O poney e sua menina

O poney e sua menina

Para Marcelo C., na qual meu

carinho vai muito além desse punhado de palavras.

Sempre fui livre nesse mundo e nunca ninguém me domesticou. Nem tentariam. Eu sempre seria livre, que fosse no mundinho deles, quer fosse no meu.

Uma coisa que sempre gostei foi sentir o vento batendo na minha crina. De novo entramos na questão da liberdade. Afinal, não há gostinho melhor que esse.

Mês tem uma coisa na qual eu sinto falta. Eu gostaria muito de ter, mas parece-me sina do destino.

Eu queria alguém para amar.

Mas não o amar de namoro. Eu queria ter alguém para dar todo esse carinho que tenho. Alguém na qual eu pudesse cuidar. Algo como um filho. Um pequeno potrinho na qual eu pudesse ensinar tudo o que sei e que carregasse com ele toda essa liberdade...

Entretanto, não há ninguém assim. Por mais que eu procure, não encontro. Por isso, sigo meu caminho, a minha jornada, a minha busca por alguém...

Até que um dia, enquanto eu buscava grama verde e jovem, encontrei algo além da minha comida.

Postei-me atrás de uma árvore e fiquei a observar.

Ela estava toda encolhida, encostada em uma árvore. Eu não conseguia ver seu rosto, só os seus longos cabelos negros. Ela fazia um som estranho, como se estivesse...

Chorando?

Fui me aproximando dela, devagar para não assustá-la. Mas a pequena menininha percebeu o barulho de meus cascos.

Levantando-se devagar e olhando tristemente para mim, ela pôs-se a andar lentamente.

Mas eu fui mais rápido. Entrei na frente dela. A menina ficou me olhando, como se tentasse entender meus movimentos.

Deitei-me diante dela, sem desviar o olhar, para ver se ela compreendia o que eu queria dizer.

E ela entendeu.

Lentamente, e sempre olhando em meus olhos, ela colocou-se sentada em minha frente. E mais lentamente ainda, deitou-se na minha barriga.

Aquilo, para mim, foi uma grande descoberta.

Enquanto ela chorava baixinho, eu passava a ponta de meu rosto em seu cabelo. Não conseguia me expressar em palavras, mas meus gestos já eram o suficiente...

Depois desse dia, eu e minha menina nos tornamos um só.

Eu a protejo, forneça calor e carinho. Quando temos que percorrer longas distâncias, deixo-a montar em mim e cavalgar suavemente por essas terras calmas. É mais do que eu queria, mais do que eu precisava...

Enfim, uma história duradoura entre um pônei e sua menina.

Por Olívia Mattiazzo.