É, ainda consigo me lembrar do dia em que você terminou comigo. Nos meses após, eu estava destruída e falar com vc acabava com os pedacinhos restantes do meu coração. Lembro quando você se ofereceu pra me levar a Hogsmeade no dia dos namorados, parecia, as vezes, que você tinha se arrependido do que me disse naquela noite.
9 e meia da manhã uma coruja deixa uma carta ao meu lado na cama. Eu acordei com os barulhos do animal. Agradeci a coruja, peguei a carta e li ainda com sono. Dizia assim:
Passo na sua casa as 10 pra pegar o meu livro.
SS
Coloquei a carta embaixo do travesseiro e voltei a dormir. 1 minuto depois eu acordei com a lembrança de que alguém iria em meus aposentos em pouco tempo. Acordei assustada e reli a carta. Meu coração parou por um segundo. Ele estava indo me ver. Levantei correndo e fui tomar um banho. Assim que sai do chuveiro ouço ele me chamando. Corri até a porta e a abri.
- Te acordei? - Ele me perguntou.
- Mais ou menos. Entra. Vou pegar seu livro. - Respondi
Ele foi até o meu quarto e sentou na minha cama enquanto eu procurava o livro dele. Conversamos coisas banais e ele me chamou pra dar uma volta. Eu aceitei. Tinha marcado com a Gina e ele me acompanharia até os aposentos dela.
- Você leu o livro? - Severo perguntou.
- Claro. Umas 5 vezes. - Respondi.
- Então me conta. - Ele desafiou.
- Uma moça chamada Nina morava com o namorado chamado André. Quando soube que ela estava grávida, André disse que teria que se casar com outra moça, mas que continuaria o caso com ela. - Comecei a narrar a história do livro com perfeição.
- Tá. Eu conheço a história. Eles ficam juntos no final? - Ele me perguntou.
- Sim. - Respondi.
- Porque? - Ele instigou.
- Porque ela esqueceu o orgulho e o perdoou. - Ofereci.
Depois disso fiquei pensando no que, exatamente, ele queria com aquela conversa maluca. Ele sabia que eu conhecia a história assim como ele. E o que mais me intrigou é que, por orgulho de ambas as partes, a gente não voltou.
Conversamos um pouco mais até chegar nos aposentos da Gina. Me despedi dele e pedi para que ele não sumisse. Ele me deu um beijo no rosto e foi embora.
Alguns meses depois, encontrei ele na boblioteca e ele me disse que me levaria até os meus aposentos. Quando chegamos, ficamos conversando besteiras e eu não deixava ele ir. Até que ele perguntou:
- Você quer me dizer alguma coisa?
- O que você quer que eu te diga? - Retruquei.
- O que você quer me dizer e não tá conseguindo. - Ele disse rindo.
- É complicado. E como você disse, eu não consigo dizer o que quero. - Respondi corada.
- Tenta. Não é tão difícil. E também, o não você já tem. Não tem motivo pra não tentar o sim. Você tem 50% de chance. - Ele me disse. Parecia que ele sabia o que eu queria dizer, ou então, ele queria que eu dissesse. Até hoje não me decidi em qual das duas acreditar.
Eu desconversei. Não disse o que eu queria dizer e nem o que ele queria ouvir. Eu não pedi pra voltar. Eu não pedi pra ele ficar. Eu o respeito demais e por isso nunca faria um pedido desses. Mesmo que isso custasse a minha felicidade. Foi uma escolha dele ir embora e eu não poderia, nunca, ter feito ele voltar atrás. Eu o respeito tanto que aceito as decisões dele mesmo que não concorde com elas. E se foi ele que decidiu ir, é ele que precisa decidir voltar. Não posso fazer escolhas por ele. Ele foi embora. Me arrependi no mesmo instante. Fui pro meu quarto e chorei até dormir.
Depois desse episódio, ele não falou mais comigo. Passa e finge que não me conhece. No começo me machucava demais, hoje, nem tanto. Aprendi a lidar com o sofrimento. Aprendi a viver sem ele. Aprendi que as coisas nem sempre são do jeito que deveriam ser. Do jeito que eu queria que fossem.
