Título: Obsessive

Autora: Virgo no Áries

Classificação: Universo Alternativo, Pov, Romance, Agnst, Possível OOC.

Resumo: Por que o meu vício é você quando a minha redenção seria te esquecer?

Disclaimer: Saint Seiya e seus personagens não me pertencem mas à Kurumada, Toei e Bandai. Essa fic não tem fins lucrativos.

Aviso 1: Gostaria de agradecer as reviews da Julia e da Karol na fic 'Delícia'. Não respondi antes porque não consegui localizar a conta de vocês no site (ou talvez vocês não tenham). Enfim, aqueles que não possuírem conta no site peço gentilmente que forneçam e-mail pra contato para que eu possa responder as reviews.

Aviso 2: partes em itálico são flasbacks. O uso de aspas representa o pensamento espontâneo do personagem.

-o-

Um tapa.

Respiração ofegante.

Olhos castanhos. Quase vermelhos. E Furiosos.

Belíssimo.

Recomeça a discussão. Vozes alteradas. Batida de porta.

Silêncio.

Outra noite... Solitária.

É uma rotina de palavras ferinas. Frias. Cruéis.

Verdadeiras.

E eu anseio por cada uma delas.

Eu as desejo.

Ainda que seja desse jeito...

Meio obsessivo. Meio doentio. Altamente sadomasoquista.

É sufocante. Mas eu quero tudo.

Tudo o que ele estiver disposto a me dar. Tudo para ter o perdão dele. Tudo para tê-lo egoisticamente perto de mim.

Mesmo sabendo que isso me machuca. Mesmo sabendo que isso o machuca.

Minhas mãos estão trêmulas.

Fumo um cigarro. A nicotina não trás a sensação de relaxamento esperada.

Pego uma garrafa de vinho na adega e entorno a bebida em meus lábios.

O contato com o líquido é lancinante. Ele certamente me criticaria por beber.

Afogo minhas mágoas e incertezas nesse mel estranhamente amargo. Olho o rótulo de origem.

Vinho francês.

Irônico?

Não... Desesperado.

Desesperado por perdão. Desesperado por atenção. Desesperado por amor.

O amor dele.

Sigo cambaleante até o quarto e me jogo na cama. Nossa cama. Enterro a cabeça no travesseiro e suspiro.

Onde ele estará agora?

Tomo mais um pouco desse entorpecente anestésico.

O cheiro dele ainda está impregnado nos lençóis. As roupas dele ainda estão perfeitamente organizadas do seu lado do armário.

Mas...

Ele não está aqui.

Sinto algo molhado.

Lágrimas?

Não... é mais viscoso.

Sangue.

Deslizo a língua provando o sabor de meu erro.

Metálico, amargo.

Estúpido erro.

Se arrependimento matasse...

Gargalhei.

Não era uma má idéia.

Eu já estava acostumado às brigas. Inexoravelmente ambos nos machucávamos.

O motivo de continuarmos juntos?

Eu.

Parece contraditório... Mas não é.

Eu sou apenas mais uma ferida dolorosamente exposta em nosso relacionamento.

Que assim como as outras insistem em não cicatrizar.

A quem eu quero enganar?

A mim mesmo.

Nós temos tudo pra dar errado.

E ainda assim eu quero que dê certo.

Foi dessa forma que surgiram as mentiras.

Uma após a outra.

O pior era que ele sabia. E isso doía.

Porque ele não as impedia. Porque ele confiava em mim.

Mesmo quando eu já não confiava em mim mesmo.

Com o tempo fui me tornando dependente dele.

Tornei-me dependente das migalhas de atenção que seu coração já endurecido por minha lábia aceitava me dar.

E eu aceitava com medo de perdê-lo definitivamente.

Medo esse que foi o começo da deterioração de nosso relacionamento.

A insegurança nos faz pecar de modo perverso às vezes.

E eu me apoiei nele como um náufrago à procura de terra firme.

Kamus tornou-se o meu controle emocional.

A minha sanidade mental.

Kamus era minha droga diária de ecstasy (1).

E não podia deixá-lo se esvair por entre meus dedos.

Pois eu me agarrava a ele como a sua promessa.

Sempre estarei aqui...

Deixei que as lágrimas corressem livremente como se pudessem lavar a alma de meus pecados.

Apertei o lençol, me encolhendo em posição fetal na cama e cerrei a mandíbula com força com raiva de mim mesmo por me sentir tão fraco.

Impotente.

Em meio a escuridão do quarto deixei que a indignação e o desespero tomassem a minha voz embargada antes de Morfeu levar-me para sua morada.

- Mentiroso.

Continua... (?)

N/A:

(1) Ecstasy: é uma substância psicoativa que possui ação estimulante e alucinógena. Os efeitos físicos são taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, reflexos exaltados, vontade de urinar, tremores, transpiração, câimbras ou dores musculares.

Quanto aos efeitos psíquicos, o ecstasy ocasiona sensação de intimidade e de proximidade com outras pessoas, aumento da comunicação, da sensualidade, euforia, despreocupação, autoconfiança e perda da noção de espaço.

A longo prazo podem ocorrer alguns efeitos tais como lesões celulares irreversíveis, depressão, paranóia, alucinação, despersonalização, ataques de pânico, perda do autocontrole, impulsividade, dificuldade de memória e de tomar decisões.

O desenvolvimento de tolerância pode ser favorecido pelo uso contínuo do ecstasy. A dependência psicológica pode verificar-se mas não existem dados conclusivos relativamente à dependência física.

Alguns poderão dizer que exagerei... Mas eu gosto deste Milo autodestrutivo, intenso ao extremo e de certa forma emocionalmente frágil... Kamus assim como o ecstasy é capaz de causar efeitos inimagináveis... Resta saber como o Milo vai reagir a eles. Curiosos?

Kissus,

Virgo no Áries