Por – Telly Black

Sinopse – Não há como se mudar o que já foi dito ou feito… Depois que escolhas são tomadas e caminhos são trilhados, apenas há uma coisa que se pode ser feita… Aceitar seu destino.

Disclaimer - Inuyasha não me Pertence! Ele é de autoria de Rumiko Takahashi. Esta fic foi criada apenas para diversão e não para fins lucrativos.

Sim... eu sei... tenho milhões de coisas para terminar... mas espero que gostem desta minha nova fic!

Beijokas

Telly Black!!!!


'·.¸.ღ Lady Mine ღ.¸.·'

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\Capítulo Um\

Kikyou se deixou cair sem delicadeza na poltrona acolchoada que havia sido arrumada no canto leste do salão. Apesar de tudo, estava feliz pela festa finalmente ter chegado ao fim. Durante quase seis horas não tivera oportunidade alguma de se sentar e relaxar, pois como uma das anfitriãs da festa precisava dar a devida atenção aos convidados.

Chutou os sapatos para longe de seus pés, não se importando em ter classe naquele momento, e deitou a cabeça no encosto da cadeira. Fechando os olhos, sorriu ao sentir as mãos masculinas tocarem seus pés e começarem a massageá-los. Não necessitava abrir os olhos para ver quem lhe oferecia a massagem, conhecia aquele toque perfeitamente bem. Afinal, dali a alguns meses ele seria seu marido.

Em breve, ela, Kikyou Higurashi – filha da mais antiga família Humana existente e Herdeira das conhecidas Miko e daquela que representava os Humanos – subiria ao altar com Inuyasha Takahashi – filho mais jovem da mais antiga família Youkai existente, e também aqueles que representavam os Youkais. – Tudo isso, também, para provar a todos que os Humanos e Youkais podiam sim, viver em união.

Embora a sanguinária e centenária guerra entre Humanos e Youkais tivesse acabado há anos, ainda existia hostilidade entre as duas raças. Conviviam e andavam juntos nas ruas, mas poucos eram aqueles que ficavam íntimos. Por isso seu casamento com o Hanyou estava sendo visto como um raro acontecimento. Sua união com Inuyasha seria o segundo casamento entre raças realizado no mundo.

Quando lhe disseram isso uma vez, estranhara. Mesmo antigamente existiam mais Hanyou caminhando sobre a Terra. Mas depois de lhe dar um sorriso de compreensão, seu futuro sogro lhe explicara tudo. Antigamente, quando uma Humana se envolvia com um Youkai, a união entre eles acontecia apenas nas leis Youkais. Não havia casamento, apenas o Ritual Youkai de Companheiros.

O primeiro Casamento Humano e Youkai, fora o que terminara com a Guerra. Um acordo de paz selado entre o mais poderoso Governante Humano e o mais poderoso Governante Youkai, onde os herdeiros de cada um deveria se unir no Casamento e pelo Ritual. Acordo onde Inu no Taisho casou-se com sua segunda mulher, e com quem teve Inuyasha - um Hanyou.

Gostara de saber que estava fazendo essa diferença ao se casar com ele, mas preferia que não fosse daquele jeito. Toda aquela atenção voltada para ela e seu noivo a incomodava. Embora sua família também fosse rica, preferia que o casamento – embora grandioso – não tivesse tanta atenção da mídia. Não queria ter feito aquela festa de noivado. Seus planos sempre fora um jantar formal apenas com a família. Não pretendia ter terceiros e desconhecidos, envolvidos naquilo.

Sorriu e tocou a mão em sua perna, coberta pelo longo tecido azul-bebê. Os olhos dourados de Inuyasha a admiravam com carinho, e retribuiu seu olhar com a mesma intensidade. Amava aquele maravilhoso Hanyou de cabelos prateados e olhos dourados desde que completara dezesseis anos, e quase morrera de alegria quando ele lhe revelara sentir o mesmo. Foram quatro anos de um maravilhoso namoro até ele decidir que já era hora de casarem. Que já era hora de torná-la sua Eterna Companheira.

Inuyasha se levantou e puxou os frágeis prendedores de ouro e esmeraldas que mantinham seus cabelos negros em um coque, os fazendo cair em uma perfeita cascata até seu quadril.

# Prefiro seus cabelos soltos. – anunciou, sentando ao lado dela e escondendo as jóias no interior de seu terno negro. – Foi realmente cansativo hoje. – ele relevou desfazendo o nó da gravata. Sua face se contorcendo em uma careta. – E eu tinha pedido para mamãe não exagerar tanto nisto.

Kikyou sorriu, deitando a cabeça no ombro de Inuyasha.

Izayoi, a mãe de Inuyasha, jamais deixaria um evento como aquele ser meramente simples. – como chamara quando Kikyou disse apenas querer o jantar entre eles. – Aquele seria um acontecimento único, e precisava ser lembrado como único.

# Conhece sua mãe… - entrelaçou seus dedos aos dele.

# Sim! – beijou-a na testa. – Mas não precisava de toda aquela atenção. Teve um momento que tive vontade de levantar para poder socar aquele orador. – fez uma careta ao se recordar do romântico e extenso discurso de um conhecido da família. – E tenho certeza que ela também. – beijou-lhe a cabeça.

Sorriu fracamente se lembrando daquele momento da festa. Não prestara atenção em nem um terço das palavras que o orador havia dito, e apenas notara que haviam pedido um brinde quando uma amiga lhe acertou as costelas com o cotovelo. Durante todo o momento estivera analisando as expressões de sua irmã caçula. Aquela quem temia deixar de lado e desamparada, e o principal motivo pelo qual não queria tanta publicidade sobre seu noivado com Inuyasha.

Sabia que Kagome amava Inuyasha. Sabia que embora sorrisse e lhe desejasse toda a felicidade com toda a sinceridade de seu coração, ela estava seriamente ferida por dentro. E mesmo sabendo ser extremamente difícil, tentava aliviar a dor da irmã de todas as maneiras. Ela iria querer isso se estivesse no lugar dela: mesmo que no fim a dor continuasse exatamente a mesma.

# Mas ela achou menos chamativo se levantar e levar Kagome para dentro. – ele completou.

Kikyou apertou a mão dele com força. Assim como ela, Inuyasha e Izayoi sabiam dos verdadeiros sentimentos da jovem. E ficava feliz por Izayoi compreender e tentar ajudá-la com todas as forças. Izayoi dizia que Kagome era a filha que ela jamais teve e a tratava como tal, afinal, conhecia-a desde bebê.

Fora Izayoi que fizera o parto de Kagome, sendo assim a primeira a tê-la nos braços. E mesmo depois que Kagome crescera, necessitando de outros médicos e não de pediatras, Izayoi continuara a fazer questão de acompanhar todo seu histórico médico.

Ergueu a cabeça, e pela primeira vez analisou todo o salão. Os empregados trabalhavam rapidamente para limpar todo o local e desarrumar a perfeita ornamentação que havia sido montada para a ocasião. Mas não estava interessada na decoração e muito menos no fato de não ter prestado muita atenção nela àquela noite. – ao contrário dos convidados. Sua preocupação era Kagome: Fazia mais de duas horas que não a via.

# Você viu Kagome? – perguntou, ainda vasculhando o local.

Normalmente, quando as festas acabavam Kagome sempre vinha se sentar junto a eles para reclamar de seus sapatos e elogiar o que merecia ser elogiado. E era estranho ela não ter aparecido ainda.

# A última vez que a vi, ela estava se despedindo de seus pais. – respondeu também se preocupando. Afinal, Kagome era sua melhor amiga.

Sim. Kikyou se lembrava. Aquela também fora a última vez que vira a irmã. Ela estava sorrindo e se despedindo de seus pais que viajariam aquela noite para o Okayama à negócios. E por isso, ela e Kagome ficariam hospedadas na Fortaleza de Inu no Taisho até o retorno deles. Miura – uma das poucas cidades totalmente Youkais – era uma cidade bela para se passar alguns dias, especialmente pelas praias.

# Consegue sentir o cheiro dela? – olhou-o.

Como um Hanyou da raça Inu, ele era capaz de ouvir e sentir o cheiro dez vezes melhor que qualquer humano. Uma Habilidade que era extremamente útil. Tão útil quanto a capacidade de Kikyou sentir a aura de qualquer pessoa - algo que herdara das Miko. – Algo bastante eficaz, exceto quando se tratava de Kagome. Por uma razão que nem mesmo seus pais sabiam explicar, ela era incapaz de sentir a aura de sua irmã caçula.

Inuyasha franziu o cenho e começou a vasculhar cada pequeno pedaço da mansão em busca do cheiro de Kagome. Mas a mistura de cheiros causada pela presença de mais de cem pessoas ali, estava lhe trazendo dificuldades.

# Ela não está na mansão! – constatou, afinal não seria difícil encontrar o cheiro dela se ela estivesse por perto.

# Onde ela está então? – Kikyou se colocou de pé, olhando assustada para os lados. Kagome não teria saído da mansão sem lhe falar nada, então ela deveria estar ali. – Inuyasha… eu não estou tendo um bom pressentimento… - olhou-o assustada.

Sentia um aperto em seu peito. Aperto que trazia consigo aquela sensação desagradável parecia lhe dizer que algo estava errado. Que algo havia acontecido com sua irmã. E por isso, Inuyasha imediatamente se colocou de pé. Ele, mais do que ninguém, conhecia os pressentimentos da namorada. Sabia que se ela sentia aquilo, algo realmente estava errado. E o fato de algo estar errado com Kagome, o deixava tão assustado quanto ela.

Em poucos minutos todos – os anfitriões, empregados e seguranças. – estavam vasculhando cada pequeno detalhe da mansão em busca da jovem. Ninguém a havia visto sair, nem mesmo os seguranças. E ela não estava na companhia de nenhum de seus conhecidos. E a descoberta do telefone celular dela junto a sua bolsa na cozinha, fez os ânimos de todos piorarem. Embora adolescente e um tanto quanto rebelde, a jovem de dezesseis anos jamais havia desaparecido daquela forma. Ela sempre avisava para onde ia e levava o celular junto a si.

Desesperada Kikyou sentou. Seu rosto escondido nas mãos e os cotovelos apoiados nas pernas, enquanto tentava se concentrar. Mesmo sabendo ser inútil tentava localizar a irmã caçula. Ela não podia ter sido, simplesmente, engolida pela terra sob seus pés.

# Nós vamos encontrá-la, Kikyou querida. – a voz calma de Izayoi a fez erguer a cabeça.

A mãe de Inuyasha estava parada a sua frente de braços dados com seu esposo, Inu no Taisho. Sua futura sogra aparentava ter apenas vinte anos e não quase setenta anos – ela parara de envelhecer como uma Humana comum assim que se tornara companheira de Inu no Taisho. Seus cabelos negros haviam sido cortados na altura de seu ombro, e naquele momento estavam soltos. Sua pele era clara e contrastava com o elegante vestido negro que cobria seu corpo magro.

Já Inu no Taisho, cujos cabelos prateados e olhos dourados eram características de sua família, era uma visão mais madura de seu filho mais velho, Sesshoumaru. Um Youkai fruto de um romance que ele tivera anos antes de conhecer Izayoi. E a quem, Kikyou apenas havia visto três vezes em sua vida.

# Ligou para seus pais? – Inu no Taisho questionou, enquanto ela recebia o copo de água de Inuyasha.

# Eles estão no avião a esta hora. – sacudiu a cabeça em negação. O copo de água estava firmemente seguro entre suas duas mãos. – E mesmo que eles pudessem receber ligações, acho que não teria coragem de ligar. – franziu o cenho. – Eles se desesperariam ao descobrir que Kagome sumiu. – abaixou a cabeça olhando para o copo.

Inuyasha abraçou Kikyou pelo ombro a trazendo para mais perto de si em conforto. Não gostava de ver a noiva em tal estado. Detestava o fato de o olfato de todos os Youkais ali presentes terem falhado. Odiava desconhecer o paradeiro de sua melhor amiga. Mas, acima de tudo, temia o que aquela ausência dela podia significar, e o estranho olhar de seu pai. Jamais o havia visto tão ansioso, inquieto e temeroso. E algo em seu íntimo dizia que havia mais que o desaparecimento de Kagome em sua mente.

# Não acha melhor chamar a polícia? – Izayoi questionou suavemente. – Seria melhor que ficarmos parados aqui!

# Kami! – Kikyou sacudiu a cabeça brutalmente. A estranha sensação que tinha lhe fazia acreditar que a última coisa que iria querer em sua frente eram policiais vasculhando a mansão e interrogando ela e a todos os convidados.

# Onde está Sesshoumaru? – a voz de Inuyasha veio alta, enquanto tentava localizar o meio-irmão mais velho.

Kikyou olhou para Inuyasha estranhando sua pergunta.

O que importava naquele momento era a localização de Kagome, e não onde Sesshoumaru deveria estar descontando sua raiva pela raça Humana. O Youkai sempre fora bastante específico a respeito de seu desagrado pela raça frágil, e apenas fora capaz ficar ali para prestigiar o evento nas primeiras horas para Honrar o nome de seu pai. Logo depois desaparecera.

Mas Inuyasha não se preocupou com as ações de Kikyou. Seus olhos estavam fixos nos de seu pai, tentando desvendar o que ele queria esconder por trás da mascara que quase caíra ao ouvir o nome do primogênito.

"Se ele achasse que Sesshoumaru tinha alguma relação com o desaparecimento de Kagome ele teria falado!" Tentou se convencer, quando aquela possibilidade lhe atingiu violentamente. Não queria nem pensar no que poderia acontecer caso Sesshoumaru encontrasse Kagome sozinha. Ele conhecia o meio-irmão. Sabia do que ele era ou não capaz. E ele apenas se controlava a respeito dos Humanos quando outros Humanos e Youkais estavam por perto. Seria perigoso ele estar sozinho com Kagome. Especialmente com o temperamento que ela possuía.

Kikyou suspirou tentando descobrir o que aquela troca de olhares entre Inuyasha e seu pai significava. Porém, antes que pudesse dizer algo a respeito e se livrar de um pouco da frustração, uma das empregadas apareceu. Sua face nervosa fazendo seu coração se apertar ainda mais, e suas mãos fechadas ao redor de algo que brilhava.

# Perdoe a intromissão, meus Senhores, mas… - seus olhos foram em direção a Kikyou, e sua mão se abriu.

Sobre elas estava um prendedor de cabelo. Uma jóia única coberta de diamantes e rubis que Inuyasha havia mandado fazer para presentear Kagome em seu aniversário de quinze anos. Uma rosa delicada de onde saiam três linhas côncavas, e que agora se encontrava parcialmente destruída. Como se alguém houvesse pisado nela.

Enquanto Izayoi pegava a jóia, Kikyou sentiu as lágrimas escorrerem por sua face. Kagome era apaixonada por aquela jóia e jamais a quebraria de propósito, então aquilo significava que algo havia acontecido.

# Onde encontrou? – Inu no Taisho questionou.

# Estava na saída leste para o jardim, junto ao balanço e algumas taças de Martini.

# Kagome andou bebendo?

Izayoi procurou a resposta em Kikyou. A moça piscava desnorteada tentando compreender. Kagome nunca havia bebido antes, então para ela tê-lo feito aquela noite ela deveria estar realmente e verdadeiramente miserável. Tão miserável a ponto de destruir sua jóia preferida e desaparecer sem deixar rastros. E ela não fizera nada pela irmã. Divertira-se e em nenhum minuto, depois do discurso, se lembrara que a irmã estava ali sozinha e arrasada.

# Oh! Eu fui um monstro! – gemeu, chorando ainda mais.

# Meu amor… não diga isso! – Inuyasha pediu a abraçando. Seu pai havia acabado de ordenar que a criada mandasse alguns empregados novamente para o jardim. – Você não tem culpa…

# Tenho! – culpou-se, seus olhos castanhos se fixando nos dele. – Eu sabia que Kagome deveria estar se sentindo miserável e o que eu fiz por ela? Eu passei a noite inteira longe dela a evitando, Inuyasha. Quando deveria ter gastado ao menos um minuto de minha atenção com ela. – girou os olhos ainda chorando. – Por Kami! Ela bebeu! Kagome abomina bebida.

Inuyasha a abraçou, sua expressão desolada se voltando para os pais. Não havia palavras que pudesse dizer para acalmá-la. Assim como ela, se sentia culpado, mas conhecia Kikyou perfeitamente bem para saber que apenas a afetaria mais se começasse uma discussão sobre quem possuía maior culpa ali: Ela, a irmã mais velha; ou ele, o melhor amigo que ela amava.

Abraçou-a com mais força e beijou sua cabeça, contendo seu próprio desespero. Se desabasse ali na frente de Kikyou, e enquanto ela necessitava de alguém firme para se agarrar, a levaria direto para um abismo. Kikyou sempre fora uma pessoa centrada, nunca deixara seus sentimentos relacionados ao medo serem percebidos por terceiros, mas isso mudava quando o nome de Kagome estava envolvido. A ligação existente entre as duas era forte – algo que ele nunca havia visto antes. – fazendo com que Kikyou parecesse ser, muitas vezes, mãe de Kagome.

Fechou os olhos, mas imediatamente voltou a abri-los. Afastando-se de Kikyou com cuidado, voltou os olhos para a porta de vidro que dava passagem para o lado oeste do jardim. E o olhar de seu pai deixava evidente que ele também sentira. O cheiro de Kagome se aproximava deles lentamente, e mesmo sem vê-la, foi com dor que descobriu o estado em que ela aparentemente devia estar. Podia sentir o cheiro de seu sangue mesclado com o cheiro de água doce e suas lágrimas. Mas o que mais lhe preocupou… era a presença de um quarto cheiro.

Num salto ficou de pé. E compreendendo sua reação, Kikyou fez o mesmo dando dois passos erráticos em direção a porta oeste antes de Inuyasha segurar seu braço.

Sem poder sentir como ele, Kikyou lançou-lhe um olhar inquisidor. Ela sabia que a irmã estava se aproximando e queria correr para abraçá-la e depois brigar com ela por ter lhe dado aquele terrível susto. Mas o olhar dele e de Inu no Taisho a fez obedecê-lo e recuar um passo, pousando a mão sob seu coração. Mão que logo viajou em direção aos seus lábios para abafar o grito de terror que veio de sua garganta ao ver a irmã atravessar o portal de vidro.

Escoltada por um dos seguranças a segurá-la com delicadeza pelo braço, Kagome vinha andando a passos lentos. Ela estava completamente encharcada, e o vestido vermelho que cobria seu corpo estava rasgado em alguns pontos. Seus joelhos estavam ralados e manchas roxas eram visíveis em suas pernas e em alguns pontos de seus braços. Sua face delicada estava manchada pela maquiagem desfeita pela água e suas lágrimas.

# Kagome!

Livrando-se de Inuyasha correu até a irmã, mas não teve coragem de tocá-la ou abraçá-la. Ela parecia extremamente ferida e temia machucá-la ainda mais com sua ansiedade.

# Por Kami, minha irmã… - cobriu os lábios. – o que lhe aconteceu?

Os olhos de Kagome estavam inchados pelo choro e voltados para baixo, porém perdidos e vazios. Ela aparentava estar catatônica e não ver absolutamente nada a sua frente. E ao não obter respostas, olhou ansiosa para os sogros, Inuyasha e em seguida o segurança. Embora estivesse com medo da resposta, queria saber o que acontecera e quem causara tantos ferimentos a ela.

# Onde a encontraram? – Inu no Taisho perguntou. Sua voz estava séria e sem emoção alguma. Não era nada parecido com qualquer tom que Kikyou havia ouvido antes, e isso afundou ainda mais seu ânimo.

# Estávamos vasculhando o centro do jardim quando a encontramos vagando por lá. – o segurança respondeu, sua voz excessivamente cautelosa. – Ela estava desorientada e não respondeu a nenhuma de minhas perguntas, Inu no Taisho-sama. Sinto não ter podido ajudar mais.

O Chefe da família apenas fez um gesto leve com a cabeça, antes de tocar o ombro de Inuyasha num pedido de calma. Inuyasha apertava os punhos com tanta força que suas garras haviam perfurado a pele, o fazendo sangrar. E a forma como ele dirigia seu olhar de ódio à Kagome apenas deixaria a menina em pior estado.

# Kagome! – Kikyou tornou a chamar, se assustando por Kagome ter se afastado dela como se houvesse levado um choque quando a tocou. – Kagome? – engoliu seco, controlando sua vontade de chorar. – Kagome… sou eu meu amor… Kikyou! - sorriu de forma cálida. - O que houve? – insistiu, ignorando o toque de Inuyasha em seu ombro. – Por Kami me diga o que lhe aconteceu, minha irmã? – quase gritou, se desvencilhando do toque de Inuyasha.

Kagome piscou, e voltou os olhos para Kikyou – sua cor azul quase desaparecendo em meio ao mar vermelho causado por suas lágrimas. O segurança a soltou quando ela caiu de joelhos no chão, se abraçando protetoramente enquanto voltava a chorar desoladamente.

Piscando demoradamente e neutralizando as próprias emoções para acalmar o desespero da irmã, Kikyou inalou profundamente.

Deixou-se cair de joelhos diante da irmã, e sem dar-lhe oportunidade de fugir de seu toque a abraçou. A pele de Kagome estava fria e ela tremia compulsivamente, não de frio, mas pelo o que lhe acontecera.

# Eu estou aqui! – sussurrou, sentindo Kagome abraçá-la e enterrar a cabeça em seu ombro. – Eu estou aqui…

Comprimiu os lábios e piscou com força, afastando as lágrimas – a forma como Inuyasha se comportava dizia que havia muito mais do que ela imaginava por trás do trauma causado a Kagome. E Kikyou sentiu seu coração se partir em pedaços, enquanto alisava os cabelos dela com carinho.

# Kikyou… - a voz da irmã veio abafada e fraca pelo longo período de choro, mas a tranqüilizou um pouco mais. Nunca imaginara que gostaria tanto de ouvir a caçula dizendo seu nome antes.

# Sim meu amor? – não sabia como, mas conseguira arranjar forças para pronunciar aquelas palavras sem evidenciar seu medo.

# Preciso de um médico… - Kagome olhou para baixo, sem romper o abraço, a mão fechada sob seus lábios, como se estivesse a mordê-la.

# Sim!

Kikyou fez um movimento com a cabeça, repetindo o gesto de Inu no Taisho. – agradecendo por ele já ter providenciado que o devido atendimento médico a sua irmã fosse solicitado. Estava sendo insuportável vê-la assim.

# Kikyou… - ela tornou a chamar. Piscando com força deixou mais algumas lágrimas escorrerem de seus olhos inchados. – Está doendo muito… - gemeu e chorou ainda mais.

Inuyasha trincou os dentes e tocou o ombro de Kikyou, incapaz de descrever todas as emoções que estavam em sua face, ao finalmente descobrir o que realmente acontecera a sua irmã. E abraçando a caçula com mais força, alisando-lhe os cabelos desarrumados, Kikyou deixou lágrimas caírem. Algo lhe dizia que se a soltasse naquele instante Kagome se perderia. E não podia perdê-la daquela forma.

# Vai passar… - disse, sacudindo o corpo levemente para frente e para trás. - Essa dor vai passar, meu amor. - Estava perdida e não fazia idéia do que poderia fazer para aliviar a dor da caçula. Procurou apoio em Inuyasha, e voltou a apoiar Kagome quando o viu fazer um leve gesto com a cabeça.

Ele sentia o mesmo que ela em relação a dor de Kagome e por isso faria o que ela desejava fazer. Iria fazer o monstro que a atacara de forma brutal e desumana pagar por tal erro, não lhe importava quem ele fosse. E Inuyasha sabia perfeitamente bem a quem pertencia o cheiro que tomava conta de todo o corpo de Kagome.

# Me perdoe… - Kagome implorou e se apertou mais forte contra o peito. - Não me deixe, Kikyou…

# Jamais! – ela prometeu.

Vendo as lágrimas de sangue a empurrarem sua melhor amiga para o fundo de um abismo, Inuyasha jurou: Sesshoumaru, seu irmão, iria pagar um preço caro por aquilo.


E ai? Gostaram?

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Beijokas!

T.B.