Era apenas mais uma noite comum na capela abandonada da escola, utilizada como dormitório por alguns poucos alunos. Michiru e Koyomi já haviam se despedido e ido dormir a algum tempo (ou, se Koyomi tiver se tornado Yomi, quem saberá o que as duas podem estar fazendo...).
Shito, após arrumar toda a cozinha (não entendo como pessoas podem ser tão desorganizadas), decide tomar um banho. Indo em direção ao banheiro, nota que desde após o jantar Chika desapareceu, sumiu, quem saberá onde ele decidiu se meter, com certeza para ficar resmungando mais do que faz normalmente.
- Quem se importa? Com tanto que me deixe em paz... – Shito fala para o nada, apenas pensando alto e talvez, para esconder para ele mesmo o fato de que está preocupado e curioso pelo paradeiro de Chika.
Chika não parece bem desde o que aconteceu com Shiba, seu antigo companheiro de escola. Ele sempre sente medo de estar sozinho, sempre procura estar perto de alguém, ou pára, do nada, e começa a olhar para o além, como se estivesse naufragado em pensamentos.
Shito, durante o banho, lembra-se do dia em que a luz simplesmente acabou, e, com um grito, Chika pulou em seu colo e o abraçou com muita força, tremendo de medo, e Shito acariciou seus cabelos para acalmá-lo. Chika agiu como uma criança amedrontada precisando de proteção.
Shito, porém, ao se lembrar desse fato, sente um leve arrepio, talvez por que tenha sido estranho, ou talvez... talvez por que teve Chika tão próximo de si, teve seu corpo junto ao seu.
- Não... – gargalhou Shito – olha o que chega a passar pela minha cabeça !! Aquele idiota...
Mas no fundo, bem no fundo, ele sabia que, de alguma forma, Chika conseguia mexer com a sua cabeça. E, sem perceber, ergueu seu braço direito em direção ao rosto, e beijou lenta e longamente a mão direita, que, na verdade, pertencia ao outro.
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Chika estava deitado, pensando.
Por que tudo tinha que dar sempre tão errado?
Por que ele teve que morrer, e para viver, ter que ser um mero zumbi, e ainda, matar outros zumbis para pagar uma dívida que fez para continuar a "viver"?
Por que ele teve que perder um antigo amigo da forma que perdeu, sendo esse amigo um rival?
Por que ele ficou com tanto medo de tudo ao seu redor?
Ele havia perdido toda a confiança em qualquer pessoa, em qualquer coisa. Apenas uma pessoa ainda o fazia sentir bem, o fazia sentir necessário, o fazia sentir realmente vivo.
E na mesma hora que Shito beija sua mão no banheiro, Chika ergue seu braço direito em direção ao rosto, e beija a mão que pertence ao outro.
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- Aaai, ai, banho bom... – pensava alto Shito, enrolado na toalha e indo em direção ao seu quarto.
Chega ao seu quarto, e, enquanto tateava na parede em busca do interruptor, sua toalha cai no chão.
- Maldita seja...
Quando acha o interruptor e o liga, vê algo sobre sua cama que, ao mesmo tempo que já imaginava que veria, o irritou um pouco. Será que Chika havia esquecido qual era o seu quarto? Ou será que ele pensava que Shito o queria sempre por perto?
(bom, querer eu quero, maaas, ele não precisa saber disso...)
Chega bem perto de Chika, que está, não deitado, e sim, espalhado sobre sua cama, se apossando de cada centimetro que consegue com seu corpo.
- Hey, Chika, acorde sim...
Chika apenas suspira alto, e vira para outro lado, no ápice de um sono extremamente profundo.
- Heey, eu também quero dormir na minha cama, pra variar !!
Mas o outro não esboça nem ter notado que Shito o chama. Cansado apenas de chamar, Shito segura os ombros de Chika e o chacoalha forte, fazendo com que o outro se assute, mas, finalmente, acorde.
- Até que enfim acordou ! Agora, saia da minha cama !
Chika abre o olho, então olha para Shito, e rapidamente vira o rosto para o outro lado.
- Tudo bem em me acordar, mas você podia estar ao menos vestindo alguma coisa, ou pelo menos com uma folha de parreira pra esconder o que você está fazendo questão de mostrar não é?
(o que você está tentando? Me deixar ainda mais perdido?)