Titulo: Sentimento inefável¹

Autor: Mileide Acássia Slav.(Eu)

Beta²: Camilah/Márcia Litman/Vickyloka.

Shipper: Castiel/Personagem original

Disclaimer: Supernatural infelizmente não me pertencem, mais fazer o que se a vida é injusta, e eu não ganho nada com isso, só reviews, às vezes.

N/A: comecei a escrever essa fic a bastante tempo, pretendia posta-la no desafio que aconteceu em julho, mas infelizmente não consegui acabá-la.

Inefável¹:que significa o que não pode ser expresso verbalmente, é um termo utilizado para identificar algo de origem divina ou Transcendente e com atributos de beleza e perfeição tão superiores aos níveis terrenos que não pode ser expresso em palavras humanas.

Beta²:Bom nessa fic tenho 3 betas: Camilah, Márcia Litman e Vickyloka e tenho que agradecê-las por me aturarem.


Capitulo 1.

Não aguentava mais tudo aquilo. Não aguentava os gritos, as brigas, os olhares atravessados. Aquela havia sido a gota d'água, nem ao menos sabia o porquê deles brigarem, só sabia que, como sempre, sobrara para ela.

Depois de anos já devia ter se acostumado com as palavras chulas e o ataque direto. Mas não, ainda se sentia um lixo e no final sempre corria para se trancar no quarto.

Havia perdido as contas de quantas vezes já havia pensado em se matar, mas não, não valia a pena. Tirar sua vida por que alguém lhe fazia se sentir mal. Havia outra solução, fugir de casa. Não fugiria na verdade, afinal era maior de idade, ainda morava com os pais. Não, eles não eram seus pais de verdade, eram tutores. Seus pais de verdade haviam morrido quando ela era pequena. Na verdade a mãe, pois o pai nem ao menos conhecia. A mãe morrera em um hospital quando ela tinha apenas cinco anos. Sua guarda havia sido deixada, em testamento, para uma amiga. Como não tinha parentes, a decisão nunca fora contestada.

Só não pegara as poucas coisas que tinha e saído da casa quando completara 18 anos por questões legais. Sua mãe deixara claro no testamento que ela só poderia receber a casa e a pequena quantia em dinheiro, quando completasse 21 anos. Queria a casa mais pelo fato de pertencer à família a gerações do que por puro materialismo.

Porém não aguentava mais que eles ficassem com a casa e todo o resto. Tinha que sair dali o mais rápido possível.

A decisão estava tomada. Arrumou as poucas coisas que tinha dentro da mochila, pegou roupas, tênis, algumas jóias, que eram de sua mãe, pegou também todas as economias que possuía, não era muito, mas garantiria sua sobrevivência até conseguir um emprego. E no meio da madrugada, saiu furtivamente pela janela. Quando alcançou a rua olhou uma última vez a casa. Não poderia dizer que aquilo fora um lar de verdade, mas guardava algumas boas recordações. Após alguns segundos de contemplação seguiu rua afora.

Já amanhecia quando chegou à auto-estrada. Estava começando a ficar cansada, mas só pararia quando achasse alguma lanchonete. Conforme as horas passavam, o calor aumentava de forma espantosa. A calça de agasalho e blusa de lã que usava tornavam a caminhada insuportável. Pensou em parar e descansar na beira da estrada, mas se obrigou a continuar andando. Tinha que ter uma lanchonete, posto de gasolina, qualquer coisa por perto.

Estava certa, precisou caminhar só mais 10 minutos para achar uma lanchonete. Consultou o relógio. Já passava do meio-dia. O tempo parecia ter corrido. Seu corpo clamava por comida e um pouco de descanso, mas precisava trocar a roupa urgentemente antes que desmaiasse. Entrou correndo no lugar, indo diretamente ao banheiro e se trancando no cubículo. Baixou a tampa do vaso, colocando sua mochila em cima. Com rapidez se despiu, o moletom e a blusa foram dobrados e postos em cima do vaso, abriu a mochila tirando um Jeans de lavagem escura e uma regata azul-marinho, se vestiu rapidamente calçando o all star preto. Colocou as roupas que acabara de tirar, dentro da mochila e saiu do apertado cubículo, parou a frente da grande pia acomodando a mochila ali, lavou o rosto tentando se refrescar, vasculhou um dos pequenos bolsos da mochila atrás de um elástico de cabelo. Quando achou um, prendeu o comprido e castanho cabelo em um rabo de cavalo mal feito, jogou água mais uma vez no rosto, se secou com algumas toalhas de papel e pintou os olhos antes de sair do banheiro, sabia que em pouco tempo depois que saísse dali a maquiagem sumiria junto com o suor, mas era vaidosa. Comeu um X-burguer e uma lata de um refrigerante qualquer. Depois de certa persistência conseguiu convencer a velha garçonete a encher seu cantil com água fresca sem cobrar nada, e comeu um delicioso pedaço de torta de cereja. Caiu na estrada novamente, só parando de andar quando chegou a cidade.

Já anoitecia quando chegou, uma brisa mais fresca começava a se tornar presente. Achou uma lanchonete logo na entrada da cidade, o lugar não era dos melhores, mas a comida era boa assim como o preço, e a velha garçonete havia ido tanto com sua cara que não lhe cobrara o pedaço de bolo que comera de sobremesa.

O relógio já marcava 20:30 , ainda tinha que arranjar um lugar pra ficar, mas não estava tão cansada assim e pagar um motel pra ficar estava fora de questão. Resolveu procurar por um bar, não era muito de beber, apesar de apreciar uma boa dose de whiskey, mas no bar poderia ficar até o dia amanhecer para cair na estrada novamente.

O bar de caminhoneiros não ficava muito longe da lanchonete, era o único da cidade. Não era lugar para moças como ela, segundo a velha garçonete, mas mesmo depois do aviso, resolveu arriscar: ou passava a noite sentada numa mesa de bar, tentando não beber muito e ficava até o amanhecer ou passava a noite na beira da estrada.

O lugar era do jeito que imaginava, um grande balcão de frente a porta onde alguns homens quase caiam de seus bancos de tão bêbados, a esquerda uma encardida mesa de sinuca e a direita algumas mesas, notou que a maioria dos clientes eram homens, salvo ela e mais duas jovens que praticamente se esfregavam em um homem de aparência rude, tentou passar despercebida, mas notou os olhares famintos de boa parte dos clientes. Procurou uma mesa vazia, mas isso pareceu impossível levando em conta que só havia quatro mesas no local, mas havia um banco ao canto do bar que estava vago, parou um instante analisando: o banco era quase encostado na parede por isso só teria de preocupar em ficar de olho em apenas em um dos lados, com rapidez seguiu sentando de forma desleixada, o garçom se aproximou:

- O que vai ser? - O homem parecia meio impaciente.

-Uma dose de whiskey, por favor.

Estava tão entretida em analisar suas unhas que nem notou o homem sentado no banco ao lado se aproximar:

-Você não é jovem demais para beber whiskey, benzinho?

Apesar do susto a jovem continuou a analisar as unhas não dando atenção ao homem aparentemente embriagado.

-Eu estou falando com você, benzinho. - O homem chegou mais perto, a pegando pelo braço.

-Me solta! - Retrucou a jovem se debatendo.

Estava tão nervosa tentando se soltar, que nem notou as íris esverdeadas que observava a cena de forma curiosa.

-Para de tentar se fazer de difícil, benzinho. Conheço tipinhos como você. Vai, me diga quanto você cobra? Dinheiro não é problema. - Ao ouvir as insinuações do homem a sua frente a jovem se enfureceu e com toda força de seu pequeno corpo virou um ardido tapa no rosto do homem que se afastou um pouco, mas não soltou seu pulso.

-Você é uma vadiazinha muito atrevida, hein?! Agora eu vou te mostrar que comigo não...

-Ei, amigo! Porque você não larga a moça, ela não está interessada em você.

-Quem é você pra achar alguma coisa? Por acaso é o cafetão dela?- O homem disse de forma desprezível.

O jovem homem não se deu ao trabalho de responder, só acertou um soco certeiro no rosto do homem à frente o fazendo cambalear e cair do banco quase levando a garota junto, porém o homem de olhos verdes foi mais rápido e a se segurou.

-A menos que queira levar outro soco recomendo que nunca mais fale assim com outra mulher.

O homem se levantou, levando a mão ao nariz que sangrava copiosamente.

-Você me paga! E essa vadiazinha também. – Disse, antes de virar as costas e ir em direção a saída.

-Você está bem? - O homem perguntou a jovem.

-Sim.

-Ele te machucou?

-Não, mas se você não tivesse aparecido acho que acabaria me machucando. Muito obrigada.

- Não precisa agradecer... Eu sou Dean.

-Prazer, Sarah.

-Posso te pagar uma bebida, Sarah?

-É impressão minha ou você está flertando comigo? - Perguntou a jovem levantando uma das sobrancelhas.

-Eu? Imagine, só estou te convidando para beber algo assim posso te defender caso ele volte. - A jovem encarou Dean de forma desconfiada.

-Se é só isso, eu aceito. - Disse sorrindo.

Os dois seguiram de volta aos bancos, Sarah se sentou no mesmo lugar sendo seguida por Dean que sentou ao seu lado. O garçom, que observava a cena sem se alterar, provavelmente por ser algo corriqueiro ali, serviu a jovem que agradeceu com um simples aceno. Dean por sua vez, pediu o mesmo que a jovem, sendo prontamente atendido, brindaram a nada em especial e viram a bebida em um único gole. Aproveitando a deixa o homem perguntou:

-Desculpa se estou sendo inconveniente, mas você não é muito nova pra estar num bar como esse, bebendo Whiskey??

-Não...Tenho idade suficiente. – Respondeu, sorrindo de forma travessa.

-Umm, sei... - respondeu o Winchester não acreditando.

-Estou falando a verdade.

-Então me diga quantos anos você tem?

-Vinte e dois, fiz há um mês. - mentiu a idade

O homem se surpreendeu, a garota não parecia ter mais que 16 anos, apesar de ser maior de idade. Aquele lugar não era para garotas, sentiu a curiosidade crescer, tentou reprimi-la, mas quando percebeu era tarde de mais já havia perguntando:

-E o que uma garota de 22 anos, como você, faz aqui nesse fim de mundo?

-É uma longa historia...

O homem consultou o relógio antes de responder.

-Temos bastante tempo até amanhecer... É claro que se você estiver disposta a compartilhá-la.

-Só se você me pagar mais uma dose.

-Garçom? – Chamou Dean. - Mais duas doses, por favor. -Após pedir, lançou um sorriso a jovem.

O resto da noite passou assim, entre uma dose e outra, sem exagerar é claro. A garota contou sua vida ao estranho, que parecia bem confortável em ouvir tudo sem ter de contar sobre a própria vida, Dean pareceu entender o porquê de ela ter fugido apesar de questionar um pouco. Perguntara também, se ela tinha um rumo e recebeu como resposta: "Vou pra onde a estrada me levar." Riu da frase da garota, ela era nova e sonhadora, mas parecia ter garra o bastante para sobreviver.

Quando o sol começava a aparecer no céu, se ofereceu para pagar um café para a jovem antes de ela cair na estrada novamente.

Sarah gostara bastante do homem, se não tivesse que ir embora com toda certeza gostaria de continuar conversando com ele pelo o resto do dia, e quem sabe sair para beber novamente, ele se mostrara um bom amigo. Sim, só amigo, apesar de bonito não fazia seu tipo. Por isso, quando amanheceu aceitou que ele pagasse um café antes de voltar a andar. Foram até a lanchonete na qual ela jantará na noite passada, ao entrar foi reconhecida pela velha garçonete que prontamente a atendeu:

-Olá querida, achei que já tivesse ido.
-Não, esperei amanhecer, a estrada é muito perigosa a noite.

-Fez bem... O que você e seu amigo vão querer?

-Dois cafés pretos e umas panquecas... Está bom pra você, Sarah?

-Não precisa. Só o café está ótimo. - Protestou a jovem encabulada perante a generosidade do estranho.

-Eu vou pagar, não se preocupe. - Se virou para a garçonete. - É só isso mesmo.

Um silêncio constrangedor caiu sobre a mesa assim que a garçonete saiu, e Sarah se sentiu na obrigação de quebrá-lo.

-Então Dean, você passou a noite inteira me ouvindo falar sobre minha vida, acho justo deixar você falar um pouco sobre a sua.

-Minha vida é complicada...

-A minha também. - Respondeu sorrindo

-Mas tivemos a noite tempo para eu ouvir sobre a sua...

-Você tem até ela trazer o café.

A jovem era insistente, Dean percebeu que não teria escapatória e começou a falar algumas coisas sobre sua vida.

-Já que você insiste... Bom, assim como você minha mãe morreu quando eu era pequeno, fui criado por meu pai, tenho um irmão mais novo, o nome dele é Sam, eu praticamente o criei, meu pai faleceu a algum tempo atrás....

Como se ouvissem suas preces a velha garçonete chegou à mesa trazendo os pedidos.

-Meu tempo acabou. - Disse sorrindo aliviado.

-Tudo bem! Já sei bastante, bem mais do que há 5 minutos atrás. - Disse a garota rindo.

O café foi tomado em silêncio. Dean a observava comer de forma relaxada, a garota não parecia ter passado por tudo o que já passara, mas no fundo ele sabia que tudo isso não passava de uma máscara, uma forma dela se proteger de todo o resto. Sim, ele a conhecia há algumas horas, mas fora tempo suficiente para reconhecer um pouco de si nela. Quando acabaram de comer, Dean pagou a conta, ele e Sarah saíram da lanchonete, não antes de Sarah se despedir da velha garçonete com a promessa de que voltaria algum dia até lá. Dean a acompanhou até a estrada onde se despediu da jovem com um abraço. Era estranho, mas de certa forma gostara de ter com quem conversar, pelo menos por uma noite. Assim que se despediu da jovem, Dean voltou para o motel onde ele e Sam estavam hospedados, precisava dormir um pouco se quisesse seguir viagem até a casa de Bobby ainda naquele dia.

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N/A:Bom essa é minha primeira fic do Cass e minha primeira fic capitulada, espero que vocês gostem, prometo postar o próximo capitulo em breve.

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