Nome da fic: Entre o Amor e a Paixão
Autor: Roxane Norris
Beta-reader: Shey Snape
Pares: Severus Snape / O.C
Censura: M
Gênero: Drama
Spoilers: Os sete livros.
Desafio: Salvar Severus Snape da morte certa.
Resumo: O amor pode ser único, mas uma paixão pode ultrapassar qualquer limites... Até mesmo aqueles que se julga intransponíveis. Ela amava um bom homem, ele uma linda mulher, mas quis Merlin que seus destinos jamais cruzassem os deles. Então, a guerra os uniu com o firme propósito de sobrepujar a morte...
Agradecimentos e dedicatória: ás minhas amigas de madrugas, principalmente á minha filha Shey ( Eu te amo muito!) que estão sempre me aturando em todos os momentos. O Meu eterno jardinzinho, que eu amo muito!
Disclaimer: Harry Potter e seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros, ou seja, quase o mundo todo, menos eu.
Notas: Esta fic faz parte do desafio das Snapetes.
Entre o amor e a Paixão
Capítulo I
- Abaixe-se – ordenou uma voz.
Anne se jogou no chão em tempo de sentir o ar estremecer por sobre seus cabelos ruivos e ver um raio verde atingir a parede atrás de si. Cerrou os dentes e arrastou-se por entre os destroços de mesas e cadeiras do bar até uma pilastra próxima. Levantou-se com cuidado, começava a impor controle sobre sua respiração, enquanto apertava firmemente a varinha entre os dedos. Onde será que ele estava? – pensou. Reconhecia aquela voz, mas não esperava vê-lo ali, na realidade, este era um fato que a surpreenderia muito.
Colocou o rosto um pouco para fora da proteção da pilastra e constatou que o número de Comensais no recinto era, mais uma vez, superior aos de aurores. Isso estava fugindo do controle do Ministério, não era de se admirar que todos estivessem apavorados diante dessa situação. Ela fechou os olhos, encostando a vasta cabeleira de encontro à pilastra, e balançando a cabeça, bufou.
Como Dumbledore podia achar que conseguiria detê-lo? – murmurou, ficando em seguida em silêncio. Os gritos e maldições se tornaram mais distantes, Anne abriu os olhos. Um sorriso aflorou em seus lábios e ela deixou-se escorregar sorrateiramente por entre os corpos caídos até a saída.
A rua estava deserta, constatou ao fazer uma breve busca por sobre os ombros. Levantou a gola do sobretudo e começou a caminhar em direção oposta a do bar. Já estava a uma boa distância do evento daquela noite, quando percebeu um leve barulho de passos atrás de si. Não que se abalasse com isso, ou se surpreendesse, mas quem quer que fosse iria encontrar mais do que viera procurar. Dobrou a esquina, saindo momentaneamente das vistas de seu perseguidor e se escondeu na penumbra entre os prédios. Seus olhos escuros vislumbraram a figura de preto hesitar na entrada do beco e um leve sorriso de escárnio crispou seus lábios. A varinha foi guardada, e um cigarro foi puxado de dentro do bolso, enquanto ele ainda hesitava. Ela o levou aos lábios acendendo-o languidamente, e pode ver o brilho dos olhos pretos que encaravam os seus.
- Boa Noite, Snape – disse calmamente, enquanto soltava uma baforada. – Está agradável para dar uma volta, não?
- Boa noite, Anne – respondeu, e com olhar fixo nela, perguntou: - O que faz aqui?
- Não, meu querido, essa pergunta é minha – rebateu enquanto se dirigia até ele. – Sabe no que está se metendo?
- Não lhe devo satisfações de meus atos – a voz dele parecia uma seda.
- Imaginei que fosse dizer isso – sorriu jogando o cigarro fora e pisando nele com o bico do sapato –, mas deixe-me esclarecer uma coisa, uma vez dentro não há volta.
Snape não disse nada, analisava a figura da mulher a sua frente. Anne não mudara muito desde a última vez que a vira. Os cabelos ruivos, os olhos castanhos escuros e os lábios provocantes, tudo estava ali, coroado pelo ar de mulher decidida que adquirira ao sair de Hogwarts. Não que ela fosse de seu grupo escolar, mas algumas vezes haviam feito trabalhos juntos na biblioteca, outras, ela o salvara de alguma interferência do grupinho de Sirius, isso os tornara conhecidos. Ele não sabia exatamente porque, mas gostava da Corvinal. Anne não era o tipo de pessoa que se intrometia nos assuntos alheios gostava das coisas certinhas e vivia esnobando o Black. Surpreendera-se ao vê-la ali, em meio aos Comensais, não combinava com a menina que ele conhecera. Talvez não devesse perguntar, talvez devesse... – pensava – Afinal iria fazer parte do grupo em pouco tempo. Resolveu perguntar:
- O que sabe sobre isso? – encarou-a em pretos cintilantes.
- Aqui não é o lugar apropriado para esse tipo de conversa, Severus – respondeu com um sorriso, e passou a língua pelos lábios, estalando-os – Venha – exigiu, deixando o beco.
Ele a seguiu com os olhos durante algum tempo, e com um leve sorriso nos lábios e tomou a mesma direção que ela.
Anne encheu dois copos com whisky e ofereceu um a Snape. Ele aceitou com leve meneio de cabeça, levando-o em seguida aos lábios. A atmosfera do apartamento dela era bem acolhedora, não havia móveis em exagero, nem de mau gosto. O cômodo que servia de sala era aconchegante e a lareira que crepitava em frente ao sofá aquecia completamente o ambiente. Ela retirara o casaco, ficando somente com o vestido justo que usava por baixo, e sentara-se ao seu lado.
- Agora podemos falar – sorriu.
- Você é um de nós? – perguntou frio.
- Nem sim, nem não – respondeu com cuidado. – Eu sou apenas uma peça no tabuleiro – olhou-o atentamente -, às vezes oculta, às vezes visível... Depende do que ele quer.
- Então, você também trabalha para o Lorde – disse crispando os lábios, satisfeito.
- Não vejo no que isso possa agradá-lo – foi enfática, enquanto o encarava em castanhos cintilantes – Escute, não se envolva, se quer um conselho, não se junte a ele.
- Por que me diz isso? – perguntou arqueando a sobrancelha.
- Porque gosto de você – sorriu e pôs-se de pé, andando pela sala. – Não ganhará nada do que imagina se tornando um seguidor do Lorde das Trevas. Diga-me o que você fazia nessa missão?
- Estava sendo testado – respondeu curto.
- Você não devia estar lá – sua voz era fria-, mesmo assim, obrigada por salvar minha vida.
- Pensei que não me agradeceria – retrucou cínico.
- Eu sempre pago minhas dívidas – rebateu irritada –, por isso lhe dei o conselho.
- Acredita que suas palavras possam me demover de meu intuito? – ele a fitava curioso.
- Não – murmurou -, mas gostaria que pudesse.
- Mesmo assim, eu agradeço seu conselho – rebateu, impedindo-a de prosseguir, e completou: - Não pensei que você fosse escolher esse caminho.
Anne o encarou, confusa, a bebida a deixava sensível, mas ela não iria chorar, não iria baixar suas defesas na frente dele. Sustentando seu olhar no de Snape, disse:
- Algumas vezes não escolhemos o caminho a seguir – cruzou os braços.
- Talvez, mas podemos mudá-lo – concluiu seco.
- Não quando se serve ao Lorde – as unhas dela pressionaram a pele do braço, deixando marcas visíveis. Snape percebeu, mas nada disse, deixando-a prosseguir - Acredite-me, você não vai querer que o mal invada a sua vida de todas as formas possíveis. Eu vi homens como você, se perderem num destino cruel, atrás de ilusões... – a voz dela embargou – Não faça isso a si mesmo, Severus.
- Eu não sou o homem que você imagina, srta. Gramp – disse ríspido – Acredite-me, esse mal que lhe assusta já está em minha vida há muito tempo.
- Você não sabe o que está dizendo – fitou-o com carinho.
- Por que se preocupa comigo? – a voz dele soava seca e um tanto irritada
- Porque sou sua amiga – sorriu.
- Não tenho amigos, Anne – desviou o olhar do dela, algo em castanhos o faziam tremer.
- Sim, você tem – ela se aproximou e depositou-lhe um beijo no rosto.
Snape estremeceu diante daquele toque, tão quente e carinhoso, e ainda atônito, passou a mão pelo rosto dela. Anne fechou os olhos absorvendo o toque, colocou sua mão por sobre a dele, entrelaçando seus dedos aos de Snape. Ele deixou que ela conduzisse sua mão por algum tempo, passeando com ela sobre suas bochechas, seu queixo, seus lábios. Quando os tocou, algo o fez estremecer, recuou. Anne o fitou em castanhos brilhantes, mas antes que pudesse ter qualquer reação, sentiu uma lufada de ar frio invadir o ambiente e depois, o estrondo da porta ao bater chegou em seus ouvidos.
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Os olhos vermelhos a fitaram por algum tempo, até que sua voz chegou sibilante ao ouvido dela.
- Fez um trabalho muito bom, minha querida – deu-lhe o que parecia ser um sorriso, e acrescentou – Melhor do que Régulus faria, e ouso dizer que fiz muito bem em trazê-la para o meu lado.
- Fico feliz, Milorde, que possa lhe servir tão bem quanto esperava que o fizesse – sua voz era baixa e destituída de qualquer emoção ao fazer-lhe uma reverência.
- Estou tentado a aceitá-la em meu seleto grupo – murmurou – Acho que não há mais motivos para me privar de sua presença entre nós.
Anne não disse nada, apenas sentiu um arrepio frio percorrer-lhe a espinha. Havia apenas três meses que estava a serviço de Voldemort, e nunca lhe passara pela cabeça receber a Marca Negra. Evitara isso a muito custo, devia saber que não escaparia para sempre. Ela aceitou o convite para substituir o noivo ao lado do Lorde, quando este foi dado como morto numa ofensiva ao mundo trouxa. Não que ela realmente quisesse isso, mas esse parecia ser não só o desejo de sua família, desde que ficara noiva, como também uma boa oportunidade de averiguar sobre a morte de Régulus.
Anne sabia que ele havia sido considerado um desertor, assim como, tinha certeza que fora caçado arduamente diante poera causa disso. Foram três noites em claro até a constatação do inevitável. Não sabia os reais motivos que o levaram a proceder daquele modo, mas em parte, culpava Sirius por nunca ter se reaproximado do irmão e o alertado sobre Voldemort. Talvez isso tivesse evitado a morte do noivo, talvez...
Anne não poderia dizer que amava Régulus, mas três anos de noivado a fizeram conhecê-lo bem e crescer um grande carinho entre os dois. Por isso mesmo, Régulus lhe contava apenas o estritamente necessário, não a envolvia nesses assuntos, afinal Anne nunca escondera dele que odiava o Lorde e suas pretensões. Tinha motivo para acreditar que seu noivo fora morto por ordens expressas de Voldemort, e o convite feito pelo Lorde em pessoa serviu muito bem ao seu propósito de descobrir a verdade dos fatos. Entretanto, sua decisão só foi tomada quando um certo amigo a visitou, apenas uma conversa com aquele homem foi o suficiente para fazer Anne aceitar seu destino.
Deixando seus pensamentos de lado, ela levantou os olhos para fitar o Lorde, e completou:
- Como queira, Mestre – assentiu. As palavras queimando sua garganta ao serem proferidas.
- Que assim seja, então – sibilou Voldemort – Daqui a um mês será o Solstício de Verão, é uma data mais do que apropriada – comemorou gargalhando.
Anne ficou muda, sua mente devaneando: - Queria estar com ele só mais uma vez antes disso...
