Disclamier: Naruto não me pertence.
Ps. Essa não é uma história com um final feliz.
Entorpecidos
Ensolarada
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"Eu abro meus olhos
Eu tento enxergar, mas estou cego pela luz branca
Não consigo lembrar como
Não consigo lembrar o porquê estou deitado aqui esta noite."
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Naruto
Estava sentando na mesa do meu apartamento degustando meu ramen preferido de porco. Era noite, o céu estava com poucas estrelas para uma sexta-feira. Tinha chegado pela manhã de uma missão longa no pais da nuvem, como de praxe alguns mercenários queriam acabar com a paz numa pequena vila de madeireiros. Estava tão silencioso lá fora e ao constatar isso me senti em paz por saber que tinha contribuído com esse novo tempo em Konoha. A guerra havia acabado, sasuke-teme havia voltado e pagado sua dívida com a justiça. Ele agora estava refazendo o distrito Uchiha com minha ajuda. Eu estou tão feliz porque meu irmão/melhor amigo finalmente voltou e o time 7 agora está completo. Sakura-chan é a pessoa mais feliz do nosso time! Anos passaram e ela continua de forma perseverante a amá-lo, sem se importar se um dia será finalmente correspondida. Ela e eu temos isso em comum—Esperamos.
Fui tirado dos meus devaneios quando ouço batidas na porta, se assim posso dizer, já que a pessoa estava quase a ponto de derrubá-la com os socos. Levantei-me sem muita vontade e fui atender. Para minha surpresa era minha companheira de time e a mulher porque sou apaixonado—Sakura. Ela estava chorando e tremia de tanta aflição. A dor estampada em seu rosto me deixa perplexo e como um déjà-vu me lembro da cena em que ela me implorou para trazer sasuke de volta quando ele se aliou ao Orochimaru. O que tinha acontecido de tão grave para deixá-la assim nesse estado lamentável?
—Sakura-chan o que houve? —Pergunto nervoso.
Ela me olha por uns segundos confusa e se joga nos meus braços chorando com uma criança perdida que reencontra seus pais. Se segura em mim como força como se a qualquer momento fosse desparecer.
—Naruto, onegai.
—O que aconteceu sakura-chan? Você está me deixando preocupado! —Falei desesperado.
—Onegai... onegai me ajude. —Pediu atordoada.
—O que sakura-chan? fale! Eu ajudo não importa o que seja!. —Asseguro abraçando com força.
—Onegai me ajude a esquecê-lo.—Implorou.
Então esse era o ponto—Sasuke. O seu grande amor de infância indiferente. Após suas palavras me beija sem aguardar pela minha resposta. Quantos anos eu esperei por esse momento! Que a linda mulher de cabelos rosos me daria uma chance. Então a correspondo e coloco todo o amor que eu sinto por ela e havia mantido guardado no meu coração todos esses anos. Mas mesmo com meu esforço não pude ficar sem aquela sensação que não devia está acontecendo desse jeito, a minha consciência alertava. Podia sentir o gosto de álcool em sua boca e questionava se esse era o motivo que a tinha a impulsionado a me procurar.
—Sakura-chan não faça nada do que possa se arrepender depois! —Adverti segurando seus ombros.
—Tudo bem. —Concorda enxugando as lagrimas.
Convido para entrar para que a gente possa conversar melhor. Sentamos na mesa e ela se lamenta por tantos anos desperdiçados esperando por ele. Apesar do desabafo em nenhum momento revelou o motivo que a tinha feito chegar ao limite. Eu nunca tinha visto tanto vazio no olhar sakura-chan, e aquilo me provou que ela tinha jogado a tolha definitivamente. O impensável estava acontecendo diante de meus olhos.
—Eu cansei naruto. Cansei de ser a vítima! —Exclamou ela com raiva.
—Sakura-chan...
—A partir de hoje vou seguir com minha vida. Você me ajuda? —Pediu ela com olhos cheios de expectativas.
—Como sakura-chan? —Pergunto.
—Ficando comigo— afirma me deixando surpreso— Ao meu lado.— Acrescenta pegando em minha mão.
—Sakura você sabe que eu te amo. Acha que isso e justo comigo? —Acuso afastado sua mão.
—É justamente por isso naruto! Porque você me ama. Por isso vim atrás de você, porque você o único que pode mim libertar desse sentimento unilateral. Quero abrir meu coração para alguém que realmente mereça— você. Naruto você sempre esteve ao meu lado, sempre me apoiou, me manteve segura, então não existe alguém que mais tenha feito por mim. E eu quero dar essa chance a você, por mim e por nós. —Declara séria.
Ela parecia honesta em suas palavras. A rosada nunca tinha mentindo pra mim, não havia motivo para fazer isso justamente agora, mas mesmo assim...
—Sakura-chan não sei se isso é uma boa ideia.— Respondo confuso com os últimos acontecimentos.
Porque para mim estava mais do que na cara que quem sairia despedaçado desse relacionamento seria eu, mas meu coração a desejava mais do que tudo. Desde que eu me entendo por gente sempre gostei da Haruno, mas sinceramente jamais havia me visto iniciando uma relação assim, eu sendo sua tabua de salvação. Ela se levantou e pegou minha mão me ajudando a ficar em pé. Ela me beijou novamente, mas de forma lenta e gentil, e quando menos percebi eu cedi. Como eu queria ser capaz de chegar ao seu coração. Ela aprofundou mais o beijo me fazendo encostar na parede. Nossas respirações estavam entrecortadas e a temperatura crescia rapidamente. Eu não era mais um moleque para não perceber qual era a intenção dela.
—Sakura-chan você tem certeza que quer continuar com isso? —Questionei encostando minha testa na dela.
A desejava com ardor. Só que não poderia correr o risco de depois do alto ser consumado ela começasse a chorar arrependida. Seria demais pra mim!
—Tenho. —Afirma voltando a me beijar com mais intensidade.
Vamos batendo nos móveis pelo corredor. E aos tropeços até a cama enquanto os beijos eram acompanhados por carícias. Ela tira sua blusa revelando seu sutiã branco e meu corpo reage imediatamente a isso. Tiro minha camisa para sentir ainda mais o corpo quente abaixo do meu. Os gemidos saindo da boca dela me incentivam a satisfazê-la ainda mais. Eu não sei o que eu poderia esperar pela manhã, mas eu ia me esforçar ao máximo para tornar essa noite memorável.
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Assim que acordei notei que estava sozinho em minha cama. E um bilhete na cabeceira explicava que ela tinha ido para sua casa, mas daqui com uma hora voltaria para que a gente fosse ao restaurante. Lembrei que todo domingo depois de alguns meses da guerra todos os times se encontravam no restaurante e almoçávamos juntos. Levantei e fui tomar um banho, ainda podia sentir o cheiro dela entranhado no meu corpo. A prova de que tinha sido real. Não um sonho . Não um genjustu. Tínhamos perdidos a virgindade um com o outro. Vesti uma roupa e fiquei deitado na minha cama enquanto tentava absorver tudo o que tinha acontecido.
Sakura-chan chegou sorrindo e me beijou. Expliquei a ela que só iríamos continuar com isso se fossemos assumir um relacionamento, a pedi em namoro e ela aceitou prontamente. Não pude evitar um sorriso idiota que surgiu no meu rosto. Conversamos e resolvemos revelar logo aos nossos amigos sobre o nosso namoro, afinal não éramos mais crianças. Fomos para o restaurante de mãos dadas e podia ver a surpresa das pessoas na rua com nossa intimidade. Alguns nos felicitaram no caminho e quando chegamos ao restaurante todos já se encontravam lá. E de mãos dadas eu disse a plenos pulmões:
—Sakura-chan e eu estamos namorando. —Revelei sorrindo.
De tudo que eu podia esperar da reação dos nossos amigos, o silêncio não era contado. Olhei para as expressões chocada deles é pensei se era tão absurdo assim nós estamos em um relacionamento? Por alguns segundos a única coisa conseguia ouvir era o som da minha respiração. E mesmo sabendo que ela era a pessoa que mais estava sofrendo com aquela notícia foi a primeira a quebrar o clima estranho.
—Parabéns sakura-chan, naruto-kun. —Felicitou-nos hinata.
Como se fosse um despertar os outros começaram a nos parabenizar, mas sabia que aquilo não passava de uma encenação. Que talvez a única pessoa sentada naquela mesa que estava genuinamente feliz por mim era a azulada, mesmo que por dentro estivesse sofrendo. Senti alguma coisa estranha no estômago assim que ela virou o rosto e não pude mais ver seus lindos olhos perolados.
—Hinata gomen.—comecei—Eu nunca tive a oportunidade de te agradecer pelo o que você fez por mim, por ter salvado minha vida. Acho que nada que eu diria seria o suficiente para expressar o quanto eu sou grato a você. —Afirmo enquanto bagunçava meu cabelo nervoso.
Ela está em pé na minha frente com mãos atrás das costas, com pés cruzados. Uma típica posição sua. Seus olhos não deixaram o chão desde que a encontrei na rua e trouxe para o campo de treinamento 7 para que pudéssemos conversar. Vi nos seus olhos receio de ficar comigo a sós, mas no fim acabou cedendo. Sua natureza gentil não permitiria me dizer um não, mesmo não merecendo tal consideração. Sei que isso também se devia ao fato dela me amar e saber que independente de não a corresponder ela desejava minha felicidade.
—Naruto-kun, não precisa me agradecer. O importante e que você esteja bem! —Afirmou sorrindo olhando pro seus pés.
—Arigatou hinata. —Meu corpo se aproximou e senti um desejo enorme de tocar em seu cabelo. —E sobre a outra coisa eu queria dizer que e...
—Naruto-kun não precisa me explicar nada! Você nunca me prometeu nada, nunca disse que um dia poderia me corresponder. — Interrompeu me olhando nos olhos séria.
Ainda era estranho para mim lidar com essa hinata. Não conseguia produzir rubor, desmaio e gagueira nela. O tempo e a guerra tinha feito amadurecemos. Ela evoluiu e eu me senti orgulhoso.
—Eu sei, mas você merecia muito mais do que isso hinata! —Rebati um pouco alterado pelo seu conformismo .
Será que ela não percebia o quanto ela merecia! Coisas que nem sequer eu saberia dizer, afinal nada seria bom o bastante!
—Hai, mas não podemos ter tudo. — Concluiu distante.
—Hinata eu... —tentei dizer algo que pudesse amenizar a sua dor. Mas eu era o motivo. Nada que falasse faria se sentir melhor. Eu era um ser miserável mesmo.
—Eu sei...Tenho que ir agora naruto-kun. — Anunciou começando a andar.
Assim que vi suas costas e seus passos a levando para mais longe de mim tive o desejo insano de ir ate ela e fazê-la parar. Queria abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas não ia. Pelo menos não por ora. Ela sumiu em meio à multidão e me deixou com a sensação de estar mais sozinho do que nunca. Como nem quando era criança e não tinha família.
Estava deitado na minha cama com sakura em meus braços nua. Era de noite e estranhamente estávamos calados. Meia volta nós ficávamos assim, perdidos em pensamentos. Eu nunca perguntei sobre o que ela pensava, e nem ela exigia isso de mim. Nós criamos uma espécie de silencioso mútuo carregado de respeito. Ela se remexeu e virou para mim.
—Naruto.
—Hai sakura-chan.
—Prometa para mim que você nunca vai me abandonar. —Pediu com semblante preocupada.
—Mas que bobagem sakura-chan. Eu jamais faria isso! —Garanti sorrindo da situação.
—Eu sei. Mas...
—Você confia em mim? —Questionei sério.
—Confio, por isso quero que me prometa! Você nunca volta atrás com suas palavras. —Argumentou.
—Tudo bem, se vai fazer você se sentir mais segura. Eu prometo! —Digo segurando sua mão forte.
—Arigatou. Eu sei que você jamais vai me decepcionar. —Afirmou ela sorrindo.
Mais uma vez eu me vi preso a sakura por uma promessa, mas dessa vez seria mais fácil de cumprir. Não é mesmo?
A medida que os meses passavam e nosso relacionamento se tornava mais sério as coisas começaram a esfriar. Os beijos de sakura eram superficiais, os abraços sem calor e noites de amor tornassem apenas sexo. Tudo tinha se resumido em aparências. Foi aí que começou o início da minha frustração porque apesar de fazer tudo, eu não conseguia entrar no coração de sakura e muito menos preenchê-la. Era visível que ela não estava feliz, e sim conformada.
O tempo foi passando e fui me dando conta de como era difícil ficar próximo de alguém que não te ama. Sempre imaginei namoro com sakura-chan bem diferente deste. Imaginei que assim que me aproximasse ela sorriria, me daria um beijo apaixonado e diria o quanto estava com saudade. Coisas que qualquer pessoa espera de um romance, mas o filme da nossa vida estava mais para drama/tragédia. Um que não tinha forças para sair e nem ela para terminar. A rotina tinha se tornado a terceira pessoa da nossa relação.
E tudo começou a piorar quando soube que hinata tinha dado entrada no hospital com grave ferimento no estômago. Era de noite e estava entregando o relatório da missão com o capitão Yamato. Shizune tinha entrado na sala para ler o relatório do progresso do paciente sem eu dar muita atenção, mas quando ouvi o nome da Hyuuga meu sangue gelou. Elas me explicaram que tinha sido uma cilada e se não fosse por kiba hinata podia estar morta. Corri em direção ao hospital e pedi para vê-la, mas baa-chan não permitiu porque não era horário de visita. Sentei no banco no corredor e afirmei que esperaria ali até da o horário o necessário. Era visível meu cansaço, mas ela me conhecia pra saber que não ia mudar de ideia, então permitiu a contragosto.
Aproximei-me do leito tomando cuidado de não fazer barulho, mas fui informado que ela estava sedada e não ouviria nada. Agradeci a tsunade e ela nos deixou sozinhos. Olhei pro monitor que mostrava os batimentos cardíacos dela baixos, e aquilo fez meus olhos arderem. Ela estava tão pálida que parecia mais morta do que viva. Toquei sua mão gelada com todo o cuidado com medo de que aquilo fosse piorar mais seu estado clinico. Seu monitor deu uma pequena disparada e eu me perguntei se mesmo inconsciente ela conseguia sentir minha presença?. Eu desejava que sim! Senti as lágrimas escorrem pelo meu rosto. A dúvida estava criando raízes em mim! Ela é apenas minha amiga. Se fosse qualquer um meus amigos eu reagiria da mesma maneira. Não é mesmo? No fundo não sabia qual era a resposta.
No outro dia fui visitá-la com um pequeno ramo de jasmim nas mãos e tive a notícia que ela tinha sido transferida para os cuidados do clã. Todos os dias perguntava a baa-chan sobre sua melhora, e ela me tranquilizava dizendo que hinata estava tendo progresso aos poucos. Depois de quase um mês eu a vi na rua conversando com seu time, imediatamente senti uma felicidade crescer dentro de mim. Ela estava bem. Hinata estava sorrindo de forma acanhada com as mãos sobre a boca. Ia me aproximar e perguntar como estava indo sua recuperação, mas assim que ela me notou seu sorriso murchou. Aquilo foi um aviso para mim que minha presença não a faria bem, então eu fui embora com garganta seca e as mãos suando.
Depois da guerra vi algo crescer em mim. Queria cuidar da hinata, proteger e guardar de tudo que a pudesse fazer mal, eu só não podia a proteger do seu pior sofrimento—EU. E a vida tinha me retribuído o mal que eu fazia me impondo a distância. Quando chegava em casa me pegava pensando nela e em como queria apenas uma chance de me aproximar e ouvir sua voz mais uma vez chamar o meu nome. Eu a tinha afastado e não tinha como trazê-la de volta. Hinata merecia a felicidade que eu jamais seria capaz de lhe dar. Eu tinha me tornado um fracasso como homem. Minha frustração era tanta que não tinha nem coragem de encarar meu reflexo no espelho.
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Sakura chegou com sua expressão apática novamente, e eu poderia dizer algo sobre isso, mas não me via mais nesse direito. Aquele shinobi com sua confiança inabalável e suas antigas convicções já não existia. Ela deitou ao meu lado na cama no quarto escuro e começou a me falar sobre seu dia. Antigamente teria dado atenção até os mínimos detalhes, só que esse momento de intimidade e conversas cheias de sorrisos tinha passado. Aquilo se tornou nosso ritual para irmos depois para o que realmente interessava, e o que tinha a trazido a meu apartamento. Ela se aproximou mais e começou a me beijar e em poucos minutos já estávamos sem roupas, com a respiração acelerada, suor escorrendo pelo corpo e os dois chegando ao êxtase. Então depois de satisfeita, ela se vira, se encobre com o lençol e me deseja "boa noite''.
Me sinto vazio todas as noites. Mas tudo bem... porque agora eu sei o que ela sente, sei como e está com alguém que se gosta mais não é o bastante. Estar perto, mas ao mesmo tempo tão distante. Então viro para o lado dela e abraço esperando que o mesmo sentimento de conformidade da rosada passe para mim. Com um suspiro vou cedendo, pois agora minhas ha. Quem diria que o motivo que trouxe sakura naquela noite em meu apartamento se tornaria o meu motivo para continuar nessa relação.
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