Leiam a n/a do final ela é extremamente importante!
CapituloI: Reencontro com o passado.
"Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a
confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre
novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em
tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do
bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde
manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em
choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra
mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como
soía."
Camões
Virgínia Molly Weasley ajeitou seus enormes brincos de prata e arrumou a mecha de cabelo que caiu em seu rosto. Aquele estilo enganoso combinava com ela, afinal há muitos anos vivia nessa espécie de farsa, pelo menos desde que abandonara uma das partes mais importante de si: o amor.
Hoje com vinte e seis anos ainda recordava com melancolia que há dez anos deixara parte de sua felicidade. Para alguns um ato de covardia, para ela a única escolha.
No inicio fora realmente difícil deixar de lado as velhas manias (acordar sentindo a respiração leve dele ao seu lado, vê-lo reclamar com sua pose aristocrática, as carícias trocadas...), mesmo assim nada como o tempo para ocultar certas lembranças, principalmente quando queremos tão avidamente esquecê-las.
Desistira de tudo que prezava graças aquela maldita guerra que marcara uma Era na História da Magia com o sangue das vitimas inocentes que fora derramado.
Mas não haviam sido o caos ou o sofrimento que a haviam levado a desistir de tudo e sim a indiferença e a solidão. Engraçado pensar em solidão quando se tem amigos, porém aos poucos um abismo parecia começar a separá-los e a cada dia ia tornando-se mais palpável e era daí que começava a nascer o sentimento de abandono, alguns dizem que a solidão é não ter ninguém por perto, na verdade para ela solidão era estar rodeada de pessoas, mas distante de seus corações.
A guerra mudara a tudo e todos. O medo e o desespero viviam estampados nos rostos das pessoas. Ela também havia mudado isso era inegável, mas o que mais doeu foi ver no que seus melhores amigos haviam se tornado.
Harry transformara-se completamente quem não o conhecesse diria que ele não passava de um garoto sério, distante e por que não dizer frio. Tão diferente do Harry de antes. Construirá um muro intransponível ao redor de si que excluía o contato com tudo e a todos do mundo exterior.
Rony por sua vez afastara-se depois que tinha se tornado o melhor goleiro de Quadribol de três temporadas seguidas do Chudley Cannons, sendo que em setenta jogos tomou apenas três gols, foi considerado fenomenal por todas as revistas bruxas por um bom tempo. Na verdade talvez ele não houvesse se afastado de propósito, pelo menos era isso que ela acreditava. Mas o sofrimento muda as pessoas e ter sua mãe e irmãos torturados e assassinados em uma emboscada armada por Comensais da Morte devia ter sido um golpe duríssimo, pelo menos foi pra mim.
Hermione também percebera as mudanças nos amigos, ainda mais próximos dela do que de mim, devo dizer que ela se traumatizou tanto que desistiu da magia. Hoje, ela reside no mundo trouxa, assim como eu, papai e Laura. Tenho mais contato com ela do que com meu irmão, por mais incrível que isso possa parecer.
Quanto a ele... Ele sempre foi do mesmo jeito: calculista, mas um exímio guerreiro na frente de batalha, um caçador que depois de selecionada a presa não descansava ate tê-la capturado sem misericórdia. Mas naquela época ninguém ousava discutir seus métodos. Draco era a carta na manga da Ordem, ele havia tornado-se fundamental desde o começo da Guerra e todos precisavam dele, alguém que não titubearia em matar se preciso.
A guerra teve seu desfecho no final do sétimo ano do "Trio Maravilha" e nessa época já eram poucas às vezes em que nos falávamos. Harry felizmente conseguira vencer Voldemort e decidiu que não mais queria viver em Londres, mudara-se para a França Trouxa meses depois. Acho que estava cansado de ser aclamado herói por algo que ele não possuía o menor orgulho de ter realizado. Deve ser uma perspectiva muito perturbadora ser um salvador e ao mesmo tempo um assassino.
O saldo da guerra pra mim, até hoje me faz ter pesadelos... Perdi minha mãe e mais três irmãos, Gui morreu na luta contra Lucius Malfoy, Percy e Jorge estavam junto com mamãe na emboscada. E não menos importante eu perdi o meu querido amor: Draco Malfoy. E não pensem que ele morreu fisicamente, de fato isso não ocorreu, mas provavelmente tudo que existia de bom dentro dele foi extinto depois de tudo aquilo.
Em nossa última conversa ele me disse que só se arrependia de ter escolhido o Lado da Ordem porque ele encontrou desse lado o mesmo que encontraria do lado de Voldemort, ou seja, de uma forma ou da outra ele teve que manchar suas mãos de sangue, fato que me confidenciou mais tarde ter pavor.
Ele também foi embora. Talvez quisesse curar seu coração longe de tudo aquilo. Partira para bem longe, tentaria esquecer e recomeçar, infelizmente isso implicava em tentar me esquecer também. Assim antes de partir ele me pediu que não tentasse localizá-lo ou algo do gênero.
Nada mais fazia sentido pra mim. E aceitei prontamente a proposta de papai de nos mudarmos para a Londres trouxa. Aqui pelo menos podia fingir que era feliz e que de minha vida não havia sido arrancado um pedaço. Agora eu sorriria para acalmar os corações daqueles que me amavam.
Fiquei muito feliz quando há dois anos voltei a encontrar Rony, agora casado com Luna Lovegood (quem diria!) há pouco mais de três anos e eles já tinham ate um filho de dois aninhos. Acabamos conversando por horas, e ele acabou me pedindo desculpas por como ele mesmo disse: - ter me abandonado.
Reatamos nossa amizade – Rony, Hermione e eu - mas infelizmente nada voltaria a ser como antes, faltava ainda um pedaço de nossas historias, Harry não estava ao nosso lado.
Bem quanto
a "ele" nunca mais tive noticia ou o reencontrei. Soube apenas
que ele tornara-se muito rico e importante em ambos os mundos, porém
nunca tentei me aprofundar no assunto, pois como ele havia me pedido
tentei deixá-lo em paz.
Rony me disse certa vez que o havia
reencontrado em um de seus jogos de Quadribol acompanhado de duas
loiras magníficas. Ele e Rony ao que parece voltaram a se falar e
manter contato, no entanto eu nada mais quis saber, doía muito o
fato de apenas eu agora estar excluída de sua vida. Decidi então
parar de pensar nisso. Para ser sincera já fazia algum tempo que
essas recordações não voltavam a me atormentar, mas hoje parecia
que ia ser um dia especialmente conturbado.
A ruiva foi trazida de seus devaneios ao ouvir a voz de seu pai, amigável e calorosa, saudando os convidados que chegavam. A campainha da porta já devia ter sido acionada uma três ou quatro vezes. Laura, sua madrasta (há quase sete anos) devia estar agitada como de costume, checando os lugares dos talheres, arrumando as almofadas, entrando e saindo da cozinha para ter certeza de que os garçons estavam servindo adequadamente, apesar de eles pertencerem a um dos melhores bufes da cidade.
Gina deu um último retoque na maquiagem e no tubinho tomara que caia preto que vestia. A sombra que usava fazia com que seus olhos parecessem maiores, mais escuros e, de alguma forma, misteriosos.
- Humf! Suspirou desanimada.
Era melhor descer logo antes que seu pai a chamasse para receber o convidado importante que ele há dois dias mencionava:
- E dê uma atenção especial a nosso convidado de honra. O pai instruiu-a na noite anterior. Faça-o se divertir.
Ela sabia muito bem que seu pai estava pedindo para que ela agisse com muita serenidade e graça. Uma perfeita dama da alta sociedade.
Com certeza ele devia ser apenas mais um bem sucedido homem de negócios, muito prepotente e orgulhoso de si que não estaria nem um pouco interessado em conversar com ela, já que o único objetivo desses homens era falar de si próprio e de suas grandes conquistas.
Saiu do quarto e caminhou lentamente pelo corredor parando apenas quando já havia chegado ao topo da escada. A velha e preservada mansão ficava no subúrbio e Gull Lake e era o sonho de qualquer um. O tapete persa cobria o caminho da escada ate a enorme sala de jantar, onde seu pai estava reunindo os convidados.
A campainha tocou mais uma vez e Arthur inclinou a cabeça e disse a todos:
- Volto daqui a um minuto. Ai esta Laura. Ela servira os drinques.
E foi abrir a porta. Virgínia estava descendo as escadas na mesma hora em que o recém-chegado apertava a mão de seu pai, trocando algumas palavras sobre o iminente verão. O novo convidado tinha a voz grossa e um tanto incisiva, mas estranhamente familiar a ruiva o que acabou fazendo com que ela concentrasse sua atenção nele.
Nesse mesmo instante, ele deve ter percebido os movimentos dela e ergueu a cabeça olhando em direção a escada por cima do ombro do Arthur.
E foi então que tudo pareceu parar e por alguns instantes ela ficou sem reação alguma, surpresa e magnetizada por aquele olhar cinza. Há dez anos... Há dez longos anos não via esses olhos...
- Meu Deus!!! Sussurrou segurando firmemente o corrimão da escada como se disso dependesse sua própria vida.
Ele estava forte, os cabelos ainda mais louros do que poderia imaginar, mas agora naquele olhar, havia uma vasta experiência do mundo e uma frieza desconhecida para ela.
Tinha um porte mais para atleta do que para homem de negócios. Talvez pelos vários anos que jogara Quadribol ou talvez fosse apenas o tipo de calça que usava que evidenciava as pernas fortes e longas.
Era mais alto que o seu pai. O terno do convidado era impecável e mostrava os ombros largos e a bela musculatura.
Assim que ela desceu o resto das escadas, ele a fitou com interesse e um sorriso encantador tomou conta de seu rosto.
A mulher não pode evitar que um arrepio percorresse o seu corpo. Ele com certeza havia se tornado um homem seguro de si e que sabia exatamente o efeito que tinha sobre as mulheres.
- Ai esta você. Arthur falou com um enorme sorriso nos lábios. - deixe-me apresentar minha filha. Virgínia, este é Edward Black. - Já te falei sobre ele. Pelo visto, o pai não sabia mesmo de quem se tratava.
Arthur fitou-a com um olhar sugestivo e ela notou que Draco deu uma olhada rápida para ele, antes de apertar a mão dela com firmeza.
- É um prazer conhecê-la senhorita Weasley. Indagou depois de algum tempo.
"Como?" quer dizer que ele vai fingir que não me conhece? Muito bem se ele quer assim, eu também posso jogar. "Por que será que ele está usando o nome do meio e o sobrenome da mãe?"
- O prazer é todo meu senhor Black. Respondeu polidamente.
- Oh!O que é isso, assim você me faz sentir como um velho. Chame-me apenas de Edward, por favor.
- Como queira Edward, mas me chame também apenas de Virgínia.
Eles se encararam por algum tempo enquanto Draco a analisava sugestivamente da cabeça aos pés.
- Desculpe! Mas será que já nos conhecemos de algum lugar? Seu rosto me parece tão familiar. Perguntou fingindo forçar a memória.- Quem sabe já não estudamos juntos? Disse começando a sorrir.
"Cínico" pensou Gina.
- Creio que não Edward. Não costumo me esquecer de rostos facilmente. Além do mais estudei em colégio de freiras desde pequena e não havia meninos em minha escola. Falou calmamente.
Ele apenas sorriu mais amplamente, aquela situação parecia o estar divertindo muito.
- Oh! É mesmo. Você tem razão. Alem de tudo um rosto como o seu é difícil de ser esquecido. Disse se aproximando e fazendo uma pequena reverencia para depois tomar-lhe uma das mãos e dar um pequeno beijo, encarando-a nos olhos.
Definitivamente, aquela seria uma longa noite...
Fim do Capitulo I.
N/a: oi povo... E ai como vai? Em primeiro lugar, quero pedir a compreensão de vocês e o apoio para que divulguem essa fic e façam correntes positivas para a autora original dela: Anna Jully Potter (Ainda nessa n/a eu explico o porquê).
Meninas, eu sei que vocês estão querendo uma atualização das fics maravilhosas da autora Anna Jully Potter, mas há uma boa justificativa para a falta dessas. Há aproximadamente três anos e meio atrás, Anna Jully Potter foi diagnosticada com um tipo de câncer: a leucemia. E desde então vem se submetendo a um tratamento intensivo. Devo dizer que eu mesma tinha anunciado seu retorno às fanfics em outro site e na fic Beijos de Fogo há seis meses, entretanto o seu tratamento que até este período estava progredindo de maneira espetacular para a sua recuperação deixou de fazer o efeito desejado e hoje nossa amiga encontra-se na espera de um transplante.
Ela pediu-me pra deixar-lhes esse recado: "Eu não esqueci minhas fics, nem desisti delas, durante muito tempo elas me fizeram muito feliz e mais ainda as pessoas que a acompanhavam, entretanto, por motivos de saúde me vejo numa situação complicada aonde não posso escrever e nem ao menos tenho cabeça pra tal, vocês meus queridos leitores e amigos, merecem uma fic excelente e prometo-lhes que quando sair desse hospital e tiver condições farei o meu melhor, desde já agradeço a todos".
Eu resolvi fazer uma nova versão dessa fic com o meu shipper favorito: Draco e Gina. Mas como eu sei que a dona de "Ódio ou Amor"(esse é o nome da fic pra quem quiser ler na versão h/hr) é louca por Harry e Hermione eles também terão uma pequena participação.
Essa fic é uma homenagem a essa autora maravilhosa que sempre me ajudou muito e que considero uma amigona. Tenho a autorização dela para fazer essa nova versão.
Ela, há alguns anos me disse que tinha vontade de ver como essa fic sairia se fosse D/g então vou me esforçar para fazer o melhor.
E meus queridos, por favor, deixem reviews que com certeza eu ficarei muito feliz e a Anna Jully também (é lógico que eu vou ler pra ela!)
