A Surrugate Mother
– Não posso dizer nada a favor do moleque, ele não come nenhum dos meus cereais – minha mãe disse esparramada em seu trono.
Bufei e revirei os olhos.
– Tchau, mamãe – disse enquanto passava a mão pela mensagem de Íris, antes mesmo dela dizer alguma coisa.
Para que serve uma mãe que só pensa em cereais quando você precisa de ajuda? Pensei comigo mesma. Andei pelo pátio do palácio e fui para o jardim que eu praticamente obriguei Hades a me deixar construir.
Pensamentos andavam rondando minha cabeça ultimamente. E no fundo eles tinham razão. Não era realmente culpa do garoto existir. E também não era culpa dele que seu pai era meu marido e que sua mãe era outra mulher. Nico di Angelo não era má pessoa. Na verdade, ele até era adorável com aquele jeitinho triste dele.
Caminhei decidida pelo jardim, as flores ganhando um ar saudável enquanto eu passava por elas. Flores existiam para trazer alegria. Elas só deviam ser bonitas, delicadas e perfumadas. Era assim que eu deveria ser, mas não estava sendo. Eu tratava mal o garoto e isso estava fazendo mal até para mim.
Finalmente cheguei ao meu destino. Nico e um esqueleto estavam na arena improvisada treinando.
– Nico? – chamei.
Ele virou-se e ergueu uma sobrancelha ao ver que era eu.
– Sim?
– Bem – comecei desconfortável – acho que não fui justa com você. Peço desculpas pelo meu comportamento. – Acho que meu orgulho nunca mais seria o mesmo. Eu sou uma deusa, para mim não é fácil pedir desculpas. – Então, parece que você vai passar um tempo aqui e se, um dia, você quiser me chamar de mãe, acho que não vou ligar.
Ele me olhou demoradamente.
– Tudo bem.
– Tudo bem – eu disse.
– Tudo bem – ele respondeu.
– Tudo bem.
– Tudo bem – ele estava achando graça.
– Argh, você é igual ao seu pai, e irrita.
Ele deu de ombros. Virei-me e comecei a andar.
– Não ouse se atrasar para o jantar, garoto – disse por cima do ombro.
– Tudo bem, mamãe. – Seu tom era irônico, mas pelo menos eu já tinha conseguido o que queria.
