Paraíso Perdido
Ele lembrava dela de quando eram pequenos, nos chás da tarde que sua mãe o levava, onde as crianças ficavam esquecidas ao cuidado dos elfos enquanto as senhoras conversavam. Ela nunca fora bonita, mas tinha um certo charme, uma leveza nas mãos e nos pés que contrastava com suas palavras já cortantes. Gostava de coisas que toda menina gosta, como arrancar flores no jardim e colocar vestidos bonitos que terminavam sujos de grama e lama.
Não gostava muito dela nessa época - era uma menina, ugh! - mas acostumara-se com a sua presença.
Pansy sempre estava lá, com suas mãos leves, o encanto pelas flores nascendo, e as palavras fortes que não deixavam os meninos se aproximarem para pertubá-la.
Eles brincavam com ela quando estavam de bom humor, e conforme os anos passaram, começaram as conversas de Hogwarts.
E veio a escola, e suas palavras se tornaram mais cortantes, mas seus movimentos eram mais leves do que nunca. Pansy era uma líder nata e finalmente podia colocar em prática tudo que sempre quisera fazer no meio de meninos e não conseguia.
Ela estava exatamente em seu lugar, e isso deixava-o feliz.
Até que começou.
Todos seus amigos eram agora estrelas de apagando - Draco, antes de todos - mas por algum motivo ele sempre acreditara que os movimentos dela continuariam leves.
Não houve flores naquela primavera, apenas o sangue que manchava o castelo e suas vidas.
E não haviam mais leveza em seus movimentos, nem palavras afiadas, apenas um desespero e uma luta por sobreviver.
Quando tudo acabou parte dele achou que as flores, as palavras e os gestos leves voltariam, com o tempo.
Mas não, aquela inocência tinha sido perdida para sempre, e nunca mais se faria ver em Pansy Parkinson.
Foi quando percebeu isso que seu mundo ruiu.
Não havia mais volta.
O paraíso tinha acabado.
