Título: Tortured Souls.

Disclaimer: Saint Seiya, obviamente não me pertence.

Sinopse: Um grupo de nove amigos resolve se despedir da amiga Marin, que no dia 31 de outubro irá se transferir para outra faculdade. Eles resolvem fazer uma simpatia para selar a amizade entre eles, porém, eles não faziam ideia que a faculdade era assombrada.

Nota: Essa Oneshot foi escrita como resposta ao Desafio Halloween do grupo Saint Seiya Ficwriters - Facebook.

Observação: Gente, é Terror, logo será pesada. Então, se não gosta de sangue ou de cenas fortes, não aconselho a ler está fic. Grata pela paciência.

"I don't want to die!" "Then you should never been born."

Christopher Pike, Black Blood

"It is dark. You cannot see. Only the hint of stars out the broken window. And a voice as old as the Snake from the Garden whispers, 'I will hold your hand."

John Wick


Capítulo I O início.

Oklahoma 30 de outubro 1800 – Convento localizado em terras indígenas.

O cheiro de excremento preenchia o ambiente, as pessoas andavam nas ruas com seus longos vestidos e espartilhos apertados. Exatamente naquele ano, a caça às bruxas e às pessoas pagãs estava em alta. Em Salém 34 pessoas haviam sido condenadas a fogueira por bruxaria pelas Leis da Inquisição. A igreja ainda mandava e desmandava na sociedade e qualquer mulher ou homem que transparecesse ser perigoso para a igreja e para a sociedade era considerado herege.

Os raios de sol entravam pela janela entreaberta do convento. O mesmo ficava em uma propriedade antiga, onde antes pertencia uma tribo indígena, porém, a igreja a tomou a força e com o tempo fora construído um lindo prédio, com pedra em mármore branco e estatuas de anjos imaculados. Na frente da propriedade um lindo campo verdejante, que captava os raios solares. O convento era destinado a estudos, muitas crianças, filhos de proprietários ricos estavam ali, tanto meninos como meninas.

Apesar de ser um convento de freiras, as aulas eram ministradas por professores normais, entretanto, a maioria das matérias era relacionada à igreja, como por exemplo, o latim e o estudo da bíblia. Estas aulas em particular, eram dadas por freiras e padres. Naquele dia em particular, por mais que o sol estivesse a pino, os gritos eram escutados no segundo andar da mansão. Gritos das crianças que eram castigadas por terem faltado com o respeito para com o professor, ou com os padres.

A humilhação e a dor eram constantes naquele lugar. A palmatória era usada para impor respeito nas crianças, algo bastante comum naquela época. Os gritos ecoavam pelas paredes de mármore branco, as crianças que andavam pelo corredor já estavam acostumadas àquele tipo de situação. Para elas, aquilo era normal. O sinal tocou mostrando que as aulas da tarde já tinham terminado e que a noite estava chegando enfim, para trazer paz aos professores.

No final do longo corredor, ainda era possível escutar os gritos e os soluços de uma jovem menina de longos cabelos negros. Ela estava ajoelhada em cima do milho, próxima a parede, seu rosto estava manchado por causa das lágrimas que ainda rolavam sem parar. A sala estava vazia, as crianças já haviam saído, só estava ela e o padre daquele convento. Ele batia com a palmatória no glúteo da criança e a cada pancada, seus joelhos se afundavam mais no milho.

No quadro negro, a mesma frase se repetia. "Eu não devo contar mentira." O padre não satisfeito em tê-la feito escrever cem vezes a mesma frase, a fez se ajoelhar em cima do milho e ainda não satisfeito com aquilo, usou a palmatória para punir a criança. Já era possível ver um pequeno filete de sangue no piso branco, ele seguia o seu curso lentamente até tocar a ponta do pé da mesa do professor, onde se perdeu por de baixo da madeira.

- Você sabe por que está sendo punida, Sara? – Perguntou o Padre rispidamente, ao mesmo tempo em que batia mais uma vez nela com a palmatória.

O grito ficou preso em sua garganta, assim como o soluço. Ela não ousou olhá-lo.

- Eu não devo contar mentira. – Disse a menina controlando o choro.

- Então nunca mais repita que tem um amigo, sendo que o mesmo não existe!

A menina fungou e concordou lentamente com a cabeça. O Padre a olhou desconfiado, avaliando a reação da criança, ele queria ter certeza de que ela não iria contar esse tipo de história para os amigos da classe. Quando percebeu que Sara estava sendo sincera e que aquele ocorrido não iria mais se repetir, ele a liberou. Sara que havia ficado ajoelhada durante quatro horas inteiras, levantou com certa dificuldade. Seus joelhos ardiam e suas pernas tremiam. Não se deu o trabalho de tirar os milhos que estavam fixos ali, apenas saiu da sala deixando o padre sozinho.


31 de outubro de 1800 – Escritório do Padre São Lucas.

- Os joelhos da minha filha estão em carne viva! – Vociferou a mulher. – Meu marido não paga a este convento caro, para que o senhor bata na nossa filha até ela sangrar!

- Eu sou um homem de Deus. A senhora deveria entender qual é a sua função na sociedade e não se meter nos assuntos da igreja. Se a sua filha foi castigada, te garanto que foi para o próprio bem dela, ou você preferia que eu tivesse a acusado de bruxaria?

- Bruxaria? – Perguntou a mulher horrorizada. – Minha filha não é uma bruxa, ela é filha do banqueiro mais rico dessa sociedade!

- Ter dinheiro não a diferencia de ser bruxa ou não! – Exclamou o Padre. – Seu marido deveria ter vindo aqui pessoalmente tratar desse assunto comigo e não a senhora.

- Meu marido é um homem muito importante para vir até aqui resolver esse tipo de problema.

- Como ousa responder um padre, um servo de Deus?

A mulher engoliu a seco, queria responder a pergunta dele, com a mesma grosseria e arrogância, mas sabia que ele era um homem de poder, e na sociedade em que ela vivia, mulheres deveriam estar em casa cuidado da mesma.

- Eu sei qual é o meu lugar nesta sociedade, porém, sei também que uma mãe deve zelar sempre pelos seus filhos. Minha filha não é bruxa, ela é uma menina pura e possuí um coração bom. Não permitirei que nem o senhor e nem qualquer outra pessoa a maltrate. – A mulher estufou o peito e não se importou com a cara azeda que o padre lhe ofereceu. – Saiba que hoje será o último dia que minha filha vem a este lugar, e saiba também que meu marido não ajudará mais a sua arquidiocese. – A mulher saiu sem nem ao menos esperar alguma resposta do padre.

A porta foi batida com força e Padre Lucas levou a mão ao peito escandalizado com o ato insolente daquela mulher. Como uma mulher como ela fora capaz de levantar a voz para ele e ameaça-lo? Aquilo não iria ficar assim, ele não deixaria que uma mulher saísse por cima, desse a última palavra. Se a mãe não tinha etiqueta, na certa a filha também não havia de ter.

- Vou ensinar a esta mulher, através da filha dela, o que a palavra respeito significa.

~\\~

O dia passou tranquilamente. O sol estava quente e a brisa aliviava um pouco a sensação térmica. Sara estava no banheiro feminino, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. As crianças do convento caçoavam dela por ela ter um amigo imaginário. Hoje em especial, Sara conseguia ver perfeitamente a sua amiga. Ela era morena, apesar de sua pele estar branca. Suas veias eram visíveis em seu corpo magro e quase completamente desnudo. A menina vestia um vestidinho vermelho curto, completamente diferentes dos vestidos que Sara usava, era como se o mesmo tivesse sido rasgado por completo. Seus longos cabelos negros estavam repartidos ao meio e presos em duas tranças que caiam sobre os seus ombros. Os olhos negros expressavam tristeza e raiva, raiva por Sara estar com os joelhos feridos e, tristeza, pois ela não podia fazer com que a dor da menina sumisse.

- Não chore, Sara. – A menina flutuava de um lado para o outro. – Essas pessoas não merecem as suas lágrimas.

- Por que só eu posso te ver? – Perguntou a menina fungando. – E por que eu consigo te enxergar melhor hoje do que nos outros dias?

- Não sei por que só você consegue me ver, mas hoje é um dia especial. – A jovem de cabelos negros sentou-se ao lado de Sara. Seu rosto era sombrio e ligeiramente macabro. – Hoje é o dia em que o mundo dos mortos e o mundo dos vivos se unem. Tornam-se um só.

- Mundo dos mortos? – Sara que parara de chorar, estava curiosa. – Pensei que quando as pessoas morressem elas fossem para o céu, ficar com o nosso Senhor Deus.

- Deus?! – A menina perguntou com um sorriso irônico nos lábios. – Ele não existe, se existisse eu não estaria aqui e nem tinha passado pelo que passei.

- Pelo que passou?

- É uma longa história... Meu povo foi morto pelas pessoas que construíram este convento. A igreja queria as nossas terras, porque elas eram férteis e possuía um poço com água límpida. O que é bastante raro nesta região. Então eles nos chamaram de pagãs e nos mataram em nome do Deus deles. Disseram que Deus nos odiava por causa da nossa cor, do modo como vivíamos e por causa de nossas crenças. Eu odeio o Deus deles, eu odeio com todas as minhas forças.

- Deus não é assim! – Rebateu a menina. – Ele é bondoso e gosta das crianças.

- SE GOSTASSE EU NÃO TERIA MORRIDO DO JEITO QUE MORRI! – A menina gritou e gotas de saliva respigaram no rosto de Sara.

Sara se assustou ao sentir aquela sensação. Ela limpou o rosto e ficou olhando embasbacada para a jovem indígena a sua frente. Ela não compreendia como tinha sentindo aquelas gotículas de saliva. Como aquilo era possível?

- Como...?

- Eu já te disse. Hoje é um dia especial. Hoje os nossos mundos se encontram. – A garota secou a boca com as costas da mão. – Algumas pessoas podem nos sentir.

- Nos? – Sara olhou para os lados a procura de mais alguém ali com ela no banheiro. – Você não é a única que está aqui no convento?

- Não. Algumas crianças e alguns adultos ficaram presos aqui. – Respondeu a menina dando de ombros. – Eles ficam vagando por ai, tentando em vão serem notados.

- Eles sabem de mim? – Sara se encolheu toda, abraçou as pernas e apoiou a cabeça nos joelhos, seus olhos varriam o cômodo assustados.

- Sabem, mas você por algum motivo só consegue me ver.

- Ufa! – Sara sentiu seu corpo relaxar, nem tinha notado que estava trincando os dentes. – Eu tenho medo.

- Você tem medo de mim? – A menina perguntou um pouco ofendida.

- Não. – Sara respondeu com sinceridade. – Você é minha amiga, mesmo não gostando de Deus.

- Deus não... – A menina olhou para a porta do banheiro assustada. – Rápido, ele está vindo, se esconda em algum lugar.

Sara levantou-se correndo do chão e se trancou na última cabine do banheiro, subiu em cima do vaso sanitário e prendeu a respiração. Ela sabia que o padre Lucas estava atrás dela, desde que ela tinha saído de sua aula correndo. Colocou as mãos nos joelhos involuntariamente, eles estavam ardendo e em carne viva. Viu o espírito da menina flutuando em cima da porta do banheiro onde estava, ela olhava com raiva para um ponto do banheiro. Sara imediatamente começou a escutar passos.

- Eu sei que você está aqui dentro, senhorita Sara. – O padre Lucas empurrou a porta do banheiro da frente. – Saia logo de uma vez antes que eu tenha que abrir todas as portas deste banheiro. – Exigiu ele. – Você será devidamente castigada por ter saído de minha aula.

Sara engoliu um soluço. Só de escutar a palavra castigada, ela sentiu o seu corpo tremer e os joelhos doerem mais do que antes. Ela não aguentaria ficar ajoelhada no milho mais uma vez. Encolheu-se e se pudesse se fundiria com a parede. Tomou todo o cuidado para não fazer nenhum movimento brusco ou encostar-se à descarga do vaso sanitário. Não queria ser pega.

- Ele está vindo para este, passe por de baixo do mármore e vá para a cabine ao lado. – Sussurrou a menina.

Sara não entendeu o porquê de ela estar sussurrando, só ela podia ouvi-la, mas resolveu deixar isso de lado. Desceu com todo cuidado do vaso e passou por baixo, se arrastando no chão imundo. Quando finalmente seu corpo passou por completo, ela escutou a porta de sua antiga cabine sendo forçada a abrir.

- Abra a porta ou eu terei que arrombá-la, senhoria. – A fúria em sua voz era nítida. – Não brinque comigo, criança!

Sara se descontrolou. O medo era tanto, que ela se arrastou por de baixo do mármore seguinte e parou na outra cabine, e antes que pudesse se acalmar, saiu correndo do banheiro. O homem percebeu assim que os primeiros passos dados por ela ecoaram no banheiro. Ele girou o corpo com rapidez e correu atrás da menina, antes que ela pudesse virar no corredor a direita e sair pela porta da frente do convento, ele a agarrou pelo colarinho do uniforme enforcando-a.

- Se você continuar se debatendo, irá morrer sufocada! – Ele a segurou pelo braço aliviando a pressão no pescoço. – Você acha mesmo que seria capaz de fugir de mim?

- Por favor, senhor, não me machuque! – Implorava a menina.

- Você será punida pelos seus pecados! – Ele a arrastava pelos corredores do convento. – Mostrarei a sua mãe como se educa uma criança.

Sara fazia força e lutava contra o apertão dele. Ela sentia que se entrasse naquela sala nunca mais sairia de lá. Sua amiga já não era vista e Sara se sentiu sozinha, se pelo menos ela tivesse forças para lutar contra aquele homem... Sentiu seus músculos ficarem tensos quando a porta do escritório dele foi aberta e ele a jogou para dentro. Ela cambaleou até encostar-se a sua mesa de mogno. Antes mesmo de se virar escutou a chave trancando a porta. Sentiu as lágrimas voltarem a rolar pelo seu rosto claro. Ela estava trancada naquela sala com ele, com aquele homem que gostava de maltratar criancinhas inocentes e indefesas.

- Irei puni-la de outro jeito criança, de um jeito que você nunca mais irá esquecer.

- Por favor, me deixe ir!

- Só depois do castigo...

Os olhos deles eram duas bolas escuras, eles a olhavam de cima a baixo como se ela fosse um pedaço de carne. Começou a tirar a batina, aquilo fez com que Sara ficasse mais apavorada ainda, ela não sabia o que o padre pretendia, nunca imaginou que ele fosse começar a se despir na sua frente, era apenas uma criança, não sabia nada sobre esses tipos de assunto. Ela olhou ao redor a procura de ajuda, queria sair dali, queria correr e até não aguentar mais. Seus olhos se encontraram com os da jovem indígena, seus olhos eram puro horror. Ela estava próxima do Padre, perto da estante cheia de livros antigos. Sara a encarou implorando mentalmente que a menina a ajudasse.

- O que você tanto olha para lá? – Ele perguntou apontando para a estante. – O que você vê criança?

- Você não acreditaria em mim! – Ela falou se dirigindo para trás da mesa dele. Ela não o deixaria encostar-se a ela assim tão fácil. – Eu não vejo nada!

- Eu sei o que você vê! – Ele tinha terminado de tirar a batina, agora estava apenas de ceroulas. – Eu via há muito tempo atrás, pensei que estava louco, eu via as pessoas que um dia eu ajudei a matar quando era bem mais novo. Eu rezei todos os dias, rezei muito, até que parei de ver. Você deve fazer o mesmo também, você precisa do livramento de Deus.

- Você também vê? – Ela perguntou perplexa. – Por quê? Por que não acreditou em mim então?

Sara circulava a mesa conforme ele ia a sua direção, os dois estavam brincando de cão e gato. Ela não gastaria a sua voz gritando em vão, as pessoas não iriam acreditar nela e ninguém ousaria interromper o que Padre estava fazendo. Ela se manteria o máximo possível distante dele, até pensar em alguma coisa para fugir daquele lugar.

- Não acreditei porque o que eu vi foi fruto da minha imaginação, foi algo que ficou no passado, algo que não acontece mais! E você é apenas uma criança, não deveria ver essas coisas, você não tem fé, você é uma bruxa!

- Eu não sou uma bruxa! Se eu sou você também é!

- Blasfêmia! Eu sou um homem de Deus!

- Deus é bom você é mal! – Ela rebateu. Apertou o passo, ele era mais rápido que ela, a cada dois passos que ele dava ela tinha que dar quatro. – Deus não machucaria pessoas inocentes!

- Inocentes?! Você é uma bruxa! Não é nenhuma inocente!

Ele sabia que ela não estava esperando, pois a conversa a estava distraindo. Esse era o objetivo dele. Ele aumentou o passo, e assim como o esperado ela gritou de susto e tentou correr, mas já era tarde demais. Ele a prendeu contra o chão frio, sentou-se sobre o corpo pequeno dela e com uma das mãos segurou as pequeninas mãos dela. Sara se debatia e implorava para que ele a soltasse, mas ele apenas ria sem parar. Ela em um ímpeto de raiva começou a falar tudo que sabia sobre ele, Lucas, com medo das ameaças e da história da garota, prendeu os pulsos dela com a própria batina, amarrou-a com força, fazendo com que as mãos da menina ficassem roxas, por causa da circulação presa.

Sara começou a gritar e a chorar compulsivamente. Já não sentia mais as suas mãos e já não via mais em nenhum canto a menina. Desde que o Padre a tinha jogado no chão que Sara não via mais a menina, ficou com raiva, pois esperava que ao menos a amiga lhe fizesse companhia em um momento tão difícil. Ele amarrou os pés dela também e quando ela estava completamente imóvel, ele procurou em suas gavetas alguma coisa que Sara não conseguia ver. Assim que ele achou o que queria, Sara sentiu um calafrio na espinha. Ele estava segurando uma tesoura. Ela pode ver a loucura nos olhos dele, sentiu medo, um medo tão profundo e tão intenso que não conseguiu se mover, seu corpo estava paralisado. Ela não sabia o que ele iria fazer com aquela tesoura, mas ela não queria nem imaginar.

- Vou mostrar para você o que eu fiz com as pessoas naquela época. – Ele falou baixinho, quase como um sussurro. Ele estava apreciando aquele momento. Ele sentia prazer em ver o medo estampado no olhar das pessoas.

- O que você vai fazer? – ela perguntou em fim quando encontrou a própria voz. – O que você vai fazer com isso?!

- Eu vou calar você para sempre.

Dizendo isso, ele segurou o nariz dela, para que ela abrisse a boca quando ficassem sem ar, assim que o ar lhe faltou nos pulmões, Sara não teve alternativa a não ser escancarar a boca, ele com a outra mão livre, puxou a língua dela para fora e assim que ele a tinha firme em sua mão, pegou a tesoura com a outra. Sara tentava se debater, mas o peso do corpo dele em cima do seu era enorme, sentia as suas forças se esvaindo por completo e o horror e o medo lhe tomaram a mente. Ao mesmo tempo em que sentiu o metal gélido da tesoura em sua língua, sentiu a dor, o sangue escorrer e lhe sufocar, ouviu o barulho do clack, clack da tesoura rasgando a sua carne e escutou o próprio grito escapar-lhe de sua garganta assim como o sangue empossado ali.

Quando ele terminou seu corpo estava em choque, ela sentia dor, uma dor tão grande, tão profunda que pontos negros dançavam na sua frente, o ar já estava chegando a seus pulmões, apenas sangue. O padre sabiamente colocou a cabeça dela de lado, para que o sangue escorresse para fora de sua boca e ela não morresse sufocada. Sara não tinha mais forças, ela pensava que fosse morrer assim, daquele jeito, mas estava enganada. Ele tirou a roupa dela e a penetrou ali mesmo no chão duro. Ela sentiu dor, mas aquela nem chegava perto da anterior, o deixou abusar dela, não fez nada, apenas se concentrou na dor em sua boca, no gosto do sangue em seus lábios e implorou para morrer logo. Quando ele terminou, Sara estava praticamente sem vida.

O Padre Lucas, quando percebeu o que havia feito se desesperou. As emoções haviam tomado o seu corpo, ele começou a se lamentar dizendo que tinha sido possuído, que não tinha sido ele que tinha feito aquele ato de maldade. Olhou para o corpo ainda vivo da menina e pela primeira vez em anos, notou que tinha uma menina na sala junto com eles. Seus olhos negros eram puro ódio e ira.

- A culpa é sua! – Ele disse apontando para a menina. – Você é um ser maléfico! Você deve ir para o lugar de onde veio!

A garota apenas o encarou. Ela não tinha intenção nenhuma de dirigir a palavra ao monstro que ajudara a extinguir a sua raça. Ela flutuou até Sara e colocou a mão branca em cima da testa da menina. O contato fez com que Sara se mexesse. O Padre assustado pegou a tesoura e passou no ar, a fim de cortar a menina, mas a imagem dela apenas tremeluziu para o seu horror.

- Vá embora daqui! – Ele exigiu raivoso. – Suma demônio!

- Mate-a! – Pediu a garota. – Não vê que ela está sofrendo!

O Padre olhou para Sara e logo depois para a menina. Muitas coisas foram ditas através daqueles olhares, e assim como se ele tivesse despertado, perfurou o coração da garota com a tesoura. Sara só teve tempo de dar o último suspiro, antes de sentir sua vida se esvaindo de seu corpo.


2013 – Tempos atuais. Faculdade de Oklahoma. Dormitório Feminino.

[...] Padre Lucas ficou maluco depois do que havia feito com a pequena Sara. Os pais da jovem eram muito influentes na cidade e exigiram ao Alto Clérigo que o Padre fosse destituído de sua função e queimado vivo na fogueira. E assim foi feito. Anos depois o convento foi fechado, já que muitas pessoas sumiram sem explicação alguma, sempre na data de 31 de outubro. Dizem que o local foi amaldiçoado pelos espíritos das duas meninas.[...]

- O que você está lendo Marin? – Perguntou Aiolia curioso.

- Deus do céu homem! – Exclamou a ruiva colocando a mão no peito. – Quer me matar de susto?

- Tá devendo? – Perguntou ele brincando. – O que é isso?! – Ele analisou a tela do computador. – Padre assassino?!

- É. – Marin revirou os olhos para o namorado. – Você sabia que isso tudo aconteceu bem aqui neste lugar?

- Aqui? – Perguntou confuso. – Sério?

- É. Aqui! – Ela olhou ao redor. – Macabro né?

- Você realmente acredita nisso?! – Ele perguntou incrédulo. – São apenas histórias e isso aconteceu em... – Ele olhou a notícia. Tomou o mouse da mão da namorada e procurou a data. – Nossa, na época em que minha avó tinha peitinho duro.

- Aiolia! – Repreendeu Marin. – Os ossos de sua avó devem estar se chacoalhando no túmulo!

- Você não perde a mania de falar assim dela! – Ele a abraçou por trás. – Mais porque estava lendo isso?

- Trabalho da faculdade. – Ela respondeu apreciando o calor do corpo dele contra o seu. – Está cheiroso.

- Que tal a gente sair daqui... – Ele mordiscou a orelha dela. – E irmos para o meu quarto?

- A tentação é grande, mas você sabe que temos toque de recolher e eu realmente preciso entregar este trabalho amanhã. – Ela disse triste.

- Mais amanhã será o seu último dia aqui. – Aiolia a virou para si. – Você está saindo da cidade, indo estudar em outra faculdade e me deixando aqui sozinho com os caipiras!

- Eu sei meu amor, eu sei. Prometo que amanhã nós ficaremos a sós. – Ela o abraçou com força. – E você não estará sozinho, nossos amigos estarão junto contigo. Eu que vou estar sozinha.

- Sem você aqui nada será igual! – Ele beijou o topo da testa dela. – Eu amo você Marin, eu amo você com todas as minhas forças e quando você e eu acabarmos a faculdade, nos iremos nos casar. Isso é uma promessa!

- Irei cobrar garanhão! – Ela beijou o pescoço dele. – Agora, antes que eu caia em tentação, saia daqui e me deixe terminar isso.

Aiolia revirou os olhos para ela e a beijou com ternura logo depois.

- Amanhã será a sua festa de despedida. – Ele disse animado. – Não acredito que irá embora no dia da festa de Halloween!

Marin o encarou por alguns segundos. Ele era tão perfeito e lindo. Seus cabelos castanhos claros, seus olhos dourados, sua pele bronzeada, seus músculos perfeitos e maravilhosos. Era o homem que ela havia pedido a Deus, além de ser belo, era bondoso, honesto, engraçado, cavaleiro e gentil.

- Prometo que amanhã você terá uma noite inesquecível! – Ela sorriu.

Ele a beijou mais uma vez antes de ir embora e deixá-la ali sozinha, terminando de fazer o seu último trabalho da faculdade de Oklahoma.

Continua...


É pessoas, esse capítulo parou por ai. No próximo iremos conhecer os outros personagens da história. Espero que gostem e pelo amor de Deus, eu sou péssima para escrever terror. Gosto de comédia, então por enquanto, é isso ai o que tem para hoje.

BeijosMeLiga.

Machê-san