Adaptação de um livro..

Eu gostei, espero que gostem.


Bella encontrava-se nos braços de Jacob, na pista de dança. Os seus olhos castanhos brilhavam, o seu cabelo comprido flutuava enquanto o seu corpo esbelto e gracioso se movia envolto num vestido vermelho.

Adorava dançar. Era uma das alegrias da sua vida. Naquela noite estava muito contente por dançar com Jacob Black, já que era um dos seus amigos mais antigos e há um ano e meio que não o via.

- Tive tantas saudades suas! - exclamou ela sorrindo.

- Se sentia tanto a minha falta, porque você fugiu de Hong-Kong? - Jacob sorriu. Era um jovem alto, moreno e de olhos castanhos.

- Não conseguia suportar a pressão - admitiu.

Bella nascera e fora criada em Hong-Kong. Adorava a colônia, mas o seu pai e o seu tio brigavam constantemente por ela, arrastando-a para o seu eterno feudo e tentando conquistá-la. Tinha posto fim a essa situação há dois anos, fugindo para Londres.

- Continua tudo na mesma - explicou Jacob - A briga entre Charlie e Harry Swan continua. São como dois cães á brigar pelo mesmo osso.

- Vai ser sempre assim - aceitou Bella. - Por fim me dei conta disso - terminou.

Levou vinte e dois anos, mas por fim compreendeu a verdade. O seu pai e o seu tio estavam em guerra, e ela nunca conseguiria detê-los.

- Talvez aquele novo fulano consiga detê-los - comentou Jacob arqueando as sobrancelhas.

- Quem? - Bella franziu o sobrolho.

- Edward Cullen

- Ah, sim...

Bella achou graça ao recordar quando tinha ouvido aquele nome pela primeira vez, foi numa carta de Harry. Ficou assombrada pela combinação daqueles dois nomes:

O romantismo misterioso de Edward e a contundência de Cullen. "Sim, um homem com aquele nome é duro e apaixonado, sensual e sinistro", pensou.

- Como é? - perguntou e bebeu um gole da sua bebida.

- As mulheres caiem rendidas aos seus pés - explicou Jacob - Tem muito poder e o dinheiro cresce nas palmeiras do seu jardim. Definitivamente, é um indivíduo detestável!

- É verdade que anda atrás da Swan? - perguntou Bella.

A empresa do seu pai, Investimentos Swan, era uma empresa internacional de investimentos que o seu avô fundara. Era a razão pela qual Charlie e Harry brigavam desde que nasceram.

- Parece que sim - encolheu os ombros. - Mas não se preocupe. Você deixou Hong-Kong há dois anos para se afastar daquela tragédia. Se Edward Cullen ficar com o controle... Tudo acabará finalmente.

- Ás vezes me sinto culpada por ter vindo de lá.

- Você fez o que devia fazer, boneca - Jacob deu-lhe um beijo na ponta do nariz. - Vamos, São três da manhã.

Saíram do local, na frescura da noite. Estavam em Julho e Londres transbordava de atividade. Jacob chamou um táxi e entraram nele. Bella deu a direção do seu apartamento em Clapham.

- Quanto tempo você vai ficar em Londres? - perguntou a Jacob.

- Mais uma semana - respondeu ele brincando com o cabelo avermelhado da jovem.

Se conheciam desde pequenos. Eram filhos de grandes gigantes financeiros em Hong-Kong. Tinham a mesma idade, vinte e quatro anos. Nasceram e foram criados em Hong-Kong e andaram juntos na escola. Não eram amantes nem namorados, apenas excelentes amigos.

O táxi deteve-se à frente do edifício. Nesse momento viram uma limusine preta, com motorista, estacionada mais à frente.

- Ora, você tem vizinhos ricos! - assobiou Jacob.

- Talvez seja o meu príncipe! Finalmente! - exclamou Bella a sorrir e saiu do táxi. - Suba para você falar com a Sue. Ela ficou muito emocionada quando eu lhe disse que estava em Londres!

Dirigiram-se ao apartamento de Bella. Sue era a mulher com quem vivia, e que a alertou a fugir do seu pai e do seu tio. Era bonita e inteligente; estava para fazer trinta anos. Tinha trabalhado como secretária de Harry, o tio de Bella, e conhecia muito bem a família. Também tinha se apaixonado perdidamente por ele, mas ele a rejeitou. No seu coração não havia lugar para o amor porque estava consumido pelo ódio contra o seu irmão Charlie.

- Você está aqui há dois anos - brincou Jacob enquanto Bella abria a porta. - Ainda não tem namorado?

- Não consegui te substituir, Jacob - respondeu brincando enquanto subiam a escada.

- Sou o seu amante insaciável! - exclamou ele a rir.

- O único - admitiu com risos e abriu a porta. - O único homem da minha vida. O surpreendente e delicioso Jacob Black!

- O fulano mais solicitado de Hong-Kong! - voltou a exclamar Jacob, e os dois irromperam na sala abraçados e a rir-se das suas histórias antigas.

De repente, reinou um silêncio incômodo. Sue estava perto da janela com o rosto pálido. Estava um homem a seu lado. Era alto e formidável. Usava um terno preto, de corte formal. Trazia uma corrente de ouro pendurada no seu colete.

Os seus olhos eram amarelos com um olhar penetrante. O seu rosto era anguloso, de tez bronzeada, e a sua boca tinha um traço tão firme e inflexível que Bella sentiu um tremor, umas cócegas intensas de atração. Não pôde evitar invejar Sue por ter um amante secreto tão espantoso.

- Perdão - exclamou Bella. - Não sabia que tinha companhia... - voltou-se para sair com Jacob.

- Bella, é Edward Cullen - apressou-se a sussurrar-lhe Jacob.

- Veio para falar com você - explicou Sue ao mesmo tempo.

Bella ficou congelada. Depois virou-se e olhou para o poderoso homem de rosto duro. Sentiu que o seu coração batia com violência.

- Edward Cullen? - repetiu apenas com um fio de voz.

Ele avançou e disse com uma voz profunda e sensual:

- Menina Swan, temo trazer-lhe más notícias. Posso falar com você em particular?

- O meu pai... - sentiu um aperto no coração.

- Sim. Teve um ataque cardíaco grave - explicou Edward. - Está no hospital. Deve ir para casa imediatamente.

Seguiu-se um momento de silêncio. Bella ficou tensa ao imaginar o seu pai a enfrentar a morte; e tinha tido muito medo da morte.

- Pobre Charlie! - exclamou Jacob. - Quando aconteceu isso?

- Esta noite - replicou Edward com uma expressão dura e olhar frio ao mesmo tempo que examinava Jacob. - Eu estava em Londres por assuntos de trabalho e o meu assessor telefonou-me para me dar a notícia. Vim ao seu apartamento de imediato - olhou para Bella - Menina Swan, preciso falar com você em particular.

Então havia mais coisas, pensou a jovem. Olhou para Edward e de súbito compreendeu que o seu tio Harry tinha alguma coisa a ver com aquilo. O seu coração acelerou-se e voltou-se para Jacob.

- É melhor ir embora, querido. Te vejo quando regressar a Hong-Kong. Parece que vou para lá primeiro que você. - ele inclinou a cabeça, beijou-a e acariciou-lhe a face.

- Toma cuidado, querida - virou-se para sair.

- Eu acompanho você, Jacob - ofereceu-se Sue. O seu comprido cabelo negro formava uma espécie de nuvem que sobressaia em cima do tom cremoso da sua pele.

A porta fechou-se atrás deles. Sozinha com Edward, Bella achou-o ainda mais excitante que antes. Sentiu umas lágrimas nos olhos e lutou para se controlar.

- O ataque cardíaco... Onde estava o meu pai quando isso aconteceu?

- Em casa, na cama - dirigiu-lhe um olhar enigmático. - Mas aí é que o assunto piora. Sente-se, menina Swan. O que tenho para lhe dizer talvez a altere mais do que a própria notícia do enfarte.

Bella empalideceu e deixou-se cair num cadeirão. Olhou fixamente para Edward.

- O meu tio tem alguma coisa a ver com isto.

- Parece que ontem à noite armou um verdadeiro escândalo em Hong-Kong - caminhou em frente com as mãos nos bolsos.

- Continue - a jovem engoliu em seco.

- O seu pai organizou uma festa para uns clientes japoneses ricos. Harry apareceu lá em casa sem ser convidado; estava bêbedo. Começou a insultar o seu pai.

Bella fez um gesto de contrariedade. Fechou os olhos, já não queria escutar o resto. Podia adivinhar o que tinha acontecido. Conhecia bem o ódio e a inveja que Harry sentia pelo seu pai, a ambição que o possuía, levando-o a beber e a jogar freneticamente.

- O seu pai tentou expulsá-lo - continuou ele. - Houve um medir de forças que deu lugar à briga. Disseram-me que foi bastante horrível.

- Algum deles ficou ferido? - apressou-se a perguntar Bella.

- Harry ficou com um olho roxo, mas seu pai com duas costelas partidas e o maxilar fraturado.

- Ai, meu Deus! - balbuciou quando se levantou e levou as mãos à boca.

- Harry está preso por agressão - continuou Edward com frieza. - Charlie esteve acordado quase toda a noite. Primeiro curaram-no no hospital, depois foi prestar declarações à polícia para que prendessem Harry. Regressou a casa ás seis da manhã de Hong-Kong e sofreu o ataque cardíaco.

Bella engoliu em seco e tremeu.

- Estava sozinho?

- Não - replicou e observou-a. - Por sorte, a sua governanta estava acordada e chamou uma ambulância de imediato. É uma jovem inteligente. Chamou também o meu assessor.

- Tenho que ir imediatamente! - murmurou Bella e dirigiu-se à porta. - Reservar um bilhete de avião, fazer a mala...

Edward bloqueou-lhe a passagem com o seu poderoso peito.

- Já me encarreguei do seu vôo. Vamos às sete em ponto, de Cathay a Hong-Kong.

Olhou para o seu rosto atraente e foi invadida por uma onda de alarme. Confundida, voltou-se.

- Vou fazer a mala.

- São três e meia da manhã... - repôs ele com voz profunda. - Sairemos ás quatro para apanhar o avião.

- Vou me apressar.

Bella entrou no quarto sentindo que as lágrimas lhe queimavam os olhos. Os lábios tremiam-lhe quando se dirigia ao guarda-roupa para tirar uma mala. Abriu-a e colocou lá dentro tudo o que pôde.

Tinha pensado que ao abandonar Hong-Kong não só se tinha retirado da guerra privada de Harry e Charlie, mas também os tinha deixado sozinhos pela primeira vez nas suas vidas.

Houve sempre alguém por perto para detê-los. Primeiro o seu avó, apesar dos seus dois filhos se odiarem, não se atreviam a atacar-se enquanto o seu poderoso pai ainda vivia. Seu Avô fundou a Investimentos Swan e legou-a ao seu filho mais velho, Charlie.

Harry, dez anos mais novo que o seu irmão, irou-se muito quando ficou sem nada. O Velho amava o seu filho mais novo, e por isso redigiu uma cláusula no testamento onde declarava que a Investimentos Swan permaneceria sempre em poder da família Swan.

Charlie teve que assinar um documento legal, no dia em que a herdou, que reafirmava esse efeito. Se não tivesse herdeiros, a empresa passaria automaticamente para Harry. O Velho redigiu essa cláusula para se assegurar que Harry não se encontrasse em poder de Charlie quando crescesse.

Mas, pelo contrário, aquele foi o começo de uma luta eterna pela Swan, uma vez que Harry sabia que um dia poderia chegar a cair nas mãos do seu irmão.

Vinte e cinco anos atrás, Charlie casou com Renée , uma bonita bailarina francesa. Nessa altura, Harry temeu que pudessem ter um herdeiro. Quando Bella nasceu, o seu tio tranqüilizou-se um pouco. Bella era mulher e não constituía um rival tão ameaçador como um homem. O filho seguinte de Charlie nasceu ée afogou-se num acidente na ilha Lantau e Charlie ficou destroçado. Ele não tinha se casado para arranjar herdeiros, mas por amor. Nunca o fez outra vez, nem tornou a olhar para outra mulher. A luta entre os dois homens começou então.

Bella cresceu como única herdeira de uma vasta fortuna e situou-se no campo de batalha entre os dois, porque os amava e acreditava que podia reconciliá-los.

Foram precisos anos de inferno para se aperceber que aquela guerra nunca terminaria e que as tentativas de paz eram inúteis. Sue ajudou-a a ter consciência disso. A sensível, inteligente e conhecedora Sue consolava Bella noite após noite enquanto chorava e se perguntava como podia conseguir a reconciliação do seu tio e do seu pai.

- Tem que salvar a si mesma - tinha-lhe aconselhado Sue – Você tem de deixar de participar naquela guerra estúpida.

Finalmente aquelas palavras abriram-lhe os olhos. Quando Sue deixou Hong-Kong, depois da rejeição de Harry, Bella partiu com ela.

Bella vivia naquele apartamento há dois anos. Trabalhava como secretária e tentava refazer-se da sua vida como vítima da guerra entre Charlie e Harry.

Nesse momento tocaram à porta.

- Você está bem? - perguntou Sue ao entrar. Nos seus olhos castanhos havia uma expressão de preocupação.

- Ainda estou em choque, mas já me recupero – Bella encolheu os ombros.

- Eu ia com você, mas acho que não seria de grande ajuda – admitiu Sue. – Essa guerra vai continuar. Harry está desperdiçando a sua vida num ódio infantil.

Bella estudou o seu rosto, pálido e de traços finos.

- Você sabia que isto ia acontecer, não era? – inquiriu Bella. – Lembro-me que você tinha previsto tudo isto muito antes de virmos embora.

- Sabia que a última briga deles terminaria numa tragédia – assentiu Sue – Não queria que estivesse no meio quando acontecesse. Agora Charlie deverá fazer a sua jogada e encontrar uma forma de sair da cláusula do testamento de seu avô.

- Sue, acha que a solução seria Edward? - perguntou Bella lembrando-se de repente da conversa com Jacob.

- O homem que está na sala? - Sue sorriu. - Sim, parece um verdadeiro líder, hein?

- Demais – Bella franziu o sobrolho. – É óbvio que Harry não concorda. Senão, não tinha escrito tantas cartas contra ele.

- Mas ele não é da família - sugeriu Sue. - Charlie deve deixar tudo a você, Bella.

- Eu não sou presidente - fez uma careta. - Sou uma secretária que trabalha para pagar a renda do seu apartamento. Uma ex-bailarina preguiçosa que não tem outras ambições que levar uma vida feliz e ser livre. Talvez o meu pai me deixe tudo, mas eu não saberia o que fazer com tudo aquilo, exceto dá-lo a Harry.

- E ele acabaria com tudo - terminou Sue com um suspiro. - É incapaz de se encarregar da empresa.

- Então o problema não tem solução - declarou Bella.

Reinou um pequeno silêncio e depois Sue olhou-a pensativa.

- Estou muito impressionada com Edward - comentou logo a seguir. - O que pensa dele?

Bella fez uma careta ao recordar os seus olhos, a sua boca inflexível, o seu terno negro e o seu ar formidável de poder.

- Não me agrada! - exclamou repentinamente. - Tem aquela expressão de ambição brutal que tanto desprezo!

- É muito sensual - comentou Sue com um sorriso.- Quase desmaiei quando abri a porta e o vi ali.

- Então galanteou com você? – brincou Bella sentindo uma inveja e uma irritação repentinas que não compreendeu.

- Nossa! – riu Sue – Contudo, está aqui há algumas horas. Foi uma companhia bastante excitante!

- Bem, tenho que viajar de avião com ele! - dirigiu-se com a mala à porta e abriu-a. - Se o senhor Cullen fosse tão sensual como você diz, não haveria problema, mas eu não o considero nem remotamente atraente.

Voltou-se e chocou precisamente com o duro peito de Edward.

Levantou o olhar com um suspiro. Ele observava-a com os olhos semicerrados e os lábios apertados. Tinha escutado o que ela dissera e segundo parecia, não tinha gostado.

- Pronta, menina Swan?

- Sim – Bella corou. - Sim, claro - envergonhada, entregou-lhe a mala. Ele pegou nela com facilidade com uma mão.

- Boa sorte - exclamou Sue e deu um beijo em Bella. - Dá um abraço ao seu pai. E... A Harry também.

- Claro – sorriu Bella. – Agora precisa de todo o apoio.

- Adeus, senhor Cullen – Sue estendeu-lhe a mão. – Foi um prazer conhecê-lo, e nunca me esquecerei o que me disse sobre o amor.

Bella ficou tensa e teve uma reação tardia.

- Como era? - continuou Sue. - Disse que tinha lido em algum lugar. O amor...

- É uma expressão erótica da alma através do corpo - disse Edward com um sorriso de lado. Inclinou a cabeça e beijou a mão de Sue. - Adeus, Sue. Obrigada por uma companhia tão interessante!

Ao escutar aquele diálogo, Bella incomodou-se. Sentia-se irritada e insignificante, e não conseguiu deixar de invejar a beleza da sua amiga.

Desceram em silêncio. Edward saiu para a noite fria. O Rolls-Royce era seu. Bateu no vidro para acordar o motorista que tinha adormecido.

Quando iam a caminho do aeroporto, Bella perguntou.

- Porque falava de amor com a minha companheira de apartamento?

- Era uma simples conversa para nos distrairmos - explicou ele observando-a na escuridão.

- Esteve com ela umas cinco horas, não foi? Como chegaram ao tema do amor?

- Não sei.

Bella sentiu-se humilhada e furiosa. Odiava Edward. Era óbvio que considerava Sue atraente. Teriam feito alguma proposta? Teriam se beijado? Aquelas perguntas assaltavam a sua mente.

- O jovem com quem chegou chama-se Jacob Black, não é?

- Sim - respondeu espantada pelo seu tom de voz frio.

- Conhece-o há muito tempo? - perguntou com um tom inexpressivo. Bella supôs que estaria apenas a ser amável.

- Somos amigos praticamente desde a infância. - replicou.

Os seus olhos amarelos apreciaram a sua figura esbelta.

- Deve ser difícil manter uma relação amorosa à distância. Vem vê-la com freqüência?

- Mantemo-nos em contato.

Seguiu-se um tenso silêncio. Bella estava consciente da sua presença no luxuoso interior da limusine. A dura coxa dele roçou a dela quando se moveu de repente para pegar no telefone.

Bella sobressaltou-se como se a tivesse queimado. Olhou Edward com aversão.

- Vai telefonar para o aeroporto? Pensei que já tivesse os bilhetes!

- Vou telefonar para uma amiga em Londres que está comigo - informou-a friamente. - Ela telefonará para Hong-Kong para avisar que estamos a caminho.

Bella assentiu e recordou o que Jacob tinha-lhe dito:

"As mulheres caiem rendidas aos seus pés, tem muito poder e o dinheiro cresce nas palmeiras do seu jardim..."

- Tanya? - disse com voz baixa e sensual. - Sim está comigo agora. Vamos a caminho de Heathrow sim? Obrigado. Sim... Quando regressar – riu suavemente. – É precisamente isso o que preciso!

Bella escutou a conversa em silêncio. Estava incomodada e a sua aversão por Edward crescia. Perguntou-se quem seria e como seria Tanya. Era óbvio que eram amantes.

Quando ele desligou, Bella perguntou-lhe:

- Essa mulher vai telefonar a quem? Ao meu pai ou ao meu tio?

- Ao seu pai - explicou ele com os olhos semicerrados.

- Isso quer dizer que ele está bem para atender um telefonema, não é? Você disse que...

- O seu pai quer vê-la - replicou. - No hospital pediram-me que os informasse quando chegasse. Pensam que a sua recuperação pode acelerar-se. Tem sentido muito a sua falta.

A culpa a encontrou e levou as mãos às têmporas.

- Ele nunca me disse... Nunca deu uma indicação de...

- Sabia que você queria ser independente - interveio ele. - Mas este ataque alterou-o demais para pedir-lhe que fosse até lá. Era de se esperar, claro.

- Fala como se ele pudesse... - alarmada calou-se.

- Morrer? - os olhos amarelos dele examinaram-na sem compaixão. - Todos morremos, tarde ou cedo, menina Swan. O problema é que Charlie pode morrer prematuramente pressionado por uma carga que não conseguiu suportar.

Bella sustentou olhar; depois assentiu e olhou para o outro lado. "Se o meu irmão não tivesse morrido. Se a minha mãe não tivesse falecido... Se eu fosse capaz de me encarregar da empresa Swan... mas não conseguia. Não conseguiria enfrentar a ambição cruel de todos a apunhalar-me pelas costas e ocupar o meu lugar..."

- Há uma solução para a pressão que o seu pai suporta, claro - comentou ele. - Mas levará algum tempo a pô-la a funcionar, e isso é o que mais falta ao seu pai.

- Que solução? - olhou-o. - Diga-me!

- O seu pai falará nisso no momento apropriado - esclareceu ele.

Desviou o olhar e ignorou-a. Era bom naquilo, pensou Bella. A sua aversão intensificava-se. Harry tinha razão em temê-lo. Todas aquelas cartas do seu tio que não paravam de falar em Edward, de como tinha obtido um cargo executivo em muito pouco tempo... Segundo seu tio falava, ameaçava tirar-lhe a empresa nas suas barbas.

Bella tentou recordar o que Harry tinha dito dele: Edward era cruel, vivia só para a sua ambição. Ela não tinha ligado. Pensou que as cartas fossem produto da ira, da sua tendência para pensar mal de todos os amigos de Charlie.

Contudo, não tinha se enganado a respeito de Edward.

Chegaram ao aeroporto e apressaram-se a dirigir-se para o avião que os levaria a Hong-Kong. Aeromoças orientais muito bonitas conduziram-nos aos seus lugares de primeira classe, e ofereceram-lhes um copo de champanhe que os dois recusaram.

- O que vai acontecer ao Harry? - perguntou Bella quando o avião descolava. - Disse que o acusaram de agressão.

- Essa é outra coisa que deverá falar com o seu pai.

- Mas se a acusação de agressão continua, ele...

- Podia acabar na prisão. Certo - repôs Edward. - Suponho que o seu pai retirará a acusação, mas apenas quando estiver bem o suficiente para controlar o seu irmão...

- Pobre Harry...! - exclamou Bella com um suspiro. Se houvesse alguma maneira de ajudá-lo a esquecer a ira que o amargurava

- Deveria dormir - sugeriu ele. - Esteve acordada toda a noite. Se preocupar com o seu amado tio não servirá de nada!

- Amo o meu pai e o meu tio... Por igual - ressalvou ela com tensão.

- Omiti alguma coisa? - perguntou ele arqueando as sobrancelhas irônico.

- Acho que sim! - replicou ela.

- Menina Swan - sorriu com dureza. – Posso garantir-lhe que são deduções suas.

- Não me parece.

Reinou um breve silêncio.

- Estou vendo - afirmou ele. - Bom, não vamos discutir por causa disso. Não é o momento nem o lugar

- Imagino que seja - interrompeu-o - o seu corpo estava tenso de ira.

- Menina Swan - disse ele com os olhos semicerrados. - Está cansada. Recebeu uma notícia que lhe causou uma emoção muito forte e...

- E estou histérica?

- Eu não disse isso - murmurou ele, mas já não sorria nem tentava acalmá-la.

- Mas pensou - disse ela. - E gostava de saber que mais coisas pensa, senhor Cullen!