PRÓLOGO

Uma brisa leve e agradável soprava pelo Santuário em uma típica noite de verão. O céu estrelado exibia uma lua esplendorosa. Quebrando o silêncio da noite um barulhento helicóptero descia nas proximidades do Santuário, e dele desceu Saori Kido a dona do império econômico Graad.

Ao descer da aeronave não pode deixar de exprimir seu cansaço com um suspiro.

Uma carruagem estava à sua espera.

- Boa noite Majestade Athena – cumprimentou o cavaleiro que guiaria.

- Boa noite Kapella.

A carruagem então partiu com velocidade, desaparecendo entre as rochas. O helicóptero logo levantou vôo. Sentindo os socos que a carruagem dava vez ou outra, Saori ainda achava bastante incômoda a magia que protegia o Santuário. Ela não permitia que o local fosse observado, seja por olho nu, ou por aparelhagem eletrônica, que não funcionava dentro dos seus limites. O helicóptero não podia chegar muito perto, o resto do percurso deveria ser feito à carruagem.

Tudo que ela queria era tomar um banho e atirar-se na cama, em seu confortável quarto na 13ª Casa. E foi o que fez. Assim que entrou se despiu e se atirou na banheira quente. Ficou algum tempo relaxando, tentando esquecer o turbulento dia que teve. Saiu do banho e vestiu, no banheiro, sua roupa de dormir. Voltou para o quarto secando os cabelos com a toalha.

- Ah...!

Quando acendeu a luz do quarto deu um salto amedrontado para trás. Escorou-se na parede para não cair. Havia alguém ali. E não era qualquer um, seu cosmo era tão poderoso que causou arrepios mesmo a Athena.

- Apesar de sua reação nada acolhedora... Adorei seus trajes. Você fica maravilhosa nesta camisola... – Disse uma voz grave e elegante, para então dar uma leve risada.

- Por Zeus... Quem é você?

A luz era forte, porém ela não chegava até um dos cantos do quarto, exatamente de onde viera a voz. Era como se quase toda a luz fosse tragada por um buraco negro. Havia uma penumbra pairada sobre o dono da voz, e dele só se via sua silhueta e o brilho avermelhado de seu cigarro.

- Athena... Esperava que você lembrasse de mim...

Ele então atira a ponta do cigarro, que cai bem à frente de Saori, apagando-se no carpete. Ela não pôde deixar de notar e, por um instante, de se deliciar com um fabuloso aroma de canela que lhe chegou às narinas.

Com um estralo de dedos a luz voltou a iluminar o canto obscurecido e revelou a silhueta do homem cujo cosmo meteu tanto medo em Athena. Um homem absolutamente atraente, ombros largos, robusto, pele lisa e alva, cabelos bem ruivos e metodicamente penteados para trás. Vestia uma bela camisa preta sob um terno risca-de-giz, calça de linho e sapatos lustrados. E o delicioso perfume de canela sempre presente no ar. Mas o que mais poderia seduzir uma mulher era seu sorriso. Justamente por não ser aquele que se espera de um galã. Era um sorriso com certa perversão, que instigaria mistério e sensualidade, mostrando por entre seus lábios grossos e bem torneados dentes brancos e perfeitamente alinhados. Por mais que houvesse o medo presente em Athena, ela também sentia uma inexplicável atração pelo homem, porém apavorou-se com tal idéia assim que ele revelou a identidade:

- Sou Ares... Senhor da Guerra.

Athena deixou escapar um grito abafado de susto. Desequilibrou-se e caiu sobre uma poltrona.

Ares parecia achar graça da surpresa da deusa. Aproximou-se dela enquanto puxava de um bolso interno de seu paletó um maço de cigarros. Colocando um cigarro na boca ofereceu para Athena:

- Aceita? São de canela... Uma delícia...

- Não – disse ela ríspida – Não gosto de cigarros.

- Como não? – Ares tocou a ponta do cigarro e fez acende-lo.

Athena abanou o rosto, incomodando-se com a fumaça.

- Cigarros não prestam. São ruins, fedem...

- Fedem? A quem está enganando? A mim que não é... Você adorou o aroma deles...

- Não gostei! E fazem mal à saúde...

Ares soltou uma leve gargalhada.

- Que saúde? Você é imortal!

- Hum...Não quero e pronto! Diga para que veio!

Ares caminhava pelo quarto observando todo ele. Vez ou outra mexia em um objeto na mesa, em quadro ou qualquer coisa.

- Apenas conversar... Informal...

- Sobre o quê?

- Atualidades... Você tem lido jornais? A guerra no Oriente Médio está fugindo do controle hein... Os americanos estavam confiantes de que a bomba atômica que lançaram sobre Ramat iria terminar a guerra, mas parece que a coisa só piorou. A matança ainda continua pior do que antes. Aonde acha que isso vai parar?

Athena levanta-se e põe seu roupão, cobrindo seus trajes íntimos. Senta então na poltrona de forma correta, já não exibindo tanta surpresa na face.

- Aquilo é... Deplorável. Mas as primeiras negociações de paz começaram, logo os acordos de paz serão feitos. Tenho esperança que serão cumpridos.

- Há! Será que você tem mesmo? Senhorita Kido, aquela bomba matou três milhões de pessoas em meio segundo. Isso ainda é uma estimativa, claro, afinal quem estava em um raio de dois quilômetros da explosão teve seu corpo pulverizado, e ainda nem começaram a escavar os escombros, pois o nível de radioatividade ainda está muito alto. Sabe quanto tempo a natureza vai levar para reequilibrar o ecossistema? Cerca de dez milhões de anos. Não sobrou quase nenhuma forma e vida! Não tem nem mais baratas em Ramat! E a guerra ainda continua... Diga-me, sinceramente, o que acha disso?

Os olhos de Saori enchiam-se de lágrimas. Ela queria abrir a boca e defender as ações humanas, mas não podia, sabia que tudo aquilo era deplorável.

- Acho... Desumano.

Ares deixa exibir um leve sorriso de satisfação.

- Ahá! Finalmente aonde queria chegar: O quão desumano tornou-se o humano.

- Do que está falando? Você é o deus da guerra! O que pode falar em detrimento da guerra que os humanos estão fazendo?

- Ei! Isso não é guerra! A verdadeira guerra é uma ferramenta para a manutenção da paz. Algo que envolve honra, diplomacia... A batalha armada é apenas o último recurso da verdadeira guerra. Ela deve ser justa e não inclui atirar bombas atômicas, mentir e humilhar como esses humanos estão fazendo. A guerra é uma arte e se você chamar essa barbárie de guerra vai me ofender!

Saori levanta-se num impulso, discordava de todas as palavras de Ares.

- Está querendo dizer que a guerra é boa? Nunca um processo que tenha que tirar vidas de inocentes pode ser bom...

Ares abaixa a cabeça e a balança, em sinal de discordância. Levanta seu rosto ilustrando uma expressão mais amena e passa a falar olhando fixamente nos olhos de Athena.

- Ninguém é inocente... A guerra é um mecanismo natural. Está atrelada ao mundo. Mas o que os homens estão fazendo é destruir seu próprio mundo, e isso, minha cara, não posso permitir. Eles não têm esse direito...

Seus olhos brilhavam, havia agora um desejo ardente em tomar o controle da situação. Athena percebera isso e agora temia o que o deus da guerra poderia vir a fazer. Agora sua voz tornou-se trêmula, em tom de súplica.

- Não faça nada precipitadamente. Passei o dia com meus assessores em reuniões com vários chefes de estado... Estamos procurando uma saída pacífica, vamos achar uma solução!

- Athena... Assisti todas suas reuniões. Podem até chegar à uma solução. Mas o planeta não tem esse tempo todo... É preciso uma solução imediata!

Seu cigarro se consome por completo e se apaga. Ele joga no carpete e pisa sobre a ponta. Depois se afasta até a janela do quarto. Puxa a cortina e por um vão observa a movimentação no Santuário.

- Ares... O que vai fazer?

- Calma Athena... Como eu te falei essa visita foi apenas uma conversa informal. Não posso afirmar sobre as próximas. Estou apenas te avisando: Estou de olho. Se os humanos fugirem do seu controle eu tomo à frente...

Ares se vira para Saori ainda uma última vez. De súbito seu corpo se incendeia. Ele estava partindo.

- Espere! Não se precipite! Estou fazendo a minha parte!

Enquanto seu corpo se consumia pelas chamas Ares balança a cabeça de forma pesarosa, ao ouvir as palavras da deusa.

- Não se desgaste tanto... Será que os humanos valem tanto esforço?

E então as chamas se extinguiram e o deus da guerra se foi com elas.

Restara no quarto apenas Athena, Saori Kido, uma garota amedrontada a essa altura. Não sabia para quem gritar ou pedir ajuda. Aliás, não havia ninguém por quem gritar, ela era a deusa, a solução estaria em suas mãos. Ela quem devia fazer alguma coisa.

E então vencendo o enjôo provocado pelo, ainda persistente, aroma de canela tomou enfim uma atitude, a única que lhe vinha à cabeça. Gritou, desesperada, com todo o ar de seus pulmões.

- Doooooohko!

...Continua...

Palavra do Autor:

"Esse prólogo não exprime muito bem sobre o que se trata a fic. As batalhas não serão o ponto forte dela, mas sim o romance. Vocês vão entender depois do primeiro capitulo... Deixem um review! Abraços..." Pingüim. Aquariano