Estava fazendo compras com minha filha Himawari naquele dia. Não me dispunha de muito tempo livre para ela e por isso tudo que podia compartilhar ao seu lado eu faria, mesmo que fosse para comprar mais rámen enquanto aquelas pequenas mãozinhas colocavam repolhos na cestinha. Foi quando vi uma menina. Usava uma roupa folgada em tons terrosos e suas sandálias faziam barulho de madeira. Persegui-a com os olhos por entre as prateleiras do mercado. Tinha o cabelo longo e saiu sem comprar nada.

Talvez fosse um garoto, mas mesmo assim não sei o que me fez seguir essa pessoa. Minha criança perguntava para onde estávamos indo e eu não sabia também. Até o barulho das cigarras nesse dia de verão me incomodava, enquanto estava ansioso para descobrir algo que nem sabia o quê. Não me preocupava em seguir impulsos, mas por que aquilo agora? Parecia ter quinze anos a moça, tinha um andar lendo e um sorriso leve que dava aos passarinhos – como se não houvesse nada para ser feito, ninguém no mundo – e quando me percebeu, o que não demorou muito, descobri imediatamente por que havia me chamado tanto a atenção. Sua voz era do Haku.

Referia-se a mim como "Nanadaime Hokage-sama" e estava claramente perturbada com minha perseguição suspeita. Não inventei desculpas e comecei curiosamente – o que deveria assustá-la mais – a lhe contar sobre meus primeiros inimigos, da batalha na ponte que viria a ter meu nome. Quando ouviu sobre a ponte Naruto, não sei bem por que, mas se tornou imediatamente mais tranquila. Dizia que era a primeira história minha que se tornou muito conhecida. Era aleatória toda a situação, comecei a me sentir desconfortável.

- Desde então, você se tornou muito forte, não é? – era como se fosse o próprio Haku falando, ali na sua frente, porém aquilo não era possível.

Himawari estava quieta em meu colo, totalmente atenta ao pai, e segurou mais firme minha blusa. Se passará tanto tempo desde que aquele menino puro morrerá, mas eu carregava apenas mais confiante aquela certeza que era forte por e para proteger o que me era importante.

- Não o suficiente... – disse pesaroso.

- Você almeja ser mais forte do que já é, Hokage-sama? – indagou-me com um tom que me pareceu mais um rapaz agora. – Acho muita ambição, considerando que não conheço outra pessoa mais forte que o senhor...

Entedia que não importasse quantos jutsus aprendesse ou o quanto tentasse evitar dizendo que esse era meu jeito e jamais desistia – o que ainda é verdade – as pessoas que amava morreram de forma que era impossível essa força impedir, ainda hoje e sempre. Sentia-me inútil. Pensava isso e eu apenas sentia uma vontade ardente por dentro de abraçar bem apertado Himawari, mas apenas a ajeitei melhor em meu colo. Queria proteger Bolt como não consegui com Neji. Penso isso em todo momento. Estava tão absorto em minha cabeça que disse espontaneamente.

- Sabe, realmente queria que pudéssemos ter sido amigos.

Ninguém entenderia, nem mesmo o restante do que antigamente foi o time sete, pois a única pessoa para quem podia dizer isso estava morta e aquela figura tão semelhante ao Haku que estava em minha frente olhava apenas atônita para mim. Não quis me explicar para ninguém além de mim mesmo.

Não se passou tanto tempo desde meus doze anos e mesmo que o mundo pudesse parecer tão em paz, apenas trazia mais forte em minha resolução, como se fosse um perigo sempre iminente, que mudaria o mundo ninja no que significa ser ninja.


ps: Naruto acabou e ainda a cena que mais me dói é o Haku dizendo que pode destruir seu coração gentil e matar.