As lágrimas não paravam de cair. E as lembranças não paravam de surgir.
- Não dá mais. – Ela falava sem olhar para seus olhos e ele tentava segurar a tristeza, mas era impossível. O amor que ele nutria por ela era grande demais para poder contê-lo.
Ele a viu ir embora, e sua reação foi cair de joelhos no chão e tampar os olhos para acolher suas lagrimas cheias de arrependimento.
- Não me deixe! Por favor! – Ele implorava com a voz e o corpo trêmulo.
Estava agora sozinho, em casa, ainda ajoelhado, ainda lembrando-se de tudo, da rejeição, do seu desespero, da sua atual solidão. De como seria sua vida sem a garota que ele tanto ama.
- Perdoe-me Naruto, não posso continuar! Não sabendo que meu coração bate por outro... – Seus olhos a encaravam com dúvida: não sabia se estava com medo de saber quem era, ou o porque de não amá-lo mais, não sabia se era ciúmes ou obsessão, mas ele precisava dela! E essa era a única certeza que ele tinha.
Ele tentava recuperar os sentidos para correr atrás dela, mas nada do que imaginava fazia sentido, nada do que ele tinha ouvido havia se encaixado.
- Quem é ele? Por quê? Fale-me Hinata! Não me deixe assim, eu... – Ele respirou fundo e a olhou gentilmente. – Eu te amo! – Ele sorriu ainda com esperanças, mas logo esse sorriso desapareceu quando ela balançou a cabeça negativamente e olhou uma última vez nos olhos dele.
Novamente ele respirava fundo, mas não para dizer que a amava, mas para impedi-la de partir assim. Para mostrar o quanto o amor deles era verdadeiro. O quanto era sincero. Ele sabia que precisava fazer isso.
- Só me diga quem é. – Ele falou baixinho, esperando uma resposta imediata e ela apenas ficou calada. Cabisbaixa.
Conseguiu se levantar, mesmo estando com sua visão embaçada pelas lágrimas, mesmo querendo organizar sua mente. Mesmo sabendo que poderia ser rejeitado novamente, ele se levantou e saiu de casa a fim de tê-la em seus braços para toda a eternidade.
- Preciso ir. – Ela deixou a casa dele sem um sorriso no rosto como sempre fazia, apenas saiu e fechou a porta vagarosamente.
Ele abriu a porta a fim de encontrá-la escorada nela, mas isso não aconteceu. Ele olhou para todos os lados e nenhum lugar de onde ela poderia estar lhe veio à mente.
- Não vá! – Ele tentou gritar, mas o soluço do choro o impediu e esse grito foi abafado pela sua tristeza. Estaria ele, abandonado? Estaria ele decepcionado ou até mesmo sem rumo? Na verdade, o que fazer quando sua vida se resume ao seu amor? Ele não sabia como continuar se não fosse com ela e por isso tentaria... lutar. Mesmo parecendo tudo perdido ele lutaria, porque para o garoto loiro é isso que se faz quando o seu mundo parece desmoronar.
Estava de noite e se ela ainda estivesse por perto, seria difícil encontrá-la, já que suas vestes eram pretas e seu cabelo de um azul marinho impecável. Para ele, Hinata era a própria noite e com certeza muito mais bonita, mais inesquecível. E por essa razão, ele tinha certeza: precisava dela, pois nem a noite ocuparia o seu lugar.
E foi assim que ela o deixou, não parecia triste nem decepcionada, mas absolutamente certa sobre o que estava fazendo e isso o entristecia ainda mais.
Estava parado em frente a sua porta tentando se lembrar de algum lugar que servisse de refúgio para Hinata, e com isso ele achou a solução, lembrou de uma conversa deles onde ela havia o mostrado.
- Você gostou daqui Naruto? – Ela sorria enquanto tirava as mãos de meus olhos e revelava o lugar maravilhoso do qual ela descreveu.
- Se eu gostei? Eu amei Hina! – Ele a abraçou e perguntou sobre o lugar escolhido.
- Ah, eu gosto daqui, pois me sinto melhor, é bom ficar sozinha às vezes sabe? Consigo raciocinar direito, respirar. Sair um pouco do mundo onde existem milhares de pessoas e viver no meu mundinho! – Ela ficou meio tímida ao falar isso, e ele apenas acariciou os cabelos daquela bela moça, olhando-a todo orgulhoso.
- Você é muito especial pra mim. – Aproximou-se dela e beijou sua testa, e logo a envolveu para mais um abraço apertado e cheio de vida, sorria carinhoso.
Ele correu para a direção deste lugar tranquilo; era um campo limpo, verde, alegre, poucas pessoas iam para lá e o céu a noite era magnífico: todo estrelado, e por isso, clareava o local, mas com um brilho natural, bonito.
Mesmo cansado e suando, ele continuava correndo, sua respiração estava ofegante e seu coração acelerado, ia parar um pouco, porém lembrou que era por um bom motivo: era por ela. Então não parou nem por um segundo de seguir o seu caminho, estava determinado.
Com suas pernas tremendo, ele finalmente chegou ao lugar. E para sua infelicidade, não a encontrou, ela não estava lá! Foi tudo em vão para a surpresa dele. Não agüentou olhar para aquele lugar e não encontrá-la. As lágrimas rolaram mais uma vez sobre sua face, mas dessa vez, chorou em silêncio. O rapaz chegou a achar que o céu tivesse sido um sinal de que não daria certo: hoje as estrelas brilhavam menos e aquele lugar já não tinha tanta importância.
Ele estava prestes a ir embora, a desistir, quando uma voz falou seu nome num sussurro calmo e doce:
- Naruto. – Ela sorriu tentando não chorar.
- Hinata? – Ele gritou ao se virar e num ato irracional a apertou forte, não suportava ficar longe dela, muito menos não abraçá-la.
Ele precisava disso.
- Desculpe-me... – Afastou-se dela rapidamente e a olhou um pouco confuso.
- Pelo, pelo que? – Ia começar a desabafar com ela, mas Hinata falou antes com um sorriso envergonhado em sua face.
- Eu não amo outra pessoa, nunca amei... – Ela olhou para a grama verde do campo e se concentrou para dizer o restante. – Eu precisava ter certeza Naruto, de que você me amava e por isso, fiz isso com você! – Não conseguia encará-lo nos olhos, a vergonha havia tomado conta dela. – Mas eu vi, eu vi o seu esforço e pude ter certeza do seu amor por mim! – Ele ia falar, e ela o interrompeu novamente. – Não Naruto! Não é que duvide do seu amor, mas duvido das pessoas e não queria passar por mais traições, por mais arrependimentos, eu precisava ter certeza. – Ela dizia isso enxugando as lágrimas que ousavam escapar de seus olhos e ele num ato compreensivo ergueu seu rosto e pediu que ela olhasse para ele.
- Não chore, está tudo ótimo, tudo como deveria estar! Eu te entendo Hina e você pode cometer os erros que quiser, entende? Nada vai mudar o que sinto! – Ele ficou feliz ao vê-la sorrindo emocionada e se aproximou um pouco mais do rosto dela, quando estava próxima dos lábios de Hinata disse feliz:
- Posso? – Ela apenas tocou os lábios dela no dele enquanto envolvia seu pescoço com os braços e o beijava de forma demorada e apaixonada. Agora ela tinha certeza dos sentimentos dele por ela, assim como ele tinha sobre os dela. E ambos choravam agora, porém, de felicidade, sabiam que poderiam confiar um no outro. Era um sentimento mútuo.
