Escrita para Morgana, a fada.

Her dirty paws and furry coat
She ran down the forest slope
The forest of talking trees
They used to sing about the birds and the bees

Aquele lugar a acalmava, o canto secreto entre a cabana do velho Hagrid e a Floresta Proibida que não dividia com ninguém — a família era tão grande, todos tão notáveis; ela só precisava de algo… seu. Era simbólico. Talvez fosse muito individualismo de sua parte, mas a fazia se sentir bem e ela não ligava.

A brisa fresca lhe trazia o farfalhar das altas coníferas que dominavam a paisagem, fazendo tudo parecer uma grande bacia e Hogwarts apenas uma casinha de brinquedo no meio do nada, e bagunçava seus já armados cabelos. Ela tirou uma mecha castanha do rosto com uma mão e a colocou atrás da orelha, enquanto a outra segurava uma flor, arrancando pétala por pétala. Rose estava tão perdida em pensamentos que não percebeu uma sombra surgindo atrás de si. Ninguém falou nada. Uma por complacência, a outra por desapego.

— Lily — disse, virando a cabeça e percebendo a outra sentada sobre as abóboras gigantes, um sorriso desaparecendo rapidamente. — Oi.

— Oi.

Cachos. Lily tinha, por algum motivo, cachos. Ruivos, fulguravam contra o céu azul, os olhos castanhos contraídos em argúcia. Rose lembrou-se por um momento da lenda que rondava a escola: uma fênix chamada Fawkes, que um dia pertencera a Dumbledore e desaparecera no dia de sua trágica morte, às vezes aparecia no céu, vermelha como um raio de esperança. A diretora McGonagall sempre respondia as perguntas sobre isso com um sorriso enigmático na face enrugada.

Ela voltou o rosto para frente.

The bees had declared a war
The sky wasn't big enough for them all
The birds, they got help from below
From dirty paws and the creatures of snow

— O que foi? — Lily perguntou, agachando-se ao seu lado.

— Estou… pensando. O meu nome.

— Mmmm? Eu adoro seu nome.

— Quer dizer… você tem o nome de duas mulheres poderosas. Lily Potter, sua avó, uma heroína. E a tia Luna, uma acadêmica importante nos mistérios da magia… e o meu?

— Rose, sua mãe é a ministra da magia.

Ela soltou um esgar sarcástico.

— Sim, a minha mãe. E eu?

Lily olhou em seus olhos.

— Você está se contradizendo. Se a importância é você e não os que vieram antes, por que é relevante de onde nossos nomes vieram? Quem faz a nossa história somos nós, Rosie, como indivíduos, e cada dia tem um significado. Aqui, agora, eu só quero…

As sardas.

"Eu quero…"

O nariz arrebitado.

"(...) te beijar."

Os lábios avermelhados.

Lily Luna vencera outra discussão.