Esta fic é uma tradução de "Fiancée", de Molly Raesly, continuação da já traduzida "Namorado"
N/T: Quero lembrar a todos que esta fic foi publicada originalmente em 2010, antes do Pottermore, logo muitas informações não batem com o cannon, como obviamente, os encontros de James e Lily com Petúnia e Vernon e as novas informações sobre a família Potter. Tem um Henry aqui, o pai da Lily. A Molly acertou o nome de um antepassado do Harry, só errou o grau parentesco :P
Também quero agradecer a quem continuou aqui depois de mais de três anos de intervalo entre uma tradução e outra. Agora, vamos ao que interessa!
Noiva
Por Molly Raesly
Capítulo 1
Competição de Irmã
"Irmãs nunca perdoam completamente o que fizeram umas às outras quando tinham cinco anos" ~ Pam Brown
"Levante e brilhe, Lily Divina!" cantou uma voz docemente
Eu me virei em meus lençóis para evitar o som. "Vai embora, James," resmunguei.
"James? Sério, Lily? Para que vocês estão usando o dormitório dos monitores? Tem alguma coisa que você não está me contando?"
"Mmrph," gemi de volta, apertando meus olhos com força.
"Está um lindo dia!"
Eu resmunguei de volta ao ouvir o som das cortinas sendo abertas. A luz me cegou temporariamente, e eu enfiei rapidamente meu rosto no travesseiro para evitar os raios de sol detestáveis.
"Olhe, o sol! Lembra do sol? Nós costumávamos ir lá fora antes das provas começarem."
Eu apertei meus olhos ainda mais.
"É hora de levantar e apreciar as pessoas acordadas, Lily!"
"Vai embora," disse para a voz, com raiva. "Eu estou dormindo."
"Você não está dormindo se está falando comigo," comentou a voz alegremente.
"Eu falo enquanto durmo," murmurei de volta. "É bem comum."
Senti um peso no lado esquerdo da cama e me contorci para o outro lado.
"Não tão rápido, Lilykins! Está na hora de levantar. Acordar, acordar!"
Eu me foquei no sonho que estava tendo anteriormente e tentei me ver entre os macacos dançarinos. Os chipanzés tinham formado uma fila de conga enquanto os gorilas estavam tocando maracás com formato de banana.
"Lily!"
"Me deixe em paz," argumentei enquanto estapeava cegamente os braços que estavam balançando na frente do meu rosto.
"Vamos, Lily! Você precisa levantar, ou você não vai ter tempo de tomar o café da manhã antes de pegar o trem."
Trem? De que trem ela estava falando?
"Pelo dedo rosa de Merlin!" gritei, sentando na cama. "Nós vamos embora de Hogwarts hoje."
Hestia deu um sorriso enorme. "Aí está minha melhor amiga," lembrou alegremente.
"Ah, Merlin!" apavorei-me.
Hestia riu femininamente e me envolveu em um abraço.
Eu a abracei energicamente enquanto me enchia de empolgação. Depois que o tempo de um abraço amigável começou a entrar em um território lésbico nebuloso, Hestia me soltou e caiu em meus travesseiros.
Eu puxei meus joelhos para meu peito. "Não consigo acreditar que terminamos a escola," disse atordoada.
"Deve ser porque você entrou em coma de provas desde que os NIEM's começaram. Cheguei a ter que te forçar a tomar banho uma vez. Não foi divertido," ela lembrou, torcendo o nariz. "Embora James tenha me pago cinco galeões por isso."
Eu dei um tapa em seu braço antes de cair de volta em meu travesseiro. "Acabou mesmo," falei a mim mesma. "Eu imaginei esse dia por anos, mas nunca acreditei que ele chegaria."
"É melhor acreditar, Lils," disse ela. "Nós oficialmente terminamos Hogwarts. Chega de aulas, chega de livros, chega de comidas deliciosas dos elfos-domésticos."
"Droga," suspirei. "Vou sentir falta daqui. Ir embora não parece tão bom quanto pensei que fosse. É um saco."
"Concordo," disse Hestia solenemente. De repente, ela começou a se balançar na minha cama. "Então, falando em saco, por que você pensou que eu fosse o James? Você geralmente espera que ele esteja em seu quarto nas primeiras horas do dia?"
"Trocadilho sutil, Hest," murmurei azeda.
Ela sorriu para mim, tirando seu cabelo negro de cima dos ombros. "Eu tentei," ela respondeu. "Agora desembucha, Lily. Você está escondendo alguma coisa de mim? Você teria me contado se você e o James tivessem feito o verme-cego safado, não?"
Eu franzi meu nariz. "'Verme-cego safado?' Sério, Hestia?"
Ela deu de ombros despreocupada. "Eu sou a namorada de Sirius Black," disse ela, como se isso explicasse tudo. Tristemente, explicava.
"Não teve nenhum verme-cedo," disse a ele rigidamente.
"Então continua tão pura quanto a barba branca de Dumbledore?" perguntou.
"Eu vou escolher não responder isso, pervertida," falei.
Sinceramente, James e eu conversamos sobre isso. Houve várias vezes que consideramos fazer. Bem, nós queríamos. Nós queríamos muito. Ainda assim, a hora não era a certa. Sempre tinha alguma coisa. Sirius estava lá, ou tínhamos que acordar cedo no dia seguinte, ou pior, eu ficava menstruada. Francamente, eu não estava chateada por causa disto. Por mais que eu amasse James e por mais estupefata que seus beijos me deixam, eu ainda estava apreensiva com toda a coisa.
"Então, que horas são?" perguntei de repente.
"Trocadilho sutil," Hestia citou-me
"Eu dei duro," respondi.
Seus olhos se iluminaram de risada. Antes que ela pudesse pronunciar uma única sílaba, eu cobri sua boca com minha mão.
"Já chega pra você, Hestia Jones" ordenei.
"Está bem," concordou. "Mas teria sido muito engraçado."
"Estou rindo por dentro," respondi secamente.
"São umas sete horas," Hestia finalmente me respondeu.
Eu gemi. "Eu te odeio tanto," informei.
Ela me mostrou a língua. "Você não é engraçada, Lily," ela choramingou enquanto brincava com a ponta da minha fronha. "Eu aqui, tentando deixar sua última manhã em Hogwarts especial, e você…"
"Ah, Merlin," exclamei, sentando-me na cama. "É segunda-feira," minha ficha caiu.
"É segunda," ela repetiu.
"AAIII!" gritei estridentemente, prendendo Hestia em um abraço.
Hestia riu alto e se juntou a mim com uma alegria histérica. Nós estávamos tão alegres que nem percebemos alguém abrindo a porta e entrando no quarto.
"Caramba!" uma voz exclamou. "O que eu não faria por uma câmera agora. Hestia, amor, você poderia se inclinar um pouco mais?"
Eu revirei meus olhos. "Já ouviu falar em bater, Sirius?" perguntei mal-humorada.
Ele me deu um sorriso brilhante irritante. "Então eu perderia a oportunidade ver a melhor imagem que meus olhos humildes já viram. Vocês já pensaram em fazer um calendário? Conheço uns terceiranistas que provavelmente…"
"Hestia, você poderia tirar seu namorado do meu quarto, por favor?"
Ela riu enquanto se levantava e ia até Sirius, que estava com uma cara de cachorro quase salivante. "Mas ele é tão bonitinho," disse ela, beliscando seu queixo para enfatizar.
"Tenho certeza que essa ideia muda na manhã seguinte," resmunguei.
"Ai, Lily," Sirius riu, levando a mão ao peito. "Você sabe mesmo machucar um rapaz. Não dormiu bem, foi?"
Eu revirei meus olhos. "Não consegui sair da cama ainda," falei com um olhar significativo para Hestia. "Parece que todos estão obcecados em não me deixar dormir. Seria muito pedir para dormir um pouco? Eu passei o ano inteiro acordando cedo e adormecendo em cima dos livros que estava lendo a noite. As aulas terminaram. Eu tenho saudades de sentir a parte de trás das minhas pálpebras."
"É isso que acontece quando você se deixa enlouquecer de tanto estudar para os NIEM's," Hestia deu de ombros.
"Exatamente," concordo Sirius. "Para o verdadeiro inteligente, dormir é sempre prioridade," disse sabiamente.
"Vou ter isso em mente," disse caindo de volta nos travesseiros.
"Ah, Lily," disse Sirius lentamente. "Eu acho que você vai querer fazer alguma coisa sobre sua situação atual, sabe? Eu estou conseguindo ver sua relíquia da morte."
"O quê?" perguntou Hestia confusa.
"Deixa pra lá," ele murmurou para ela.
Sentindo meu rosto esquentar, eu peguei a bainha de minha camiseta com um sorriso envergonhado. Eu estava usando uma das camisetas de James. Esta era azul escuro. Eu tinha começado uma coleção de suas camisetas para usar na cama. "É, bem," gaguejei.
Sirius e Hestia se entreolharam e então viraram para mim.
"Ah, calem a boca," sibilei.
"Nós não falamos nada," disse Hestia com um sorriso largo demais para o meu gosto.
"Eu leio mentes," respondi rapidamente.
"Bom, nesse caso, Lily, eu retiro completamente o que eu estava pensando mais cedo," disse Sirius sombrio. "A não ser que você esteja interessada," acrescentou com uma piscadela.
Meu rosto se contorceu de nojo. "Ok, você é nojento. Eu preciso de um banho," anunciei, passando por eles e saindo do meu quarto. "Pare de risadinhas, Sirius. Merlin, parece que você tem doze anos."
Eu tinha feito metade do caminho pelo pequeno Salão Comunal que James e eu compartilhávamos antes de me virar, forçar Sirius e Hestia a saírem do meu quarto e fazer um feitiço de limpeza por precaução. Nunca era cuidado demais quando se tratava desses dois. De alguma maneira, as personalidades deles trabalhavam juntas, mas nunca era divertido ficar sozinha com os dois.
Meu banho foi rápido, mas longo o suficiente para aliviar o estres do meu despertar. Sorte que eu estava indo embora hoje, pois precisei apertar meu shampoo até a última gota para conseguir uma quantidade suficiente de shampoo para lavar meu cabelo. Pelo menos ainda tinha a essência de morango.
Com uma olhada rápida para o relógio, notei que era apenas vinte para as oito. Isso me dava tempo o suficiente para me vestir, checar duas vezes os itens em minha mala, tomar o último café da manhã, assassinar minha melhor amiga e esconder o corpo. Seria um grande dia.
Eu estava indo embora de Hogwarts?
Essa pergunta merecia uma resposta?
Apesar do meu orgulho em meus sentimentos normalmente indiferentes, minha medição de nostalgia havia atingido a altura de Hagrid. Eu culpei a TPM. Tinha que ser a tensão pós-magia, porque minha menstruação foi na semana passada. Soou bem científico com o anagrama.
Eu não podia acreditar que estava deixando o lugar que eu considerei como minha segunda casa por tanto tempo. Cada cantinho tinha um significado: a janela da sala de Adivinhações de onde eu atirei minhas folhas de chá e insultei audivelmente meu professor pela primeira vez; a escadaria perto do Salão Principal onde encontrei Hestia pela primeira vez após ser cercada por garotas chatas e Marotos pré-adolescentes em eu primeiro dia de Hogwarts; a seção de História da Magia da biblioteca onde James me empurrou contra uma estante de livros e…
Haviam tantas lembranças boas. Algumas delas aconteceram apenas em minha cabeça, no entanto.
Eu estava pronta para ir embora. Estava mesmo.
Haviam tantas redações que eu poderia escrever antes dos dedos de minha mão direita caírem. A essas alturas, eu não me importava mais em memorizar teorias de Feitiços ou dar uma apresentação correta da maneira mais eficiente de se descascar uma abissínea. Parte do último ano foi deixar os estudantes tão miseráveis que eles queriam desesperadamente ir embora. Era um mecanismo inteligente que até mesmo eu, Lily Evans, extraordinária Monitora-Chefe, não resisti a tentação, apesar de meu recorde excelente de em aguentar os escrombos acadêmicos.
Francamente, eu queria apenas dormir, dormir e dormir. Minha mãe podia me acordar só na hora de ir para a Academia de Aurores.
Falando em Academia de Aurores, eu, Lily Evans, senhorita Eu Sou Obsecada Com Cada Coisinha Porquê Sou Tão Preocupada Com Meu Futuro Que Vou Me Dar Um Ataque Cardíaco Aos 21 Anos, assim nomeada por Sirius, E Quem Também Aparentemente Gosta De Se Dar Múltiplos Apostos Ridículos, iria me tornar uma Auror. Eu consegui. Eu realmente consegui. Eu enfeiticei as meias daquele NIEM. Eu transformei ele em meu brinquedo. Eu o enfiei em minha poção e cuspi de volta. Eu lancei um Riddikulos nele. Eu herb… Herbologia não tem como soar legal.
E o mais importante, eu venci James. Ele conseguiu quatro Ótimos e um Excede as Expectativas em Poções. Eu consegui todos Os. Chupa essa, Potter!
É bom saber que nós temos uma relação tão saudável.
Em minha última manhã na escola, eu havia oficialmente terminado minha educação primária. Tudo que eu precisava fazer era ir para o café da manhã, e pegar o trem para casa.
Infelizmente, casa significa se arrumar para o casamento de Petúnia.
Em uma semana.
Com Vernon Dursley.
Sra. Petúnia Dursley.
Sra. Petúnia Evans-Dursley.
Sra. Tuney e a Baleia.
Eu descobri através de uma das escassas cartas que ela me enviou durante o ano. Enquanto as coisas terminaram generosamente bem durante o verão, eu inevitavelmente consegui estragar tudo. Para ser sincera, eu fui provocada. Tuney é uma irmã difícil de se ter. A sua carta de um metro, que incluía comentários de minha mãe, explicou toda a tragédia. Eu só queria estar lá para ver Vernon lutar para se levantar depois de ficar de joelhos. Isso foi maldade. Eu não tinha nada contra o sobrepeso… só Vermin.
Ainda assim, no caso da carta não ter sido clara o suficiente, cerca de uma semana atrás, eu recebi o anexo de um jornal local que anunciava a novidade, completada por uma linda foto do casal feliz. Naturalmente, James aumentou a foto, emoldurou-a, colocou sob nossa lareira no Dormitório dos Monitores, e encantou para que ela fizesse um "quack" aleatório a cada quatro horas. Não é necessário dizer que, em menos de uma semana, eu a tirei de lá, restaurei para o tamanho original e coloquei na minha gaveta de meias, onde permaneceu lá até eu fazer as malas ontem.
Por sorte, minha ausência na casa dos Evans significava que eu não fazia parte do planejamento do casamento não-desejado. Contudo, minha mãe me assegurou que assim que eu chegasse em casa, eu estaria envolvida no "dia mais feliz da vida de Petúnia."
Honestamente, se Petúnia quisesse um dia feliz, eu podia simplesmente grelhar um hambúrguer para ela.
Agora eu tinha a oportunidade de realizar atividades fúteis para o casamento, como conseguir porta-guardanapos cor casca de ovo, e os guardanapos na cor creme de ovo¹. Que legal da parte de minha irmã querer me incluir. Pelo cabelo do braço de Merlin, ela era um gênio.
Bem, pelo menos eu não precisaria aguentar isso sozinha.
Com um último aceno de minha varinha, passei meu rímel, ajeitei minha gravata vermelha e dourada e arrastei meu malão para o Salão Comunal, próximo ao de James. Com um último puxão, eu o soltei, amaldiçoando minhas costas por falta de força.
Me sentindo boba sentimental, despedi-me rapidamente do Dormitório dos Monitores-Chefes e rumei para o Salão Principal antes que eu perdesse tempo falando com objetos inanimados.
"Oi, Lily!" Dorcas Meadows me comprimentou quando entrei no corredor do segundo andar.
"Oi, Dorcas!" cumprimentei de volta com um sorriso alegre, continuando a andar. "Escreva!"
"Claro!"
"Lilly Willy!" Benjy Fenwich me chamou quando cheguei nas escadas.
"Benjy Fenjy!" ri de volta. "Você consegue acreditar?"
Ele zombou. "Tinha que acontecer um dia. Sete anos? Eles estão loucos? Você sabe quantos trabalhos eu fui forçado a não fazer em sete anos? Toda aquela negligência era insuportável. Eu quase perdi a noção da quantidade de trabalhos que não estava fazendo."
Eu revirei meus olhos. "Ah, Fenjy!"
"Café da manhã?" perguntou.
"Você me conhece tão bem," respondi.
"Se não conheço," brincou. "Se eu tivesse que te ver mastigando sua pena mais uma vez, eu acho que teria perdido. Pra alguém tão magra," ele disse antes de suspirar. "Ah, espere!"
Eu deixei meu queixo falsamente horrorizada. "Fenjy!"
Ele segurou minha mão. "Lily, se eu não fosse totalmente apaixonado pela minha namorada de longa data, e se eu não tivesse a certeza absoluta que James Potter pudesse me matar, eu iria querer fazer sexo com você."
Eu sorri. "Por quê?" perguntei.
"Porque você é muito gostosa," ele respondeu com uma risada.
"Te vejo no trem, seu explosivim!" provoquei.
"Não posso ir embora sem me despedir de você," ele riu antes de sair da escadaria, permitindo que o intenso congestionamento de alunos do segundo ano ocasionado por nossa conversa se dissipasse.
Sorrindo para mim mesma, eu entrei no Salão Principal pela última vez. Eu olhei para todos os professores sentados na mesa da frente. Eu havia me despedido de todos ontem na cerimônia de graduação. Eu esperava pompa, circunstância, e chapéus quadrados. Mas acontece que Hogwarts fazia tudo diferente. Os chapéus tinham a forma de cones.
Eu me abaixei para dar a Flitwick um último abraço e me estiquei ao máximo para fazer o mesmo com Hagrid. Eu até mesmo tentei dar um abraço final da Profª McGonagall antes dela se esquivar no último segundo, dar um tapinha em me braço, e agir de uma forma bem escocesa.
Slughorn me obrigou a tirar uma última foto com ele para seu Mural da Vergonha. Ele então ficou com as mãos um pouco soltas e disse algumas coisas um pouco inapropriadas sobre não ter mais medo de punição por conta de um relacionamento aluno/professor. Por sorte, eu notei que o céu estava azul e precisei ir embora.
Finalmente, eu pensei no Professor Dumbledore. Era uma honra tão grande poder tê-lo próximo a mim por conta dos meus deveres de Monitora-Chefe. Ele era tão… bem, eu não poderia pensar em uma palavra para descrevê-lo. Ele era Dumbledore.
Eu estava tão preocupada com a ideia de transformar Dumbledore em um adjetivo que eu não notei uma pessoa na minha frente até derrubá-la no chão.
"Merlin!" gritei, ajudando a garota a se levantar. "Me desculpe, eu não estava prestando atenção por onde andava, e eu estava tentando ser sentimental pela última vez e…" me agitei, levantando a garota e tirando o capuz de suas vestes do seu rosto. "Ah, eu sinto muito, Tabitha!"
"Ah, tudo bem, Lily," garantiu ela, ajeitando sua gravata azul que havia escorregado para seu ombro durante nossa colisão. "Eu não estava prestando atenção por onde andava," acrescentou, mostrando o livro em sua mão.
Eu sorri. "É bom?"
"O melhor," disse ela. "O que eu vou fazer sem nosso encontro semanal do clube de livros?"
"Tenho certeza que você vai encontrar alguém para ficar no meu lugar."
"Ser do sexto ano é um saco," ela resmungou. "Todos os meus melhores amigos estão indo embora, você, o rapaz que eu…" ela parou de falar abruptamente enquanto um rubor se espalhava do seu pescoço até a raiz de seus cabelos loiros.
"Sabe," disse maliciosamente. "Eu ouvi dizer que Remus Lupin dará uma festa durante o verão. Já que ele foi seu tutor esse ano, talvez você devia parar pra dizer um 'oi'. Tenho certeza que ele adoraria te ver. Vou pedir ao Remus para garantir que você seja convidada."
Ela me deu um sorriso fraco.
"Te vejo depois?"
"Claro!" ela concordou.
Eu me virei para ir embora.
"Ah, e obrigada, Lily, por, você sabe."
Eu sorri. "Te vejo depois," repeti, caminhando em direção ao Salão Principal.
Eu me sentei ao lado de Hestia, que conversava animadamente com Sirius, na ponta esquerda da mesa.
"Cala a boca, seu idiota. Torta é um café da manhã perfeitamente nutritivo."
Eu me iluminei imediatamente. "Torta?" perguntei animada.
"Torta!" ela respondeu. "Ela combina todos os principais grupos de alimentos: açúcar, carboidratos e gordura saturada"
"Não vamos esquecer a fruta," acrescentei. "Merlin, eu amo torta."
Hestia sorriu ao me entregar uma fatia da torta de maça. "Exatamente. O que mais você comeria como última refeição aqui?"
"O que há de errado com umas tiras de bacon e uma salsicha?" insistiu Sirius.
Eu sorri com minha torta. "Você quer contar ou conto eu?" perguntei a Hestia.
"Confie em mim, ele não é," disse ela. "Apesar que as vezes eu me preocupo…"
"Ele só se confunde as vezes," respondi. "Mas as vezes eu me pergunto se não era melhor ele estar namorando o seu," respondi com uma careta.
"Parem de falar em códigos!" choramingou Sirius. "Eu nunca sei se vocês estão falando de mim."
"Ah, querido," disse Hestia, "é porque nós geralmente estamos."
"Argh, Remus, você está vendo o que eu tenho que aguentar?" perguntou Sirius, virando-se para a esquerda. "Não vejo a hora de ir embora daqui. Tem muita pressão aqui. Dá pra deixar todos os cantos da escola maluco."
"Você está mesmo dizendo que não vai sentir falta daqui?" Hestia o perguntou.
Ele deu de ombros. "Escola é escola," respondeu. "Você passa em um NIEM, você passa em todos eles. Eu gosto de pensar que ainda não cheguei aos dezoito anos. Você não para de ser um Maroto só porque parou de levar detenções. Sempre teremos Azkaban."
Eu olhei discretamente para Remus, que apenas suspirou e voltou a ler seu jornal.
"Além disso, tudo que eu faço, eu faço sério," ele acrescentou com uma risada que parecia um latido.
Hestia se inclinou sob a mesa e começou a dar tapinhas em sua cabeça. "Eu juro por Merlin, Sirius, se você fazer essa piada mais uma vez, eu te dou um chute a coitada da sua bunda!"
Sirius sorriu largamente. "Desde quando minha bunda é coitada?"
"Ah, você," Hestia agitou-se, enquanto começavam a se provocarem.
Eu olhei para Remus e pisquei quando encontrei seus olhos. Era incrível como depois de sete anos de escola, nós continuávamos com onze anos por dentro.
"Pelo menos eles não estão se agarrando," Remus comentou brilhantemente antes de sorrir.
Eu concordei veemente ao lembrar de todas as vezes neste último ano em que precisei presenciar suas inapropriadas demonstrações públicas de afeto. Certa imagens cravaram tanto em meu cérebro que nem mesmo um feitiço de memória poderia apagar. Eu sacudi minha cabeça e levei outra garfada de torta para minha boca.
"Alguém falou em se agarrar?" uma voz perguntou antes do seu dono se sentar ao meu lado.
Eu virei para minha direita para encontrar James sentado ao meu lado com sua habitual camisa de uniforme branca e gravata.
"E você chega agora," acusei.
"Audição seletiva, querida."
"Oi," eu o cumprimentei.
"Oi," disse ele de volta com um sorriso brilhante.
"Onde você estava?" perguntei, soando muito mandona para o meu gosto.
Ele se endireitou. "Negócios oficiais dos Marotos," respondeu vagamente. "Suco de abóbora?"
Eu revirei meus olhos. "Por que todo mundo que eu conheço é um pé no saco?" perguntei a Remus.
"Uma pergunta que eu faço a mim mesmo todos os dias, Lily," respondeu Remus com um suspiro, "mas é muito trabalhoso encontrar novos amigos."
"É o último dia, e tudo mais," concordei solenemente.
James revirou os olhos antes de se inclinar, beijar meu rosto, e colocar seu braço em volta dos meus ombros.
"E então éramos quatro," comentou Remus secamente.
"Ah, Aluado, você só está com ciúmes porque não tem uma dama," provocou James.
"Não que não existam candidatas belas e dispostas," disse com um sorriso provocador.
Remus me encarou sem expressão. "Eu não sei o que…"
"A Srta. Tabi…"
"Lily!"
Eu ri de quão vermelhas as pontas das orelhas de Remus poderiam ficar.
"Talvez Vernon tenha uma irmã," disse James com uma risada.
"Ele tem!" guinchei. "Ah, Remus e Marge."
"Soa bem," comentou James docemente.
"Qualquer coisa que o deixe menos tenso," disse Sirius, observando de qualquer coisa que ele estava fazendo com Hestia e que eu não queria ver.
"Vocês vão todos para o inferno," anunciou Remus.
Hestia levou as mãos ao peito. "Remus, você não disse isso!"
"E você sempre foi meu favorito!" acrescentei dramaticamente.
James protestou audivelmente e me encarou com uma expressão tão ferida que me quase fez com que eu me sentisse culpada.
"Pare de me olhar assim. Eu te amo de qualquer jeito."
Obviamente feliz consigo mesmo, James sorriu largamente e alcançou seu garfo para pegar um pedaço de minha torta.
Eu tirei o prato de seu alcance. "Eu não te amo tanto assim."
"Ai, Pontas," enfatizou Sirius. "Isso foi… ei, que horas são?" perguntou de repente.
Remus dobrou sua manga e checou as horas em seu relógio antes de responder.
"Certo, garotos," anunciou Sirius. "É hora do show."
Eu lancei um olhar curioso a Hestia, mas ela deu de ombros com uma expressão confusa em seu rosto.
"Três," disse Remus.
"Dois," continuou Sirius.
"Um," finalizou James.
"O que está acontecendo?" perguntei.
Antes que eu pudesse responder, eu ouvi um grito estridente vindo do Salão Principal. Eu olhei para frente e vi um bando de alunos da Sonserina se afastando da mesa.
"Um rato," exclamou uma garota.
Eu apertei meus olhos até conseguir enxergar um grande rato marrom percorrendo a mesa da Sonserina.
Eu estava tão hipnotizada pelo que estava acontecendo diante dos meus olhos que nem percebi que James, Sirius e Remus ergueram suas varinhas e começaram a berrar encantos. No meio de toda aquela multidão, eu tinha certeza que era a única que tinha reparado neles.
Depois de alguns estampidos e faíscas, todo o Salão Principal estava coberto de vermelho e dourado. A mesa da Sonserina estava decorada com um enorme leão que tinha um comprimento de quase metade da mesa, e as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa estavam cobertas de flâmulas e brilho. De alguma maneiras, todos foram forçados a usar um chapéu temático da Grifinória. Chocados, os Sonserinos tentavam tirá-los freneticamente, sem conseguir fazer com que eles saíssem do lugar, provavelmente, devido a um feitiço para colar muito forte.
Ninguém teve chance de descobrir o que estava acontecendo pois, quando todo o tumulto parou, começaram os fogos de artifício. Explosões que quase fizerem Flitwick cair de sua cadeira com os estouros, enquanto o teto do Salão Principal se iluminava num impressionante e ostentador show de luzes. Até mesmo alguns professores, incluvise Dumbledore, pararam com seus contra-feitiços para admirar. Depois de cerca de cinco minutos, um fogo de artifício gigante se rompeu e encheu o céu de ouro. As flâmulas se combinaram para mostrar "Marotos, turma de 1977", acima de uma foto dos arruaceiros, sorrindo como ninguém. Com um estalo final, as luzes desapareceram.
O Salão Principal se encheu de aplausos. Parados em frente à entrada, Remus, Sirius, James, e Peter, que de alguma maneira entrou no local, se curvavam com o mesmo brilho maroto em seus rostos.
Apesar de tudo, eu aplaudi junto com os outros estudantes. Eu parei quando o leão começou a rugir.
"Eu vou matar eles," Hestia sussurrou em meu ouvido com um sorriso maníaco em seu rosto.
"Não vai ter nada pra você matar depois que eu acabar com eles," respondi com meu próprio sorriso. "Me desculpe se você queria Sirius disponível para ter filhos."
Ela deu de ombros. "Ele não vai usar essa parte do corpo por um tempo mesmo."
Merlin, ser namorada de James Potter era ridículo.
James correu até mim, me levantando e girando.
"Me ponha no chão," berrei, batendo em suas costas com meus punhos.
"Você está falando alguma coisa?" ele gritou alegremente, tentando ouvir no meio do barulho. "Eu não consigo te ouvir! Tem um leão, veja!"
Eu bati nele novamente antes de me empurrar para o chão. "Você está tão morto," disse a ele.
Arrepiando seu cabelo com ansiedade, ele me deu um sorriso fraco. "Lembra quando você disse que me amava dez minutos atrás? Eu posso pegar uma penseira se você quiser."
"Mudei de ideia."
"Ah, vamos, Lily. Foi nossa última brincadeira. Nós somos os Marotos. Temos que marotar!"
"Isso nem é uma palavra," disse a ele rígida. "Além disso, vocês nunca ouviram falar em glória silenciosa e digna?" perguntei severamente.
"Isso é ultrapassado," respondeu.
"James! Nós estamos indo embora de Hogwarts! Você não pode agir como um completo idiota sempre que…" eu comecei o sermão até ele me interromper com seus lábios.
Esquecendo de tudo, até mesmo o caos em nossa volta, eu fechei meus olhos e o beijei de volta até recuperar meus sentidos e o empurrá-lo.
James não saiu do lugar e apenas estendeu a mão para tirar meu cabelo do rosto. "Desculpa, amor," pediu. "Eu vou me comportar. Quer dizer, se você me deixar viver."
"Você está em aprovação," decidi. "Mas na próxima vez, eu te dou um tiro."
"Essa é a coisa mais linda que você já me disse," ele brincou. "Admita, Lily, você gostou."
Eu resmunguei quando um sorriso involuntário apareceu em meus lábios. "Foi bem divertido," admiti.
Ele sorriu largamente.
"Só não deixe isso acontecer novamente," acrescentei com minha melhor imitação da McGonagall.
"Não posso, Lily," respondeu. "Nós estamos indo embora hoje. Essa foi minha última peça."
Eu franzi o rosto. "Eu não quero ir embora."
Ele sorriu para mim. "Eu sei. Pelo menos vou ficar em sua casa na próxima semana para te ajudar a lidar com a transição."
"Dando tempo para sua mãe digerir a carta que ela provavelmente vai receber até você chegar em casa," eu o corrigi.
"Talvez eu me esconda na sua casa."
Eu revirei meus olhos. "Ótimo," murmurei, olhando para o estrago que ele causou.
"Ah, Lily, foram bons anos," disse James com carinho, colocando seu braço em meu ombro e admirando seu trabalho.
"Desfaça o leão," disse a ele.
"Ele foi ideia minha!"
Eu dei uma cotovelada em sua barriga. "Idiota," murmurei.
"POTTER!", gritou uma voz, fazendo com que nós dois pulássemos.
Eu olhei em direção e vi McGonagall pálida com seus lábios mais franzidos do que nunca. Ao lado dela vinham Remus, Sirius e Peter, que pareciam prestes a serem beijados por um dementador.
"Parece que não vai ser eu quem vai te matar," falei alegremente.
"Caramba," James respirou fundo, parecendo verde. "Eu quero ser enterrado com minha Nimbus," pediu antes de encaminhar para sua ruína.
"Podemos fazer alguma coisa com esse maldito leão?"
Depois de muita bajulação da parte de Sirius, e o que eu suspeitei ter sido interferência de Dumbledore, McGonagall eventualmente os liberou. Eu fiquei um pouco desapontada ao vê-la ceder tão facilmente, mas logo percebi que deixar os Marotos no castelo iria punir apenas ela.
Uma vez no Expresso de Hogwarts, eu estava muito emotiva para ficar brava. James fez de tudo para me animar, mas eu não consegui evitar que umas poucas lágrimas escorressem pelo meu rosto ao ver o castelo desaparecer de vista. Obviamente, eu as sequei rapidamente antes que alguém pudesse perceber.
Nós nos divertimos nas horas seguintes lembrando das memórias da escola e forçando Peter a comer os sabores mais nojentos dos feijõezinhos. Hestia nos fez gargalhar feito loucos ao imitar várias pessoas descobrindo que James e eu estávamos juntos. Eu me lembro muito bem de quando ela quase desmaiou quando contei a ela a verdade na última vez em que estávamos no trem. E, claro, nada se compara a reação de Remus. Eu jurava que ele quase fez alguma expressão!
Tudo muito rápido, o trem chegou e King's Cross. Dar um abraço de despedida em Sirius, Remus e Peter era estranhamente sentimental. Muita coisa mudou durante o último ano. Eu amava minha melhor amiga, mas era legal ter um grupo mais próximos de amigos para sair por aí. Apesar da imaturidade, eles eram garotos fantásticos, embora eu nunca admitiria isso para a Suprema Corte dos Bruxos se eu tivesse que testemunhar pela vida de um deles um dia.
"Nós conseguimos, Lily!" disse Hestia, me puxando com lágrimas brotando em seu olhos.
"Ah, Hestia, não chore, por favor," pedi. "Se você começar a chorar, eu choro também."
Ela riu enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto. "Mas você tirou seus ductos lacrimais, lembra? Quarto-ano?"
Eu ri. "Lembro."
Sentindo-me boba, eu lembrei que veria Hestia novamente em alguns dias e tentei não ficar muito sentimental ao abraçá-la.
"Você vai ser um sucesso, Lily," Hestia prometeu.
"Falou a garota que já tem um emprego no Profeta Diário," contrapus.
Ela fungou. "Te escrevo," jurou. "Todo dia…bem, quase," acrescentou.
"Nos vemos em breve?"
Ela me abraçou mais uma vez antes de Sirius nos separar.
"Tudo bem, estrogênios a loucura, relaxem," disse ele calmo. "Esse não é o fim do mundo. É só o fim de acordar ridiculamente cedo. Além disso, todos nós sabemos aparatar."
Eu dei um sorriso fraco, limpando a umidade dos meus olhos. "Cuide dela até eu vê-la novamente, Sirius," disse.
Ele fez uma continência. "Sim, senhor, srta. Evans."
"Senhor?" James perguntou com um sorriso. "Tem alguma coisa que eu não estou sabendo?"
Eu revirei meus olhos, não admitindo o quanto eu gostava da maneira estúpida deles de me animar. "Vamos lá, seu bobão, antes que vocês soltem fogos aqui também."
"Uma única vez," James murmurou para si mesmo.
Ele caminhou até os garotos, e eles se encararam por um momento antes de caírem nas gargalhadas. Uma porção de abraços masculinos surgiram antes de James e Sirius finalmente se despedirem pela última vez.
"Eu sempre estarei esperando por você," Sirius prometeu, limpando uma falsa lágrima.
"Eu vou sonhar com você!" James prometeu, começando a puxar o carrinho com nossos malões.
Nós caminhamos uns cinco metros antes de James se virar e acenar para Sirius.
Suspirando, eu segurei a sua mão e forcei sua passagem pela plataforma.
Eu dei a ele um olhar significativo.
"O que foi?" perguntou.
"Nada," respondi, sacudindo a cabeça. "Bem, acho que esse é o fim."
"Lily," disse James franco. "Você não está se esquecendo de nada?"
"O quê?"
"O casamento de Petúnia."
Eu gemi. "Por que você não me deixou no trem? Caramba, por que você não me deixou no porta-malas?"
James riu alto enquanto me puxava para seu lado. "Agora, Lily, eu não passei um mês inteiro implorando para minha mãe me deixar passar uma semana na sua casa ao invés de passar um tempo com ela para você…"
"Oi!"
Eu olhei para adiante e vi minha mãe correndo até nós. Rindo, eu me separei de James, me preparando para o ataque. Só que eu não era a pessoa que estava a ponto de ser empurrada para o chão com um abraço.
"Claro," murmurei para mim mesma vendo minha mãe quase sufocar James com seus braços.
Pelo menos algumas coisas ainda não mudaram.
"Oi, Lils," disse meu pai calorosamente quando eles nos alcançou.
"Oi, papai," cumprimentei-o de volta com um abraço.
"Me desculpe pela sua mãe," sussurrou em meu ouvido. "Ela só está animada."
Eu dei de ombros quando ele me soltou. "Quem sou eu para separá-la de seu filho preferido?" comentei secamente.
Depois de um momento, minha mãe finalmente pareceu me notar. "Lily!"
"Ah, oi, mãe," respondi friamente. "Não tinha te visto aí."
Ela me puxou para um abraço, e eu capturei os olhos de James. Ele encolheu os ombros docemente para mim, e eu mostrei minha língua para ele.
"Sr. Evans," ele cumprimentou meu pai com um aperto de mão.
"Bom te ver novamente, James," disse meu pai com o tanto de carinho que um pai poderia ter com o namorado hormonal de sua garotinha.
"Ah, Lily, é tão bom te ter em casa. Eu fiquei tão arrasada quando você foi para a casa de James no Natal. Eu senti tanto a sua falta!"
Eu revirei os olhos ao perceber que a última parte do discurso era direcionada a James. Ele me convidou para o Natal e eu, animada com a permissão de minha mãe, aceitei ir. Na verdade, eu acho que ela disse, "Lily Evans, se você não for para a casa daquele garoto, você vai ter que encontrar outro lugar para dormir pois eu não vou te deixar ficar aqui." Meu pai estava um pouco menos ansioso em me deixar ir.
Petúnia, contudo, levou a notícia de uma maneira mais dura. Ela encerrou todas as comunicações comigo depois disso, exceto pela carta comunicando sobre seu noivado. Eu me senti um pouco triste em deixar ela, mamãe e papai no Natal, mas James estava tão animado. Era a primeira vez em quatro anos que seus pais estavam em casa para o Natal, e eu não poderia dizer não a isso.
O Natal nos Potter foi uma experiência sensacional. A casa inteira estava coberta de decoração. Até a lixeira deles cheirava a menta. A árvore deles era maior que as que decoravam o Salão Principal. A manhã de Natal trouxe a maior quantidade de presentes juntos que eu já vi. Eu dei lenços para os pais dele.
James me assegurou que eles não viam a hora de me receber novamente e que eles absolutamente me adoraram. Bem, pelo menos os pais de alguém me adoravam.
No caminho para casa, eu desenvolvi um novo jogo de bebidas. Toda vez que minha mãe falava "James," com a voz aguda, eu tinha que tomar uma dose de whisky de fogo. Mentalmente, eu estava muito, muito bêbada.
Enquanto dirigíamos pelas familiares ruas da vizinhança, eu fiquei muito ansiosa. Nós passamos a árvore com formato engraçado, a casa da velha senhora que colecionava bules de chá, e então logo chegamos na nossa velha rua. No segundo que meu pai estacionou o carro, corri para dentro de casa, subi as escadas e abri a porta do meu quarto. Depois de cumprimentar rapidamente o Sr. Snuggles e o resto dos unicórnios em minha estante, eu me atirei em minha cama.
Ah, perfeição.
"Senti sua falta, cama."
Eu inalei o cheiro do meu travesseiro e me encolhi no sentimento familiar de meus lençóis. Eu deixei meus dedos percorrer as pequenas flores e fechei meu olhos em felicidade. Estar em casa era tão bom.
"Isso é sorte para você," ouvi uma voz observar.
"Vai embora, James, isso é particular," disse a ele, continuando a cheirar minha roupa de cama.
"Aparentemente," ele riu levemente. "Só estou deixando seu malão, Vossa Majestade. Devo dar alguns minutos para vocês ficarem a sós?"
"Por favor e obrigada," respondi sem me preocupar em olhar para ele.
Eu sorri quando ouvi uns murmúrios e o som de passos se distanciando. Eu afofei meu travesseiro e virei de barriga pra cima. Sorrindo, eu observei as familiares rachaduras em meu teto. Meu teto meio que parecia um bolo de casamento. Estranho. Ah, Hogwarts não tem nada em minha cama.
Considerando um tanto impressionante, já que não havia drogas envolvidas no processo, eu entrei em uma espécie de viagem mística em meu teto que terminou apenas quando minha mãe abriu a porta do meu quarto.
Eu esfreguei minha mão no olho, confusa. "Sim, mãe?" perguntei em um tom desnorteado.
"Lily," disse ela exasperada. "Eu te chamei umas sete vezes. Você estava mesmo dormindo a essa hora?"
"Não estava dormindo," corrigi. "Só estava longe."
Ela deu um suspiro longo. "Sinceramente, Lily, alguém poderia pensar que você tem mono."
Eu dei de ombros. "Essa não é a doença do beijo?" perguntei com um sorriso.
"Lily Evans, trate de ir lá em baixo arrumar a mesa. Céus, você fica mais bocuda com a idade. Eu acabei de passar duas horas adoráveis com o James."
Aposto que passou.
"E ele não diz metade das besteiras que você fala," ela continuou o sermão.
"É só porque ele está tentando te impressionar, mãe," eu a corrigi enquanto me levantava. "Acredite em mim, isso passa."
"Fora," ela ordenou, quase fechando a porta em mim quando saí do quarto. "Sua irmã e Vernon vão chegar em casa a qualquer momento, e nós vamos todos ter um agradável jantar familiar. Eu fiz lasanha, e nós vamos discutir os planos para o casamento. Você não faz ideia da pressão que eu estou passando. Honestamente! Um casamento em junho! No que sua irmã estava pensando? Toda a comida vai precisar ser refrigerada, sem falar nas flores que vão murchar. Isso aqui é a Inglaterra. Fica quente aqui, pelo menos até o sol se por. Não quero nem pensar em se começar a chover. Uma droga de clima que nós temos na Inglaterra. Acho que vou ligar para os seus avós e dizer para eles nem saírem do lugar. Nós podemos fazer o casamento outro dia. Bom, mesmo assim, o vestido da Petúnia é lindo. Espere até você vê-lo. Eu disse para ela não deixar para buscá-lo um dia antes do casamento, mas você conhece sua irmã. Ela precise que tudo seja do jeito dela. Tem alguma coisa sobre perder peso nessa nova dieta de água. Lily, você está me ouvindo?"
Eu pulei o último degrau e me virei para encará-la. "Está cheirando ótimo, mãe. O que nós vamos comer?"
Ela me deu seu olhar mortal. "Lily, você precisa prestar atenção. É ótimo te ter em casa, mas nós precisamos nos concentrar em Petúnia agora."
"E como Dama de Honra, vou cumprir meu dever," respondi.
Eu esqueci de mencionar esse pequeno detalhe antes.
Minha mãe me deu um sorriso caloroso. "Boa garota. Agora, seis pratos, vá," ela ordenou antes de dar um tapinha em meu traseiro.
Eu chiei e rumei para a cozinha. Papai e James estavam sentados na mesa.
"Lily, onde você estava?" Meu pai perguntou enquanto me observava tirar os pratos do armário.
"Eu estava passando um tempo glorioso em meu quarto."
"Ah," respondeu ele sabiamente. "E como estava a cama? A mesma de quando você foi embora?"
"Melhor do que eu lembrava," respondi com um sorriso.
Ele sorriu de volta. "Excelente. Agora, Lily, você precisa nos contar sobre a escola. James estava nos deixando a parte de tudo, mas nós adoraríamos ouvir o seu lado. Francamente," acrescentou com uma careta, "seria interessante ouvir qualquer coisa que não fosse relacionada ao casamento."
"Quieto, Henry," minha mãe sibilou enquanto tirava a lasanha do forno.
"Perdão, querida," desculpou-se rapidamente.
Eu ri ao ouvi-lo resmungando para James por não tê-lo alertado.
"Não aconteceu nada de muito excitante, pai," disse com sinceridade, caminhando para a sala de jantar com a mão cheia de pratos.
"Acho difícil de acreditar nisso em uma escola de magia," ele falou da cozinha.
Eu ri enquanto distribuía os pratos na mesa. "A magia não é tão divertida quando você está sendo avaliado. E foi como provas depois de provas depois de uma maldita prova o ano inteiro. E não eram apenas provas, eram requisitos para nossos empregos."
"Ela está certa, Sr. Evans," concordou James, que piscou para mim quando voltei para a cozinha. "Até meu melhor amigo precisou trabalhar esse ano. Eu quase o matei."
Eu revirei meus olhos. Ir a biblioteca já foi o suficiente para fazer Sirius ficar com urticárias. Ele me disse que a única vez em que ele foi voluntariamente para lá foi para uma transa rápida nas prateleiras depois do toque de recolher. Claro, isso foi antes de Hestia. Ás vezes eu desejava que Sirius não me contasse coisas.
"Mas, quadribol!" meu pai insistiu. "Como a vida pode ser chata quando se tem quadribol? Vamos, James, Lily me disse que a Grifinória ganhou a taça, mas ela não me explicou o jogo."
"Ei!" rebati, puxando uma cadeira ao lado de James. "Minhas cartas estavam perfeitas! Eu te dei uma descrição minuciosa!"
Papai sacudiu a cabeça. "Ela fica tão bonitinha quando finge que entende de esportes."
James olhou para mim. "Fica mesmo," concordou debochadamente.
"James!" sibilei, batendo em seu braço.
"Ow!"
"Lily, guardanapos!" minha mão me lembrou com a voz alta na outra sala.
Imaginando se minha mãe tinha uma audição super-humana ou um radar James que eu não conhecia, eu fui até a despensa para pega os guardanapos. Nenhum guardanapo foi encontrado. Ótimo!
"Mãe! Estamos sem guardanapos!"
"Olhe na garagem!" ela falou em um tom abismado. "Deus, Lily, parece que você nunca morou aqui!"
Resmungando para mim mesma, eu marchei até a garagem e consegui encontrar um pacote de guardanapos na prateleira de baixo depois de uns dois bons minutos procurando.
Voltando para a cozinha, eu examinei os guardanapos amargante. "Mãe, você quis mesmo comprar essa cor laranja escandalosa, porque… ah!" Eu olhei para Petúnia e Vernon parados na porta de entrada. "Oi."
"Olá, Lily," Petúnia me cumprimentou rigidamente.
Eu examinei o anel em sua mão esquerda. A tira era de ouro, e o diamante se projetava de lá como bigode largo. "Olá, Vernon," acrescentei educadamente.
Ele fez um ruído em resposta. Ah, Vernon Baleialey. Um grunhido de você faz qualquer garota se amarrar a bola de gordura.
Eu senti que precisava dizer mais alguma coisa, mas fui salva por James que levantou de sua cadeira para apertar a mão de Vernon. Infelizmente, eu não pude ver se Vernon se estremeceu de medo porque precisei dobrar os guardanapos ridículos. Minha mãe correu atrás de mim com os talheres.
"Mãe, é só um jantar," disse em uma tentativa de acalmar sua agitação.
"Lily, cale a boca e pegue a lasanha," disse ela.
"É bom estar em casa, mãe," falei.
"Sim, querida, eu senti sua falta," ela respondeu freneticamente. "Lasanha, agora, antes que esfrie."
"Mas você acabou de tirá-la do forno!"
"Lily!"
Eu revirei os olhos e entrei na cozinha para colocar o par mais grosso de luvas para evitar que eu fosse queimada pela fumegante lasanha. Cuidadosamente, eu levei-a para a sala de jantar e coloquei sob uma toalha para que a temperatura congelante da lasanha não abrisse um buraco na mesa da madeira.
Depois que ela conseguiu colocar todo mundo na mesa, minha mãe finalmente conseguiu baixar seu modo de "JAMES!" para "ah, James." Merlin, se eu não tivesse certeza absoluta que James me amava, eu teria minhas dúvidas em deixá-lo ficar em minha casa por uma semana.
"Deu tudo certo com a banda?" minha mãe perguntou, servindo um prato de lasanha para Petúnia.
Petúnia gemeu. "Foi um desastre! Que banda de casamento não toca 'Hold me Close'? É praticamente uma obrigação destes grupos tocarem David Essex. Eu disse a eles que se eles não puderem tocar nossa música, nós não vamos querer que eles toquem em nosso casamento. Eles vão ter que ensaiar durante a semana."
Enquanto minha mãe respondia, James se inclinou para sussurrar em meu ouvido. "Quem é David Essex?"
Ah, se eu pudesse ser tão ignorante quanto ele. "Cantor trouxa," respondi. "Ele faz Celestina Warbeck parecer profundamente inteligente em matéria de letras."
Ele estremeceu em compreensão antes de dar mais uma garfada na lasanha.
"Bem, Lily, eu gostaria de ouvir sobre a cerimônia de formatura. Como exatamente…" meu pai começou.
"Henry!" minha mãe o interrompeu. "Nós temos uma crise em nossas mãos. Nós falamos de Lily depois."
"Tudo bem, mãe," intervi. "Sério, não se preocupe que acabou de acontecer uma grande mudança em minha vida."
"Lily, sua irmã está se casado," minha mãe estressou-se. "O casamento é em uma semana, você deveria ter vindo mais cedo e nos ajudado a preparar tudo."
Espantada, eu me soltei em minha cadeira com a boca aberta. Eu olhei para o meu pai, que deu de ombros timidamente.
"Ela está trabalhando duro no último mês," sussurrou ele em meu ouvido. "Eu não consigo acalmá-la. Não leve para o pessoal, Lils. Você sabe como sua mãe fica quando ela está estressada. Eu estou feliz que consegui reforços para ajuda a carregar o peso. Você vai ter sua mãe de volta assim que o domingo chegar, e poderemos comemorar."
Eu sorri e tomei um gole de minha água.
"Bem, Petúnia, eu espero que dê tudo certo," disse James educadamente.
Eu revirei os olho. Ele era tão desagradável.
"Vai dar tudo certo," Vernon nos assegurou pensativo, mexendo em seu bigode...para ele. "Eu não me preocuparia com isso."
"Ah, eu não estou preocupado, Vernon. Só estou oferecendo meus votos. Tenho certeza que vocês terão um ótimo casamento," James respondeu suavemente.
Não pude deixar de perceber como seus lábios quase sorriram.
"Sim," disse Petúnia, colocando sua mão em cima da de Vernon. "Vai dar tudo certo."
"É claro que tudo isso irá custar uma boa quantidade de dinheiro," disse Vernon finalmente. "Mas acho que isso vai acrescentar bastante me nossa felicidade."
"Claro," respondeu minha mãe depois de um tempo.
Eu me afundei em minha cadeira. Falar em dinheiro sempre me deixava desconfortável, principalmente considerando que meu namorado tinha muito.
"Apesar que," disse James. "Eu argumentaria que alguns dos melhores casamentos podem acontecer quando o casal tem pouco dinheiro."
"Somente um tolo se casaria sem uma base adequada," Vernon retorquiu.
"Essa base não seria amor?"
Vernon resmungou. "Se você quer uma bagunça em suas mãos."
"Eu acho que o que Vernon quer dizer é que deve ser uma escolha madura entre duas pessoas que podem se sustentar," Petúnia acrescentou rapidamente.
"Sua mãe e eu esperamos até que pudéssemos comprar um apartamento," disse meu pai.
"E é claro que neste ponto o casamento traz redução de gastos," Vernon respondeu. "Faz sentido financeiramente."
"Hum," comentou James em voz alta.
"Você tem alguma coisa a dizer, Potter?" perguntou James na defensiva.
Eu estava surpresa. Eu supus que Vernon tenha ficado mais simpático desde o último verão quando ele mal piscava em direção a James.
"Não," James respondeu, sacudindo a cabeça inocentemente.
"Pois parece que você tem uma opinião. Não importa," Vernon riu para si mesmo. "Não é como se caras como você podem lidar com casamento. Tenho certeza que é mais fácil para pessoas da sua natureza casar a qualquer hora. O que vocês fazem com suas aberrações poder ser qualquer coisa, mas nós levamos esse compromisso a sério. Aqui, na civilização requer mais esforço. Você vai perceber quando passar mais tempo no mundo onde há responsabilidades de verdade. Você ainda é jovem e inexperiente."
Meu pai se encolheu na cadeira.
Eu olhei a veia do pescoço de James pulsar e rezei a Merlin para que o jantar na casa dos Evans terminassem em paz uma vez.
"Eu te garanto, Vernon, que bruxos são tão capazes de compromisso quanto você."
Vernon riu calorosamente, sua barriga balançando enquanto ria. "Tenho certeza que você faz um esforço. Mas se você não gosta dela, você sempre pode fazer ela desaparecer."
Eu vi os punhos de James ficarem brancos. "Magia não funciona assim."
"Desculpe," Vernon resmungou. "Vamos ficar fora do caminho de um do outro. Você pode ficar com seu hocus pocus e deixar a matéria de casamento com os caras de verdade que realmente entendem disso."
"Parece tentador," comentou James com os dentes cerrados.
Eu soltei a respiração que estava segurando inconscientemente.
"No entanto," ele continuou.
Eu estremeci e rezei a Merlin para que ele não dissesse nada estúpido. Tudo o que ele precisava fazer era aguentar mais cinco minutos, e nós ficaríamos bem. Vamos, James.
"Eu não sei o que isso quer dizer já que Lily e eu estamos noivos."
Eu deixei meu garfo cair.
Ele disse isso mesmo?
Smehkaleen.
¹Gente, não consegui encontrar um sinônimo adequado para essas cores em português, então pra não ficar colocando beje/marrom/etc, eu resolvi colocar a tradução ao pé da letra. Em inglês é eggshell e eggcream, quem quiser ter uma ideia dá cor, dá pra jogar no Google :)
N/T: Depois de tanto tempo de espera, aqui está o primeiro capítulo da segunda fic da série "Boyfriend." Espero que vocês gostem, porque ela é tão boa quanto a primeira. A fic terá sete capítulos, e eu pretendo traduzir pra vocês o mais rápido possível. Não vou estipular prazos para entregar os capítulos, mas penso em mais ou menos uma semana. Menos que isso acho mais difícil, pois os capítulos são longos e tem algumas expressões, trocadilhos, que preciso de uns minutos a mais de dedicação.
Se você não leu a primeira fic, não terá problemas mas acompanhar essa, mas alguns pontos podem se perder. A tradução está no meu perfil!
Obrigada por continuarem aqui, e até o próximo capítulo!
