida de estar com aqueles que amava.

— Precisamos terminar a conversa que começamos há pouco... — Sasuke interrompeu os devaneios da ex-mutante. Interrupção que a Hyuuga rezada internamente para não acontecer.

Tinha medo justamente de ter que terminar algo que, inconscientemente, não queria que acabasse. Hinata suspirou vencida. Essa não era uma escolha apenas dela e sabia que, mesmo que não quisesse, já tinha passado da hora deles colocarem um ponto final no que tinham. Precisava urgentemente se libertar desse fantasma. Permaneceu olhando para a estrada, imaginava que não o encarar seria menos doloroso.

— Achei que quando sai da mansão tivesse deixado bem claro que sei lá o que acontecia entre nós acabou. — À medida que ela falava, a voz suave ia diminuindo.

— Claro?! Por favor... — Se não fosse um momento tão trágico, a ex-mutante teria rido do tom irônico do moreno. — Você apenas desapareceu na madrugada, como se não existíssemos. Tivemos que te caçar por meses até te encontrarmos vivendo no Texas, sendo que depois você desapareceu de novo, e de novo, e de novo...

— Quer uma reposta mais direta que essa? — Sasuke apertou irritado o volante. Respirou profundamente, não poderia perder o controle.

As mãos masculinas apertavam o volante quase à ponto de marcá-lo com seus dedos. Por sua visão periférica o moreno percebeu quando o corpo esguio se tencionou e os ombros femininos encolheram. O Uchiha sabia que aquela conversa era desconfortável para os dois.

— Fugir dos seus problemas nunca será uma boa resposta. — Hinata gargalhou da afirmação do mutante e o Uchiha não entendeu o motivo daquela reação.

— Ah, Sasuke, por favor, você não tem moral alguma para me falar isso. — Naquele instante os olhos perolados o fuzilavam. — O cara que "cozinhou" por tempos duas mulheres, só porque não conseguia se decidir, tá querendo dizer que fugir não é uma escolha? Você é tão hipócrita.

O moreno sentiu os pelos de sua nuca se eriçarem, sua irritação irradiava para todos os poros. Decidiu estacionar o carro no acostamento, precisava ter aquela conversa olhando diretamente para a ex-mutante. A Hyuuga percebeu o movimento do carro e engoliu em seco, agora tinha certeza que aquela conversa só iria ladeira abaixo.

Com o carro parado, Sasuke tirou o cinto, virou para a morena e começou a analisá-la. Não queria que a conversa fosse por esse caminho, iria retomar o controle. Hinata, tirando o cinto, voltou a olhar para fora do veículo, a coragem de olhá-lo foi embora no momento em que ele passou a fitá-la. Interrompendo o silêncio, sentenciou ferida.

— Apenas fiz o que julguei ser a melhor escolha, por você.

— E como você pode ter certeza de que efetivamente foi a melhor escolha?! — O moreno segurou a mão da mutante, precisava que ela o olhasse. Hinata poderia até dizer inúmeras coisas, mas ele sabia lê-la através dos olhos.

— Tive certeza disso quando você permaneceu me fazendo juras de amor escondidas enquanto continuava se relacionando abertamente com a Ino. Eu não sou burra, Sasuke.

A Hyuuga tentou fugir do contato masculino, mas ele buscou sua mão esquerda com firmeza. O fitou ressentida. O líder dos X-men sentiu o golpe que aquele olhar lhe deu, jamais imaginou que seria capaz de fazer tanto mal para alguém que amava tanto.

O moreno não tinha muito que dizer para se defender. Naquele momento, por mais egoísta que soasse, sabia que precisava das duas para voltar a ser o que era antes. Não tinha condições de estar apenas com uma e isso foi sua desgraça. Analisando o rosto sofrido da ex-mutante, molhou os lábios com a ponta da língua.

— Eu errei, fui covarde e egocêntrico...

Sorrindo triste, a morena o interrompeu.

— Acrescente aí: um grande filho da puta.

— É, fui mesmo, mas agora é diferente, Hinata. — Involuntariamente, Sasuke riu envergonhado. — Eu... – Engolindo em seco, Sasuke inspirou profundamente. — Amo você, e vim até aqui para dizer que quero fazer acontecer o que temos. Quero estar ao seu lado de uma vez por todas.

Suspirando, a Hyuuga balançou devagar a cabeça de um lado para o outro. Não conseguia ver a diferença na situação que eles viviam. Apertou a mão do moreno. Hinata sabia que se tivesse ouvido isso antes de sair da mansão, teria desistido te todos os seus planos pessoais para ficar esperando por Sasuke. Naquele tempo, sempre esteve disposta a brincar de casal feliz até o momento em que ele decidisse que valia apena.

Quis tanto ouvir isso do Uchiha, tanto que chegava a ser vergonhoso lembrar-se do que passou por esse sentimento. Porém, agora, para ela, não passava de afirmação vazia e sem sentido. A morena quebrou o contato das mãos deles. A ferida causada pelas últimas palavras do mutante era dolorosa. Sentia a angustia enforcando-a e o desejo de deixar de viver afogá-la.

— Sasuke, imagino que você não tem noção do quão cruéis as suas palavras possam ser... — O moreno via as pérolas da ex-mutante marejadas. Sabia que ela estava tentando conter o choro. Seu coração levou outro golpe violento do olhar triste que lhe foi lançado. — Pare de se enganar, você não faz ideia do que está propondo. Não existem motivos para tentarmos chutar cão morto.

— Como você pode desacreditar as minhas palavras dessa forma? Eu sei muito bem o que quero! — Sasuke ficou tão irritado quanto ofendido. Que tipo de pessoa ela pensava que ele era?

— Ah, você sabe?! — Hinata estava envolvida em um mar de irritação, angustia e tristeza — Pois bem, Ino sabe que você veio me procurar? — Queria gritar tudo o que estava engasgado em sua garganta, expor todos os pontos que comprovavam o que havia dito a ele, mas não conseguia saber por onde começar. — Propor uma tentativa de termos uma relação amorosa? Você terminou com ela antes de vir até aqui?

Os olhos vermelhos se dilataram e o mutante foi pego de surpresa pela Hyuuga. Permaneceu olhando para ela espantando, buscando uma forma de respondê-la sinceramente sem feri-la mais. Hinata riu descrente. O Uchiha continuava, mesmo não querendo, cometendo os mesmos erros infantis.

— Chega de palhaçada, Sasuke. — Tantas coisas passavam por sua mente. Inspirou e expirou lentamente, precisava se concentrar. — Me leve para a rodoviária, isso é o mínimo que você tem que fazer por mim.

— Não, Hinata! Nós precisamos terminar essa conversa.

A ex-mutante estava cansada, efetivamente cansada de dar voltas em torno do próprio rabo. Não adiantava continuar nada enquanto o moreno não crescesse. Sasuke precisava amadurecer e deixar de ser egoísta e egocêntrico! Porém, a Hyuuga, já não estava mais disposta a esperar. Irritada, sentenciou decidida.

— Eu já disse que chega, eu não aguento mais, Sasuke. Não tenho estrutura emocional para suportar os efeitos das suas brincadeiras infantis. — Involuntariamente, as lágrimas da morena vertiam. A angustia que assolava o seu peito decidiu se expor sozinha. — O que quer que fosse nós tínhamos, ficou no passado, já era! Vai viver a sua vida ao lado da senhorita Perfeição Yamanaka e me deixe morrer sozinha no inferno que a minha vida é.

O pânico de vê-la partir voltava a circular o mutante. Aquilo tudo era o que queria ter evitado, seu plano estava completamente fora de controle. Não poderia perdê-la, não saberia viver sem tê-la por perto, ainda mais depois da experiência de ter vivido os últimos dois anos mais excruciantes de sua vida — período onde a Hyuuga desapareceu e, efetivamente, evitou a ele e todos os X-men. Voltou a buscar o contato das mãos femininas, precisava tê-la nas suas para ter certeza de que iria mudar esse fim trágico.

— Não me toca, porra! — Hinata viu a movimentação do moreno e repeliu o toque. Enraivecida, gritou. — Eu já disse que deu, Uchiha!

A Hyuuga tentava encostar o máximo do corpo na porta do carro. Sentia as lágrimas molharem o rosto, pescoço e colo, bem como sentia a respiração acelerada. Precisava urgentemente retomar o controle de si. O líder dos X-men recolheu suas mãos enquanto olhava assustado para a ex-mutante. Nunca tinha visto Hinata perder o controle daquela forma.

— Pelo menos volte a morar na mansão... — Ele pediu baixinho, como se estivesse falando com uma criança acuada — Todos sentem a sua falta, Hinata. Vivemos preocupados atrás de você.

A jovem gargalhou desconcertada. Não entendia os limites da inocência emocional do Uchiha. Ele era tão inteligente, estrategista e desenvolvido em várias áreas de sua vida, mas quando envolvia emoções, Hinata já tinha noção de que ele era burro como uma porta. Como ela teria condições de voltar a morar na mansão sabendo que o veria todos os dias? Ao lado de outra?

Tentando engolir o choro, sentou-se corretamente no banco e colocou o cinto. Respirou profundamente algumas vezes, limpou as lágrimas com as costas das mãos e decidida disse:

— Me leve direito para a rodoviária, por favor.

Vencido, o moreno ajeitou-se na direção e, depois de colocar o cinto, deu a partida no carro. O fracasso em sua tentativa já começava a lhe consumir a alma. Tinha certeza que havia perdido o amor de sua vida e por culpa exclusiva sua. Suspirou derrotado. O moreno até tentava pensar em algo, mas não havia mais palavras a serem ditas. O fim do caminho foi silencioso, triste e torturante para os dois.

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O albino observava encantado pelo telescópio as células coletadas de uma mutante agirem de forma compatível com aquelas coletadas do outro mutante. O plano elaborado por seu mestre, ao que tudo indicava, poderia ser iniciado. Depois de ter desacreditado nas afirmações de seu mestre, Kabuto percebeu embasbacado que o conhecimento dele era ilimitado.

Anos de experiência genéticas efetivamente deveriam ser respeitados, não era à toa que ele era conhecido como Senhor Sinistro, o maior geneticista que já havia vivido. Caminhou até o escritório dele, na parte superior da mansão, para lhe informar das últimas anotações do experimento.

Orochimaru permanecia analisando as anotações que tinha conseguido do projeto arma X. Estava entusiasmado com sua nova empreitada e precisava, o quanto antes, pôr em prática os estudos elaborados. O desejo de explorar todo o potencial do gene mutante era algo que lhe movia. Há anos transitava por esse mundo realizando inúmeras experiências para confirmar teorias que criava, tanto que esteve presente em inúmeros projetos. Escutou as batidas na porta do cômodo e autorizou a entrada do outro.

Kabuto sorria gentilmente. Depois de entrar, permaneceu parado no meio do escritório. A mesa onde o mais velho estava sentado era enorme, maciça e pesada, uma verdadeira raridade. Estava disposta no centro do local, estando ocupada por um laptop, papéis, uma agenda de rascunhos, um porta-canetas cheio, duas luminárias e outras coisas.

Das quatro paredes, três eram ocupadas por estantes repletas de livros dos mais diversos temas, havendo, principalmente, livros sobre biologia, anatomia e genética humana e mutante entre os exemplares. O local ainda era decorado com duas poltronas dispostas na frente da mesa e sobre um enorme tapete de pele de urso pardo, dois quadros grandes da era vitoriana na parede sem estantes, um mancebo no canto da porta e um lustre suntuoso.

Encostando-se na cadeira, Orachimaru olhou diretamente para o pupilo. Retribuiu o sorriso dele com um pequeno sorriso de canto. Cruzou as mãos na frente do rosto e esperou pelas informações que viriam a seguir.

— As células reagiram positivamente ao encontro. — Kabuto sorriu mais amplamente — Eles têm a compatibilidade necessária para pormos em prática o seu plano, Mestre.

O mais velho sorriu, os olhos amarelados brilhavam satisfeitos. Estava na hora de dar início a fase dois de um dos maiores planos que tinha criado. Iria fabricar o mutante perfeito, apenas para seu deleite pessoal. Sibilou sussurrante ao outro.

— Inicie a fase dois. — Kabuto riu em concordância. — Traga-a até nós. Leve a equipe Dosu com você, quero eficiência nessa empreitada.

O albino se retirou do escritório e caminhou diretamente ao laboratório, no porão da mansão. Estava entusiasmado com os próximos acontecimentos.

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N/A² – Hellooooooo para você que conseguiu chegar ao final dessa saga louca. Quero te contar que essa história vem matutando na minha mente insana há um bom tempo e que esses dois mundos são amados por mim.

X-men foi o primeiro quadrinho que eu efetivamente acompanhei, foi onde eu aprendi o que era diversidade e minorias. Dessa preciosidade eu tirei muito do que sou hoje em dia e agradeço aos grandes roteiristas que passaram por essa HQ única. E Naruto, bem, apesar de tudo, é Naruto e amo os personagens.

Foram muitas palavras, mas tenham fé que muitas outras viram. Pretendo não estender muito essa história, acredito que em 5 capítulos tudo estará concretizado, ENTRETANTO, vou me esforçar para atualizar com uma frequência descente (EU VOU TENTAR COM FORÇA, não me matem). Tenham pena dessa concurseira que deveria estar estudando, mas decidiu postar fic. Sejam compreensivos, por favor, por favorzinho!

Eu sei, crossover é algo complicado demais, mas não fazer essa história no mundo mutante cortou meu coração e eu decidi encarar esse desafio. Qualquer dúvida que vocês tiverem (tipo: Por qual motivo Sasuke (Scott) tem um relacionamento com Ino (Emma Frost)?) mandem nos comentários que eu vou responder.

A capa LINDA-MARAVILHOSA-CHEIROSA-PERFEITA-ÚNICA-E-DIVINA foi feita pela melhor Beta-amiga-esposa-bombril multiuso desse mundo todo Alê (Arê-chan). Ela tem a maior paciência comigo e será canonizada por me aguentar eternamente.

Partes dessa história foram aprovadas pelas minhas Waifus (PqpDree e N. Owens). Amo vocês amor poligâmico!

Comentem, me alegrem e esperem com o coração aberto. O segundo capítulo está iniciado, tem um 1/3 do que quero escrever. Juro que sentarei a bunda no final de semana e irei escrevê-lo.

É isso, já me estendi demais nessas notas.

Beijos,

Asakura Yumi!