(Deidara)
"Eu sonhei com o meu passado."
A Vila da Pedra já era muito antiga. Mas seus ninjas era muito fortes. Em frente à vila, havia uma grande floresta que a ocultava completamente. Um jovem ninja gostava de fugir dos limites da vila para ir treinar entre as árvores, solitariamente, até algum dos seus amigos achá-lo. Treinava durante horas e horas, esse jovem de longos cabelos loiros.
-Deidara-sama!!!
O jovem chamava-se Deidara. Era um dos jounins mais jovens da vila da pedra, ou seja, era um gênio. Sua expressão era extremamente fria e falava como tal, mesmo tendo apenas 10 anos de idade:
-O que é?
O homem que havia saído apenas para procurar o companheiro gelou com a resposta. Ele era assustador, muito assustador. Respirou fundo e aproximou-se.
-De... Deidara-sama... es...está na hora...de...de...retor...nar... não pode sair dos li...limites da vi...vila, senhor...
Deidara voltou a olhar para as árvores destruídas à sua frente, continuando a treinar. O homem, obviamente ignorado, tentou falar novamente, mas recebeu um golpe no rosto:
-Cale a boca e me deixa em paz.
Assustado, o companheiro saiu correndo, deixando o jovem sozinho, como no começo. Ficou ali por muito mais tempo, destruindo árvores. Ao cair da noite, começou a sentir um cheiro diferente. No começo, ignorou-o, mas a medida que treinava mais e mais não conseguia mais fazê-lo, pois era um cheiro bom. Parou o treino e deitou na grama, apoiando a cabeça nas mãos. Percebeu uma aproximação e abriu os olhos. A pessoa estava olhando para ele, mas ele não conseguiu ver quem era, pois a luz da lua estava coberta por uma nuvem e atrapalhava a visão. Levantou-se e ficou frente à frente com este. Ainda não conseguia ver quem era:
-Para onde está olhando?
Deidara percebeu que, pela voz, tratava-se de uma garotinha. Poderia ter a idade dele ou mais nova. Levemente irritado com a pergunta sem sentido, respondeu:
-Para você, que chamou a minha atenção desse jeito.
A silhueta inclinou um pouco a cabeça:
-Então quer dizer que está olhando para mim?
-Isso é óbvio.
Voltou com a cabeça na posição vertical e diz:
-Está apaixonado por mim?
Deidara não estava entendendo o que queria dizer com aquilo, mas respondeu:
-Não.
-Então por que está olhando para mim?
-Você está me irritando.
A garota virou-se de costas, foi o que Deidara deduziu, e olhou para trás:
-É mesmo? Então, me desculpe.
A nuvem que escondia a lua se moveu, deixando esta iluminar a noite. Deidara conseguiu ver um pouco o rosto da garota, antes dela sumir por entre as árvores e nunca mais aparecer.
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Os anos se passaram. Deidara agora era o líder do esquadrão da ANBU da Pedra. Mas de vez enquando escapulia dos seus deveres e ficava o dia inteiro naquele mesmo lugar de quando era criança. Mas não treinando. Parecia que ele estava esperando. Esperando aquela garota voltar a falar com ele. Entediado, andou mais um pouco além do que costumava ir.
"Eu já estava bem longe da vila, quando avistei uma casa de chá. Era bem velha e parecia estar abandonada. Fiquei olhando para ela por algum tempo, até alguém passar pelo corredor da casa. A pessoa parou e olhou para mim. Era uma moça magra, franzina e com um ar cansado. Era ruiva e sua franja caía até a metade do nariz, ocultando levemente seus olhos fortemente roxos o brilhantes. Poderia parecer feia aos olhos dos outros, mas para mim, ela era a mais bela obra de arte que o mundo já criou."
Os dois ficaram se encarando por um bom tempo. Deidara tentava se lembrar se já havia encarado aqueles olhos antes. A garota se virou para ele e fez uma reverência:
-Bem vindo...
Virou-se e abriu a porta. Pelo visto, não estava abandonada. Estava até bastante movimentada. Deidara entrou na casa logo atrás da moça. As pessoas que estavam lá o ignoraram como se fosse apenas mais um cliente, mesmo sendo um shinobi. Passou o olho em todas as partes da casa. Havia mais duas garçonetes, com um ar mais alegre que a moça que o recebeu. Voltou seus olhos para ela, e perguntou:
-Qual é o seu nome?
A moça parou e olhou para ele com a mesma expressão. E respondeu:
-Yume.
Apontou para uma mesa, onde ele se sentou. Como estava sem nada para fazer, pediu um chá com dangos. Yume assentiu com a cabeça e foi para a cozinha. Nesse meio tempo, uma das duas empregadas se aproximou e disse:
-Muitíssimo boa tarde, senhor. A Yume-chan já te atendeu, certo?
-Aham.
-Queria pedir desculpas pelo jeito dela, senhor. Ela não é muito comunicativa, sabe...
-Por quê?
-Parece que ela fugiu da vila com o irmão dela depois dos pais morrerem, e o irmão a deixou aqui, dizendo que ficaria segura e que um dia viria buscá-la. Ela não sairá daqui até o irmão vir mesmo!
-Hmm...
Deidara pouco se importava com a história dos outros. Sempre foi egoísta e só pensava em si mesmo. Mas, de alguma forma, mesmo que tentasse esconder, se atraiu pela história da garota. Lógico que não ia perguntar nada para ela, nem ia se meter, mas se interessou, pois já tinha ouvido uma história parecida...
Yume se aproximou e deixou o pedido na mesa, não mencionando absolutamente nada. Deidara pagou pela refeição e foi embora. Já estava fora da casa de chá quando ouviu um chamado:
-Ei.
Virou para trás e viu que Yume estava chamando-o. Perguntou:
-O que é?
Yume deu um sorriso de canto de boca e pergutou:
-Para onde você está olhando?
De repende, Deidara se lembrou onde havia visto aqueles olhos. Quando ele era moleque e havia encontrado a garotinha, a luz da lua iluminou seus olhos roxos. Deidara sorriu sarcasticamente e respondeu:
-Tô olhando pra você. Que me chamou a atenção.
Novamente se encararam por um longo tempo, até Deidara quebrar o silêncio, voltando a andar:
-Ja ne. Eu vou vir de novo.
Yume novamente fez uma reverência e sussurrou:
-Você ainda está olhando para mim?
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"Não resisti. No outro dia, fui direto para a casa de chá, desejando apreciar ainda mais aquela obra de arte e sua história. Tinha a impressão de que já tinha ouvido falar nela e no seu irmão, mas não me recordava de nada."
Yume estava sentada no chão do corredor da casa de chá. Não havia nenhum cliente naquela hora da manhã. Deidara se aproximou e sentou ao lado dela:
-Yo.
Yume não respondeu. Estava olhando para o nada, como se fosse uma estátua. A estátua mais linda que Deidara já vira.
-Ei...
Yume não respondeu. Nesse momento, a empregada que havia conversado com ele no dia anterior se aproximou e puxou-o pelo braço. Deidara se levantou e seguiu a garota que, quando ficaram a sós, ela sussurrou:
-Acho melhor o senhor não atrapalhar. Todo dia de manhã ela fica assim, como se estivesse a procura de algo.
"Para onde você está olhando?"
Deidara ignorou o comentário da empregada, e pôs-se a ficar em frente à Yume. Perguntou:
-Ei, pra onde cê tá olhando?
Yume pisca seus olhos cobertos pela franja e estica os braços, tocando suas mãos magrelas no rosto do jovem, quem não teve reação alguma. Yume falou:
-Seus olhos...não possuem objetivo...é uma pena. São olhos tão bonitos...
Agora fizeram o que mais gostavam: se encarar por longos minutos.
"Aquela garota estava me enfeitiçando. Encará-la era algo que eu poderia fazer para sempre. Eu a amava, mas também não a amava."
Deidara retirou sua faixa da Pedra e encostou sua testa na dela. Roçaram seus lábios e Deidara falou:
-Mas os seus mal tem vida...mesmo sendo olhos tão brilhantes.
Yume esboçou um sorriso triste:
-Eu não preciso disso...
-E precisa do quê?
-...Do meu irmão...
-Quem é o seu irmão?
A moça aproxima-se do ouvido esquerdo de Deidara e cochicha algo. Ele faz uma cara surpresa, mais recupera sua feição anterior.
-Entendo...
Depois disso, ambos ficaram lado a lado, sem proferir uma palavra sequer. Até Deidara de cansar e voltar para a vila.
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O Tsuchikage estava impaciente. Parecia estar esperando alguma notícia. De repente, aparece um ninja mascarado em seu escritório:
-Como foi?
O ninja fez uma leve reverência:
-Ele acabou de voltar para a vila, senhor. Ainda não sabemos aonde ele vai todos os dias.
O Tsuchikage fez uma cara de desprezo:
-E nem quero saber! Desde que ele trabalhe! Aquele inútil! ...
Um longo silêncio se apoderou da sala. Tsuchikage esboçou um largo sorriso maléfico:
-Vamos selecionar um novo líder da ANBU. Apague-o.
O ninja surpreendeu-se:
-Ma...mas...Tsuchikage-sama...Deidara-sama é...
-NÃO IMPORTA! MATE-O!
-Si...sim...
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Na noite do dia seguinte, antes de ir para a casa de chá, Deidara parou na mesma área onde treinava quando criança. Refletiu um pouco naquele local.
"Eu não podia acreditar que o irmão dela seja aquela pessoa. Não podia acreditar que era o..."
Após um longo tempo refletindo, caminhou até a casa de chá. Onde encontrou Yume sentada na escadinha, esperando por ele:
-Boa noite...
-'noite.
O shinobi sentou-se ao lado dela e ficaram observando a lua por um longo tempo. O ar estava pesado, até Deidara quebrar o silêncio:
-Ei.
-Sim?
-Esse seu irmão...você sabe que ele...
Sua fala foi interrompida por uma kunai que foi lançada da floresta. Deidara se alarmou. Saíram milhares de ninjas da Pedra dentre as árvores:
-O que significa isso?
Um dos ninjas, que parecia ser o líder, se prontificou:
-Deidara-sama, temos ordens diretas do Tsuchikage-sama. Devemos executá-lo essa noite por negligência.
Deidara soltou um risinho debochado:
-Hmpf! Aquele velho é mesmo um idiota... só por isso?
Yume mantinha-se sentada, com a mesma expressão. O ninja que havia falado olhou para ela. Esta retribuiu o olhar, friamente. Ele disse:
-Essa garota não é a...
Deidara se coloca em frente de Yume.
-Alguma coisa contra ela? Vocês vieram matar a mim, façam logo o que vieram fazer.
Não precisou nem ele terminar a frase que milhares de kunais foram jogadas contra ele. Claroque ele não pretendia morrer ali, mas após alguns minutos sentiu um corpo na sua frente e nenhuma dor. Ao perceber, Yume estava com todas as kunais em suas costas.
-Yu...
Deidara segurou-a antes que caísse no chão. Um tempo depois, ela olhou para ele com uma expressão triste.
-SUA IDIOTA! VOCÊ ACHA QUE EU IA DEIXAR ELES ME MATAREM ASSIM??
Yume ignorou a grosseria e, tremendo, levou uma das mãos ao rosto dele:
-Ah...por que eu só fui perceber agora? Que os seus olhos...estavam olhando para mim...assim como os meus olhavam para você?
-!!!
-Desculpe-me, Deidara-sama... se...tivéssemos...nos amado de verdade...será que teria sido diferente...se tivesse sido um amor verdadeiro...?
-Yume...
Yume redirecionou o olhar para a lua:
-Os anos se passaram...e você não veio me buscar...não é? Sasori-danna...
Deidara sentiu o corpo dela ficar frio como gelo. Yume foi fechando seus olhos lentamente e foi perdendo os poucos movimentos que fazia. Parou de respirar. Estava morta.
"As gotas de chuva iam caindo mais e mais forte. Eu segurava aquela garota nos braços, atônito. Ela havia morrido. Murchado como uma flor."
Todos os ninjas presentes observaram a cena, calados. Até o líder falar:
-Então, minha dedução estava certa. Akasuna no Yume. Irmã do traidor da areia: Akasuna no Sasori.
Deidara continuava olhando para o corpo de Yume. E o líder do esquadrão continuou:
-Foi até bom ela ter morrido. Reportaremos isso à vila da Areia.
Dessa vez, o jovem shinobi ouviu. Colocou o corpo da garota no chão, e cortou o dedo. Fez um jutsu nas próprias mãos:
-Kuchiyose no jutsu...HN!
Duas bocas apareceram na palma das mãos de Deidara. Colocou a mão no bolso e deixou as mãos comerem um pouco de argila que havia. Elas formaram pequenas aranhas, onde ele lançou todas no rosto dos ninjas. Alguns segundos depois, as aranhas explodem, matando todos os ninjas presentes. Uma kunai, jogada por um deles antes do choque, bateu na faixa da vila da pedra de Deidara, arranhando-a.
"Ah, que raiva eu sentia por aquela vila."
Após matar todos os ninjas, Deidara retornou sua atenção para o corpo de Yume. Carregou-o no colo e levou até onde ele costumava treinar. Encostou-a em uma pedra e explodiu uma parte do chão, formando um buraco. Cuidadosamente, enterrou Yume ali.
Ficou um tempo perto do túmulo que havia feito. Até dizer:
-Durma bem, Yume. Eu irei encontrar seu irmão e ele virá aqui te visitar, tá?
Levantou-se e amarrou sua faixa arranhada na cabeça:
-Sasori-danna...hn.
CONTINUA...
Como as vidas de Deidara e Sasori se encontrariam? Próximo capítulo: A história de Sasori.
