Sumário: De uma forma um tanto única, Sakura tenta conviver com o stress que o fã clube do marido sempre lhe dá.

Disclaimer:Naruto e seus personagens pertencem a Masashi Kishimoto. Nas fics normais eu diria que o Sasuke aqui retratado é meu, somente meu, mas nessa, por motivos óbvios, vou deixá-lo para Sakura. Eu realmente gostaria de terminar a fic inteira.


Variedade Animal

Eu ainda não acredito que estou fazendo isso, nem sei como começar – Querido Diário? Isso é ridículo, claro que não vai ser assim, isso não passa de um papel amarelo e amassado que eu encontrei perdido numa gaveta. Afinal, eu nunca tive tempo para essas frescuras, sou uma kunoichi médica muito requisitada e não vai ser um papel ou um caderninho rosa bobo que irá resolver meus problemas. Além do mais, eu sou muito velha para isso, já estou com vinte e... bem, deixe isso para lá.

Ótimo, não escrevi o que me afligia – a nova técnica de relaxamento que Tenten me sugeriu – e já gastei um bocado de papel e caneta. Acho que vou precisar de meia floresta de Konoha, apesar de estar certa que não vai ajudar em nada. OK, no fundo, na situação que estou, eu apelo para qualquer coisa. Ou era isso ou eram as bonequinhas de vodu. Como eu acho que a outra opção não combina com meu caráter suave e gentil, nem com meus belos cabelos róseos macios e perfumados, vou começar com esse suposto diário, mas se acha que não tenho coragem para a outra opção, está muito enganado, sei muito bem em qual prateleira está o livro que ensina essa técnica.

Mas chega de enrolar, meu maior problema é que em Konoha há uma vasta variedade de animais fêmea da pior espécie. Isso não é novidade, eu sempre soube, mas o negócio é que o zôo aumentou consideravelmente de uns meses para cá.

Desde minha "tenra idade" eu tive que conviver com uma porquinha. Pois é, minha "ex" melhor amiga e rival por muitos anos no quesito amor. Rival também só na cabeça dela, como pode comparar aquela paixonite infantil com o grande e verdadeiro amor que eu sentia pelo meu Sasuke-kun. Agüentar isso calada na infância foi dose, está bem, também não foi tão calada assim, bem que dei uns cascudos nela quando tive chance, mas nada se compara ao descaramento dela de tentar dar em cima dele agora. Em que estratosfera ela está para não reparar que ele já tem dona? Helooooo, acho que aquela aliança dourada na mão esquerda dele significa alguma coisa. Será que está com algum problema de visão? Eu receito rapidinho um par de óculos roxo envolta daqueles olhos de mosca morta que combinará perfeitamente com aquela roupinha justa e vulgar que chama de uniforme.

A sorte dela é que parece que se tocou e está se consolando com o Sai, embora eu ache que aquela lombriga branca não é muito chegado, você sabe, ao sexo oposto, principalmente depois que quis dar um abraço no meu marido que não gostou nem um pouco e quase o assou com um katon-no-kutsu. Também, com aquele desculpa ridícula de que leu num livro que os amigos se abraçam para mostrar o quanto se importam, especialmente quando o outro passou por um período terrível, até eu não tinha como criticar o Sasuke de reagir daquele jeito. Acho que se ele não tivesse feito algo, eu faria.

Então, primeiro foi a porca da Ino e, logo em seguida, a vaca da Karin. Essa realmente testou minha paciência. Mulherzinha vulgar, baixa e ridícula. Ela realmente achava que meu Sasuke-kun que me conhecia desde nova e foi meu colega de time por muito tempo iria simplesmente me esquecer e ficar com ela. Endoidou. Está bem, eu confesso que também cheguei a pensar nisso, principalmente quando ele formou o time "Taka" e entrou para a Akatsuki. "Taka" Panaka, isso que era.

Ainda bem que tudo não passava de um plano complicado e obscuro dele. Hunf, por que os Uchihas têm que ser tão confusos? Ele podia muito bem ter falado desde o início com a Tsunade-sama e ter resolvido com um plano simples e brilhante do Shikamaru. Não, como sempre, ele precisava fazer tudo sozinho, com a desculpa idiota de nos proteger, como se eu fosse uma boneca de porcelana que pode quebrar em qualquer briguinha. Claro que sou delicada e feminina, ainda mais quando uso a sainha de meu uniforme que dá uma visão privilegiada de minhas esguias pernas, algo que o Sasuke-kun sabe muito bem, já que o peguei praticamente me comendo com os olhos inúmeras vezes, mas meus punhos são outra história. Sei muito bem me defender, sempre protegida por minhas macias luvas, afinal, preciso cuidar de minhas unhas e pele.

De qualquer forma, adorei a cara de "tacho" dela quando levou o fora de Sasuke ao ser comunicada do término daquele agrupamento de inúteis. OK, estou sendo radical, o Juugo até que é um cara legal e ficou na Vila para pesquisar uma cura para seu problema, mas não fiquei nem um pouco chateada quando os outros dois se mandaram. Claro que antes disso eu tive a oportunidade de prestar um pequeno serviço a Karin, um rápido tratamento de beleza nela, presenteando-a com vários hematomas, roxos e contusões. Ciúmes? Nunca, deixe-me apresentar minha defesa. Naquele momento, eu pensava que ela era do grupo inimigo e eu ainda não sabia do dito plano de meu marido. Tudo bem que eu exagerei um pouquinho, mas não tenho culpa da raiva que me dominou quando a vi se esfregando nele e sorrindo de forma cínica e petulante para mim. Ela teve sorte que não lhe quebrei todos os dentes.

Até aí estava fácil. Eu pensei que com a volta do Sasuke-kun à Vila e depois de todo o trabalho que ele teve pra me conquistar – é claro que depois de tudo que ele me fez passar e do tempo que tive que esperar, não dava para dar moleza – as "fãs" dele iriam se tocar e deixar de serem descaradas. Uma coisa era fazer isso quando éramos crianças, outra bem diferente era agora, todos adultos e shinobis poderosos.

E para não haver nenhuma dúvida, fiz questão de um super casamento, convidando praticamente toda a Vila, ou o que restou dela depois da visita nada agradável de Pein, e entrei toda poderosa, maravilhosa e cheirosa com meu super vestido de noiva. Morram de inveja peruas. É óbvio que o Sasuke-kun não gostou muito da idéia no início. Se dependesse dele, não haveria casamento e simplesmente estaríamos morando juntos desde que ele se decidiu que eu era a mulher da vida dele. Também, katon não é o elemento dele à toa. Ele realmente representa o clã dos que manipulam o fogo em todos os sentidos.

Mas eu não daria o braço a torcer e finquei o pé nessa questão e foi, nesse momento, que descobri minha arma mais poderosa. Claro que posso mandá-lo dormir no sofá quando temos alguma briga e eu garanto que ele sempre muda de idéia rapidinho e me dá razão depois de uma noite mal dormida lá, o problema é que também sofro nessas horas, sentindo falta dele na cama. Assim, quando não estou com raiva suficiente para nem querer ver a cara dele e aplicar essa punição, eu simplesmente choro. Não precisa ser uma super produção, apenas algumas lágrimas e uma cara bem desamparada. Esse é o ponto fraco dele, acho que ele ainda se culpa por me fazer chorar tanto na infância. O que ele não sabe é que não preciso me esforçar muito para isso, meus nervos e meus canais lacrimais são intimamente ligados. Basta irritar um para o outro se manifestar. Eu garanto que esse é um dos meus segredos mais bem guardados.

Então, depois de todo esse trabalho, eu achei que estava livre de seu indesejável fã clube, mas não. Estava redondamente enganada. Eu juro, parece que o grupo aumentou. Acho que a aliança o deixou mais doce e ela voam em cima dele como abelhas no mel. Não, isso ficou muito meloso, na verdade, como um bando de urubus pulguentos e famintos, não sobre uma carniça, já que meu Sasuke-kun não é nada disso, mas sobre um belo medalhão de filé mignon envolto com bacon. Nossa, fiquei com água na boca. E foi assim que descobri as mais novas espécimes de Konoha – a piranha, a galinha e a cachorra.

Vou começar por falar na que dei um jeito primeiro – a cachorra. Essa foi fácil de se livrar, bastou uma bela conversa utilizando-me de minha super psicologia. O que eu não consigo acreditar é na coragem que ela teve para isso. Todos na Vila conhecem minha força e a forma como canalizo meu chakra, então, a menos que seja uma kunoichi extremamente habilidosa, é muita burrice se meter comigo. Mas a Yumi simplesmente ignorou tudo isso e deu em cima do meu Sasuke-kun no meu território – o hospital. Pura verdade, a enfermerazinha de quinta categoria teve o desplante de jogar seu charme nele.

A primeira vez que eu vi, pensei que estava ficando exagerada como ele. Bem, o Sasuke é conhecido na Vila por ser um dos melhores shinobis que há, o último de um dos mais poderosos e tradicionais clãs e também por ter um péssimo gênio quando o assunto sou eu. Acho que desde que ficamos juntos ele já mandou uns quinze para o hospital com queimaduras de todos os graus ou tremendo tanto de medo que dava pena. Ele sabe ser bem cruel quando está com ciúmes de mim.

Então, tentando dar o exemplo para ele de que tudo pode resolver na paz, sem violência, limitei-me a um sorriso forçado quando cheguei na sala de espera – nota, ele me pega todo dia no hospital quando não está em missão – e "fechar" a cara depois, lançando meu olhar fuzilador quando encontrei com ela depois, sem ter ele por perto.

Só que ela não entendeu ou pior, fez-se de desentendida. Odeio pessoas sonsas que gostam de fazer o gênero de boazinhas. Assim, depois da terceira vez que a peguei fazendo isso, não tive escolha. Vou fazer um parênteses e falar algo de meu marido. Nisso ele é bem fiel e não dá "trela" para suas admiradoras. Ele mal olhava para ela enquanto ela tentava todos os truques femininos mais baixos, como o decote profundo, fazer cara sensual mordendo os lábios e passando a língua por eles, ficar piscando, você sabe, todas aquelas baboseiras do arsenal da mulher.

Mas voltando, eu precisava de uma vez por todas tomar uma atitude. Também não dava para despedi-la sem um motivo razoável. Imagine quando Tsunade-sama soubesse e me perguntasse. Sakura, por que você despediu a Yumi? Sabe Tsunade-sama, ela estava dando em cima do meu marido. Vixi, seria o fim do mundo. Também não poderia despedir por incompetência. A cachorra traidora – afinal, ela era da minha equipe e devia fidelidade, está bem, não fidelidade, já que cachorra é uma metáfora bondosa, mas, pelo menos, consideração – pois bem, a enfermeirazinha era uma das melhores do hospital. Ela precisava ser boa no que faz? Dava pra complicar um pouco menos para variar?

Como não deixaria barato, criei uma desculpa super elaborada de que precisava atender um shinobi que tinha se acidentado no campo de treinamento e que não podia ser removido e eu precisava ir imediatamente para lá, sendo necessário uma enfermeira me acompanhar. Advinha quem eu requisitei? Então, depois de meia hora em que triturei tudo a minha volta, ela, ajoelhada em prantos, prometeu que nunca mais sequer pensaria no nome dele e praticamente implorou por minha misericórdia. Eu não tenho o dom para coisa? Consegui o que quis sem deixar qualquer prova, afinal, o estrago feito só era fruto de um bom treinamento.

As outras duas já não foram tão fáceis. Estava eu, numa bela tarde na minha adorável casa recém reformada – ou melhor, construída, já que derrubamos a velha casa do Sasuke e fizemos outra no lugar, não que a antiga não fosse bonita, até que era, mas me dava arrepios, em cada esquina parecia que um fantasma iria surgir e dar um tchauzinho para mim, além do mais, era um pouco velha – então, estava eu lá na minha vidinha, arrumando um vaso de flores quando bateram a porta. Quem seria o suicida? Todos os nossos amigos já foram devidamente avisados para não cometerem essa burrice. Eles sabem muito bem que ficamos um dia inteiro incomunicáveis quando Sasuke retorna de uma longa missão e, naquele dia, eu o estava esperando aparecer a qualquer hora, depois de quase um mês fora.

Só que ela não sabia disso, também não tinha como, não era nossa amiga e nem morava na Vila. Era uma "priminha" dele. Dá para creditar? Outra Uchiha sobrevivente do massacre!! Os pais dela desconfiavam na época de alguma tragédia e a mandaram para longe antes de Itachi pirar. OK, eu sei que ele não pirou e fez tudo isso para proteger Konoha, mas não consigo acreditar que esse era o único meio. Não tinha como ele fazer outra coisa, sei lá, conversar, utilizando-se de minha brilhante psicologia, ou denunciar ao Terceiro, qualquer opção antes de partir para trucidar "papai" e "mamãe"? Foi tão radical. Lógico que não falei o que penso para o Sasuke, ele é meio sensível quanto a esse assunto. Não sensível de chorar, mas mais do modo rinoceronte com dor de dente, atacando tudo pela frente.

E foi naquele agradável tarde que a galinha da Sayuri simplesmente resolveu retornar e confraternizar com o membro restante do clã. A covarde nem para ajudar servia. Assim que soube que Sasuke tinha acabado com Madara e não existia mais risco, resolveu voltar. Também não posso culpá-la, a família dos galináceos não é conhecida por sua coragem e ela os representa muito bem.

Lógico que tive que acolhê-la e bancar a simpática o tempo todo, inclusive quando ela ousou o abraçar e ficar chorando em seu ombro. Caramba, não é que eu seja insensível, mas aquele é meu lugar, lutei por ele, o ombro dele é meu e só eu posso chorar ali. E assim, sem mais nem menos, sem pedir permissão, ela foi se agarrando e se encostando como se fosse propriedade pública.

Sasuke, muito sem graça, ainda mais pelo meu sorriso forçado que ele conhecia muito bem, a amparou e tentou consolá-la, a cínica, a falsa, a galinha. E assim ela foi se chegando, se instalando até que passou a morar numa casa do bairro, bem ao lado da nossa. E o que eu fiz? Nada, ela é uma Uchiha e tem o direito de estar lá.

Na época foi óbvio que odiei, mas pensei, calma, ela é da família, como uma Uchiha deve ter massa cinzenta e se tocar que ele tem dona. Mas, como disse antes, ela era uma galinha completa e, com aquele micro cérebro, teve o descaramento de dar em cima dele. Eu juro, ela não é uma kunoichi nem nada, já que cresceu numa vila normal, mas ela tem o dom de estar na rua sempre que saímos, só para dar um olá todo meloso para ele e ter uma desculpa para se agarrar em abraços com ele. Ou é algum jutsu ou ela dorme na rua, não tem como, ou é um ou é outro. Já variei todos os meus horários, troquei de turno e a galinha está lá, sempre na porta, esperando.

Nessas horas eu sempre respiro fundo e repito meu mantra – ela é da família, ela é da família – mas acho que a eficácia está perdendo o efeito e qualquer dia desses, eu explodo.

Bem, devo admitir que essa idéia maluca da Tenten está dando certo. Estou mais calma, já não estou querendo mais matar a Sayuri, só penso em quebrar sua cara. Talvez se eu escrever mais um pouco eu até comece a gostar dela. Está bem, exagerei de novo, acho que preciso dar voltas na terra com rolos de pergaminhos até que consiga dar um sorriso verdadeiro para aquela cara de gal... deixa pra lá. Mas, querido diário ou folha de papel, para ser mais realista, depois eu continuo, pois preciso preparar o jantar para meu amorzinho e dar um trato nele depois. Não posso deixar o fogo acumular.


Olá pessoal. Estava certa que iria me aposentar das fics, mas essa simplesmente surgiu na minha cabeça nessa manhã. Fiquei radiante, há muito que não escrevia algo que realmente gostasse.

Bem, ela seria uma one-shot, mas achei um pouco grandinha. Então, como não sei o número de posts, um, dois ou três, chamo de Mini-Fic.

Enjoy it.

Bjos.