Para o IV Mini-Challenge James/Lily do Fórum 6V.
Não. Ele não sabia como poderia começar aquela conversa. E aquilo era um problema.
Ele poderia dizer que andou procurando coisas no sotão... que havia achado aquela fotografia sem querer e blábláblá, já que tinha sido daquela maneira. Não tinha problema em achar uma fotografia.
O problema morava no fato de que, ele não deveria se importar com uma fotografia. É claro. Ele ficaria com um ciúmes pequeno e acabou. Ele não deveria estar abrindo O Congresso de Reunião Familiar por causa de uma fotografia – uma pequena e letal fotografia, que ele achou por acaso no sotão.
Não. Não. Ele tinha que fazer aquele caos.
Fazer o quê...
Estávamos falando de James Potter – Aquele Que Fazia Tempestades Em Copo D'Água (Em Velhas Fotografias Encontradas Por Acaso No Sotão, melhor dizendo).
É a vida.
James apertou o quadro entre os seus dedos, sentindo um súbito desespero lhe subindo pela garganta. Ele não sabia como poderia começar uma reunião, já que nunca tinha feito uma.
Tá. Ele nunca tinha feito uma que se tratava de uma fotografia, pelo menos.
- Lily?
A mulher de cabelos vermelhos tirou os olhos do livro. - Oi?
Onde havia se metido aquele seu dom para falar sobre tudo que sabia, ou não sabia, também?
Bom... talvez ele tenha resolvido tirar boas férias com o seu dom para fazer tempestades.
- Acho que nós temos uma emergência.
Não!
Não era aquilo que ele deveria falar. Estúpido. Estúpido. Mil vezes estúpido.
- Hã...
- Não. Não. Eu estava dizendo... acho que nós temos um problema. É. Nós temos um problema.
- Ainda não estou entendendo onde você quer chegar. – Ela pousou o livro que lia sobre o lugar vago ao seu lado, ajeitando-se no sofá e se inclinando cada vez mais para James. Ouvindo-o.
O único problema é que ele não sabia o que dizer.
Só.
- Eu achei essa fotografia no sotão. – Ele lhe estendeu o quadro que carregava nas suas mãos.
Lily o observou. Ali tinha a fotografia de uma garota de cabelos vermelhos, com grandes olhos verdes, que estava sendo segurada por um garoto de cabelos loiros. A garota da fotografia não parecia nenhum pouco surpresa, pelo fato de que o rapaz mantinha as mãos na cintura dela.
Os dois não se mexiam nenhum milímetro na fotografia, por tanto, ela era vísivelmente trouxa.
- O que você viu demais na foto? – Lily perguntou, ainda sem entender o motivo dos dois terem um problema. Ela não via nada demais naquela foto, totalmente ao contrário de James.
- Tirando o fato de que o loirinho está te agarrando?
Talvez o seu dom para fazer tempestades tenha voltado mais cedo de suas férias...
- Ele não está me agarrando. – Ele percebeu o humor dela havia sofrido uma grande alteração, já que ela tinha colocado a fotografia por cima do livro, apertando os dedos.
Ele já conseguia visualizar aqueles dedos marcando-lhe o rosto.
Mas, do que valeria um tapa na cara, quando já tinha recebido até chutes?
Contanto que ele não precisasse ser internado por alguns dias, como da outra vez, estava bom.
- Ah, não está. E o que a mão dele está fazendo na sua cintura? – Perguntou, arrancando a foto do atual lugar onde ela estava. Ele apontou o dedo para o braço muito malicioso do garoto loiro.
- Ela está na minha cintura, porque é isso que os amigos fazem quando vão tirar alguma foto!
Como ela não pudia ver a malícia no olhar daquele garoto? Até no sorriso? Ele poderia ter dado até algumas gargalhadas depois – gargalhas que saíriam se aquela foto fosse bruxa –, tudo pelo fato de que ele tinha conseguido colocar a mão na cintura de Lily Evans.
Oh.
Oh.
Como ela não conseguia ver aquilo? Estava tão óbvio!
- Ele era mesmo só um amigo? – Ele chegou até o ponto que desejava. Apertou os seus olhos, por trás dos óculos de aros redondos. Há. Há. Há. Ele tinha que estar certo.
É claro que ele sempre estava certo. Mas, certas vezes, ele simplesmente desejava não estar.
Ele tinha quase certeza de que Lily riria, dizendo que aquilo era ridículo e que ele estava procurando chifres na cabeça de cavalos. Ele ficaria alíviado, é claro, e acharia tudo uma bobagem.
E aquilo que havia acontecido, certo?
Errado.
Lily se encostou no sofá, e enrolou os cabelos vermelhos, parecendo um tanto constragida.
- James, eu acho que você não deveria desenterrar o passado. – Foi aquilo que ela disse, e aquela simples frasezinha, continha tudo que James menos queria ouvir.
- Você estava namorando o loirinho! Que traição! – Ele cruzou os braços no peito, balançando a sua cabeça de forma quase dramática e decepcionada.
- Traição? – A panela de pressão havia acabado de explodir, o que significava que alguém acabaria muito machucado – Eu namorei com ele quando estava com quinze anos de idade!
- Está vendo. Eu sabia que essa história tinha cheiro de pedofilia!
- Pedofilia? – Agora Lily aparentava estar chocada. – Aonde você viu pedofilia nessa história?
- Oras, você não está vendo que esse loirinho aparenta ser muito mais velho do que você? Eu não dúvido nada que ele tinha dezoito anos naquela época!
- Isso é um absurdo! – Ela levantou os braços, parecendo muito irritada – Você. Está. Psicótico.
E estava.
E quem saíria daquela confusão toda, diretamente para o hospital, seria James.
É claro.
- Não estou não. É você quem guarda essas fotografias velhas! – Ele a acusou, sabendo que aquela poderia ser a sua centença de morte.
Verdadeiramente.
- É pra falar de coisas velhas, então? – O fato pronunciado acima acabara de ser constatado. – É? Então vamos discutir sobre o por quê de você guardar as ceroulas de sua bisavó!
Ele coçou a cabeça.
Aquele era um assunto muido delicado, que não deveria ser discutido daquela maneira...
- Papai dizia que elas eram mágicas. – Ele tentou explicar-lhe – Guardá-las dá sorte, tá bom?
É claro que ele sabia que Lily nunca poderia entender o valor emocional daquelas ceroulas. Claro, ninguém poderia entender. Qualquer um acharia apenas uma ceroula branca, com bolinhas vermelhas...
Não.
Não era apenas aquilo. Ninguém tinha visto o pequeno James correndo pela casa com aquelas lindas ceroulas na cabeça, alegre... batendo a cabeça em um poste...
E ele agradecia por ninguém ter visto, é claro, o zoariam até a sua morte.
Mas, aquelas ceroulas eram uma verdadeira relíquia, algo que o lembrava de sua doce infância.
- Hum... mágicas... – Ela não pareceu acreditar. – E o que você diz sobre o Chapéu esburacado do seu avô? Vai dizer que eles também são mágicos e que podem te fazer voar, é?
- Não. – Admitiu. – Mas aquele tapete da minha avó faz.
- Voar? Ah, claro. Só se fizer voar o pó para a sua cara.
- Não reclame. Você guarda as fotos dos namorados pedófilos que teve! – Contestou, emburrado, e pronto para armar o seu bico absurdamente infantil.
Lily o fitou, parecendo cansada agora. E não menos aborrecida. – Vamos chegar à algum acordo?
- Só se você jogar as fotos dos seus antigos namorados no lixo.
- Então jogue o chapéu do seu avô.
- Certo. Menos um troço pra ficar enfiado na nossa casa. – Ela estava quase alegre.
- Menos alguns dementes. – James a olhou desconfiado, esperando que ela revelasse todas suas outras fotos de namorados pedófilos que ainda guardava, em lugares escondidos e estratégicos da casa.
Talvez ele realmente fosse psicótico. Talvez.
- Não se anime muito, querido. – Ela já foi lhe dizendo – Você vale por pelo menos dez.
É a vida.
PRIMEIRA JL que eu posto na minha vida. Sério.
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