Toda Mulher Gosta de Rosas

Por: Nicka I

Capítulo1: Você Pode Me Ver Do Jeito Que Quiser

Eu sei que todos estão pensando: "Shaina: A grande vadia!" Acho que é extremamente fácil julgar as atitudes de uma pessoa quando se está de fora, quando se tem uma visão leviana das coisas. Não acho que o que fiz está totalmente certo, Shura e Máscara da Morte não mereciam, mas eu estava procurando minha felicidade... O pior não é procurar e não achar. O pior é saber exatamente onde ela está e mesmo assim ter de procurar em outro lugar.

Minha felicidade, infelizmente, está nos braços de outra. Muitos ainda comentam sobre minha paixonite por Seya, aquilo foi idiotice, coisa de criança. Me apaixonei de verdade uma única vez na vida e é este homem que trago no coração até hoje.

Minha história é esta:

Nasci na Itália, vivi lá até os cinco anos. Meu pai era um homem muito gentil e me amava muito, mal sabia eu que seu coração endureceria e ele se tornaria um homem amargo quando minha mãe o deixasse. Ela se foi quando eu fiz oito anos e eu nunca descobri o porquê, a principio achei que fosse minha culpa e parece que meu pai concordou comigo, infelizmente. Eu me parecia em tudo com minha mãe e logo quando ela foi embora meu pai não pôde me olhar durante dias e por isso permaneceu trancado em seu quarto por muito tempo, quando saira de lá já não era mais o pai que eu conhecia e costumava amar. Vivíamos em uma casa modesta em um sítio isolados de tudo e a partir daquele dia eu tive que aprender a me virar, passei a tomar conta da casa e de meu pai (que tornara-se um alcoólatra).

Às vezes quando precisava ir ao vilarejo comprar algo que faltava esperava que alguém passasse pela estrada caminhando e seguia a pessoa fingindo estar com ela. O vilarejo ficava a beira-mar, então às vezes eu aproveitava para nadar um pouco ou ficar observando os barcos que saiam dali. Um dia fiquei observando um grande navio muito bonito que ancorara ali, era a segunda vez que o via. Dele desceram apenas dois tripulantes, dois rapazes que não pareciam ter muito mais idade que meus dez anos, talvez tivessem quatorze ou quinze anos. O primeiro tinha cabelos ondulados, azuis num tom royal na altura da cintura, seus olhos eram da mesma cor dos cabelos, tinha pele morena e um rosto muito bonito. O segundo rapaz era loiro e ao contrario do outro tinha cabelos curtos e cacheados, seus olhos eram verdes como esmeraldas e sua pele morena como a do outro, comparei-o a um anjo num primeiro momento.

O rapaz loiro parecia procurar algo com o olhar e eis que seus olhos pararam sobre mim, corei e ele me sorriu, veio até mim arrastando o outro pelo braço e dizendo algo em grego (língua que no momento nem sequer identifiquei), parecia um tanto entusiasmado. O rapaz de cabelos azuis então trocou algumas palavras com ele antes de acenar para o capitão do navio que correu até nós.

O homem já com barba branca traduzia para mim tudo o que eles diziam. Seus nomes: Saga e Aioros, perguntaram sobre minha vida e eu jovem e imatura contei tudo a eles, inclusive das surras diárias sem motivo algum, então, eles me ofereceram uma nova vida e me contaram uma história sobre um lugar na Grécia que mais me parecia um conto medieval, com cavaleiros, amazonas, deuses e batalhas. Pensei por algum tempo no que me disseram e então resolvi ir para casa já que me disseram que se quisesse ir com eles era só estar lá às sete da manhã do outro dia.

Depois de mais uma surra por conta da bebedeira de meu pai, lá estava eu às sete horas em ponto parada diante do grande navio. O rapaz loiro saiu e me sorriu enquanto acenava para que eu subisse a bordo. Já lá dentro observei tudo muito bem, o navio era muito bonito, mas não tinha nada que pudesse ser considerado luxuoso (claro que mesmo assim era muito mais do que eu tinha), sentei-me em uma espécie de sofá e o rapaz de cabelos azuis sentou-se a meu lado, com a ajuda do capitão entendi que ele me dizia que aquela seria uma viajem só de ida, nunca mais retornaria, então, assenti com a cabeça mostrando que entendia e aceitava. O rapaz loiro então disse algo a ele que apenas fez careta enquanto eu me perguntava como ele podia sorrir mesmo enquanto falava então ainda com o mesmo sorriso ele colocou um grosso livro na minha frente e o capitão disse que eu teria de aprender a falar grego. De inicio fiquei um pouco assustada, mas o capitão disse que eu teria um mestre e ele me ensinaria a falar aquela língua estranha.

Foi quase um dia inteiro de viagem até chegarmos ao porto, lá desembarcamos e fomos direto para um carro preto que nos esperava, daí foram mais algumas horas até uma parte mais afastada de Antenas, foi difícil de ver o caminho com o cair da tarde, então onde uma floresta começava o carro parou, descemos e continuamos a pé, andamos horas e a esta altura eu já achava que nunca chegaríamos a lugar algum. Derrepente paramos de andar e os dois rapazes tiraram de suas costas as estranhas urnas que carregavam e uma intensa luz me segou por alguns segundos (naquele tempo meus olhos não eram tão rápidos quanto hoje) e no minuto seguinte os dois vestiam armaduras douradas, por um instante seus corpos pareciam emanar uma luz e então o loiro apontou para que eu olhasse adiante, então, entre as árvores pude ver enormes portões com quatro guardas de cada lado.

Com o meu primeiro passo para dentro daqueles portões veio uma vida nova.

Para mim foi fácil me adaptar a vida no santuário, ainda que a principio tenha estranhado um pouco o fato de ter de usar máscara, mas com o tempo aprendi que ela não era só um adorno de metal frio que me impedia de ver cores e sentir a brisa, era também um bom esconderijo para emoções. O tempo passou e eu cresci naquela área reservada para mulheres, sem jamais sair de seus limites ou ver um daqueles homens que me trouxeram até aqui, embora agora soubesse exatamente quem eles eram agora. Principalmente o rapaz sorridente, agora falecido... Quem diria Aioros de Sagitário um traidor... Sempre tive minhas ressalvas sobre o assunto, mas não me dizia respeito então...

Com quatorze anos já tinha conquistado uma armadura, ganhara um discípulo e também a fama de amazona mais forte de todo o santuário. Então, conheci Seya. O gesto de carinho do garoto combinado com o fato de acreditar demais nas leis do santuário fizeram meu jovem coração inventar uma paixão ridícula, afinal como uma máscara poderia determinar se amo ou mato um homem? É absurdo! Mas o destino me reservava outras peças... Ao saber que Aioria de Leão fora enviado para exterminá-lo (e conhecendo a fama do cavaleiro), parti para o Japão na intenção de salvar minha paixão adolescente (fiz certo teatro sobre querer matá-lo, enfim... bobagem de criança). Foi assim que fui parar no meio de uma batalha entre os dois, ainda que eu seja forte, tenho plena consciência de minha inferioridade diante de um cavaleiro de ouro, principalmente Aioria que àquela altura já derrotara Titãs.

Ainda me lembro como se fosse ontem... O golpe certeiro atingiu minhas costelas e a dor foi insuportável, mas desapareceu em segundos quando desmaiei, senti algo quente sobre mim mesmo estando desacordada e em seguida um alívio, era como dormir tranquilamente em minha cama. Algum tempo depois retornei lentamente a consciência, ouvia o som de passos ritmados como uma marcha suave sobre o chão de pedra percebi que meu corpo balançava suavemente e estava amparada por dois braços fortes, junto a um peito onde um coração pulsava forte, então abri os olhos lentamente para que pudessem se acostumar novamente à claridade, finalmente quando meus olhos abriram totalmente, notei que não usava minha máscara, mas que meu rosto parecia envolto em algum tecido, foi então que ouvi a voz de quem me carregava.

- Acordou rápido. Falta pouco para chegarmos ao santuário agora – a voz soava um pouco sarcástica.

- Que diabos...

- Não se lembra? Te acertei um soco, quando você como louca pulou na frente do meu golpe e não pude pará-lo a tempo. – a explicação veio antes do término de minha frase.

- Ora, se é um cavaleiro de ouro deveria ter mais controle sobre seus golpes, senhor.

- Se é uma amazona deveria ter mais controle sobre suas emoções, senhora.

Me mantive em silencio o resto do percurso até minha casa, onde Aioria entregou-me a Cacius, meu discípulo, ainda envolta em sua capa. Não vira mais Aioria até o dia em que ele se interpôs enquanto acertava algumas diferenças com Marin de Águia, mas uma dúvida sempre me corroeu: afinal, Aioria vira ou não meu rosto naquele dia?

A resposta me parecia óbvia, mas nunca quis acreditar nela, preferi fingir que nada acontecera já que isso em nada mudaria nossas vidas mesmo.

Tola ilusão... Bastou um comunicado para tudo mudar.


Continua...


Não entendeu o começo? É porque faz parte de uma série, então não fica com preguiça não manolo(a) e clica lá no meu perfil pra poder ler "This Love" e "All Your Reasons" (exatamente nessa ordem) e tudo fará sentido, as duas são songs e one-shots é rapidinho pra ler. ^_~

Quem deu uma olhadinha na descrição e ficou confuso, não ta errado não viu? É ShainaxAioria mesmo! Na verdade o casal é mais que simplesmente esses dois, mas isso já é outra história...

Se não gostou malz ae manolo(a), mas se gostou clica no botãozinho de reviews e deixa o seu "Like" beleza?

No próximo capítulo...

"Ele entrou e repetiu o gesto de fechar a porta. Ouvi alguns barulhos e segurei o riso quando ouvi ele praguejando por ter dado uma topada no pé da cama.

- Você é um tanto sem jeito não? – zombei.

- É o que parece. – ele respondeu a contra gosto."