Disclaimer: Saint Seiya pertence a Masami Kurumada e Toei, todos os direitos reservados. Fic sem fins lucrativos.
Sinopse: Saga/Kanon (Twincest), lemon. Todos temos desejos inconfessos. Quando insistimos em ocultá-los durante o dia, nossa mente os liberta durante a noite. Fic escrita para o Primeiro Amigo Secreto do Palaestra de Valentine's Day, presente para Human Being.
Aiaiai, o que dizer? Bom, eu podia pegar qualquer outro casal, admito x.x Mas né, é presente, então lá vai a Lune se meter a escrever o OTP da dona Human Being e ter uma crise de autoconfiança no processo u.u'' Eu mutilei o primeiro capítulo, você não tem noção... era muito mais encheção de linguiça! XD
Essa é a primeira fic Saga/Kanon que escrevo, daí sai um PWP lindamente viajado pra alguém que gosta de algo mais realista x.x'' Juro que não andei usando os incensos do Shaka! (Entendedores entenderão -q). Enfim, a responsa é grande, ainda mais em se tratando do casal favorito de uma ficwriter que admiro pra caramba. De qualquer forma, espero que goste n.n É simples, mas de coração.
Capítulos são curtinhos, só separei porque... sei lá o.o'' Vemo-nos nas notas finais do último capítulo!
P.S.: "Oneiroi" significa "Sonhos" em grego. Eu sei lá por que quis colocar esse título. Nasceu antes da fic, pra terem uma noção (eu que sofro pra caramba pra pensar em um), então tinha de ser esse mesmo. Preciso examinar os vapores que saem do meu chuveiro, foi durante um banho que isso tudo veio x.x
ONEIROI
I
Às vezes se esquece de que um final feliz não é apenas o encerramento de uma história, mas o prenúncio de outra.
Quando Atena se sagrou vitoriosa contra Hades, viu-se diante de um panorama inédito: jamais havia sobrevivido a um desses eventos em todas as suas prévias encarnações. Portanto, nunca tivera de lidar com o rombo gerado por tantas baixas em suas fileiras.
Como deusa da guerra e da estratégia e legítima vitoriosa da Guerra Santa, Atena convocou os deuses para uma reunião no Olimpo. Ali, diante de um – hesitantemente – orgulhoso pai, exigiu algo que jamais tivera em todos aqueles séculos de vitórias incessantes: um espólio de guerra... o retorno à vida de todos os seus guerreiros.
Tal ineditismo provocou revolta entre alguns deuses presentes à reunião. Trazer um humano de volta à vida já era algo impensável... que diriam de um exército inteiro? Mas Atena se manteve firme em sua decisão. Desde a elite dourada até o último dos aprendizes, todos deveriam estar de volta à Terra para reerguerem seu Santuário.
Ártemis foi especialmente difícil de se deixar convencer. Alegara que os cavaleiros de ouro, cujas almas se encontravam naquele momento seladas, ousaram se rebelar contra um deus. Mas Atena foi implacável:
- Os cavaleiros de ouro se ergueram contra Hades em meu nome – Disse em voz serena, porém firme – Hades ousou transcender seus domínios milenares para tentar tomar a Terra que é de minha responsabilidade. Ergueram-se contra um deus, sim, mas lutando pela deusa de sua devoção. Ora, se lutavam por sua deusa, não podem ser punidos! Venci e eles merecem ser recompensados, e não castigados por impiedade!
Atena se voltou ao deus dos deuses.
- Meu pai... concede a mim este pequeno presente – O tom suavizado – Durante eras batalhei contra teu irmão, insatisfeito com tua decisão sobre o lugar do Universo que coube a ele. Fiz valer tua vontade defendendo o que me pertencia. Preciso de meus seguidores de volta. Depois de incontáveis vitórias, esta é a primeira vez que reúno este conselho para pedir um espólio, uma recompensa por manter o equilíbrio que desejaste para o Universo. Aguardo tua decisão soberana, à espera de que seja feita justiça para tua filha.
Ártemis bufou; Hera cruzou os braços, irritadiça e Ares apenas rolou os olhos, impaciente. Já Poseidon deu um sorrisinho ligeiramente divertido. Não era segredo ali que Zeus prezava imensamente por sua filha sábia e guerreira, ainda que esta se apresentasse na forma mortal de Saori Kido. A Kamui divina brilhava altivamente, recém-saída da Guerra Santa.
- Pois bem, é justo – Disse por fim o soberano do Olimpo com um suspiro – Sabes que ainda não compreendo tamanho fascínio pelos mortais, Atena... – Afrodite deu uma risadinha desdenhosa e Hera fechou ainda mais o semblante, compreendendo a zombaria indireta da deusa do amor – Mas que assim seja. Hermes, vai e toma as providências necessárias.
Atena sorriu e lhe fez uma respeitosa reverência antes de retornar à Terra. Hermes assentiu com um sorriso e partiu evidentemente satisfeito – além de simpatizar com a deusa da estratégia, divertia-se horrores com o desgosto de sua madrasta.
Quando os primeiros raios de Sol, após a assembleia divina, tocaram o Santuário semidestruído, Saga de Gêmeos abriu os olhos.
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O turbilhão de lembranças indefinidas o atordoava. Dessa forma, era mais prudente continuar deitado onde estava, por enquanto. Aos poucos foi tomando percepção de si mesmo. O piso gelado de pedra sob si. Havia um tecido leve cobrindo seu corpo – uma túnica ou mortalha, talvez? – e a brisa fria do alvorecer fazendo sua pele se arrepiar um pouco.
Sua visão entrou em foco, revelando sobre si um céu arroxeado com poucas estrelas, paulatinamente ofuscadas pelo Sol que ascendia no horizonte.
Com algum esforço, sentou-se, reconhecendo mal e mal o Templo de Atena destruído. Olhando ao redor, viu dezenas de corpos estendidos sobre o pátio; alguns ainda inconscientes, outros aos poucos reagindo. Pôde divisar, aqui e ali, companheiros da elite dourada.
Aos poucos a mente confusa de Saga foi se normalizando, flashes anteriores retornando à memória. Sua vida pregressa, sua missão como espectro, a alma selada como castigo divino... e uma luz que o cegava.
Então... Atena conseguira? Estavam de volta?
Olhou novamente ao redor. Via Aldebaran ajudar um ligeiramente atordoado Mu a se levantar, para quase cair novamente ao ser agarrado por um garotinho às lágrimas de felicidade pelo retorno de seu mestre. Via soldados rasos, os primeiros a morrer na Guerra Santa, apalparem incrédulos seus corpos reconstituídos. Via Aiolos – céus, ainda aparentava quatorze anos! – ao lado de um inconsciente e já homem feito Aiolia, alisando-lhe os cabelos com carinho, nitidamente ansioso pelo despertar de seu irmão caçula.
Pelo canto dos olhos viu Shion, para a sua surpresa com a mesmíssima aparência jovem de quando era espectro. Conversava ainda um pouco desnorteado com um Dohko tão remoçado quanto ele.
Esbarrou em uma mão junto a si e baixou os olhos, finalmente vendo o corpo que estivera estendido a seu lado. O corpo idêntico ao seu, as feições gêmeas adormecidas. Parecia sereno.
Então Kanon também estava de volta. Redimido, devoto de Atena. Não imaginava um final tão feliz para tantas desventuras.
Enfim parecia que poderiam viver em paz, finalmente. Tinha a abençoada oportunidade de recomeçar. Regozijou-se intimamente, certo de que sua vida de melancolia, culpa e ressentimentos mudaria a partir dali.
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Em seis meses, todos unidos por um único objetivo, reconstruíram todo o Santuário. Era inegável que a ajuda financeira da Fundação Graad ajudara substancialmente, mas Atena não deixou de agradecer, em um discurso emocionado, a todos os seus seguidores – do aspirante ao próprio Patriarca – que trabalharam incansavelmente para reerguer os templos, as arenas de treinamento e até mesmo Rodório, parcialmente destruída durante a invasão dos espectros.
Aos poucos, a rotina foi voltando ao normal para os guerreiros de Atena. Treinamentos, missões aqui e ali, orientação de aprendizes. Como dissera Dohko certa vez, aquele cotidiano lembrava um pouco o de sua juventude, com Atena junto a eles; no entanto, a ausência da tensão de uma Guerra Santa iminente deixava o ar muito mais leve.
Estava dividindo a casa de Gêmeos com o irmão, mas desta vez sem segredos. Obviamente todos sabiam da existência de Kanon. Era pra ser uma convivência maravilhosa, dois irmãos que se reencontraram no Bem depois de tantos anos... no entanto, não era exatamente aquela a ideia de "final feliz" que Saga imaginara ao ser trazido de volta.
Depois de algumas semanas um pouco taciturno, polido, até distante, Kanon aos poucos foi retornando ao seu estado normal. A expressão livre, as frases argutas, até um velho hábito de implicar com a seriedade do irmão mais velho. Mas, ainda que implicante, os toques retornaram aos poucos.
A princípio sutis, como uma mão no ombro ou um tapa amigável nas costas. Mas aos poucos os toques se prolongavam, os "abraços de ombro" se tornavam abraços verdadeiros, até por fim a barreira do distanciamento de ambos ser rompida por Kanon em um abraço incomumente afetuoso e caloroso para seu padrão despojado.
Saga sentira falta daqueles abraços, isso ele jamais negaria. Sempre se sentira bem, desde criança, junto ao irmão. No entanto, aquele abraço tão íntimo parecia despertar aquilo em seu interior.
O que era aquilo? Saga não se permitia dar um nome àquele sentimento torpe. Apenas sabia que aquilo havia sido a obsessão que acabou por culminar em seu atentado contra Atena, logo após prender o irmão no cabo Sounion. Que havia sido aquilo que o atormentara noites e noites a fio, buscando, desejando... o quê? Ou a quem? Saga sabia, mas não ousava permitir que tal resposta aflorasse à própria consciência.
Mas quando a consciência dorme, o desejo encontra vias livres para vir à tona na mente de seu carcereiro...
CONTINUA...
