1: The Prince of Tennis naum me pertence, porque se não o Ryoma já tinha pegado a Sakuno!
2: Haruki é uma personagem secundária minha, amiga da Sakuno nesta fic, enquanto que de garotos só tem o Ryoma e o Eiji, que são amigos.
Cap. 1
Meu nome é Ryoma Echizen. Já faz alguns anos, acabei a faculdade e me tornei arquiteto, mas como eu não gosto muito de lidar com a construção de prédios e nada que seja muito grande, costumo lidar mais com quadras de tênis. Eu vim de uma família simples e há pouco tempo me mudei pros EUA. Ainda não conheci ninguém que preste, isso pode até incluir meu "amigo".
Eiji Kikumaru é um paisagista talentoso, isso eu posso dizer, porque nós meio que trabalhamos no mesmo ramo, mas o cara é muito enérgico e adora me lembrar a toda hora que tomar um pouco de leite pode me ajudar a crescer, porque mesmo beirando aos meus vinte e cinco anos sou baixo para os homens da minha idade. Ainda sim ele é bom se relacionando com outras pessoas.
Ele eu posso chamar de interessante, mas até agora, em que fui obrigado a me levantar desde as oito da manhã (sim, pra mim ainda é cedo!) de pleno domingo pra ser arrastado até uma lanchonete e tomar um café-da-manhã me recomendado pelo próprio Eiji (é, inclui um copo morno de leite...), não achei nem uma única outra pessoa que pudesse me arrancar do tédio que vivo.
Acordar todos os dias cedo já um sacrifício e muito estressante, e ainda mais quando se mora sozinho em um apartamento que por mais espaço que dê sempre parece um ovo com a bagunça que acaba se formando simplesmente porque se está cansado pra arrumar tudo antes de alimentar o gato e verificar a secretária-eletrônica, pra daí, logo em seguida, organizar a agenda diária!
Eiji pode até morar sozinho também, mas quase sempre visita a família e está extravasando o tédio ou a raiva (que duvido que ele tenha, já que está quase sempre sorrindo) jogando uma partida de tênis. Na maioria das vezes, essas partidas são comigo. O tênis também é o único esporte que me interessa, me ajuda a aliviar a tensão do dia-a-dia e nem me lembro desde quando jogo.
As partidas viraram coisa de rotina: todo fim-de-semana, pela tarde, Eiji e eu estamos na quadra dos fundos da casa dele praticando novos saques. Pra melhorar a situação, nenhum de nós namorou ninguém ainda; pelo menos, as garotas com quem tentamos conviver não deram pra algo mais sério! Nem se pode dizer que o trabalho é o problema, já que não somos vidrados nele.
Já faz alguns meses que conheci o Eiji, e pelo pouco que eu sei dele é que, assim como eu, nunca se liga a uma coisa só. O que podemos concordar é que, fora o tênis, nada mais do que fazemos podemos dizer que faremos pro resto da vida, então, é claro, isso inclui as mulheres! Quer dizer, não é que não vamos querer constituir uma família no futuro.
Pra ele, talvez, quem sabe... Eu? Acordar ao lado da mesma garota todos os dias não faz bem o meu gênero. Pulando essa parte, ainda estamos falando sobre alguma coisa muito chata. Quer dizer, o Eiji tá falando e eu nem dando atenção tô. Minha preocupação maior é outra.
- Ryoma! – ele me chama – Poxa cara, eu na maior empolgação falando da reforma que eu fiz com aquela área de lazer no asilo e você me ignorando?
- Ah sim Eiji, eu sei como deve ter sido legal receber atenção de todas as pessoas idosas daquele lugar, mas eu tô pensando...
- Pensando? – ignora meu comentário – Pensando em quê?
- Acho que eu devo ter esquecido alguma coisa pra hoje... – tomo um gole de refrigerante – Mas eu não sei o que é.
- Talvez tenha se esquecido de conferir a roupa na lavanderia. Ah, qual é cara, você tem uma lista de coisas pra fazer todos os dias! Por que não compra um daqueles Palm Tops? Consegui o meu na promoção em uma loja perto de casa, e saiba que foi difícil pegar porque era o último do estoque!
- Eu deixei água e comida pro Karupin, conferi a secretária eletrônica e os meus emails... – comecei a falar em voz alta sem me importar com o último comentário dele – Eu também tranquei a porta e deixei a chave extra no canto de sempre, tirei a louça da pia, marquei na agenda os dias da consulta que vem no veterinário, pro Karupin, do próximo carregamento dos novos pares de tênis na loja de conveniência, e... Nossa!
- O quê? Quem? O que foi? – Eiji joga metade do hambúrguer no prato e engole de uma vez a outra metade com o susto.
- Eu me esqueci de ir fazer a visita pra aquela garota de ontem!
- Ah, finalmente desencalhando, não é baixinho? E antes de mim... – ele se alegra, piscando, e desanimando logo em seguida enquanto bebe o suco.
- Não é nada disso Eiji! Uma garota ligou ontem pra pedir que eu fizesse as contas do espaço que vai ser necessário pra ela montar uma quadra de tênis na área detrás da casa dela. Estava marcado pra hoje, pelas onze.
- Mas às onze? – estranha. Eu levanto – Você não vai nem almoçar?
- Nós estamos aqui conversando e comendo já faz quase duas horas.
- Então tudo bem. Acho suspeito já que você come muito, mas se depois desmaiar não me culpe! – aponta pra mim e sorri. Dou um leve suspiro e pego a jaqueta pendurada atrás da mesa.
- Tchau Eiji. – limito-me a responder, caminhando na direção do carro, estacionado um pouco atrás da mesa.
- Até mais baixinho! – procuro evitar reparar nos olhares que todos me lançam com o grito que ele deu e ligo logo o carro, acelerando.
Sakuno Ryuuzaki é o nome da minha cliente. Nunca a vi antes, mas a cada pisada no pedal para diminuir a velocidade nos sinais vermelhos está me deixando nervoso, como se chegar rápido no endereço fosse definir todo o resto da minha vida! Começo a tomar fôlego de uma hora pra outra e quando dou por mim estou suando como se tivesse acabo de sair de um jogo com o Eiji.
Ainda estranhando minhas reações, finalmente estaciono o carro perto da casa dela. Quando saio dele é que eu me dou conta do tamanho da casa dela: ocupa tranquilamente o mesmo espaço de uma escola. Olho ao redor; só tem uma praça pequena na frente. Respiro fundo e toco a campainha.
- Sim? – para minha surpresa, uma linda garota, que parece ter a minha idade, vestindo uma blusa rosa de manga e uma saia branca curta aparece.
- Com licença, essa é a casa de Sakuno Ryuuzaki?
- Ah sim, sou eu. – ela sorri, tirando a mão da porta menor ao lado da maior, para a entrada de carros – Você deve ser o arquiteto que pedi, não é?
- É, sou eu. Muito prazer, eu sou Ryoma Echizen. – ergo a mão.
- O prazer é meu. – ela aperta – Não esperava que fosse chegar agora.
- Sim, é que eu acabei perdendo o horário e...
- Não, quero dizer que chegou cedo! – dá uma risada. Remexo o cabelo, dando um sorriso de canto meio sem jeito – Por favor, entre.
- Claro. – passo por ela e escuto-a fechando a porta atrás – Sua casa é grande. – admiro o interior – E bonita.
Um extenso jardim cobre a área da frente, ao redor do pátio de entrada que deve ser a garagem. A casa, um pouco mais a frente, tem uma pintura com tons de prata e preto e um tapete verde da cor da grama está estendido junto à porta. Ao redor das paredes algumas joaninhas estão penduradas, o que dá um ar simples e agradável ao ambiente. Parece uma casa de boneca.
- Obrigada, eu ganhei da minha avó. – ela passa na frente – Por favor, venha por aqui. – vou a seguindo com as mãos nos bolsos e a passos lentos.
- Você mora sozinha aqui? – estranho o silêncio e a organização.
- É, moro sim. Pode ficar a vontade, eu só vou tirar a chaleira do fogo e já mostro os fundos da casa. – dito isso ela sai correndo corredor afora.
A sala é pequena, com uma mesinha de vidro carregada de livros bem no centro e encima de dois tapetes felpudos pretos estão de um lado uma poltrona e do outro um sofá, os dois da cor chocolate. A televisão é frente à mesinha, onde também está na parte debaixo da estante, da cor do sofá e da poltrona, um DVD e ao redor vários porta-retratos.
No aposento vizinho uma estante com livros e material esportivo para tênis somente. Entre ela e uma porta de vidro, provavelmente a prova de som, uma mesa de madeira com um vaso sem flores encima. Deduzo que deve ser a sala-de-jantar, então ando corredor a frente. A cozinha é ainda mais limpa que o resto da casa, além de espaçosa. Assim que me vê ela abandona a chaleira.
- Bom, desculpe a demora. – abre outro sorriso – Quer comer algo?
- Não, eu tô bem. – nego com a mão – Onde fica a área que você falou?
- Vou te mostrar o lugar. – sou guiado até uma porta também de vidro, ao lado do fogão, e quando passo por ela me deparo com uma mini-campina.
- Esta é a parte detrás do jardim da frente? – viro-me pra ela.
- É. Eu sempre cuido como posso dessa parte da casa, mas não cresce nada mais do que erva-daninha aqui, então eu pensei em fazer uma quadra de tênis. Tentei antes vários outros arquitetos, mas todos eles disseram que este espaço é complicado demais pra se trabalhar...
- Ham, isso é conversa de quem gosta de ganhar dinheiro fácil! – dou um pequeno sorriso com o canto da boca e ando mais pra frente. Ela me segue com os olhos – Como é uma área grande eu posso construir uma sem nem medir.
- Então pode mesmo ser feito? – ela se anima, juntando as mãos.
- Claro! – viro, ainda com as mãos nos bolsos – Posso indicar um amigo meu que é paisagista pra trabalhar no ambiente; geralmente nós trabalhamos juntos. – quando dou outra olhada tenho a ligeira impressão que seus olhos estão brilhando, mas só tenho certeza quando se aproxima.
- Muito obrigada! – segura minhas mãos – Estava quase perdendo as esperanças de criar minha quadra.
- Não... Não tem problema. – acabo notando que estou gaguejando – É o meu trabalho. – separo nossas mãos. Sinto meu rosto quente e acabo irritado com isto – Mas posso saber por que você quer tanto uma quadra?
- Eu adoro jogar tênis, mas quase nunca posso sair de casa por causa das encomendas que me fazem e quando estou livre o clube no qual eu costumo ir com minha amiga está fechado, então eu gostaria de poder praticar aqui.
- Sei... – novamente, outra estranha sensação começa a tomar meu corpo e sinto vontade de saber mais. Minha boca se move antes que perceba – Disse que fazem encomendas pra você... No que trabalha?
- Ah, eu sou coordenadora de Buffets. – faz uma pausa – Geralmente eu só fiscalizo tudo, mas quando me sinto entediada ou estressada costumo fazer vários pratos diferentes de uma vez.
- Hum. – apesar de achar que deveria ter respondido mais do que só uma palavra – Bem, eu estou um pouco atrasado pra outro compromisso... -, acabo optando por mentir. Ela desfaz o sorriso.
- Ah, é claro. Que cabeça a minha, acabei tomando o seu tempo!
- Tudo bem. Pode me levar até a porta?
- Claro! – ela passa na frente e nós dois andamos até a entrada – Mais uma vez muito obrigada. Pode trazer seu amigo quando vier de novo.
- Certo. E... – meu coração parece começar a bater mais forte só de pensar em continuar a frase – Quando eu posso voltar de novo?
- Bem... Eu não sei quando exatamente. Preciso marcar um Buffet para a semana que vem... – ela começa a olhar pro nada, como se estivesse buscando uma resposta – Ah! – põe a mão no bolso da blusa e tira um cartão – Este é o número do lugar onde eu trabalho. Eu passo mais tempo lá do que em casa na semana, então você pode ligar atrás de mim.
- Ok. – suspiro, segurando o cartão e enfiando no bolso – Eu já vou.
- Certo... Até mais, Ryoma. – meus músculos ainda demoram a se mover.
- Tchau. – devolvo e entro no carro. Pelo retrovisor posso ver que ela só entra quando eu estou para dobrar a rua – Sakuno... – sussurro e suspiro.
Chego um tanto desanimado em casa, afinal acordei cedo demais pelas minhas próprias regras! Sou recepcionado pelo Karupin e o pego no colo no instante em que me arrasto até o sofá e ligo a televisão com o controle remoto. Antes mesmo de aumentar o volume o telefone jogado ao lado toca.
- Alô? – falo a muito contragosto. De início só escuto gritos.
- "Aê garoto, como foi com a cliente das onze?"
- Eiji... – suspiro. Karupin me encara – O que você quer?
- "Não ouviu a pergunta? Quero saber como foi com a garota, conta aí!"
- O que tem pra contar? Ela é só mais uma cliente.
- "E qual é o nome dela? Ela é bonita? Aposto que te deu seu telefone!"
- O nome dela é Sakuno e sim, ela é bonita e me deu seu telefone... Do Buffet onde ela trabalha! – do outro lado ele parece se animar mais.
- "Que coincidência cara! Eu conheci hoje uma garota que tava passando pela mesma loja de artigos esportivos que a gente costuma ir; ela tava dando uma olhada em umas raquetes novas e você sabe como é...! Cheguei junto e ela me disse que se chamava Haruki e que também amava jogar tênis, olha só!..."
- O que exatamente isso tem a ver com a Sakuno?
- "Ah é... É que, entre uma conversa e outra, ela me disse que estava vendo um presente de aniversário pra amiga dela, que vai ser daqui a algumas semanas, e o nome da garota era Sakuno! Não acha que pode ser a mesma?"
- Sei lá... E você ligou só pra dizer isso? – suspiro, já me zangando.
- "Não! Deixa de ser rabugento! Eu também ia dizer que marquei um encontro com a Haruki e essa amiga dela, uma pra cada um de nós. Topa?"
- Não tenho escolha mesmo... – giro os olhos – Pra quando?
- "Amanhã, na lanchonete em que vamos. Três horas, vê se não atrasa!"
- Já sei... Tchau. – desligo o telefone – Só pode ser brincadeira...!
