Disclaimer: vocês já sabem esse blábláblá todo.

Aviso: A História da China é complicada demais para meu intelecto inferior, então não reparem nos erros crassos com relação a ela.

30 Cookies. Set – Inverno. Tema – 29. Primeiro.


天使

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.I.

Break this bittersweet spell on me
lost in the arms of destiny

(The Rasmus – Bittersweet)

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Ivan ainda era uma criança quando aquele homem apareceu em sua casa e derrotou seus homens, tomando suas terras; tão pequeno que mal tinha noção de que ano era. Ele veio duas vezes, mas na primeira foi embora. Apenas na segunda vez é que decidiu que ficaria com o território Russo – e Ivan não conseguia vencê-lo, claro que não; era só uma criança, e ainda assim já tinha visto muito mais dor e sofrimento do que muitos homens adultos ou qualquer um de seus eltebers.

Mas então, aquele homem que se chamava "Mongólia" o pegou e disse que ele agora era parte de seus territórios, levando Ivan para sua casa. O garoto não queria ir morar com aquele estranho, não queria que suas terras pertencessem a ele, não queria que seu povo tivesse que obedecê-lo; mas não havia nada que ele pudesse fazer para impedi-lo. Não era realmente justo – seus eltebers não lhe davam o tratamento que ele precisava e pouco se importavam com ele, levando-o a guerras que ele não queria de jeito algum ver, e agora ele teria que morar com esse estranho, se adaptar a uma cultura que não era sua, e sabia que seu povo iria querer que ele desse um jeito de escapar.

Quando é que todos iriam perceber que ele não passava de uma criança?

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Assim que chegou lá, Ivan logo percebeu que não era o único a ter sido tomado por Mongólia. Alguns não pareciam ligar – talvez gostassem ou já houvessem se acostumado àquilo, apenas. Ivan só conseguia pensar que não queria acabar acomodado como aqueles países – que, aliás, eram completamente diferente deles. Porém, ao invés de soltar a mão de Ivan e deixar que ele ficasse lá, Mongólia continuou guiando-o para os fundos da casa. Os dois acabaram saindo em um jardim, e foi lá que Ivan o viu pela primeira vez.

Ele só podia ser um ano – ou talvez algum tipo de divindade. Era a pessoa mais bela que Ivan já havia visto em sua vida. O garoto estava simplesmente estonteado com tanta perfeição. Ele tinha cabelos negros, presos em um rabo de cavalo, e a pele clara, com olhos castanhos, e era ainda um adolescente – aparentava, talvez, uns quinze anos. Estava sentado na terra, plantando algo no jardim, com uma expressão serena e tranqüila.

"Yao." Mongólia chamou. O rapaz olhou para Mongólia, mas seu olhar rapidamente voltou-se para Ivan, com um ar curioso. Ivan sentiu o rosto corar e apertou a mão de Mongólia, ainda que não confiasse muito no Império. "Quero que conheça Rússia." Yao franziu as sobrancelhas, parecendo bravo com alguma coisa. Talvez não tivesse gostado de Ivan – afinal, ele era um garoto muito inferior a ele.

"Você foi conquistar uma criança, Mongólia?" Ele disse, colocando as mãos na cintura, claramente irritado. Sua voz era extremamente musical – Ivan poderia passar o dia inteiro apenas escutando-a.

"Ora, vamos, Yao. Eu não o machuquei." Mongólia disse, soltando a mão de Ivan, que não conseguia tirar os olhos de Yao. "Além disso, eu sei que você gosta de crianças."

"Eu não consigo acreditar, aru! Uma hora você vai ver, Mongólia – uma hora vai aparecer um Império maior do que o seu, e então você verá que não vai durar muito, aru." Yao disse, colocando-se de pé e limpando a terra de suas vestes. Então, seu olhar recaiu em Ivan e ele disse, com a voz bem mais doce: "Rússia, venha para cá, sim?"

Ivan sentiu o coração disparar ao ver que Yao se dirigia a ele. Olhou primeiro para Mongólia, e então de volta a Yao, que sorria e tinha uma das mãos estendida para ele, esperando pacientemente. Ivan hesitou, a princípio, mas finalmente tomou coragem e foi até ele, caminhando vagarosamente, até que chegou perto dele e pegou a mão que estava estendida em sua direção.

"Bom garoto, aru." Yao sussurrou, puxando-o para mais perto de si. "Já pode ir agora, Mongólia. Eu cuido dele, aru." Mongólia sorriu e voltou para o interior da casa, mas Ivan mal reparou – só o que conseguia era pensar em como a mão de Yao era quentinha e como ele tinha um cheiro bom, como terra molhada. "Muito bem! Qual é seu nome, aru? Seu nome de verdade, claro."

Ivan olhou-o, meio confuso e sem saber o que fazer. Mordeu o lábio e respondeu, hesitante:

"Ivan. Ivan Braginski."

"Ivan, aru? É um nome diferente. Bom, o meu é Wang Yao, mas você pode me chamar de Yao – é como todos chamam, aru."

"Y-yao?" Ivan engoliu em seco, enquanto sentia que Yao o olhava, esperando o que ele tinha a dizer. "Você... veio de onde?"

"Eu, aru? Eu represento a China. É um Império que fica mais ao sul, aru." Yao respondeu, sorrindo. Ele estava sempre sorrindo, Ivan pensou – e tinha um sorriso lindo. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que Yao perguntou: "Você está com medo, Ivan?" Ivan o olhou, ainda meio abobado, sem saber o que responder. Estivera com medo antes; agora, não estava mais. "Você não precisa, está bem? Eu vou cuidar de você, aru." Em resposta, Ivan apenas apertou com mais força a mão de Yao, que riu e então disse: "Quer aprender a plantar flores, Ivan? Eu posso te ensinar, aru." O garoto balançou a cabeça afirmativamente, e então os dois sentaram-se no chão, enquanto Yao começava a mexer na terra, enquanto Ivan o imitava, e sempre conversando com o garoto.

E, pela primeira vez em muito tempo, Ivan sentiu-se feliz.

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Mongólia não era tão opressor quanto Ivan pensava – não impôs sua cultura sobre ele, nem o maltratava de modo algum. O garoto acabou gostando de ter sido dominado pelo asiático, afinal, não era tão ruim quanto ele pensava que seria. E, além disso, foi graças àquilo que ele conheceu Yao.

Yao era, definitivamente, a melhor coisa que já havia acontecido a Ivan. Diferentemente de seus eltebers, Yao não esperava que Ivan fizesse nada grandioso, nem que tomasse decisões importantes por si mesmo, nem que acertasse o tempo todo. Ele só esperava que Ivan dormisse cedo todos os dias, se alimentasse direito, cuidasse de sua higiene e não saísse para brincar na chuva. Ele não levava Ivan para guerras sangrentas e sem sentido – ele apenas levava Ivan para o jardim todos os dias, onde eles plantavam flores e às vezes até mesmo brincavam de alguma coisa juntos. Ele não contava para Ivan histórias sobre grandes Impérios e seus grandes feitos históricos; ele contava para Ivan histórias sobre príncipes, dragões e a origem das coisas. E ele nunca deixava Ivan sozinho – ficava ao lado do garoto desde o amanhecer, e até que ele fechasse os olhos e dormisse. E se Ivan tinha pesadelos, Yao o colocava no colo e afagava seu cabelo, dizendo que ele não precisava ter medo de nada, porque não era real, e então ele começava a cantar alguma música de ninar em sua língua – que Ivan não entendia, mas achava tão linda quanto tudo o mais em Yao.

Ivan não queria que aquilo acabasse nunca; queria que Yao ficasse ao seu lado para sempre.

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Yao não era o primeiro que conseguiria sair da casa de Mongólia para voltar a controlar seu próprio país; porém, era o único que Ivan sentiria falta. O chinês não parecia muito feliz de estar deixando o garoto – mas, como ele disse mais de uma vez, Ivan seria a única coisa da qual ele sentiria falta. E, além disso, seu povo precisava dele.

"Mas se o Yao me deixar, quem vai cuidar de mim?" Ivan disse, com as lágrimas rolando por seu rosto. Estava escuro lá fora, e chovia; Yao estava deitado com ele em sua cama, esperando que ele dormisse. Aquela era a última noite que estaria ali – partiria no dia seguinte.

"Mongólia vai cuidar bem de você, ele é uma boa pessoa, aru."

"Se ele é uma boa pessoa, então por que você não fica? Por mim, Yao."

"Ivan." Yao acariciou seu cabelo, e fez com que a cabeça do garoto repousasse em seu peito. "Se eu pudesse, eu te levaria comigo, Ivan. Mas eu não posso, aru. Nós só iríamos nos envolver em uma guerra pior ainda, e eu sei que você não gostaria disso, aru. Por favor, seja compreensivo comigo." Ao ouvir isso, Ivan apenas aumentou o choro. Mas Yao estava realmente sendo sincero – não queria deixar aquele garoto para trás. "Ivan, ouça bem o que eu vou falar, agora. Você sabe o que é destino, não sabe, aru?"

"S-sei." Ivan respondeu, em meio a soluços, enquanto se perguntava o que Yao poderia estar pretendendo com aquela conversa. "Você me disse que o destino é o que define o rumo de nossas vidas com relação às coisas que não podemos controlar, e que as coisas que não podem ser decididas por nós são decididas por ele."

"Exatamente. E ouça bem: quando suas pessoas criam um laço tão forte entre elas, nem mesmo o destino pode separá-las; ele pode tentar, tentar e tentar, mas ele não vai conseguir romper aquele laço, aru. E sempre que ele tentar separá-las, a única coisa que elas precisam fazer é segurar nesse laço e se juntarem novamente, aru."

"Isso quer dizer que você vai voltar para mim, Yao?"

"Sim. Portanto, pare de chorar; você tem que aprender a ser mais paciente, aru. E agora durma, está bem? Ou então você pode ficar doente e aí eu ficarei preocupado, aru. Você quer que eu fique preocupado?" Ivan balançou negativamente a cabeça, e ouviu Yao rir. "Muito bem. Então durma. E sonhe com os anjos, aru."

E Ivan sonhou, mas com um anjo só – Yao. Que já não estava mais lá na manhã seguinte.


Notas Históricas nem tão confiáveis assim: Elteber era a maneira como os líderes russos eram chamados entre os séculos X e XI; e a Rússia, a China e grande parte da Ásia e da Europa Oriental foram dominadas por um grupo de tribos que equivalem à Mongólia e que, de fato, eram chamados de "Império da Mongólia".


N/A Meu Deus, não é que eu gostei do resultado dessa? (Sim, isso provavelmente significa que em um futuro não tão distante eu a lerei novamente e irei querer suicidar-me por tê-la escrito, mas relevem.) E o título da fanfic significa "Anjo", de acordo com o Google Tradutor - ou seja: não confiem.

Enfim, vai ser uma fanfic de capítulos – é, eu sei, estou pedindo para morrer de estafa – contando a história da Rússia e da China (duh). Vai ter por volta de uns cinco capítulos, creio eu; mas não esperem atualizações tão freqüentes assim – um capítulo por semana, talvez? É, possivelmente isso. E os capítulos terão todos mais ou menos esse tamanho porque eu não tenho capacidade mental de fazer algo maior.

(Aleatoridades gratuitas: em uma fanfic em inglês, eu li que o Yao era um dos únicos personagens de APH que gostava de crianças de um jeito não-pedófilo, já que as relações dos outros países com suas colônias são no mínimo suspeitas e ele era o único que via seus irmãozinhos como irmãozinhos. Amo (L) E o tema para os 30 Cookies foi "Primeiro" porque o Yao foi o primeiro a se importar com o Ivan, entenderam? É que eu achei que isso não ficou muito claro /fail.).

Reviews se você quer se tornar um com o Ivan. Ou com qualquer outro país de sua escolha – menos o Yao, claro. (oiq)